segunda-feira, setembro 29, 2008

Aula de história

Foi aqui. Exatamente aqui, nessa casa aí em cima...
Foi nessa casa de fachada simpática casa no bairro St. John´s Wood que aqueles quatro rapazes gravaram a maioria dos seus discos, inclusive o último que levou o nome do estúdio, Abbey Road, que por sinal, tem o nome da rua onde está localizado...

Parece que pouca coisa mudou desde 1969, quando a foto da famosa capa do disco foi batida.





E foi justamente nesse sinal que os quatro estão atravessando, numa cena que já cansou de ser imitada desde então.



Dizer que Londres conta a história do rock seria exagero, mas a capital inglesa foi palco de vários acontecimentos importantes. Como o famoso concerto que os Beatles deram no terraço deste prédio aí em cima, para comemorar o fim das gravações do Let it Be, seu penúltimo trabalho, gravado ainda no estúdio da Apple, no número 3 da Saville Row, no coração do Soho. A gravação foi filmada para o documentário Let it be. Para quem não o assitiu, o tal concerto tumultuou a vida das redondezas, pois as pessoas começaram a deixar os escritórios, atraídos pelo som, como os ratinhos na história do flautista de Hamelim. A polícia teve que intervir e acabou com a festa.


Tudo aconteceu em 30/1/1969, naquele préido do meio ali. No ano que vem se completarão 40 aninhos e senti uma emoção muito grande ao passar por lá. Era como se Paul ou John ou George ou Ringo fossem aparecer e acenar para mim. Ô lôko!


Falar em rock em Londres seria um pecado, se não eu não mostrasse o Royal Albert Hall, o templo da música clássica, criado pela rainha Vitória, mas que generosamente abriu suas portas para concertos de rock antológicos, como o de despedida do Cream, na noite de 26/11/1968, e do show Nocturne, da Siouxie and the Banchees, em julho de 1983.
A casa fica em frente o Hyde Park, onde ocorreu o histórico concerto dos The Rolling Stones, em 5 de julho de 1969, para anunciar o novo integrante da banda, o guitarrista Mick Taylor, que entraria para o lugar de Briand Jones, morto dois dias antes.

O Roundhouse, em Canden, também abrigou o rock algumas vezes. E melhor, ainda abriga. Não só o rock, mas o rap, a música eletrônica e qualquer outro ritmo da nova geração.
Infelizmente, da Londres da época do punk, pouco existe. Ainda se vê muitos pseudos-punks pela cidade, mas casas que foram templos daquela geração, desapareceram sem deixar vestígios. Como o lendário clube Marquee, no Soho. No lugar, hoje, funciona uma casa de informática. Enfim...


Aliás, por falar em rock, você já conhece o Bob Dylan cantor e compositor, certo? Pois eu nem sabia que ele também encontrava tempo para pintar. Esse quadro assinado pelo cara que fez Blowin´in the wind estava á venda na Harrod´s pela bagatela de quase 3 mil libras. Eu acho que o Dylan, como pintor é o maior compositor da história do rock. E você? Vai para o trono ou não vai?

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segunda-feira, setembro 22, 2008

Exilados


Definitivamente eu não sei o que os bares têm que me atraem. E olha que eu não bebo nem vinho. Mas gosto do clima descontraído de um bom bar, que nos estimula a conversar. Já falei de alguns bares dos quais gosto no Rio e em Sampa.

Em Londres, escolhi um...pub. Se há alguns anos alguém me dissesse que eu ainda entraria nessa versão inglesa dos botecos, eu pensaria que era praga. Sempre os imaginei como lugares enfumaçados, barulhentos e com quinhentos bêbados por metro quadrado. E fiquei surpreso ao ver que nem todos são assim.

Em alguns, percebi que, dependendo da hora do dia, só faltaria o canto gregoriano para torná-los verdadeiros mosteiros, ilhas de paz, onde você pode pegar sua refeição no balcão e levá-la para uma mesa e ficar hoooras na maior tranqüilidade.


O Warwick é assim. O Warwick foi o pub que escolhi para fazer as minhas refeições. Fica ali na esquina da Warwick com Glasshouse st., na fronteira de Westminster com o Soho. Vergonhosamente esqueci de fotografá-lo. Gostava de chegar no início da tarde, comer e ficar discutindo a relação com o meu laptop, sem ser importunado por ninguém.

Também gostava de conversar com os atendentes, que naquela hora não tinham muito trabalho. Eram, na maioria descendentes de algum imigrante. Aliás, poucas cidades do mundo são tão multiculturais. Você entra nas lojas ou no metrô, olha em volta e vê poucos ingleses.

Na minha passagem pela capital inglesa, o destino me pôs em contato com muitos imigrantes. Alguns, ao saberem que estavam diante de um brasileiro, me contavam suas histórias. Invariavelmente eram histórias tristes. Seus pais ou eles próprios haviam deixado para trás um país em guerra, de economia medíocre, marcado pela fome ou doenças, sem nenhuma perspectiva de crescimento ou por questões políticas.

Uma vez, conversando com um senegalês, numa barraquinha no mercado de Portobello Road e ele me perguntou, após me ouvir falar sobre o número de brasileiros que tentam viver na Grã Bretanha todos os anos (só em 2007, foram mais de mil desesperados barrados pela rigorosa imigração inglesa): "Mas os jornais dizem que as coisas estão melhorando por lá. Por que tanta gente ainda está saindo do seu país?"


Perto da feira de Portobello, Caetano e Gil haviam vivido, durante o exílio, e me perguntei se os brasileiros que continuam a deixar o país não seriam assim como exilados. Não queriam, mas foram obrigados a deixar o país por motivos alheios a sua vontade. Os imigrantes que conheci tinham um motivo verdadeiro para ficar longe da sua terra. E os brasileiros? Enfrentar uma vida incerta em um país que não os deseja, sob o argumento de "falta de perspecitvas", me parece loucura numa época em que ninguém duvida de que o Brasil está crescendo, a fome diminuiu, a inflação não mete mais medo, o desemprego cai, a desigualdade também e o país é muito mais respeitado no exterior.
Aliás, a pergunta do jovem senegalês eu vinha me fazendo há algum tempo.
Bem perto do Warwick, na Dean St., fica uma filial do Hamburguer Union, onde uma tarde fui fazer um lanche e conheci a Eliane, uma gaucha que há três anos vive em Londres. Seus olhinhos brilharam quando falei do Brasil. Mas ao responder se estava disposta a voltar, foi taxativa :"Nem pensar. Não posso mais voltar."
Na verdade, acho a situção dos imigrantes brasileiros é mais complicada. A grande maioria dos que partiram, acredito, o fez por estar cansada de viver no país da impunidade, da roubalheira, das maracutaias, do jeitinho, dos escândalos, das injustiças. As guerras acabam, os catástrofes naturais podem ser previstas, as perseguições políticas podem ser combatidas e situações econômicas dramáticas podem ser amenizadas. Mas é muito mais difícil mudar o caráter de políticos que são eleitos por um povo.

Mas voltando ao Warwick, a paz reinava por lá até mais ou menos quatro da tarde, quando os engravatados chegavam para animados happy-hours que transformavam o local numa planíce africana. Jovens executivos caçando e sendo caçados por meninas sapecas usando pretinhos-básicos. De repente, uma presa bobeava e NHAC! Era abatida sem piedade. Aliás, as meninas inglesas andam muito sapecas. Sex and the city, de certo modo, tem feito mal às mulheres, mas isso será tema de outro post. Mas tenho certeza de que todas as meninas ali estavam atrás dos executivos endinheirados por amor.
Este post se encerra por aqui. Tenho que fazer minha cartinha para Papai Noel.
Volto em qualquer edição extraordinária.
E por falar em Brasil, o nosso Tropa de Elite ainda está cartaz em Londres, fazendo muito bonito. Pelo menos algo se salva.

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segunda-feira, setembro 15, 2008

Vida de blogueiro brasileiro na Europa tá foda

São demais os perigos dessa vida para quem tem um coração verde-amarelo e está perambulando pelo velho continente. Não sou imigrante, sou apenas um velho latino-americano no primeiro mundo, com um lap-top de quinto e tentando fazer uma viagem sabática.
Tenho muito o que contar sobre as minhas vagabundagens por aqui, mas dá uma preguiça danada usar esse treco que é a Derci Gonçalves da informática. Além do mais tenho tido dificuldades com tomadas e conexões, probleminhas ordinários que nunca tive que enfrentar. Por isso não tenho postado e nem visitado ninguém. Mas a partir de amanhã passo a mandar notícias quase que diárias. E em breve estou de volta ao lar onde sou mais bem tratado. Ô loko!
Abraços a todos

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