quinta-feira, janeiro 29, 2009

Nós vamos sentir falta de 2008 por causa de...Parte II

Na minha infância, há quinhentos anos atrás, havia uma rádio, aqui no Rio, chamada Mundial-AM. Nessa rádio havia um programa chamado Show dos Bairros, onde cada bairro era representado por uma música. Os ouvintes votavam e, no final, as mais votadas, voltavam.
Em minha inocência -as crianças da época eram mais inocentes do que as de hoje - eu torcia pelo meu bairro, o pobre subúrbio do Lins de Vasconcelos. Torcia para que ele fosse representado por uma boa música e recebesse muitos votos. Uma vez, quase pirei de felicidade ao vê-lo chegar ao primeiro lugar dos mais votados, passando lugares como Ipanema e Copacabana.
Doce inocência. Só alguns anos mais tardes eu fui compreender que era o jabá recebido das gravadoras que fazia os programadores da rádio escolher quem estaria ou não entre "as mais votadas".
Pois bem, em 2005, já quarentão, iniciei este blog. Eu pensava que os tempos de inocência haviam ficado para trás. Mas eu pensava que se escrevesse direitinho, faria sucesso na blogosfera. Achava que as pessoas estavam atrás de qualidade e se eu me esforçasse, conseguria agradar a uma legião de fãs.
Burra inocência. Mal sabia eu da legião de gente carente que só frequenta o seu blog para fazer o social; dos leitores-spam, que só aparecem para fazer propaganda do seu site; dos jornalistas despeitados que vivem metendo o pau na mídia tradicional mas que adoram ser paparicados por ela; dos grupinhos de amigos que vivem se elogiando; da gente pretensiosa que acha que está fazendo uma grande revolução em seu site, quando só está repetindo o que a mídia impressa já faz há um bilhão de anos; das pessoas chatas que só passam pelo seu site para dizer alô, implorando para que você apareça no site dela, nem que seja para fazer o mesmo.
Enfim, sobrevivi a isso tudo. Mas umas das coisas que mais me chamou a atenção é que, em grande parte, os comentários - na maioria feito por blogueiros - sempre se referiam a um fato pessoal para falar sobre o post. Se o assunto fosse "fazer xixi em lugares públicos", por exemplo, sempre se começava com um..."uma vez EU precisei fazer..." ou "EU vi alguém fazer..." ou "EU quase precisei fazer...". Com as pessoas que comentavam e não eram blogueiras era diferente. A opinião vinha em primeiro lugar.
Hoje, isso já não me incomoda. Aprendi que os blogs são um espelho dessa época em que vivemos, onde muitos têm uma necessidade angustiante de se expor, se expressar, se mostrar, se lançar. Todos querem falar; poucos querem ou sabem ouvir. Aliás, há muito escutar é uma arte para a qual pouquíssimos despertam algum talento. Simplesmente estamos desaprendendo a ouvir.
E sobre isso que fala A Arte de Escutar, ainda em cartaz no Teatro da Justiça Federal, no Centro do Rio. Peça, que ao meu ver foi a melhor do ano que acabou de acabar.
Em pouco mais de uma hora, Amélia Bittencourt, Antonio Fragoso, Carla Faour, Isaac Bardavid, Juliana Guimarães e Patricia Pinho (todos da Companhia Teatral Quem São Esses Caras?), vão mostrando, em diversas esquetes, os apuros, nos dias em que vivemos, de alguém que prefere ouvir a falar, gerando situaçõs dramáticas, cômicas e perplexas. Afinal, numa época em que todos querem falar e poucos querem ou sabem ouvir, imaginem o desafio que é estar vivo para quem é toda ouvidos!
A peça foi escrita pela protagonista da peça (a mulher que é só ouvidos), a atriz e, agora, escritora, Carla Four e tem arrancado elogios por onde passa. Após grande sucesso em Sampa, o espetáculo está há meses em cartaz no Rio, onde ficará até 1 de fevereiro(corram!).

E aqui vai o site da companhia Quem São Esses Caras, que é um barato! Destaque para a veterana Amélia Bittencourt, que interpreta a senhora faladeira na fila do banco.
Aliás, eu tive o privilégio de ter a Amélia no papel de Odete Escarlate, a protagonista, em uma das leituras da minha peça Essa Noite É Verão No Inferno. Ops! Já estou eu falando do meu trabalho e deixando de lado a peça, motivo desse post. Mas, afinal eu também sou blogueiro.

E todo blogueiro deveria assistir A Arte de Escutar. E refletir.

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

Nós vamos sentir falta de 2008 por causa de... Parte I: Woody Almodovar ou Woody Allen Al Dente

Penelope Cruz na pela da louca Almodovariana
Duas amigas norte-americanas vão passar as férias de verão em Barcelona.
Vicky(Rebecca Hall) é centrada, está para se casar com um executivo do mercado financeiro e decidiu ir para a cidade espanhola para terminar sua tese sobre a cultura catalã.
Cristina(Scarlet Johansson), é uma atriz que produziu apenas um curta de 12 minutos, está perdida, sem saber o que fazer da vida e tem uma visão...digamos...exótica do amor.
Entre elas, existe um pintor, Juan Antônio, (Javier Bardem), que acabara de deixar um relacionamento assassino e quer partir para novas experiências, a fim de esquecer a mulher para a qual ele nasceu.
A mulher, Maria Elena(Penélope Cruz), em questão é uma maluca suicida que ama desesperadamente o homem que tenta odiar, ou seja, o pintor.
O pintor se envolve com as duas amigas, rendendo diálogos como:
Cristina: - Eu estou disposta a me deitar com você esta noite, a não ser que você cometa algum erro.
Juan Antonio: - Que tipo de erro?
Cristina: - Dizer alguma tolice e usar a cueca errada.
Juan Antonio: - E além de encontrar o homem com a cueca certa o que você quer mais da vida?
A mulher louca acaba voltando a viver com o marido e se envolve com Cristina.
Isso tudo rolando na intensa Barcelona, uma cidade onde amor e paixão estão se cruzando em cada esquina, onde se janta á meia-noite e os atos mais cotidianos são vividos com intensidade, como se não houvesse amanhã.
Ah, e o diretor deste filme é um Woody Allen, em sua fase "pegando papel em ventania."
Tem chance de a história desse quadrado amoroso dar certo?
Tem.
Na verdade, o novaiorquino Woody Allen já vem há muito tentando fazer as pazes com o grande público, com histórias que privilegiam mais a trama, personagens mais simpáticos, locações diferentes da sua Nova Iorque natal e diálogos menos intelectualóides.
Sem prestígio em Hollywood - que aliás nunca teve - e tendo que lidar com orçamentos cada vez mais apertados, Woody aceitou de bom grado a oferta da prefeitura de Barcelona, de bancar 10% dos custos da produção, caso o filme fosse rodado lá.
Não é por coincidência que o filme é quase que uma propaganda turística da cidade. Quase. Allen tem talento o suficiente para não cair nessa baixaria.
Mas como um judeu-intelectul-de-Nova Iorque poderia fazer um filme que se encaixasse na atmosfera caliente da cidade espanhola? Talvez bebendo na fonte do maior diretor espanhol da atualidade.
A maior virtude de Vicky Cristina... é justamente como Allen conseguiu pegar algumas das características principais da obra de Almodovar (o colorido, a sensualidade, as explosões emocionais e os momentos dramáticos/hilariantes - há coisa mais Almodovariana do que a cena de tiros, protagonizado pela louca Maria Elena, no final?
De qualquer forma, Vicky Cristina Barcelona é um filme agradável, bonito de se ver, divertido e moderno. Dá para se esperar mais de um filme. Mas no atual nível das produções cinematográficas, isso já é um ótimo motivo para se correr ao cinema e assistir este que, para mim, foi o melhor filme de 2008.
*********
Em tempo: Andou se falando que o Eudardo Paes, novo prefeito do Rio, estaria cogitando a idéia de se fazer uma oferta a Woody Allen para que o cineasta viesse rodar seu filme por aqui. Pois aí vão algumas sugestões de histórias e personagens:
1) Woody Allen é um policial americano aposentado que está de férias na cidade. Ele se interessa pelo caso de vários papparazzis violentamente assassinados e descobre que o serial killer é a Preta Gil;
2) Woody Allen é um famoso escritor e intelecutal novaiorquino de férias na Cidade Maravilhosa e que descobre que, ao invés de judeu, é, na verdade, médium e passa incorporar a Derci Gonçalves;
3) Woody Allen interpreta ele mesmo, vindo ao Rio para filmar. Acaba sequestrado. A polícia descobre que o mandante do sequestro é o ex-prefeito Cesar Maia para desmoralizar o recém-empossado Eduardo Paes e seu padrinho, o governador Sérgio Cabral;
4) Woody Allen termina o seu casamento com uma escritora problemática em Nova Iorque e decide vir ao Rio para incógnito e fugir do assédio da imprensa. Antes da viagem, durante uma briga, sua ex lhe roga uma praga. Ao chegar aqui, o diretor se apaixona e se envolve com a Luana Piovani.
5) Woody Allen é um diretor azarado e decadente. Desesperado atrás de dinheiro, ele vem ao Rio fazer um documentário sobre favelas e violência. Mas encontra a Cidade Maravilhosa mais calma do que uma cidadezinha no interior da China, já que todos os chefes do tráfico de drogas haviam se unido e decidiram encerrar suas atividades criminosas e se dedicar à práica da igoga.
E eu terei que fechar esse blog, pois seu título deixará de fazer sentido.

Fala sério!!!!

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segunda-feira, janeiro 19, 2009

Alguma coisa acontece em meu coração...

No final da semana passada precisei ir a Sampa para resolver certos assuntos pessoais. E como a coisa rolou mais rápido do que imaginei, aproveitei para, além de almoçar na Cantina do Roperto, no Bixiga, comer o famoso Bauru no Ponto Chic e fazer algumas comprinhas básicas, dar um giro nesta cidade pela qual tenho um carinho muito grande. O motivo já expliquei aqui, neste post de janeiro de 2006 que tem o mesmo título deste.

Vitrais do...

...Mercado Municipal, local que, apesar de ter morado nesta cidade, o desconhecia completamente. Mas é que na época- estamos falando dos anos 80 - o Mercado era um local tumultuado, sujo e nada acolhedor, como é hoje. Os turistas fazem a festa.


O belo Convento de São Bento...
...e a vista do Viaduto de Santa Efigênia, uma das partes mais bonitas do centrão de Sampa. E mais...

...o Ibiapuera velho de guerra.
Kássia Kiss, ótima na pele da mãe tirana, em Zoológico de Vidro(Foto da Folha de SP)
Aproveitei também para assistir a estréia de Zoológico de Vidro, do graaaande Tenneessee Williams, o dramaturgo responsável por eu adorar e escrever para teatro. Como é tão raro ver um texto deste gênio ser encenado atualmente no Brasil e como nem sei se ele virá para o Rio, resolvi não disperdiçar a chance.
Apesar de alguns probleminhas (introdução longa demais, interpretação meio caricata de Kássia Kiss em determinadas passagens e também de Erom Cordeiro, na pele do ambicioso e canastrão Jim O´Connor, por exemplo), a encenação é primorosa, graças ao talento gigantesco de Ulysses Cruz.
Zoológico de Vidro foi o primeiro trabalho de Teneessee. Baseada num conto do autor, ela foi encenada pela primeira vez em 1944. Fez sucesso, mas, infelizmente a peça seguinte deste americano genial, morto em 1983, Um Bonde Chamado Desejo, ofuscou completamente a primeira. A Margem da Vida - seu título original - foi pouco encenada no Brasil. Por isso, merece uma ida ao Teatro Sesc Anchieta, onde estará em cartaz até 22 de fevereiro, sexta á domingo, 21 horas sextas e sábados.
Poucos dramaturgos entendem tanto da fragilidade humana como Tennessee e conseguem extrair humor e drama de forma tão contundete. Zoológico... fala sobre o drama de Amanda Wingfield, uma matricarca abandonada pelo marido e que vê escapar a última chance de sair do atoleiro financeiro em que a família está, ao tentar aproximar a filha, Laura, hipertímida e deficiente física, de um ambicioso rapaz, Jim, amigo do seu filhoTom, sonhador e infeliz.
Embora tenha sido escrita nos anos 40, poderia se passar tranquilamente neste século XXI. E só mesmo os mestres escrevem textos tão atemporais.
A iluminação de Domingos Quintaliano é perfeita. A trilha sonora de Victor Pozas merece aplausos, assim como a direção de Ulysses Cruz.
Já a interpretação dos atores é irregular. Kássia Kiss está divina como Amanda, apesar de algumas vezes apelar para uma caracterização banal, apostando no patético para fazer o público rir. Kiko Mascarenhas, na pele de Tom Wingfield, é o melhor dos quatro. Impagável tanto como o insatisfeito e beberrão filho de Amanda, que sofre nas mãos da mãe dominadora, que ignora os seus sonhos, como o narrador da história. Karen Coelho também arrasa no papel da sensível e tímida Laura. Erom Cordeiro deixa a peteca cair algumas vezes nas partes mais dramáticas. É previsível e precisa trabalhar melhor o tempo dramático.
Bem, não levem este post tão a sério, já que não sou crítico teatral. Mas de uma coisa tenham a certeza: o texto é nota mil! Se eu tivesse ido a Sampa apenas para assisti-lo, já teria valido a viagem. Torço para que venha para o Rio. E quanto o pessoal de Sampa, não deveiram perder essa chance de assistir a um bom espetáculo teatral - coisa rara esses dias. E reservem com antecedência porque está bombando.

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domingo, janeiro 11, 2009

AI - que porrada!

"No dia 14 de junho de 1972, Ana Maria Nacionovic Corrêa, 25 anos, Marcos Nonato da Fonseca, Antônio Carlos Bicalho Lana e Iúri Xavier Pereira, todos militantes da ALN, estavam almoçando no Restaurante Varella, na Mooca. o proprietário do estabelecimento, Manoel Henrique de Oliveira, que era alcagüete da polícia, telefonou para o DOI/CODI-SP, avisando da presença de algumas pessoas que tinham suas fotos afixadas em cartazes de “Procurados”, feitos na época pelos órgãos de segurança. Os agentes do DOI/CODI, assim que se certificaram da presença dos quatro companheiros, montaram uma emboscada em torno do restaurante, mobilizando um grande contingente de policiais.
De imediato, foram fuzilados Iúri e Marcos Nonato. Ana Maria, ainda vivia, quando um policial, ouvindo seus gritos de protesto e de dor, impotente perante a morte iminente, aproximou-se desferindo-lhe uma rajada de fuzil FAL, à queima-roupa, estraçalhando-lhe o corpo. Ato contínuo, os policiais fizeram uma demonstração de selvageria para a população que se aglomerou em volta daquela já horrenda cena. Dois ou três policiais agarravam o corpo de Ana Maria e o jogavam de um lado para o outro, às vezes lançando-o para o alto e deixando-o cair abruptamente no chão. Descobriram-lhe também o corpo ensagüentado, lançando impropérios e demonstrando o júbilo na covardia de tê-la abatido. Não satisfeitos, desfechavam-lhe ainda coronhadas com seus fuzis, como se mesmo morta Ana Maria representasse ainda algum perigo.
Da emboscada, conseguiu escapar, ferido, Antônio Carlos Bicalho Lana (morto em 30 de novembro de 1973), testemunha, dos três assassinatos.
A população, revoltada com tamanha violência e selvageria, esboçou, dias depois, uma reação de protesto, tentando elaborar um abaixo-assinado que seria encaminhado ao Governador do Estado. Mas, devido ao clima de terror existente no País naquela época, somado ao pânico de que aquelas cenas de verdadeiro horror pudessem se repetir com eles, a iniciativa foi posta de lado. Também as ameaças feitas pelos policiais, na hora do crime, intimidaram os populares."

"Estudante de Psicologia na Universidade de São Paulo, era a responsável pela imprensa da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, com ativa militância no movimento estudantil dos anos 1967/68. Foi presa em 9 de novembro de 1972, na Parada de Lucas, Rio de Janeiro, em batida policial realizada por uma patrulha do 2º Setor de Vigilância Norte, após rápido tiroteio, em que morreu um policial.Após correr alguns metros e se esconder em vários lugares, Aurora foi aprisionada, viva, dentro de um ônibus onde havia se refugiado momentos antes.Foi torturada desde o momento de sua prisão, inclusive na presença de vários populares que se aglomeravam ao redor da cena. Aurora foi conduzida para a Invernada de Olaria. Lá, foi torturada nas mãos dos policiais do DOI/CODI e integrantes do famigerado “Esquadrão da Morte”.Aurora viveu os mais terríveis momentos nas mãos daqueles carrascos, que além dos já tradicionais pau-de-arara, sessão de choques elétricos, somados a espancamentos, afogamentos, queimaduras, aplicaram-lhe a “coroa de cristo”, ou “torniquete”, que é uma fita de aço que vai gradativamente sendo apertada, esmagando aos poucos o crânio.No dia 10 de novembro, Aurora morreu em conseqüência dessas torturas. Seu corpo chegou ao IML/RJ como ‘desconhecida’, pela Guia n° 43 da 26ª D.P.Após prendê-la e torturá-la, jogaram seu corpo crivado de balas na esquina das Ruas Adriano com Magalhães Couto, no Bairro do Méier (RJ). A versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança era de que a morte de Aurora seria conseqüência de uma tentativa de fuga, quando era transportada na rádio-patrulha que a prendera. Ao tentar fugir, Aurora teria sido baleada e morta."

Os relatos e fotos acima foram tirados do ótimo arquivo do Grupo Tortura Nunca Mais. Existem outros relatos. Muitos. São centenas de jovens que pensaram que pudessem mudar o país e o mundo apenas com boas idéias e foram colidos por um trem chamado AI-5, o ato quarentão, que fez aniversário no último dia 13 de dezembro e que eu não podia deixar passar em branco. Muito se falam dos chamados "heróis contra a ditadura", como Gabeira, Gil, Caetano, Zuzu Angel, Ulysses Guimarães, Herzog, etc. De maneira nenhuma quero diminuir a importância de todos eles. Mas só quero lebrar as centenas de pequenos heróis que deram suas vidas e sobre eles pouco se fala. Eu tive um primo que foi preso e torturadíssimo no Doi-Codi, como já falei aqui. Do seu sofrimento, pouco se fala. Por isso acho esse arquivo do Tortura... uma importante forma de homenagear esses heróis esquecidos.

Sobre a decretação do Ato em si, ainda me lembro da minha mãe preparando o jantar, enquanto assistíamos a novela Beto Rockfeller, sucesso na época, quando a transmissão foi subtamente foi interrompida para uma cadeia de rádio-televisão que mostrava a assinatura do monstro, aqui no Palácio Guanabara. Enquanto isso, várias pessoas já estavam sendo presas.
No dia seguinte, minha madrinha Dinah, sábado 14, apareceu em nossa casa, no subúrbio do Lins de Vasconcelos, e ainda me lebro dela sussurrando para a minha mãe: "Parece que a partir de agora a coisa vai ficar feia." Em meus nove anos de idade, eu não entendi porque elas falavam tão baixo, pois nossa família sempre foi barulhenta. Mas a partir de então, teríamos que falar baixinho certas coisas.
Hoje, isso é um passado distante. Hoje, podemos gritar tudo o que quisermos. Só precisamos aproveitar melhor esse privilégio.

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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Solta uma Floripa com fritas!!!

Gostei de saber que, após o dilúvio, a cidade continua linda
Santo Antônio




Doces imagens ao pedalar pela Beira Mar Norte, em um final de tarde.


Barra da Lagoa, minha praia favorita em Floripa.
Gostei desse deckezinho que a prefeitura inaugurou no final da Felipe Schimidt para o povo assistir o por de sol...
...quando São Pedro permite.
E as fritas ficaram por conta de Guarda do Embaú, uma das praias mais imperdíveis do Brasil, onde passei alguns dias...

E com Floripa eu encerro o relato de mais de dois meses de viagens. Agradeço aos que tiveram saco de me acompanhar nesse, que foi um dos períodos mais especiais da minha vida. Agora só restam as lembranças...e as fotos...



E tem mais no Flickr.

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terça-feira, janeiro 06, 2009

Esqueça Um Bonde Chamado Desejo...

Anote aí: É um ônibus chamado Tristeza
Esse é o melhor meio de transporte para se coroar com chave de ouro uma farra gastronômica em Porto Alegre.
Mas vamos começar do início. Antes do Natal precisei ir á Porto Alegre, por questões familiares.
Já falei aqui, neste post de 21 de outubro de 2007, que a capital gaúcha não é turística, embora tenha locais belíssimos. E é pecaminosa, pois lá, como em poucos lugares no país, podemos nos entregar ao pecado da gula. Na verdade, a gastronomia portalegrense vai muito além das churrascarias e se conseguir as dicas certas, o turista pode conhecer lugares incríveis. E praticar outros pecados além da gula:
A Inveja
Bem, comecei justamente por uma churrascaria, que inclusive foi comentada no referido post. É a Barranco (www.churrascariabarranco.com.br/), que desde 1969 funciona na avenida Protásio Alves, 1578, Petrópolis. O grande barato da casa, além da carne divina e do atendimento fantástico, é que ela manteve o pequeno bosque que existia no local e por lá está a parte externa, dando um ar de "churrasco na casa de um amigo", sem a fumaceira normal em casas do gênero. Os preços não são tão mais salgados do que uma churrascaria famosa no Rio ou em Sampa. Senti uma inveja horrorosa dos portalegrenses.
Avareza (isso ainda é pecado nesses tempos de crise?)
Era uma tarde muito quente em POA e rumamos(eu, a Cristina - minha prima -, e um grupo de amigos) para o Mercado Municipal, bem no coração da cidade. Antigo e conservado, é um dos locais mais charmosos da cidade e um velho conhecido meu. Sempre que vou a Porto Alegre, arrumo um tempo para sarandar em seus tumultuados corredores. Gosto muito do restaurante Naval, onde a comidinha parece feita pela mamãe e os preços são mixuruquinhas. Avareza? Sim, porque eu sabia o que ainda teria pela frente.
Mas dessa vez, já com o estômago devidamente forrado, fui atrás de algo mais refrescante. Uma salada de frutas cairia muito bem. Acompanhada de sorvete, muito mais. Nunca havia experimentado tal mistura. Geralmente aos cinqüenta anos não se está mais disposto a novas experiências. Mas isso não vale comigo. E bastou a dica da dupla dinâmica...ops, digo, gastronômica, do blog Destemperados, para eu ir conhecer a tal Banca 40, no primeiro piso. O lugar é apertado, cheio e com aspecto meio bagunçado, típico de lanchonete de mercado. À primeira vista você fica em dúvida se entra ou não na filinha que parece sempre existir ali. Mas posso lhe garantir que se você decidir não entrar e provar o copão de salada de frutas com sorvete de creme, por menos de R$ 6, você vai se arrepender por sete vidas. Só não repeti porque ainda queria ter estômago para outras aventuras gastronômicas.
Ira
Que me perdoe a Blanche Debois, personagem do clássico Um Bonde Chamado Desejo, por ter mexido em sua célebre frase, mas sempre dependi das gostosuras de estranhos e do Centro pegamos o tal ônibus chamado Tristeza para o ponto final. Como não conhecíamos o local, preferimos não ir de carro e táxi com bandeira dois, nem pensar! Mas o onibuzinho deu pro gasto e nos deixou próximo à rua Armando Barbedo, 257, onde fica o Armazem e Bristô Marchy - mais uma dica dos Destemperados.
Ataquei sem piedade uma torta de banana que chamar de manjar dos deuses seria modestia. A Cristina atacou uma coisa de chocolate chamada Mousse Janaína. Chamo de coisa poque nem sei descrever aquela maravilha. Fiz a besteira de pedir um pedaço e quase que imediatamente quis outro. Irada a Cris se recusou a me dar e antes que saíssemos em luta corporal, decidimos dividirmos mais um pedaço. Foi um vexame, um escândalo! Se fôssemos famosos, certamente seria matéria de papparazzi. Gostei da decoração do local e os preços não estupram o seu bolso. Achou tudo isso um exagero? Então veja essas fotos e resista se for capaz de pegar o primeiro vôo para POA.
Preguiça
Você acha que ficou poraí? Humpf! Os gulosos são persistentes. De lá, fomos ainda para Ipanema, ali pertinho.
Não, toda essa comilança não me enlouqueceu. Ipanema é um bairrozinho simpático à beira do Guaíba e é justamente ali, no 1380 da avenida Guaíba, que fica a Mercearia Guahyba(merceariaghahyba.blogspot.com), onde os Destemperados juraram que eu não iria me arrepender de ter ido.
O local é muito simpático e você encontra tudo que você precisa para satisfazer o seu desejo por doces. Mas nos contentamos apenas com um sorvetinho Häagen-Dazs.
Saímos de lá tão tristes de preguiça, depois de tanta devastação gastronômica, que nem esperamos o happy hour e nos sentamos em frente á praia para apreciar a morte do sol...

Luxúria

Estava uma tarde tão linda que ainda tivemos pique de pegar um táxi e ir ver o espetáculo do sol nun passeio de barco pelo Guaíba...


Vale a pena nem que seja para ver...

Porto Alegre com ares de Manhattan.

Vaidade

Se lembra daquele filme em que o Nicholas Cage vai para Las Vegas decidido a beber até morrer? Bem, eu parecia disposto a levar às últimas conseqüencias e naquela noite ainda devorei uma calabreza na simpática filial da Torre de Pizza, na rua General Lima e Silva, coração da Cidade Baixa. Uma rua com ares da região dos Jardins, em Sampa, cheia de gente bonita e jovem, querendo ver e ser vista. Um bom lugar para se comer bem e papear num deck voltado para a rua. Preços igualmente simpáticos.

De lá, a gangue partiu para terminar a noite calorenta na badalada Sorveteria Jóia (sem site), ali perto, no 441 da República. Já passava da uma da manhã e havia fila. A Cris já havia me previnido que era o melhor sorvete da cidade. Meio cabreiro, escolhi só uma bola de flocos. Mas quinze minutos depois, eu estava dando conta de mais duas. Era o melhor sorvete que exeperimentei na vida. Sem exagero.

Assim como não é exagero também quando digo que Porto Alegre é uma das melhores para se comer, no Brasil.

Mas depois dessa farra, eu joguei a toalha. No dia seguinte eu teria que ir cedo pra Floripa e não queria fazer feio na praia, afinal sou vaidoso. Aliás, nem tiramos fotos nossas porque tivemos vergonha de mostrar o estado em que ficamos.

Quer uma razão para tanto exagero? Porque é só isso que se leva da vida. Nem que você vá pro inferno depois. Tá bom ou quer outra?

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domingo, janeiro 04, 2009

Uma Antonina é muito bom

Duas Antoninas é bom demais.

Bem, depois de dias ensolarados no nordeste. O sabáico aqui se mandou para cinco dias em Buenos Aires. Nem vou falar na capital argentina. Tudo que eu tinha que falar já falei aqui e aqui.
Uma das coisas que deicidi fazer nesses meses que passei viajando, foi visitar alguns lugares que haviam feito a minha cabeça ou que não havia conhecido direito. Antonina foi um deles. Nessa volta, foi como conhecer uma segunda Antonina.
A cidade histórica, no litoral do Paraná, é uma miniatura de Parati, aqui no Rio. Não tão badalada. Mas é possui a mesma tranquilidade e a uma arquitetura quase tão rica. E ótimos restaurantes. Esse aí de cima fica na Prainha, onde há outros. Come-se o barreado, prato típico, e saboreia-se um vistão de lamber os beiços.

Mais informações sobre Antonina, caia aqui, no site da prefeitura da cidade, que por sinal tem essa sede aí em cima.
Infelizmente, a caminho das praias, a maioria dos turistas passa batido por essa cidade que é puro charme...




Aliás, o grande charme de se ir para o litoral do Paraná, é se pegar uma praia durante o dia e, depois, ir comer nos excelentes restaurantes da região do bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, à noite. Como eu fiz aqui, num post entitulado Estupradores de Pizzas. Se tiver sorte, pode até rolar uma lareirazinha. Já pensou?
Conheço vários restaurantes em Santa Felicidade e todos os que conheci são bons. A maioria tem a comida italiana como forte. Dessa vez, eu quis fazer diferente e procurei um que fosse especializado em carnes.

Achei entrando nesse aí em cima, Petit Chateau. Preço honesto, atendimento de primeira, estacionamento, boa localização(inicio da Manoel Ribas) e uma carne de avestruz inesquecível. Mais informações, mergulhe aqui.

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