Duas cidades, um verão
Quem mora no Rio, pelo menos uma vez já ficou intrigado ao ver, todo final de tarde, o belo espetáculo das gaivotas partindo em revoada em direção ao arquipélago das Ilhas Cagarras, em frente à Ipanema.
Pois bem, uma das modas deste verão parecem ser os passeios de barcos, que levam turistas e cariocas até os viveiros destes pássaros. Ou seja, fazer turismo dentro da própria cidade é a grande pedida deste verão.
Além das belezas das ilhas visitadas, o mais interessante do passeio está no caminho, quando o carioca pode ver sua cidade de outro ângulo. Moro no Flamengo e ver o Pão de Açucar, por exemplo, já é uma rotina em minha vida, mas poder conhecer o seu costão, nestes dois perfis acima foi uma surpresa.
Na foto acima também vemos uma parte da Fortaleza de São João, construída pelos portugueses para impedir que seus arquiinimigos, os franceses, conquistassem a cidade, que aliás foi fundada justamente ali, na ponta do Morro Cara de Cão.
Aí está a Fortaleza mais de perto. Junto com a Fortaleza de Santa Cruz, lá do outro lado da Baía, em Niterói, eram os trunfos dos nossos colonizadores para proteger o seu patrimônio, ou seja, a recém-fundada Cidade do Rio de Janeiro. Já tive o privilégio de conhecer essas duas construções históricas, coisa que, acredito, 90 % dos cariocas não o fizeram.
A Fortaleza de Lajes, fica bem no meio da entrada da Baía, entre as duas outras fortificações. Foi uma prisão durante a ditadura de Getúlio Vargas. Graciliano Ramos esteve ali. Quem conhece o Rio sabe que quando o mar sobe muito, as ondas cobrem essa pequena pedra. Imagine a situação dos presos lá dentro! Acho que foi por isso que a prisão foi desativada. Mas bem que poderia servir de abrigo para certos marginais de hoje em dia.
Copacabana sendo descortinada depois do Morro do Leme, com sua mata exuberante. O fato de ser uma metrópole que cresceu cercada por natureza por todos os lados, fez que esta cidade ganhasse o título que tem. O carioca tem que agradecer aos céus todos os dias pelo criador ter sido tão generoso com esta cidade. Principalmente os seus governantes, já que eles não precisam fazer muito para tornar a cidade bonita, já veio tudo no pacote.
O Corcovado por trás da Ilha das Cagarras, por sinal, uma área de preservação ambiental.
Entre uma ilhota e outra, vê-se a imponente Pedra da Gávea e a Pedra Bonita, com a praia de São Conrado à frente.
Cidade 2
Sem praias, lagoas, montanhas, ilhas ou florestas, Buenos Aires teve que se virar com o que tinha a seu dispor: o talento dos seus urbanistas, que conseguiram criar uma cidade, se não bonita, pelo menos, agradável. E charmosa.
Ou encher os parques com pequenas obras de arte, já que elas não correm o risco de serem pichadas.
Algumas cidades, como o Rio, são generosas com os turistas e oferecem suas belezas logo de cara. Outras, são mais exigentes e obrigam o turista a descobrir suas belezas nos detalhes.
Portenhos in the sun. Vinte cinco graus na Plaza San Martins, na tarde de 19 de janeiro. Quem não tem Ipanema...
Não se tem o Pão de Açucar, mas...
Quem não tem o calçadão de Ipanema num final de tarde, caminha pelas docas de Puerto Madero, a antes degradada área do porto, que nos anos 90 recebeu uma injeção de modernidade do governo para se transformar em uma área de lazer agradável e um complexo gastronômico, onde até os guindaches são um charme adcional. Além disso, bares com happy hours animadíssimos e várias salas de cinema trazem vida para esta parte da cidade, antes decadente e abandonada. Nos finais de tarde de verão, portenhos e turistas enchem o local para relaxar, tomar umas, jantar ou curtir uma telinha, como já falei em outros posts aqui.
Buenos Aires não tem bares badalados à beira mar, mas tem o Tortoni, o café freqüentado por Borges, cujo o requinte, faz uma visita ser obrigatória.
Buenos Aires não tem gaivotas sobrevoando os céus romanticamente ao cair da tarde, a caminho de seus viveiros. Mas tem detalhes que mostram que, quando a mãe natureza não ajuda, o ser humano dá um jeitinho. Mais sobre a capital argentina no meu post de abril de 2007, "Não Ria por mim Argentina."
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