quinta-feira, dezembro 29, 2005

Ciao 2005

INCONSCIENTE COLETIVO

E enquanto você lê este post...



Na cama king size, na suite de mais de trinta metros quadrados, na cobertura de um dos prédios de um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, enquanto era fodida pelo marido, gordo e suado, Dilma Salgado pensa, enquanto geme:
“Nove mil e quatrocentos reais!”
Geme, enquanto pensa.
“Como sou cliente. Consigo uns trinta por cento de desconto.”
Pensa, enquanto geme:
“Se eu chorar, a Fernanda não vai me negar uns quarenta por cento. Afinal, quem ficou pendurada no telefone, movimentando os meus contatos em Brasília para que o marido dela não se envolvesse naquele escândalo?”
Geme e pensa:
“Tá decidido, nesse ano novo, vou colocar mais um botox.”

No momento, em que terminou de digitar a carta que enviaria para as editoras junto com os orinais do seu maravilhoso romance, Luiz Carlos Roesner, saboreou uma taça de vinho. A mais deliciosa taça de vinho da sua vida.
Depois, recostou-se na cadeira, diante do seu micro, no meio da sua pequena kitinete, na avenida das Mercês, Curitiba, como se isto fosse um prêmio.
“Nesse ano novo eles vão ver quem é o sonhador.”


Descendo a Marylebone Road, em direção ás cercanias do Regent´s Park, completamente bêbado e sentindo um frio que só o calor humano podia aplacar, Brian não acreditou quando duas mãos decidas seguraram os seus braços. Eram dois policiais. E ele riu.
“Precisa de ajuda, sir?”, perguntou um deles.
“Eu pensei que fosse...eu pensei...Ela me largou, sabiam? Se foi para Leads com um Paquistanês.”
“Para onde o senhor está indo?”
“Para a Baker Station. A estação parece que está mais longe hoje.”
“Tudo bem, vamos levá-lo até lá.”
“Mas por que vocês estão me prendendo? Um vagabundo roubou meu sobretudo, enquanto eu dormia no cinema. Londres virou uma Terra de Ninguém.”
“Não estamos prendendo o senhor. Só estamos evitando que se machuque.”
Ao ouvir aquelas palavras, Brian sentiu o frio subitamente diminuir. E ele guardou o seu riso nervoso e confidenciou, como se confidenciasse a um amigo:
“Neste ano novo eu vou procurar ajuda.”
“Bom para o senhor. Já estamos chegando.”
“Por que ela foi me trocar por um paquistanês?”
Brian tinha os olhos cheios d´água, emocionado com aqueles dois homens bons, que pareciam ouvi-lo. E ninguém costuma ouvir os bêbados. Ainda mais um bêbado que chora.

Enquanto ele preparava mais um scoch, naquele bar, na Hudson, quase esquina com Canal St., no Soho novaiorquino, Bruce dizia a si mesmo:
“Pense bem! Aceite o convite da companhia de Boston. Eles não vão encenar A Noite do Iguana? Você sempre amou Tennessee Williams. Pense bem! Pode dar certo. Largue esta merda e se arrisque. Se não der certo, pelo menos você será mais feliz. Qualquer coisa é melhor do que a sua vida agora. Você merece e vai ser mais feliz neste ano.”

Faminta e sem um puto, Dora Almeida estava em algum lugar nas proximidades da Praça da Sé. Parecia apenas mais uma sem teto, acompanhando com os olhos a multidão que passava, pra lá e pra cá. E não alguém que estava decidindo mudar sua vida.
“Neste ano novo, vou voltar pra minha terra. Não há mais felicidade aqui pra mim.”

Nesse trailer, num subúrbio pobre, nos arredores de Detroit, há pouco tempo, morava Neil Forest. Havia ido parar neste moquifo após ser demitido da linha de montagem na industria automobilística da cidade. Não por ineficiência, mas por ter ferido a Lei Patriótica de Bush. Foi denunciado por um colega de trabalho, após de ter expressado sua revolta pela morte do irmão, Brad, no Iraque. Foi também abandonado por Sarah, sua mulher, que carregou as crianças para a casa dos pais, em algum lugar em Ohio. Com mais tempo para viajar na Web, Neil conheceu e se uniu a outros inconformados com a dor da perda de parentes e amigos, na podridão da guerra. Conheceu também Myra, com quem neste momento está indo para Tulsa, Oklahoma, se juntar a centenas de outros, talvez milhares, que criaram uma ONG que abrigará toda uma legião de outros que, no ano novo, pretendem acabar com a guerra.
Neil e Myra estão felizes. A industria automobilística sente falta de Neil e a recíproca não é verdadeira.

A idéia chegou a Gerrard, quando ele caminhava com Pauline, por uma ferrovia abandonada nos arredores de Lê Havre. Quando Pauline parou um instante para fazer suas necessidades, ele começou a imaginar o que diria a Amélie, que havia ficado em Paris. Era o primeiro final de ano que não passavam juntos. “E se Deus quiser será o primeiro de muitos outros.”, pensou.
E em sua mente, rodava o diálogo futuro:
Eu: “Tenho o direito de ser feliz.”
Ela: “Ne fais pas l’idiot. La vie ne consiste pas à réciter des vers.
Eu: “Tenho sido idiota por todo este tempo, Amélie. Porque fui incapaz de admitir que nunca deu certo.”
Ela: “Je vais me venger de ce que tu!”
Eu: “Vingar do quê? Será melhor para nós dois. La vie est ce qu’on en fait!”
Ela: “Fous-moi la paix!”
Eu: “Não seja assim, Amélie. Neste ano novo, desejo que você seja tão feliz, quanto eu serei.”



Utilizando-se de uma vela encontrada numa lixeira, Hanna preparou mais uma dose. Estava nos fundos de um prédio abandonado há algumas quadras da Turnbull av., South Bronx. Um buraco escuro e cheirando a podre, mas onde os ventos gelados de nordeste não podiam encontrá-la. Estava só e sentiu medo. Sempre teve medo de morrer só, destino de vários companheiros.
“Meu bom Deus, me ajude a sobreviver a mais essa. A última. Neste ano novo vou entrar para o programa da Metadona. Hanna vai começar do zero e vai ser feliz.”
E fechou os olhos para não ver a agulha penetrando em seu braço magro.



Após dançar por toda noite, na pista da boate, na Lagoa, Zona Sul do Rio, Cris subtamente parou, sentindo um cansaço nunca sentido antes. Era como se sua alma tivesse pesando algumas toneladas. Ela estava cansada e quis que todos soubessem disso. De repente, parada, ali, na pista, o cansaço deu um lugar a um prazer suave. E ela começou a dançar leve e sensualmente, indiferente aos outros que a tinham como bêbada. Gostando daquela sensação inédita, pensou: "A felicidade deve ser assim. Eu quero finalmente ser feliz em 2006."


E todos eles serão felizes em 2006.

E para todos que levaram Bala em 2005, devolvo o carinho recebido, desejando que...

...Neste 2006 nada consiga barrar a multidão de momentos felizes que vocês viverão e que, juntos, farão deste ano novo, inesquecível.

Um especial abraço para o pessoal do Digestivo Cultural, para Anna Maria, o Jôka(Avenida Copacabana), Luma(Luz de Luma), Jorge Pontual (NY on Time), Pecus, Lúcia-Franka, Wagner, Helô (Banana & Cia), Ivana - Doidivana- Arruda, Raphael Galvão, Edu, Emerson Wiskow (500 dentadas), Vidal (Bagatelas), Fal (do Drops), Fernando Cals (Observador), Andrea Del Fuego, Flávio(Prosa-Pema) e todos os outros que tanta força deram a este blog neste ano. Felicidade a todos vocês.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Lacerda, o retorno

“Puritanismo: O insistente medo de que alguém, em algum lugar, possa ser feliz”
H.L.Mencken, jornalista americano, sobre a Lei Seca





O Lacerda, o detetive do meu romance A Arte de Odiar voltou a me aporrinhar. Depois de me encher o saco pra publicar suhistória lá no Bagatelas, ele me aporrinhou pra contar aqui também a sua história.
Ninguém merece um personagem deste! Diga lá, Lacerda.
MÃE
A mãe desceu de manhã, quando estávamos desfazendo o cerco ao Morro da Providência.



UM ANO NOVO FELIZ A TODAS AS MÃES
E PRA TODOS NÓS

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Os Melhores?



O Floyd em sua primeira formação. Ainda liderados pelo clinicamente louco, Syd Barret (Canto acima, à direita)

Em uma manhã de abril de 1973, eu estava me arrumando para ir para escola. Em meus 13 anos, eu ouvia rádio o tempo todo. E a rádio mais irada da época era a Mundial AM (rádio com FM eram ainda um luxo pra poucos). Eis que de repente, assim como quem não quer nada, o locutor falou: “Prestem atenção neste som.” E passei ouvir som de despertador. Aliás, muitos despertadores tocando enlouquecidos. O som deles inundou a casa. E seguiu-se o som de vários relógios, daqueles antigos, de parede. A princípio parecia tema de um filme de suspense. Mas a surpresa maior foi quando a banda começou a tocar. Hoje pode soar ridículo com a atual tecnologia, mas o som era tão puro! Tão bem feito! Tão Profissional! Tão perfeito! Era jovem e moderno, mas o jovem e moderno levado a sério. O arranjo era tão cheio, tão criativo, tão incrivelmente rock, mas ao mesmo tempo tão melodicamente envolvente! A guitarra na hora certa, o coral no tempo certo, o arranjo bem cuidado. Era tão certinho, mas tão longe de ser careta!
Em resumo. Era a primeira vez que vi o rockn´roll ser elevado a um nível de profissionalismo antes só dedicado aos grandes nomes como Burt Bacharach ou ao pessoal do jazz.
Naquela época não havia MSN, nem blogs, nem Orkut e nem e-mail. A gente batia tambor. E logo os amigos começaram a ligar, esbaforidos. “Tá ouvindo a Mundi? Porra, que som é esse? Que banda é essa?”
O som era Time. A banda era a veterana Pink Floyd. Eles haviam lançado em 20 de março, o seu álbum Dark Side of The Moon. E o rock nunca mais foi o mesmo. Produzido pelo novato Alan Parsons – que logo estaria seguindo carreira solo com o seu Alan Parsons Project – o grupo havia passado meses isolado numa fasenda, tentando levar o rock ao um nível de profissionalismo e perfeição nunca atingidos antes. E valeu a pena tanto esforço. Dark Side... ficou meses nas paradas americana e britânica e junto com o álbum seguinte, o Wish You Were Here, venderiam até hoje cerca de 200 milhões de cópias em todo o mundo.
Nesta segunda, dia 26, O Globo, divulgou que numa enquete feita pela rádio online Planet Rock com quase 60 mil pessoas, o Pink foi eleito a melhor banda de todos os tempos, derrotando pesos-pesados como o Led Zeppelin (em segundo), Rolling Stones (em terceiro) e The Who (quarto). Os irlandeses do U-2 e os americanos Nirvana e Jimi Hendrix, ficaram, respectivamente, em décimo, décimo terceiro e décimo quinto lugares.
Não concordo com o resultado. Minhas bandas preferidas sempre foram o Traffic e o Crosby-Stills-Nash and Young. Mas tenho que admitir que no quesito capa de álbuns, o Pink dá um banho. Veja só.

A do belíssimo Atom Heart Mother, de 1970

Wish You Were Here, 1975



Animals, 1977.

E aí, meu caro visitante? Você concorda com o resultado? Mande bala.



Pelo amor de Deus!
Não faça nenhuma besteira!
A segunda edição do A Arte de Odiar vai sair em janeiro.
Falta pouco.
Tenha calma!

domingo, dezembro 25, 2005

Eu orkuto...

“Na noite do natal de 1914, o primeiro sob a I Guerra Mundial, os combates cessaram. Ao amanhecer, franceses, ingleses e alemães saíram de suas trincheiras. Dezenas, talvez centenas de milhares de homens abandonaram suas armas e seguiram para o meio do campo de batalha. Confraternizaram-se, trocando lembranças e presentes, exibindo fotos e cartas da família, comemorando o Natal, desejando a paz uns aos outros. Mas horas depois, estariam combatendo de novo.”
Depoimento de um ex-soldado a uma revista européia. Li isto não me lembro onde e achei bonito.




...tu orkutas, nós orkutamos.



O homem inventou o fogo. Daí para as armas e as guerras, foi um pulo.
Foi inventado o telefone. O ser humano também inventou os trotes, a clonagem de celulares e anda com os seus telefones móveis falando alto nos locais mais impróprios.
Inventaram a Internet. Hackers, pedófilos e esteleonatários fazem a festa.
Criaram o Orkut. E, como a mente humana não tem evoluído na mesma proporção dos avanços teconlógicos, não soubemos aproveitar uma boa idéia. E é isso que os site de relacionamento são. Eles deram certo, porque não tinham como não dar.
Recentemente, o Orkut tem sido bombardeado por inúmeras críticas. Invasão de privacidade, perfis falsos, gente vendendo de tudo (e se vendendo também) e golpes, são as queixas mais freqüentes. Mergulhe nas águas tempestuosas do artigo "Adeus Orkut", de Ana Eliza Nardi, no Digestivo Cultural, para descobrir o lado negro do site, através do depoimento de uma vítima.
Mas não se deve culpar o Orkut. Infelizmente ele é usado por nós, humanos.
Apesar de tudo e todos, os sites de relacionamento são um fenômeno. Não foi por outro motivo que o gigante Google comprou a versão brasileira. Nos EUA, o magnata das comunicações Rupert Murcoch comprou o My Space. E como já era de se esperar, a mídia já está atenta ao problema. Dias atrás, o assunto foi matéria de capa da poderosa das finanças Business Week, mostrando o quanto os sites de relacionamentos podem ser lucrativos. O assunto voltou a ser abordado pelo Digestivo, na semana passada, e parece que a coisa só tende a crescer.
Na verdade, quem já nunca deu sua orkutadasinha ou, pelo menos, nunca teve a curiosidade de entrar no site, que atire a primeira bala. No meu caso, desde abril deste ano, quando fui adicionado, tenho dado sorte. Fiz amigos, tive acesso a um mar de informações e conheci grupos interessantes, como o pessoal da Revista Bagatelas, onde tenho uma coluna às sextas.
Já vi muito lixo também. No Orkut temos que ter cuidado, como temos que ter que cuidado na vida.
Aliás, quem já fizer parte do site e tiver curiosidade, o endereço da minha página é www.orkut.com/Home.aspx?xid=9568764916651721449.


sexta-feira, dezembro 23, 2005

Batem os sinos pequeninos...

Um Natal Sem Noção a todos.
Louco de felicidade
Transbordando de paz
Muitas Balas do Bem a todos

terça-feira, dezembro 20, 2005

Que falta você faz...

“A mulher virtuosa é triste e seca”
O Teatro brasileiro tem sobrevivido, mas a vaga que o Nelsão deixou, ainda não foi preenchida. Se quiser saber mais sobre ele, mergulhe aqui.
Pegação


domingo, dezembro 18, 2005

Cuecas X Lingeries

“Quase sempre estão em nossas mãos os recursos que pedimos aos céus”
Shakespeare
“Aos quinze, meu pai me deu a chave de casa e senti o ser mais livre do planeta, com a vastidão do mundo lá fora ao meu dispor.
Hoje, os pais dão um computdor para sues filhos. E a partir de então, podem não ter mais controle sobre eles”

Pensamento meu, ao perceber o número de casais amigos que darão aos seus filhos adolescentes um micro neste Natal
Foto do site português Agualisa.
Era uma vez um casal com filhos. Ele, um eficiente administrador; ela, secretária-executiva de uma multinacional. Quando ele perdeu o emprego, ela, além de não tentar levantar o seu moral, passou a jogar, a cada minuto, na cara do marido, o sacrifício que estava fazendo para manter a casa. Um dia, o coitado atingiu o seu limite e a agrediu. Ela foi para casa da mãe com os filhos. Depois, foi com os pais à Delegacia de Proteção à Mulher. O coitado foi preso e teve que cumprir vários “castigos” , determinados por um juiz.
Acredito que o maior desafio que teremos neste século será acabar com idéias e preceitos que, em tempos passados, poderiam ser justos, mas acabaram ficando ultrapassadas e o que é pior, transformaram-se em hipocrisia.
Ver a mulher sempre como o ser frágil, prejudicado, indefeso, enfim, a coitadinha, durante uma briga doméstica, é uma das maiores hipocrisias de nosso tempo. Há a desvantagem física? Há, na maioria dos casos. Mas dois homens não conseguem deter uma mulher em fúria. O grande problema é que as mulheres, geral mente, procuram compensar essa desvantagem com crueldades diversas, como jogar a família contra o companheiro, impedi-lo de visitar os filhos, caluniá-lo e humilhá-lo de forma, muitas vezes, injusta e dolorosa. Atualmente, o problema ficou ainda mais sério, já que muitas mulheres – merecidamente – estão assumindo cargos de maior responsabilidade e, conseqüentemente, muitas vezes, ganhando mais do que os seus maridos.
O assunto é polêmico e pensei a respeito ao ler a reportagem do correspondente do O Globo em Londres, Fernando Duarte. A matéria, publicada neste domingo, fala sobre o crescente número de casos de violência praticados por mulheres contra os seus companheiros na Grã Bretanha. O problema fez surgir duas ONGs que visam auxiliar maridos que estão sofrendo qualquer tipo de abuso, a ManKind e a Fathers 4 Justice. Essa última com sede em diversos países, inclusive EUA e Canadá.
No Brasil, com seu Congresso hipócrita e que procura afagar as minorias com medidas eleitoreiras, a questão tem que ser debatida o mais rápido possível. Embora não se fale em número, a nossa situação não é a melhor do que a dos britânicos. E essa tal Delegacia da Mulher, me parece algo tão absurdo quanto o o Estatuto da Criança e do Adolescente, que protege bandidinhos armados que já fazem filhos e matam. Ta certo que a imagem do marido bêbado que espanca a mulher ao chegar em casa e não encontrar a comida na mesa, ainda existe. Mas está comrrespondendo cada vez menos a realidade.
*********
Que tipo de visitante é você?
Finalmente tive tempo de ler a excelente matéria de Gina Trapani, Lifehacker’s guide to weblog comments, em sua coluna Geek to live, na LifeHacker. A matéria já havia merecido um comentário do Julio Dario, do Digestivo Cultural, em 01/12/2005. Mas só agora pude me deliciar com ela.
No pequeno texto, Gina identifica vários tipos de pessoas que deixam comentários em blogs, desde os terroristas aos bons comentaristas, que dão boas contribuições ao blog. Além disso, Gina dá dicas de comentários como não fugir do assunto, ser educado (essa nem precisava, né?) não se estender por demais, mas também evitar comentários como "Lindo!", "Gostei!", "Grande!"ou "Só apareci para dizer oi".
Vale dar uma conferida aqui e veja em que tipo de comentarista você se encaixa.

Olha pra mim.

Não fique assim.

A vida é boa e a felicidade também existe.

E a segunda edição do A Arte de Odiar vai sair em janeiro.

Tenha calma.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Lacerda, de novo...


“Custa muito ser autêntica, senhora. Nessas coisas não se pode economizar. Porque se é mais autêntica quando mais se parece com o que se sonhou para si mesma”
Agrado, o travesti do filme Tudo Sobre Minha Mãe do Almodovar


Bem, o Lacerda, o detetive do meu romance policial, A Arte de Odiar, voltou a me aporrinhar e resolvi dar mais um espaço pra ele e seus causos policiais. Conta aê, Lacerda...



A Grávida




Livro Comunitário...

Navegando por blogs amigos, descobri o mutirão que rolou na casa da Cristiane Lisboa, da Editora FinaFlor, de São Paulo, para a confecção do livro de Andrea Del Fuego, Nego Tudo, na madrugada de terça para quarta. O lançamento, na já famosa Mercearia São Pedro seria na noite seguinte e foi uma corrida contra o tempo, pois o livro ainda teria que ser bordado. Andrea e Cristiane, então, reuniram os amigos e protagonizaram uma noitada que será eternizada pelas fotos a seguir, que não mentem jamais: Mãos preparando - como se preparassem peças de artesanato ou uma refeição comunitária - livros para serem vendidos num local alternativo, bem ao largo das editoras iluminadas pela mídia. Muito bonito! Acho que é por aí que vai passar o futuro da nossa literatura.
A você, Andrea, desejo sucesso!
Eu vou pedir o meu. Quem quiser saber mais como foi o tal mutirão, o lançamento ou quiser pedir o seu, mergulhe aqui.







No final, abraços. E abaixo, o convite para o lançamento (que já rolou) com a capa do livro.


quarta-feira, dezembro 14, 2005

Uma rapidinha

And When We Die
All’s over. That is ours.
And life burns on
Throubh others lovers, others lips
Heart of my heart, outr heaven is now, is won!

Rupert Brooke



Ouça e cante
Morro Velho
Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento

No sertão da minha terra
Fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força
Parece até que tudo ali é seu
Só poder sentar no morro
E ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada de viola em vez de enxada
Filho de branco e do preto
Correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro
Crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho
De água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhos camarada conta histórias pra moçada
Filho do sinhô vai embora
Tempo e estudos na cidade grandeParte, tem olhos tristes
Deixando o companheiro na estação distante
“Não me esqueça amigo, eu vou voltar”
Some longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outro
Trouxe até sinhá-mocinha para apresentar
Linda como a luz da lua
Que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor
E agora na fazenda é quem vai mandar
E o seu velho camarada já não brinca, mas trabalha

Não fique triste. A nova edição do meu romance A Arte de Odiar sai em janeiro. Tenha calma.

domingo, dezembro 11, 2005


“As pessoas que não se sentem bem ao ficar consigo mesmas, geralmente têm razão”
Coco Chanel
Lojas de bairro, tipo de comércio em extinção
Todos sabem como sou apaixonado por bicicletas. Costumo circular pelo meu bairro com a minha. Pra lá e pra cá. Mas quando você está em qualquer veículo, geralmente não presta atenção em muita coisa além da direção.
Pois outro dia, forcei-me a caminhar até o Largo do Machado. E foi uma experiência reveladora. Encontrar pessoas que não encontrava há muito, passar por antigos endereços, descobrir novos points, etc. Mas foi durante esta caminhada que pude perceber um fenômeno que há muito vem acontecendo em outros bairros do Rio. Trata-se da extinção do pequeno comércio de bairro. Ele está sendo engolido por franquias e rede de lojas. Muitos irão achar o fato apenas uma decorrência natural da crise econômica que vivemos ou que o consumidor sai ganhando, já que essas cadeias de lojas, geralmente, vendem por um preço mais baixo. Mas também há um lado devastador que só agora começa a ser notado: a descaracterização do seu bairro. De repente, a farmácia que tinha aquele atendente que lhe conhecia pelo nome e que desde criança lhe aplicava injeção, agora é uma Pacheco da vida. Aquela pequena loja de produtos naturais que lhe oferecia um incenso de brinde quando você comprava os seus chás, da noite pro dia virou um Mundo Verde e a velha quitanda do Seu Manoel, que sempre nos informava a fruta da época, virou um Hortifruti qualquer.
Eu que sou uma criatura pré-histórica, da época em que ainda existia fiado, conheci a Nossa Senhora de Copacabana, a Visconde de Pirajá, a Ataulfo de Paiva, a Conde de Bonfim, a rua do Catete, todas com suas caras. E fico espantado ao percebê-las cada vez mais iguais.
Por coincidência, na Village Voice da semana passada há uma matéria de Virginie-Alvine Perrette sobre um documentário chamado Twightlight Become Night que mostra a reação dos novaiorquinos à morte das suas lojas de bairro, algumas com quase um século. Lá, como aqui, todos temem a descaracterização e a uniformização do comércio local.
O assunto é polêmico. O time dos contra já está em campo e pergunta: “O que temos a perder com o fim das lojas de bairro?” Pois o primeiro parágrafo da excelente reportagem do Village pode ser uma resposta para eles:

“Listen to the owner of a neighborhood shop, as he describes his devotion to the customers and the community that supports him. Hear the excitement of the child who runs in for a free lollipop, or the gratitude of parents who rely on the store as a safe haven for their kids. Try to understand the appreciation of a grateful customer who was given credit when times were hard, or the way a neighborhood relies on the store as a place to gather, to buy necessities, and ultimately to feel like a part of something larger. Having witnessed all this, watch the shop owner as he closes his storefront gate for the very last time—ever.”
Abaixo, algumas fotos da matéria do Village.
A luta de moradores para preservar o pequeno comérico dos seus bairros.
Os idosos são os que mais sentem falta das lojas de bairro.
Algumas lojas que correm o risco de fechar em Manhattans são muito antigas.
Bala Perdida, o filme
assista aqui.

Eles foram os campeões na enquete no post passado. Mas acho que nem todos sacaram que a última versão foi um fato real, não foi ficção. E aí que estava o engraçado da coisa.

sábado, dezembro 10, 2005

Um Fato, três versões



Para a comprensão do fato que será narrado em seguida, é imprescindível que se escute isto


Primeira Versão

Karlitos é um policial americano e está na recepção de uma delegacia. Está sentado tranqüilamente, lendo um gibi, quando um policial grandalhão entre na sala, trazendo um menino de uns 13 anos.

“Este moleque estava praticando um furto em uma residência aqui perto, Charles.”
Charles sai de trás da mesa e aproxima-se do outro policial e do moleque.

“Mas é apenas um garoto, Joe!”

“Não se iluda, Charlie. Este moleque já é um marginal de alta periculosidade.”

Enquanto Charlie Chaplin e o outro policial conversam, o garoto enfia a mão no bolso do policial grandalhão e tira um molhe de chaves, sem que este perceba. Chaplin continua:

“Ora, mas ele ainda é uma criança, Joe! Os brasileiros é que estão certos. Lá eles tem um tal de Estatuto da Criança e do Adolescente.”

“Você não sabe o que está dizendo, Charlie. Este moleque é um delinqüente, um caso perdido. Ficar atrás das grades é a única solução pra ele.”

Na ponta dos pés, o garoto vai se afastando dos dois e sai da sala.

“Eu teria vergonha de prender um moleque deste tamanho.”

O policial Joe se irrita e passa a discutir com Chaplin.

“O quê? Você acha que agi errado? Você quer dar palpite no meu trabalho, Charlie? É isso? Você quer me ensinar a trabalhar? É isso, Charles?”

“Não. Eu não quis dizer isso, Joe. Só acho que...”
“E além do mais, esse garoto...”

Neste momento, os dois procuram o garoto e não o encontram.

“Mas...onde está o moleque. Charlie?! O moleque safado fugiu!”

Eles ouvem barulho de motor de carro e correm para a janela. Lá fora, o moleque está dentro de uma viatura policial e foge dando tchauzinho pra eles.

FIM

Segunda Versão

O Moe dos Três patetas é um policial e está na mesa da recepção de uma delegacia, quando os outros dois chegam, trazendo um garoto de uns 13 anos.
Larry: “Ei, Moe! Prendemos este meliante furtando objetos dentro de uma casa.”
Moe: “Mas macacos me mordam! Que diabo está acontecendo aqui? Quem disse que podemos ficar com este garoto?”
Larry, apontando para o Curly: “Ele.”
Curly, apontando para o Larry: “Ele.”
Moe esbofeteia os dois.
Moe: “Ora, seus cabeças-de-melão! Vocês não conhecem o Estatuto da Criança e do Adolescente? Esse moleque tem que ser levado para a Vara de Infância e da Juventude.”
Enquanto os três brigam, o moleque tira um molhe de chaves do bolso de Curly e começa a se afastar do grupo, sorrateiramente, andando para trás, até deixar rapidamente a sala.
Larry: “Ei, mas espere aí, Moe. As vítimas não chamaram a Vara da Infância e da Juventude. Eles chamaram a gente.”
Moe: “Oh, mas não é que essa sua cabeça de minhoca consegue pensar?”, ele segura os cabelos eriçados de Larry e o puxa com força. “Ora, seu cabeça de pudim. Eles chamaram vocês para que vocês o levassem para a Vara da Infância e da Juventude.”
Curly: “Ei, Moe. Os reformatórios não têm mais vaga. E além do mais, esse moleque não está protegido pelo Estatuto.”
Moe: “Ah, não? E posso saber por quê?”
Curly: “Ele tem 13 anos e já não é mais criança.”
Larry: “É. E ainda não é adolescente também.”
Moe: “Oh, sim. Eu pensava que vocês fossem idiotas, mas me enganei, sabiam?”
Moe bate a cabeça do Curly com a cabeça do Larry.
Moe: “Vocês são imbecis! Agora peguem este garoto e...hei, cadê o garoto?”
Eles ouvem o barulho de carro dando a partida e correm para a janela. Lá fora, o garoto foge na viatura da polícia, dando tchauzinho pra eles.
FIM


Terceira Versão
05/12/2005 - 19h16m
Menino de 13 anos é preso e foge em carro furtado de policial
Brunno Folli - Diário de S.Paulo
Globo Online
SÃO PAULO - A ousadia de um garoto de apenas 13 anos surpreendeu a polícia de Franca, a 400 quilômetros de São Paulo, neste domingo. Flagrado pouco após o furto de uma residência em Santa Teresinha, bairro de classe média, o menor foi levado ao 1º Distrito Policial da cidade, de onde conseguiu escapar dirigindo a viatura de um investigador.
O garoto havia sido levado por policiais militares até o distrito, sábado à noite, para prestar depoimento sobre o furto que cometera. Na manhã seguinte, depois que o boletim de ocorrência foi elaborado, o menor teve de aguardar a chegada de seus pais para que fosse liberado do local.
Aproveitando um momento de distração dos policiais, o garoto cruzou o corredor da delegacia - driblando as equipes do plantão, chefia e delegacia seccional - e invadiu o pátio do distrito. Lá, o menor entrou num Kadett usado por um investigador. A chave do carro estava no contato. O menor ainda abriu, sem que os policiais notassem, o portão do pátio, e fugiu. Ele foi recapturado depois que um dos pneus do carro furou.
FIM
Está aberta a votação. Qual das três versões é mais engraçada? Aguardo comentários.


terça-feira, dezembro 06, 2005

John

"Tal como a sombra, o amor corre de quem o segue; foge, se o perseguis; se fugis, vos persegue"
Shakespeare

A noite de oito de dezembro de 1980 já estava terminando e eu estava com a cara metida nos livros. Eu estudava na PUC e teria prova na Cultura Inglesa na tarde do dia seguinte. Na tarde daquele mesmo dia, eu havia perdido a minha vó Marina, mãe do meu pai e estava meio pra baixo. Enquanto estudava, ouvia a Rádio Cidade, que desde que havia entrado no ar, em maio de 1977, era a mais badalada do Rio.
Por volta de uma e pouca, eu já estava pensando em ir dormir, quando o Ivan Romero, da Cidade, interrompeu a programação todo assustado. “Olha gente, acabamos de receber a notícia lá de Nova Iorque, parece que John Lennon foi assassinado.”
Naquele momento, eu e milhares de outros fizemos a mesma cara de espanto-dor-surpresa-e-dúvida: “O quê?! Mas como é possível?”
Lennon havia voltado a gravar naquele ano, após um silêncio de quase cinco anos. Depois de uma longa briga com o governo americano pelo visto permanente que lhe daria o direito de viver em paz em Nova Iorque, Lennon havia conseguido o seu green card em 1976. Estranhamente, foi aí que ele desapareceu. Fugia dos fotógrafos, não dava entrevistas, não era visto em lugar nenhum e não queria saber de música.
Assim que o ano de 1980 começou, surgiram boatos de que ele estava procurando um estúdio para gravar um novo álbum. O segredo foi desvendado em uma entrevista à revista Esquire. Em seguida, uma revista de fofocas norte-americana publicou que Lennon estaria precisando de dinheiro, por isso estaria disposto a voltar. Era tudo mentira. E para provar isto, ele doou 1 milhão de dólares para que a polícia nova iorquina comprasse armamentos e equipamentos de defesa – em fevereiro daquele ano, a morte de um policial a golpes de karatê, numa etação do metrô, havia comovido a cidade.
Em março, John começou a gravar o álbum Double Fantasy. Estava ansioso e preocupado. Aos amigos íntimos, ele confidenciava que tinha medo de não ter mais a mesma popularidade, após tantos anos de afastamento.
Mas quando foi lançado, em setembro, o álbum foi direto para o primeiro lugar das paradas. Animado, Lennon deu entrevistas sorridente e anunciou que havia composto tantas músicas nos anos de jejum, que daria para fazer um outro disco.
E ele não estava brincando. Naquela noite de oito de dezembro, John havia terminado a mixagem da última música do que seria o Doublé Fantasy II. A famosa fotógrafa Ann Leibovitz, da revista Rolling Stone, foi tirar a foto para a capa do álbum – que seria a última do ex-beatle – e houve uma pequena festinha no estúdio para comemorar os fins dos trabalhos. A equipe ainda queria esticar em algum lugar da cidade que nunca dorme. Mas Lennon preferiu ir para casa com Yoko, pois estava muito cansado e estava frio demais.
A temperatura estava próxima a zero grau quando o casal chegou na porta do sinistro edifício Dakota, em frente ao Central Park. Havia um rapaz parado na calçada. Parecia ser um fã. Lennon deve ter pensado que só um louco ficaria ali, àquela hora, com aquele frio, à espera de um autografo. Tinha razão. David Chapman, 25 anos, desempregado, ex-guarda de segurança em Honolulu, era realmente louco. Não fugiu após atirar em Lennon. Apenas largou a arma e a polícia o encontrou sorrindo ao lado do corpo. "Ele me deu um autógrafo com má vontade.", foi sua explicação pelo o que havia acabado de fazer.
Logo depois, o Ivan Romero voltou com informações confusas. Falavam em tentativa de assalto, briga, crime encomendado. Yoko, em estado de choque. Inicialmente, Lennon teria morrido na hora. Depois, não, foi a caminho do hospital. Mas a verdade foi que a morte se deu quando recebia atendimento. No dia seguinte, a foto do chefe do plantão dando a notícia para o batalhão de repórteres, rodou o mundo, enquanto fãs se suicidavam em várias partes. Ringo Star foi o único beatle a ir a Nova Iorque. Não houve velório e nenhuma cerimônia pomposa. A missa de sétimo dia foi realizada ao ar livre, no Central Park. Homenagens semelhantes ocorreram em vários países. Aqui no Rio, houve um pequeno culto no Jardim de Alah. E só.
Enfim, John estava morto. “Mas como é possível?”
Vinte e cinco anos depois, continuo sem resposta.
E enquanto espero, morro de saudade.

Pelo amor de Deus!
Não se mate!
A segunda edição do A Arte de Odiar já vai sair.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

PORRE COLETIVO

“Os Pregos Também Têm Cabeça”
Jonathan Swift




PORRE COLETIVO



A notícia passou a circular durante a madrugada. Revoltados com o aumento dos impostos, donos de botequins em todo o estado do Rio, decidiram fechar suas portas, numa inusitada greve geral. Um a um. Desde os de luxo até o mais pé sujo. Todos foram expulsando os últimos boêmios e cerrando as portas. O Jobi, os Belmontes, o Bip-bip, os Manoeis & Joaquins, o Picote, o Jóia, o Pereira, o Bar das Kengas. Todos fecharam.
Por volta das sete, pequenos grupos de bebuns se reuniam nas portas dos botecos. Os que sabiam, foram conferir; os outros, entravam em desespero.
8h – Os matutinos nas rádios e canais de tv falavam da situação inusitada. O ministro da fazenda, mantêm-se irredutível.
8h15m – Os primeiros botecos começaram a ser arrombados. O Comandante Geral da PM resolve aumentar o efetivo da tropa.
8h20m – Um trem da Central foi destruído. Um boteco foi incendiado na Penha.
8h30m – A Associação dos Proprietários de Botecos diz que o boicote vai prosseguir.
8h50m – Efetivos da PM e da CORE começam a patrulhar as ruas do Rio e fazem as primeiras prisões.
9h09m - Um grupo de bebuns fecha a Linha Vermelha, mas são imediatamente repelidos pelo Batalhão de Choque. O grupo vai, então para a Avenida Brasil.
9h14m – Um bebum se suicida, jogando-se nos trilhos do metrô, próximo à Estação de Maria da Graça do Metrô. O trafego metroviário da cidade pára.
9h19m – Um bebum é morto por uma bala perdida, durante um confronto com a PM, próximo ao Complexo da Maré.
9h35m – Confrontos entre bebuns e a PM são verificados em diversos pontos do Rio.
9h49m - Os helicópteros das principais estações de rádio anunciam que o trânsito na cidade havia dado um nó, devido aos bloqueios nas principais vias.
10h04m – O primeiro supermercado é saqueado por bebuns à procura de bebidas alcoólicas, em Realengo. Logo, em outros pontos da cidade, ocorreriam saques. Os estoques de bebidas se esgotam como num passe de mágica.
10h19m – Os bebuns recebem apoio de traficantes de todas as facções, que passam a comandar ataques a ônibus, supermercados, escolas e, lógico, à polícia.
11h – Quiosques na beira das praias, primeiro, e bares e restaurantes, depois, passaram a ser saqueados.
11h04m – O prefeito vai ao rádio pedir para que os donos de botecos voltem atrás e reabram os seus estabelecimentos. Mas esses se mantêm inflexíveis. “Vamos mostrar quem tem o poder neste país.”, disse o presidente da Associação dos Proprietários de Botequins.
11h19 – As notícias vinda do Rio, faz a Bolsa de Valores de São Paulo ter queda histórica. Investidores estrangeiros começam a debandar, pensando que a guerra civil finalmente havia começado.
11h42m – O Governo do Estado do Rio convocou a imprensa para uma entrevista, enquanto hordas fortemente armadas de bebuns circulavam pela cidade, espalhando o pânico e a desordem.
11h55m – Os jornais divulgavam que já passava de cem o número de mortos e de 1 mil o número de feridos. Incêndios, depredações e saques continuam acontecendo por toda a cidade.
12h14m – O Comandante Geral da PM anuncia que a polícia havia perdido o controle da situação.
12h44m – A governadora finalmente foi obrigada a pedir auxílio ao Exército.
13h05m – Os jornais mostravam cenas inacreditáveis de destruição e vandalismo pela cidade. Os principais alvos eram os supermercados e prédios públicos.
13h30m – O presidente fala em cadeia de rádio e tv, pedindo calma aos cariocas.
14h10m – O número de mortos chega a 260. Os hospitais públicos estão lotados. Tropas federais começam a patrulhar a cidade.
14h30m – O prefeito decreta estado de calamidade.
14h50m – A queda extraordinária leva a Bolsa de São Paulo a encerrar o pregão. Enquanto isso, as principais bolsas do mundo despencam.
15h01m – No momento em que o dólar e o risco-Brasil batem todos os recordes, o presidente recebe um telefonema da Secretária de Estado Norte Americano querendo saber a real situação do país, em especial o Rio de Janeiro. Um jornalista flagrou o seguinte diálogo entre eles:
Washington - Então, aconteceu?
Brasília – É o que parece, excelência.
Washington – Como vocês puderam deixar acontecer, depois de tanto esforço?
Brasília – Mas, excelência...
Washington – Vocês têm até a noite para consertar esta situação. Estou mandando alguns marines.
Do meio da tarde até a noite, os confrontos entre a população e a polícia prosseguem em vários locais da cidade. O mais insólito de todos ocorreu na Vila Mimosa, onde um grupo de putas foi para a Praça da Bandeira enfrentar o Batalhão de Choque. Fortemente armado, o grupo de mulheres, usando peças íntimas, conseguiu derrubar alguns policiais e botar para correr os restantes. “Sem pinga não dá pra trabalhar, porra!”, disse uma delas para um canal de tv. “Estamos defendendo o nosso trabalho!”
O Exército foi chamado. Soldados de vários batalhões desceram dos caminhões já disparando contra o grupo de putas, que fugiu em direção à Francisco Bicalho. Mas voltou minutos depois, quando os soldados se preparavam para partir. O pequeno batalhão de putas atacou o comboio do Exército. Um cabo, um sargento e um recruta caíram mortalmente feridos. Imediatamente uma chuva de balas desabou sobre o grupo, matando as putas em questão de segundos. Quando tudo parecia ter voltado ao normal, uma puta doidona saiu da Vila Mimosa, atirando a esmo. Mas foi fuzilada na Radial Oeste por homens da CORE.
18h33 – O secretário de segurança decreta toque de recolher.
Por volta das 19h, mais de cinqüenta mil bebuns de todas as classes, incluindo artistas e intelectuais, desceram em passeata a Rio Branco.
Enquanto isso, autoridades dos governos estadual e federal se reúnem em Brasília com a Associação de Donos de Botequins, para dar solução ao problema.
19h20m – Conflitos ainda acontecem em vários pontos da cidade. O Arcebispo do Rio foi à tv pedir para que pessoas doassem bebidas alcoólicas para bebuns em crise de abstinência.
20h – O presidente anuncia a queda do ministro da fazenda.
21h19m – Termina a reunião em Brasília. A partir daquela noite, as bebidas alcoólicas não seriam mais taxadas. E o produto chegaria aos estabelecimentos comerciais a preços mais baixos. Os donos de botequins comemoram.
22h – Os primeiros botequins voltam a funcionar no Rio, apesar do toque de recolher. Os que haviam sobrevivido, não estavam presos e não tinham que enterrar os seus mortos, correram para os botecos mais próximos. Todos lotaram. Houve falta de chope e de cachaça. Em alguns, houve rodadas de chope de graça e até batucada.
22h30m – O clima já era de tranqüilidade no Rio.


domingo, dezembro 04, 2005

Um cara chamado Burt e outros drops

"Burgûes É Uma Criatura Muito Delicada, Que Jamais Faria Mal A Um Leão"
Leon Paul Fargue
Burt é um burguês. Faz músicas para burgueses. Aliás, músicas não, obras primas. A sofisticação e a riqueza melódica de suas canções, colocaram Burt ao lado dos grandes mestres da música norte-americana, como Cole Porter e Gershwin. Talvez Burt tenha surgido na época errada. Afinal, os anos 60 foram tempos de eletricidade, revolta e engajamento e Burt Bacharach era tido como o que havia de mais cafona, burguês e careta. Mas se naquela época podia ser expulso de uma festa se aparecesse com um disco de Burt, a partir dos anos 90, o velho Bach passou a receber o devido reconhecimento da nova geração, com regravações de gente como Oasis, Elvis Costello e Diana King. Recentemente, durante a sua passagem pelo Brasil, os irmãos do White Stripes cantaram I Just Don't Know What to do With Myself e o Seal regravou Walk on by este ano. A música eletrônica do século XXI criou o chamado som lounge, mais suave, feito para se relaxar após uma maratona de rave. E não existe nada mais lounge do que Burt Bacharach. Depois de um dia de trabalho, jogue-se no sofá, ouça Burt e depois me conte pra onde foi o seu estresse. Talvez por este motivo, em seu mais novo trabalho, At This Time, este novaiorquino setentão iniciou o namoro perfeito entre o eletrônico e a riqueza melódica que ele conseguia nos anos 60. E funcionou muito bem. E é uma dica de bom gosto para o presente de Natal.
Aliás, tem outras dicas aqui.


O Pervertido Que Veio do Frio



" A literatura sempre foi para mim uma mulher difícil, mas eu insisto, bato-lhe na cara, cupo-lhe no cu, e quando sinto sua falta chamo de meu amor. Ela faz o mesmo comigo."

Bah!! As palavras acima vieram lá de Porto Alegre e são do meu amigo e figura tri legal Emerson Wiskow. Para conhê-lo mais, entre aqui ou aqui


Calma!

Não se matem.

A segunda edição do A Arte de Odiar já está no forno.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Um post Cana Dura

“Competente é o sujeito que faz besteira de acordo com as regras técnicas"
Paul Valerry


Foto de jazuhumo, tirada de http://www.kabutophotos.blogspot.com/


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Fui