domingo, janeiro 27, 2008

Duas cidades, um verão


Cidade 1






Quem mora no Rio, pelo menos uma vez já ficou intrigado ao ver, todo final de tarde, o belo espetáculo das gaivotas partindo em revoada em direção ao arquipélago das Ilhas Cagarras, em frente à Ipanema.




Pois bem, uma das modas deste verão parecem ser os passeios de barcos, que levam turistas e cariocas até os viveiros destes pássaros. Ou seja, fazer turismo dentro da própria cidade é a grande pedida deste verão.




Além das belezas das ilhas visitadas, o mais interessante do passeio está no caminho, quando o carioca pode ver sua cidade de outro ângulo. Moro no Flamengo e ver o Pão de Açucar, por exemplo, já é uma rotina em minha vida, mas poder conhecer o seu costão, nestes dois perfis acima foi uma surpresa.


Na foto acima também vemos uma parte da Fortaleza de São João, construída pelos portugueses para impedir que seus arquiinimigos, os franceses, conquistassem a cidade, que aliás foi fundada justamente ali, na ponta do Morro Cara de Cão.


Aí está a Fortaleza mais de perto. Junto com a Fortaleza de Santa Cruz, lá do outro lado da Baía, em Niterói, eram os trunfos dos nossos colonizadores para proteger o seu patrimônio, ou seja, a recém-fundada Cidade do Rio de Janeiro. Já tive o privilégio de conhecer essas duas construções históricas, coisa que, acredito, 90 % dos cariocas não o fizeram.







A Fortaleza de Lajes, fica bem no meio da entrada da Baía, entre as duas outras fortificações. Foi uma prisão durante a ditadura de Getúlio Vargas. Graciliano Ramos esteve ali. Quem conhece o Rio sabe que quando o mar sobe muito, as ondas cobrem essa pequena pedra. Imagine a situação dos presos lá dentro! Acho que foi por isso que a prisão foi desativada. Mas bem que poderia servir de abrigo para certos marginais de hoje em dia.



Copacabana sendo descortinada depois do Morro do Leme, com sua mata exuberante. O fato de ser uma metrópole que cresceu cercada por natureza por todos os lados, fez que esta cidade ganhasse o título que tem. O carioca tem que agradecer aos céus todos os dias pelo criador ter sido tão generoso com esta cidade. Principalmente os seus governantes, já que eles não precisam fazer muito para tornar a cidade bonita, já veio tudo no pacote.



O Corcovado por trás da Ilha das Cagarras, por sinal, uma área de preservação ambiental.



Entre uma ilhota e outra, vê-se a imponente Pedra da Gávea e a Pedra Bonita, com a praia de São Conrado à frente.


A Ilha Redonda é outra do arquepélogo das Cagarras. A coloração esbranquiçada é o resultado de anos de fezes dos pássaros acumuladas em suas pedras. Diz a lenda que os portugueses, quando aqui chegaram, viram tamanha sujeira e chamaram as ilhas de Cagadas. Talvez, por pudor, acabaram batizando-as de Cagarras mesmo.


A interessante Pedra da Tartaruga. Por que será que tem esse nome?



Bem, agora eu sei para onde as gaivotas vão quando começa escurecer.
Cidade 2



Deus não foi tão generoso com a cidade 2 e os governantes tiveram que dar duro para atrair os turistas.
Sem praias, lagoas, montanhas, ilhas ou florestas, Buenos Aires teve que se virar com o que tinha a seu dispor: o talento dos seus urbanistas, que conseguiram criar uma cidade, se não bonita, pelo menos, agradável. E charmosa.





E seu charme está nos detalhes.




Já falei sobre Buenos Aires aqui, quando lá estive na semana santa passada. Voltei lá no último final de semana e não me canso de apreciar o que o ser humano é capaz de fazer para tornar belo o seu meio ambiente, quando a mãe natureza foi madastra. Como enfeitar uma passagem subterrânea com uma exposição de posters, por exemplo. Já que as paredes não sofrerão a ação de vândalos.





Ou encher os parques com pequenas obras de arte, já que elas não correm o risco de serem pichadas.



Algumas cidades, como o Rio, são generosas com os turistas e oferecem suas belezas logo de cara. Outras, são mais exigentes e obrigam o turista a descobrir suas belezas nos detalhes.



Portenhos in the sun. Vinte cinco graus na Plaza San Martins, na tarde de 19 de janeiro. Quem não tem Ipanema...

Não se tem o Pão de Açucar, mas...
Quem não tem o calçadão de Ipanema num final de tarde, caminha pelas docas de Puerto Madero, a antes degradada área do porto, que nos anos 90 recebeu uma injeção de modernidade do governo para se transformar em uma área de lazer agradável e um complexo gastronômico, onde até os guindaches são um charme adcional. Além disso, bares com happy hours animadíssimos e várias salas de cinema trazem vida para esta parte da cidade, antes decadente e abandonada. Nos finais de tarde de verão, portenhos e turistas enchem o local para relaxar, tomar umas, jantar ou curtir uma telinha, como já falei em outros posts aqui.
Buenos Aires não tem bares badalados à beira mar, mas tem o Tortoni, o café freqüentado por Borges, cujo o requinte, faz uma visita ser obrigatória.




Buenos Aires não tem gaivotas sobrevoando os céus romanticamente ao cair da tarde, a caminho de seus viveiros. Mas tem detalhes que mostram que, quando a mãe natureza não ajuda, o ser humano dá um jeitinho. Mais sobre a capital argentina no meu post de abril de 2007, "Não Ria por mim Argentina."

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sábado, janeiro 19, 2008

Vai curtir uma balada hoje? Cuidado! Você pode encontrá-los...


Só lendo o resto do meu conto Testosterona, do Crimes e Perversões, o meu livro de contos, já na quarta edição e que pode ser pedido pelo juliocorrea19@gmail.com

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terça-feira, janeiro 15, 2008

Músicas que lhes podem ser úteis - Parte III

Tirado do site Forum Now





Você trabalha numa empresa legal. Gosta do que faz, o salário é razoável e o seus colegas de trabalho são gente boa.


Menos um.


Como uma surucucu, uma jibóia, uma cascavel, uma coral, ele se faz de seu amigo e solta o seu veneno mortal contra todos que têm capacidade de tomar o seu lugar, ou seja, todos. Falso, invejoso, inseguro, hipócrita, debochado, cínico, maldoso e egoísta, ele é imoral, quando se dedica à arte do puxassaquismo.
Dia após dia você vai vendo o camarada envenenando, prejudicando, derrubando colegas, fofocando, dedurando, entregando seus amigos, espalhando intrigas, distribuindo o mal.



Você vai odiando esse cara, não lhe dirige a palavra, não suporta sua presença e nem consegue olhá-lo ou ouvir a sua voz.


Um dia, durante a pausa do cafezinho, você o encontra no corredor e o sujeito vem lhe falar:


"Por que você não fala comigo? Algum problema? Quero saber o que você tem contra mim?"


É a sua chance de olhar beeeeeeeeeeeeeem no fundo dos olhos do muquirana e cantar...

Odeio fantoches


capachos do chefe


cupinchas do patrão



odeio essa raça



de gente costa-quente



gente falsa



serpente



que se arrasta pelo chão



cara fraco



inseguro



eu já acho feio



puxa-saco



já tô cheioeu odeio



dedo-duro



"Quero ver esses braços mexendo, vamos! Todos comigo...



*Combine com seus colegas, ensaiem para levantar os braços, como se estivessem numa Igreja Universal.



Fantoches é uma composição do Guilherme Arantes e está no Lp Coração Paulista, de 1976. Mas continua atual. Não acha?

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domingo, janeiro 13, 2008

E a criminalidade não pára de cair...




Foto extraída da New York

...Em Nova Iorque, é claro.


Na sua edição que chegará às bancas amanhã, 14 de janeiro, a Revista New York trouxe uma matéria de capa, na qual os novaiorquinos comemoram por mais um ano seguido (2007), a queda na taxa de criminalidade na cidade. E agora até se dão ao luxo de querer zerar a taxa de homicídios, coisa que nenhum secretário de segurança brasileiro sequer sonha.


Como eu cresci nos anos 70, numa época em que a Big Apple estava afundada em crimes e dívidas, e os turistas recebiam dos hotéis, assim que faziam o check-in, uma lista de cuidados a serem tomados para evitar entrar para a assombrosa estatística de roubos, assaltos, estupros e assassinatos, que faziam da cidade uma das mais perigosas do mundo, acho incrível essa virada de jogo. Nas última vezes em que lá estive, observei encantado famílias inteiras passeando tranqüilamente a uma da manhã pelo Times Square, o mesmo local, onde décadas atrás, elas certamente seriam importunadads por bêbados, junkies, putas, cafetões, batedores de carteira, michês e vagabundos de todos os tipos.


Nos anos 70, nós assistíamos a séries como Bartetta e Kojak e dávamos graças a Deus por não vivermos em uma cidade tão perigosa. E sempre que alcontecia um crime de grande repercurssão - como o da Cláudia Lessin Rodrigues (a jovem de classe média estuprada e morta numa festinha de embalo, no Leblon, em 1977, por exemplo) -, os secretários de segurança se apressavam para dizer: "Podia ser pior. Olhem o que acontece em Nova Iorque."


O que será que os novaiorquinos estão achando do Rio, ao assistirem Tropa de Elite?
Quer ler a matéria da New York? Merglhe aqui.

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sexta-feira, janeiro 11, 2008

Profundidade




"A sinceridade é o único tabu que ainda sobrevive. Ser sincero ainda choca."


Domingos de Oliveira, dramaturgo carioca.




Porque não há nada como ler ou ouvir algo inteligente neste mundo cada vez mais medíocre .




A voz do povo é a voz de Deus. A quarta edição já está rolando. E obrigado a todos que me deram aquela força. Peça o seu pelo juliocorrea19@gmail.com

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quarta-feira, janeiro 09, 2008

Lá vem o Cd descendo a ladeira

Há 25 anos Thriller do Michael Jackson estava no toto da Billboard. Estou falando do disco que já vendeu até hoje quase 60 milhões de discos em todo o mundo.

Se fosse lançado hoje, venderia muito, muito, muito menos.

Não que o disquinho não tenha seus méritos. O fato de ter sido produzido pelo mestre Quincy Jones é o maior deles. É um trabalho muito bem cuidado e que atravessa os tempos.

Mas hoje não teria a menor chance numa indústria que está descendo a ladeira, perdendo mercado na ordem de 15%, só no último ano, segundo a empresa Nielsen-Scan, que monitora o volume de vendas de discos no território norte-americano.

Para se ter uma idéia do estrago, o disco de música pop mais vendido no ano passado, Long Road Out of Eden, que marcou a volta dos Eagles, vendeu meros 2,6 milhões de cópias. Coisa que Thriller vendeu em poucas semanas. E não pensem que os downloads ilegais têm sido os grandes vilões. Especialistas acreditam que outras formas de entretenimento, como jogos eletrônicos, DVDs, home-theatres e a internet também têm culpa no cartório.
De qualquer forma, eu que cresci juntando dinheiro da mesada para comprar um Lp, tenho dificuldades para imaginar um futuro sem discos. Embora eu não consiga lembrar quando e qual foi o último Cd que comprei.
E você?

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sábado, janeiro 05, 2008

O Caso Elizabeth Lewd


"Bem, tudo começou no momento em que Ana Maria Lewd entrou em meu consultório. Estava acompanhada de Elizabeth, sua única filha. A garota tinha um ar tímido, mas notei que ela olhou para o meu pau quando fui cumprimentá-las.
Você sabe, sou um especialista em casos de problemas sexuais. E Ana Maria era a minha cliente mais rica. Por isso, cobrava-lhe um pouco mais caro do que os outros pacientes e tentei ser educado, fingindo não notar o comportamento constrangedor da jovem.
No dia anterior, Ana havia me procurado para falar desse estranho hábito da filha.
“É difícil para mim, conversar a respeito”, havia dito.
“Mas só poderei ajudá-la se souber o que está acontecendo”, falei.
Eu já estava acostumado com a dificuldade dos pais em revelar os problemas dos seus filhos. Porém, mais tarde, teria que admitir que o caso de Elizabeth era mesmo delicado..."
Quem será, na verdade, o analista e o analisado nesta história do conto, que tem o mesmo título deste post? Histórias passadas em consultórios psicológicos sempre foram instigantes para mim. Essa tem um igrediente...picante. Por isso entrou no Crimes e Perversões, o meu livro de contos policiais. E picantes. E que pode ser adquirido pelo juliocorrea19@gmail.com

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quarta-feira, janeiro 02, 2008

Personagem de filme

Não vou encher o saco de vocês, fazendo balanço de 2007. Se foi ou não foi bom para mim, acho que que não é de interesse de ninguém.
Mas um dos fatos mais chatos ocorridos no ano que acabou de acabar foi que roubaram a minha bike. A minha pretinha.
Quem freqüenta este blog há mais tempo sabe da minha paixão por pedaladas. E deve imaginar como me senti ao ver aquele poste vazio, onde antes a minha pretinha estava presa a minha espera.
No dia seguinte, comprei outra pretinha. Esta aí de cima, fazendo pose para ser fotografada. Para testá-la, acordei cheio de gás ontem, primeiro do ano, e subi ao Mirante Dona Marta.

2008 amanheceu meio esquisito, nevoento, abafado. O Mirante estava vazio, nem sombra de turistas. E pude aproveitar melhor a vista. Pode parecer clichê, mas era como se a cidade fosse só minha.

A minha nova pretinha passou no teste, se comportou bem. Mas não subustuirá jamais a falecida, companheira de tantas aventuras...



Espero que estejam tratando da minha pretinha com o mesmo carinho com que sempre a tratei.


E o passeio ainda teve direito a uma parada no Largo do Boticário, no Cosme Velho. Pequeno paraíso arquitetônico com chão de pé-de-moleque e ar de cidade histórica mineira, no coração da zona sul.


2008 começou...suado.

"Mas toda essa choradeira é para falar de qual filme, porra?!", você me pergunta...

O olhar desolado do trabalhador após perder sua bike, no clássico de Victorio de Cicca, Ladrão de Bicicletas, de 1948. Foi nele que pensei quando vi aquele poste vazio. Embora o motivo da desolação fosse totalmente diferente. O italiano por ter precisar da bike para sobreviver; eu por ser um materialista chato e piegas que enche o saco de vocês por ter perdido uma bike. A vida continua!

Mas que desse filme eu não queria ser personagem, isso é verdade.

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terça-feira, janeiro 01, 2008

Equilíbrio

Neste novo ano, não saia de casa sem ele.