Penelope Cruz na pela da louca Almodovariana Duas amigas norte-americanas vão passar as férias de verão em Barcelona.
Vicky(Rebecca Hall) é centrada, está para se casar com um executivo do mercado financeiro e decidiu ir para a cidade espanhola para terminar sua tese sobre a cultura catalã.
Cristina(Scarlet Johansson), é uma atriz que produziu apenas um curta de 12 minutos, está perdida, sem saber o que fazer da vida e tem uma visão...digamos...exótica do amor.
Entre elas, existe um pintor, Juan Antônio, (Javier Bardem), que acabara de deixar um relacionamento assassino e quer partir para novas experiências, a fim de esquecer a mulher para a qual ele nasceu.
A mulher, Maria Elena(Penélope Cruz), em questão é uma maluca suicida que ama desesperadamente o homem que tenta odiar, ou seja, o pintor.
O pintor se envolve com as duas amigas, rendendo diálogos como:
Cristina: - Eu estou disposta a me deitar com você esta noite, a não ser que você cometa algum erro.
Juan Antonio: - Que tipo de erro?
Cristina: - Dizer alguma tolice e usar a cueca errada.
Juan Antonio: - E além de encontrar o homem com a cueca certa o que você quer mais da vida?
A mulher louca acaba voltando a viver com o marido e se envolve com Cristina.
Isso tudo rolando na intensa Barcelona, uma cidade onde amor e paixão estão se cruzando em cada esquina, onde se janta á meia-noite e os atos mais cotidianos são vividos com intensidade, como se não houvesse amanhã.
Ah, e o diretor deste filme é um Woody Allen, em sua fase "pegando papel em ventania."
Tem chance de a história desse quadrado amoroso dar certo?
Tem.
Na verdade, o novaiorquino
Woody Allen já vem há muito tentando fazer as pazes com o grande público, com histórias que privilegiam mais a trama, personagens mais simpáticos, locações diferentes da sua Nova Iorque natal e diálogos menos intelectualóides.
Sem prestígio em Hollywood - que aliás nunca teve - e tendo que lidar com orçamentos cada vez mais apertados,
Woody aceitou de bom grado a oferta da prefeitura de Barcelona, de bancar 10% dos custos da produção, caso o filme fosse rodado lá.
Não é por coincidência que o filme é quase que uma propaganda turística da cidade. Quase. Allen tem talento o suficiente para não cair nessa baixaria.
Mas como um judeu-intelectul-de-Nova Iorque poderia fazer um filme que se encaixasse na atmosfera
caliente da cidade espanhola? Talvez bebendo na fonte do maior diretor espanhol da atualidade.
A maior virtude de
Vicky Cristina... é justamente como
Allen conseguiu pegar algumas das características principais da obra de Almodovar (o colorido, a sensualidade, as explosões emocionais e os momentos dramáticos/hilariantes - há coisa mais Almodovariana do que a cena de tiros, protagonizado pela louca
Maria Elena, no final?
De qualquer forma,
Vicky Cristina Barcelona é um filme agradável, bonito de se ver, divertido e moderno. Dá para se esperar mais de um filme. Mas no atual nível das produções cinematográficas, isso já é um ótimo motivo para se correr ao cinema e assistir este que, para mim, foi o melhor filme de 2008.
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Em tempo: Andou se falando que o
Eudardo Paes, novo prefeito do Rio, estaria cogitando a idéia de se fazer uma oferta a
Woody Allen para que o cineasta viesse rodar seu filme por aqui. Pois aí vão algumas sugestões de histórias e personagens:
1)
Woody Allen é um policial americano aposentado que está de férias na cidade. Ele se interessa pelo caso de vários papparazzis violentamente assassinados e descobre que o
serial killer é a Preta Gil;
2)
Woody Allen é um famoso escritor e intelecutal novaiorquino de férias na Cidade Maravilhosa e que descobre que, ao invés de judeu, é, na verdade, médium e passa incorporar a Derci Gonçalves;
3)
Woody Allen interpreta ele mesmo, vindo ao Rio para filmar. Acaba sequestrado. A polícia descobre que o mandante do sequestro é o ex-prefeito
Cesar Maia para desmoralizar o recém-empossado
Eduardo Paes e seu padrinho, o governador
Sérgio Cabral;
4)
Woody Allen termina o seu casamento com uma escritora problemática em Nova Iorque e decide vir ao Rio para incógnito e fugir do assédio da imprensa. Antes da viagem, durante uma briga, sua ex lhe roga uma praga. Ao chegar aqui, o diretor se apaixona e se envolve com a
Luana Piovani.
5)
Woody Allen é um diretor azarado e decadente. Desesperado atrás de dinheiro, ele vem ao Rio fazer um documentário sobre favelas e violência. Mas encontra a Cidade Maravilhosa mais calma do que uma cidadezinha no interior da China, já que todos os chefes do tráfico de drogas haviam se unido e decidiram encerrar suas atividades criminosas e se dedicar à práica da igoga.
E eu terei que fechar esse blog, pois seu título deixará de fazer sentido.
Fala sério!!!!
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