terça-feira, novembro 29, 2005

Mais Lacerda...

“Não se pode julgar um ser humano pelos círculos que ele freqüenta. Não nos esqueçamos que Judas andava em excelente comapanhia”
Ernest Hemingway

E o Lacerda, o detetive do meu romance policial, A Arte de Odiar voltou a me aporrinhar, querendo contar mais uma das suas hitórias da crônica policial. Vai lá, Lacerda! Conta aê!


A Ruiva Solitária da Tijuca


Lá estava a garota, num ponto de ônibus, em uma rua da Tijuca. Era uma ruivinha, mínimo de dezessete, máximo de desenove aninhos. E qualquer um gostaria de saber o que uma menina bonita estava fazendo ali sozinha numa noite de sexta-feira, que já terminava. Talvez isso explicasse a melancolia em seu rosto. Uma mochila pesava em suas costas. Uma garota de família indo para casa, após os estudos.

domingo, novembro 27, 2005

“Antes amar quem só o mal me deseja a quem, fingindo o bem, só o mal me enseja”
Shakespeare
“Ficar enfurecido é revelar-se assombrado de medo”
Ídem

Terra
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso

Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia

Foi que vi pela primeira vez as tais fotografias

Em que apareces inteira, porém lá não estava nua

E sim coberta de nuvens

Terra, Terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Ninguém supõe a morena dentro da estrela azulada

Na vertigem do cinema mando um abraço pra ti

Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta

E fosses a Paraíba

Terra, Terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Eu estou apaixonado por uma menina terra

Signo de elemento terra do mar se diz terra à vista

Terra para o pé firmeza terra para a mão carícia

Outros astros lhe são guia

Terra, Terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria

A mim mesmo eternamente, e de nada valeria

Acontecer de eu ser gente, e gente é outra alegria

Diferente das estrelasTerra, terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

De onde nem tempo e nem espaço, que a força mãe dê coragem

Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem

Que realizas do nada,através do qual carregas

O nome da tua carneTerra, terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Na sacadas dos sobrados, das cenas do salvador

Há lembranças de donzelas do tempo do Imperador

Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem

A Bahia tem um jeito

Terra, terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Deu no O Globo, 27.11.2005

Em matéria de Alba Valéria Mendonça,

"Foram quase cinco anos de trabalho até convencer o setor imobiliário de que o Centro pode ser, sim, um bom lugar para se viver e investir. Agora, o esforço do secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, acaba de ser recompensado pela pronta resposta dada pela população ao primeiro lançamento residencial feito na região nos últimos 30 anos. Em menos de duas horas, foram vendidos os 688 apartamentos do condomínio Cores da Lapa, da construtora Klabin Segall — no terreno da antiga fábrica da Antarctica. A grande procura por residências no Centro surpreendeu até os construtores... "

Para entender, vá no post A vingança do Subúrbio.

sábado, novembro 26, 2005

Eles são micros, mas dão conta do recado...

“O que mantém um homem vivo? Ele vive dos outros. Ele gosta de bater neles, enganá-los, comê-los iteiros se ele puder.”
Da Ópera dos Três Vintens, de Bertold Brecht e Kurt Weill


“Puritanismo: O insistente medo de que alguém, em algum lugar, possa ser feliz”
H.L.Mencken, jornalista americano, sobre a Lei Seca

“Menos ama quem só fala de amor”
Shakespeare





Calma!!

Não se desespere!

A segunda edição do A Arte de Odiar, o meu romance policial, já vai sair.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Uma Rapidinha


"Nem meu espelho reflete mais um rosto que será meu"
Clarice Lispector
"Diariamente, os imbecis causam a morte de milhares de pessoas em todo o mundo."
Eu, hoje pela manhã, enquanto ia de bike para o trabalho e via mais uma barbaridade no trânsito.
Não sabe o que fazer no sábado à tarde?
Quer uma dica de livro policial?

Falsa Acusação, de Ronaldo Schmidt. Pedidos aqui.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Histórias do Lacerda

"Prefiro os malvados aos imbecis, porque os malvados às vezes descansam."
Alexandre Dumas Filho
"Aí, cumpadre. Me dê meia hora de cerveja."
Dino, o personagem de Hugo Carvana, em Vai Trabalhar, vagabundo, ao chegar no boteco.
Sabe o Lacerda, o detetive do meu romance policial A Arte de Odiar? Ele adora contar casos da sua vida de polícia, repletos de figuras folclóricas que vivem pelas ruas do Rio. E está aqui do meu lado, me enchendo o saco para eu lhe dar um espaço no blog.
Tudo bem, você venceu. Conta aê...
O Descanso da Mulher Sem Paz

Minha amiga Luciana Guerra Malta convida...
Alexandre Borges e Betty Gofman farão leitura dramatizada de “Lílian está sentada na sala”, de Luciana Guerra Malta, na Casa da Gávea, na próxima segunda-feira, 28 de novembro, às 21:00.
A peça, dirigida por Tessy Callado, conta a história de um casal de irmãos que se encontra para um ajuste de contas, após a morte da mãe.
A entrada é gratuita. A distribuição de senhas começa às 19:00. A Casa da Gávea fica na Praça Santos Dumont, 116 sobrado – Gávea (Tel.: 2239-3511 / 2512-4862).

sábado, novembro 19, 2005

Há 30 anos, eu perdia a virgindade...

"O silêncio é o mais eloqüente arauto da alegria. Pequena seria a minha felicidade se eu pudesse dizer o quanto ela é grande."
(Shakespear, Muito barulho por nada, Ato ii, Cena I Cláudio)
...E o culpado foi este cidadão aí acima, com cara de que m acabaou de sair do AA.
Este mal elemento desvirginou não só a mim, mas toda uma geração de seres abissais, na década de 70.
Não. Eu não transei com o canadense Neil Young, mas este canalha robou a minha inocência. Eu hoje poderia ser um cidadão acima de qualquer suspeita, um burguês tranqüilo, com uma vida normal de classe média, se não tivesse entradao na saudosa Billboard, uma loja de discos importados, na Barata Ribeiro. Pois bem, eu entrei e fui seduzido pelas capas lindas de dois discos que esse animal havia lançado naquele ano. O ano? 1975, claro.
Primeiro saiu este Tonight´s The Night, que considero, como o próprio título sugere, um disco noturno. A maioria das músicas são típicas de bandas que tocam em boates de péssima fama. Neil e o seu Crazy Horses, parecem estar bêbados e tocando para uma platéia quimicamente detonada. Mas isso é, na verdade, proposital e funciona superbem. A faixa título nos dá a impressão de ter sido composta por um vagabundo prestes a ser expulso do bar que já vai fechar. A sonolenta Tired Eyes aumenta o clima boêmio do disco, que foi dedicado a Danny Whitten, ex-guitarrista dos Horses, levado por uma overdose de heroína, em 71. Há ainda New Mama, que é uma gracinha. É para se ouvir baixinho, quando o dia está quase amanhecendo e você acabou de chegar da balada. É uma espécie de canção de ninar de bebum. Esse clima de alegre bagunça e liberdade não existem mais na música americana. A não ser no mercado alternativo. As gravaodoras hoje estão exigindo uma cruel perfeição e Neil nunca conseguiria fazer um disco como este. Aliás, hoje, dificilmente Neil conseguria ser contratado por uma gravadora.
E se Tonight´s é um disco noturno, este é bem diurno, cheio de solos ensolarados de guitarra, que são para serem ouvidos enquanto se dirige pela Niemayer, a caminho da Barra. No cry no tears, Danger Bird e Drive Back já valem o disco. Mas ainda há a belíssima Cortez of Killer, falando sobre a chegada dos espanhois à Califórnia. Mas há também a deliciosa Pardon My Heart. Olhe a letra e tente resisitir à sedução.
Pardon My Heart
It's a fallen situation
When all eyes are turned in
And a love isn't flowing
The way it could have been.
You brought it all on
Oh, but it feels so wrong
You brought it all on
No, no, no,I don't believe this song
You brought it all on.
It's a sad communication
With little reason to believe
When one isn't giving
And one pretends to receive.
You brought it all on
Oh, but it feels so wrong
You brought it all on
No, no, no, I don't believe this song
You brought it all on.
Pardon my heart
If I showed that I cared
But I love youmore than moments
We have or have not shared.
You brought it all on
Oh, and it feels so good
You brought it all on
When love flowsthe way that it should
You brought it all on.
It feels so good
It feels so good
You feel good.
Aliás, Neil, que completou 60 anos no sábado passado, está lançando novo disco, Prairie wind. Ainda não ouvi. Mas tenha cuidado! Apesar da idade, este monstro ainda pode fazer mal a você.
À propósito, em relação à "primeira vez" que você está pensando, eu já não era virgem quando conheci Neil Young.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Livros e Música

"Tal como a sombra, o amor corre de quem o segue; foge, se o perseguis; se fugis, vos persegue."
Trecho de As Alegres Comadres de Windsor, de Shakespear ( Ato II, Cena II, Ford)
"O amor e o ódio são irmãos siamenses."
Trecho do meu romance policial A Arte de Odiar. Está esgotado, mas não se desespere. A segunda edição está a caminho. E com o selo Bagatelas. Aliás, também tem Bala comendo solta às sextas por .
Segundo é o nome do Cd que a Maria Rita lançou recentemente pela Warner. Comprei. Apesar do tititi envolvendo o lançamento (o caso dos ipods promocionais), é um bom trabalho. Juro que tentei, mas como qualquer ser humano que tenha crescido ouvindo Elis, é impossível não deixar de associá-la à mãe, problemão que já arrasou a carreira de outros filhos de famosos (vide o caso de Jullian Lennon, nos anos 80). Apesar de alguma insegurança, Maria Rita amadureceu neste segundo trabalho. E é certo que as previsões são as melhres. Basta a Ritinha acreditar mais nela. A sua versão para o primeiro sucesso do O Rappa, A Minha Alma (A Paz Que Não Quero) vem provar o que estou dizendo. Mas a confirmação absoluta vem na quarta faixa, Mal Intento, a bela canção de Jorge Drexler, a grande revelação da música latina, que aliás ganhou uma matéria sensacional no New York On Time do Jorge Pontual.
Mal Intento
Maria Rita
Composição: Jorge Drexler
Mi canto no és más que un mal intento
De alejarte un instante de mi pensamiento
Pasan los meses
Como passa el rumor de un rio
Cambian la estacionesY no se me pasa el frio
Sigo esperandoEncontrar una manera
De acostrumbrarme a esta casa
En la que nadie me espera
Si desejaras encontrar un rayo de luz
Y sintieras tán solo una vezLo que yo siento
Sabrias queMi canto no és más que un mal intento
De alejarte un instante de mi pensamiento
Y fuimos por unos meses
Dos ingredientes de una receta
Fuimos dos flores distintas en una misma maceta
Y todo tiene su tiempoTanto lo dulce como lo amargo
No hay pena ni gloria
Que un dia no pase de largo
Si dejaras entrar un rayo de luz
Y sintieras tan solo una vez
Lo que yo sientoSabrias que
Mi canto no és más que un mal intento
De alejarte un instante de mi pensamiento


Edward Bunker era uma figuraça. Transou todas, deitou e rolou na sarjeta, fez mil loucuras, foi preso e até morrer, no último dia 19 de julho, ainda escreveu sobre o que viveu. Tudo está em livros como Nem os Mais Ferozes, Cão Come Cão, Animal Factory e Baby Boy Blue. Educação de Um Bandido foi o último. É a sua biobrafia. Assim como o meu mestre Jim Thompson, ele escreveu o que viveu. E adoro isso.

segunda-feira, novembro 14, 2005

A vida como ela é

As grandes tragédias em nossas vidas são mais inofensivas do que pensamos. O que nos mata, o que nos derruba, o que nos leva mesmo à ruína é o dia-a-dia, as pequenas mazelas do cotidiano, os contratempos da rotina. A perda de um ente querido, o fim de um casamento ou um relacionamento, a traição de um amigo, a perda de um emprego, a destruição de seu lar. O ser humano tem capacidade de, bem ou mal, sobreviver a isso tudo. Mas uma cara feia, um “bom dia” não respondido, uma fechada no trânsito, um atendimento ruim na caixa do supermercado, a grosseria de um colega de trabalho, um imbecil que fura a fila no cinema, o ato injusto de um policial. Essas coisas são como cupins que, com o tempo, vão corroendo a nossa estrutura até tudo desabar. Por isso, no final de cada dia, se você conseguiu passar por todas essas mazelas numa boa, íntegro, sem nenhum abalo e o que é mais importante, sem se afastar um milímetro do seu self, você é um herói. E esse é o tema do post de hoje. É uma homenagem a todos que matam um leão por dia. Como nós.

Até que enfim um bom roteiro!

Sei que já aconteceu com você. Alguém pergunta: “E aí. O que achou do filme?” Após procurar entre um mar de adjetivos, você vem com um insosso “simpático”. Mas não há outro melhor para definir esse Tudo Acontece em Elizabethtown, longa do diretor Cameron Crowe, aquele do também simpático Quase Famosos, que encantou meio mundo em 2003 e faturou um Oscar de melhor roteiro.
Nele, o designer Drew Baylor (Orlando Bloom) é demitido, após um projeto fracassado que causou um prejuízo de quase US$ 1 bilhão de dólares à empresa onde trabalhava. A demissão o faz também perder a namorada. Quando vai se matar, recebe, por celular, a notícia da morte do seu pai. Pensando que o seu mundo havia desmoronado, ele se vê obrigado a ir a Elizabethtown, cidadezinha no Kentucky, para tratar da cremação do corpo do pai, já que sua apática irmã (Jéssica Briel) e sua mãe surtada (Susan Sarandon), se dizem incapazes de cuidar de tudo.
No caminho, ele conhece a inocente aeromoça Claire (Kirsten Dunst), que acaba sendo o seu amparo até o final do filme, pois ao chegar em Elizabethtown, mais problemas. A começar que o pobre Drew tem enfrentar uma família típica do interior norte-americano apegada a valores cristãos e para quem a idéia da cremação é inaceitável. E é justamente aí que começa a beleza do filme. Diante da tela, vemos uma América um tanto esquecida ultimamente. Nada de casais classe média problemáticos da Califórnia; nada de mulheres realizadas na profissão, mas insatisfeita afetivamente; nada de efeitos especiais; nada de crimes; nada de ruas violentas; nada de tráfico de drogas; nada de música eletrônica; nada de papos intelectuais; nada de Bush. Apenas pessoas comuns, famílias ainda estruturadas que moram em casas com jardins na frente e com bandeiras americanas nas sacadas. Ali está a verdadeira América. Todos tem seus problemas, matam os seus leões, mas estão mais preocupados com a qualidade do seu dia-a-dia, sem muitas ambições, sem muitos medos ou angústias. No final, quando o Drew, ao voltar para casa, faz um tour pelo sul do país visitando locais como o hotel em Menphis onde Martin Luther King foi assassinado ou o prédio da antiga Sun Records, em Nashville, onde Elvis gravou seus primeiros discos, percebemos que ele próprio está emocionado ao ter deixado a vida de yuppie de lado e começado a dar valor a coisas simples, como redescobrir o seu país, por exemplo. Quando ele decide espalhar as cinzas do pai por estes lugares, pode parecer meio piegas e ufanista, mas é uma indicação do quanto ele está valorizando as coisas verdadeiras do seu país, que ele não conhecia. Pouco a pouco você vai sendo cativado com a simplicidade que há muito não é mostrado em Hollywood. Até o solo de guitarra na impagável cena da banda do primo tarja preta do Drew, tocando no velório, faz você suspirar: “Porra, há quanto tempo não ouço um bom e velho solo de guitarra?!”
Só o roteiro espertíssimo do próprio Cameron Crowe, a trilha sonora repleta de pérolas e as participações mais do que especiais de Susan Sarandon e Alec Baldwin já seriam o bastante para uma ida rápida ao cinema (o filme já está pra sair de cartaz). Mas Elizabethtown vai muito mais além. Na verdade, há um outro filme dentro desta comédia romântica simpática. Uma sensível homenagem ás coisas simples, naturais e realmente importante da vida. Há 20 anos eu não via isso acontecer num filme americano. Mais precisamente desde o excepcional A Testemunha, em que Peter Weird cria dentro de um filme policial uma linda história de amor. Eu disse simpática? Sim, não estamos falando de nenhuma obra prima, mas apenas de uma comédia romântica muito simpática. Mas se simpatia é mesmo quase amor, não há como não sair do cinema apaixonado por Elizabehttown.

Trilha sonora do dia-a-dia...
Ainda não comprei o último do Rappa, o Acústico da MTV, lançado meses atrás. Mas tenho a certeza que se trata de mais um ótimo trabalho desta banda sensasional, que é a melhor coisa produzida no cenário da MPB nas últimas décadas. Pra mim, foram os Mutantes nos anos 60, a Rita Lee e o Tutti-Frutti nos 70, os Paralamas nos 80 e O Rappa nos 90/00.
Milagre é das antigas, mas tem tudo a ver com o tema deste post. Ouça a música, cante a letra (linda, por sinal) e veja as fotos, porque tem tudo a ver.
Milagre
Composição: Marcelo Yuka
Ao redor dos maiores prédios que eu ja vi,
no final
de um dia cheio de engolir
cada um tem seus milagres pra insistir
cada um tem seus milagres , pra fugir
pra não ouvir
cada um tem seus milagres
o som dos dias que distanciam a nossa melhor metade
que vai ficando de lado
pelo medo de nao dormi
que vai ficando de lado
sem esquecermos das pequenas coisas
que nos protegem, que nos protegem porque,
cada um tem seus milagres ,pra fugir,
cada um tem seus milagres, pra insisti
pra não ouvir
cada um tem seus milagres

sábado, novembro 12, 2005

O melhor livro do mundo

"Feliz idade e feliz século aquele onde sairão à luz as minhas famosas façanhas, dignas de entalhar-se em bronzes, esculpidas em mármores e pintadas em telas para a memória do futuro"
D.Quixote: II Capítulo



O melhor livro do mundo foi lançado por Cervantes em 1605. Nos últimos quatro séculos, centenas de críticos do mundo inteiro têm eleito Dom Quixote a obra prima das obras primas e já era esperado que o mundo todo comemorasse o aniversário desta obra fantástica. Uma das homenagens irá ocorrer no próximo dia 21 na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). O evento é gratuito. E aí vai a programação e o endereço da EMERJ:

Programação:
18h30 – Abertura
18h40 – Portinari: Um Quixote Brasileiro Apresentação: João Candido PortinariDiretor do Projeto Portinari
19h20 – Suíte Dom Quixote – PortinariRecital de ViolãoComposição e Interpretação: Norberto Macedo
20h – EncerramentoDes. Sergio Cavalieri Filho – Presidente do TJERJDes. Paulo Roberto Leite Ventura – Diretor Geral da EMERJ
20h20 – Lançamento do LivroDom Quixote – 400 Anos de Paixão


Auditório Antônio Carlos Amorim
Av. Erasmo Braga, 115/quarto andar, Centro
Rio de Janeiro - RJ
2588-3366/2588-3368


E enquanto o dia 21 não chega, que tal dar uma olhada no belo texto (mais um) da Anna Maria Ribeiro, "É hora de ressucitar Dom Quixote", postado ontem no Nova Iorque On Time.



Há 40 anos, eles conseguiam o seu maior clássico, Satisfaction. E Os Rolling Stones estão lançando novo disco, A Bigger Band, pela Virgn. Foi lançado nos EUA no último dia 5 de setembro. Muito espertamente, um mês antes eles iniciaram, em Boston, uma excursão mundial que deve passar pelo Brasil - onde o CD já foi lançado - em fevereiro de 2006. Quanto ao trabalho, gosto de Rain Fall Down. Também gosto das coisas antigas . E essa também é ótima para se ouvir em cima de uma bike.
"Uma vez, eu estava dando uma entrevista a um desses repórteres malucos, tipo Casseta & Planeta, quando ele me perguntou: "Jece, há possibilidade de um dia você vir a dar?". Eu respondi: "Claro: no dia em que o Botafogo for campeão, derrubarem o Muro de Berlim e Mike Tyson for nocauteado". As três coisas aconteceram, quase que seguidamente. Parece praga de bicha."
Jece Valadão diz essa e outras pérolas, numa entrevista na novíssima revista do Fantástico.
"Dizem que maconha vicia. Eu acho que é mentira. Teu um amigo meu que fuma há 25 anos e até hoje não é viciado."
Tim Maia.

quinta-feira, novembro 10, 2005

"Morte, o oposto do desejo."
Blanche Debois, Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams



A ARTE DE ODIAR - THE MAKING OF...



Não sabe o que fazer no sábado?

Sábado, 12, é dia de mais uma edição da Feira Odeon. E aí vai a programação...

11h ­ Abertura com a Rádio Odeon
11h30 ­ Matinê no Cinema MADAGASCAR, de Eric Darnell e Tom McGrath versão dublada (R$8,00/R$4,00)
12h ­ Brunch do Ateliê Culinário no Café Odeon BR (saladas variadas, frittatas, queijos, pães, panquecas) R$ 28,00
12h às 14h - Música clássica - Quarteto de Cordas
13h30 (no cinema) A MULHER DO LADO, de François Truffaut (R$ 8,00/R$4,00)
14h às 16h - Programação Rádio Odeon
15h ­ Lançamento do Livro O Prazer dos Olhos, escritos sobre cinema, de François Truffaut, R$ 39,30 ­ TENDA LIVROLÂNDIA
16h - samba de roda
17h às 18h - LIVROLÂNDIA - Bate papo com convidados - tema: A semiótica tubular das redes afetivas e efetivas do CEP 20000 no passado presente da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mediadora: Ivana Bentes Palestrantes: Ericsson Pires, Tavinho Paes, Guilherme Zarvos, Viviane Mosé, Vitor Paiva, Chacal e Alexandre Vogler. Lançamento do nº 1 da revista/livro comemorativa de 15 anos do CEP 20000 com textos auto-reflexivos permeados por poesia, imagens e ensaios sobre a contemporaneidade. Organizada por Gulherme Zarvos, a edição conta com 54 autores/criadores participantes da trajetória do CEP 20.000.
19h - Troca-troca, comandado por Tatiana Vereza
20h30 - cinema Pré-estréia QUERIDA WENDY, de Thomas Vinterberg (R$8,00/R$4,00)
21h ­ Encerramento

domingo, novembro 06, 2005

"Ninguém vale nada enquanto não foi amado."
Tennessee Williams

"O silêncio é o mais eloqüente arauto da alegria. Pequena seria a minha felicidade se eu pudesse dizer o quanto ela é grande."

Shakespeare, Muito barulho por nada, Ato ii, Cena I, Cláudio



Infelizmente, o excelente blog Primado do Opinante, do querido Guilherme, parece que saiu de cena. Em um dos seus últimos post, ele colocou um lindo texto sobre a verdadeira alegria, que tinha o seguinte trecho:


"...o próprio Fernando Pessoa escreveu: "Ah! A imensa felicidade de não precisar estar alegre..." Existe uma perturbação psicológica ainda não identificada como doença. Ela aparece num tipo a que dei o nome de "o alegrinho". O alegrinho é aquela pessoa que está, o tempo todo, esbanjando alegria, dizendo coisas engraçadas e querendo que os outros riam. Ele é um flagelo. Perto dele, ninguém tem a liberdade de estar triste. Perto dele todo mundo precisa estar alegre.Ele não consegue estar triste, o alegrinho não consegue ouvir a beleza dos noturnos do músico francês Frédéric Chopin (1810-1849) nem sentir as sutilezas da poesia da portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) nem gozar o silêncio do crepúsculo. Porque ele está sempre alegrinho, ele não consegue sentir compaixão. Compaixão é sentir a tristeza de um outro."




E o poetinha partiu há 25 anos

A Felicidade
Composição: Tom Jobim/Vinicius de Moraes

Tristeza não tem fim Felicidade, sim...

A felicidade é como a pluma

Que o vento vai levando pelo ar

Voa tão leve Mas tem a vida breve

Precisa que haja vento sem parar...

A felicidade do pobre parece

A grande ilusão do carnaval

A gente trabalha o ano inteiro

Por um momento do sonho

Pra fazer a fantasia de rei, ou pirata, ou jardineira

E tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim Felicidade, sim...

A felicidade é como a gota de orvalho

Numa pétala de flor

Brilha tranqüila

Depois de leve oscila

E cai como uma lágrima de amor

A minha felicidade está brilhando

Nos olhos da minha namorada

É como esta noite

Passando, passando

Em busca da madrugada

Falem baixo por favor

Pra que ela acorde alegre como o dia

Oferecendo beijos do amor

Tristeza nao tem fim

Felicidade, sim...




Cazuza, há 15.

Cumplice (que por sinal, também é ótima para se ouvir pedalando)
Composição: Cazuza / Zé Luis

Hoje eu acordei querendo encrenca

Escrevi teu nome no ar

Bati três vezes na madeira

Senti você me chamar

Na verdade uma carta em braile

Me deu uma certeza cega

Você estava de volta ao bairro

Em alguma esquina à minha espera

Meu amor, meu cúmplice

Eu sempre vou te achar

Nos avisos da luaDo outro lado da rua

Rodei todas as lanchonetes

Tive idéias perversas

Relembrei tantos golpes espertos

Você cada vez mais perto

Meu amor, meu cúmplice

Meu par na contramão

Você não mudou em nada (nada, nada, nada)

Eu também não, que bom!


sábado, novembro 05, 2005

UMA RAPIDINHA


NO MSN



Papai Noel, não esqueça a minha Colt entra e diz:
E aê?

Ácido é clorofila diz:
Td ok. Saí com a Lúcia. E comi.

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
E aê?

Ácido é crolofila diz:
Krak, vc tava certo. Parece uma foca!

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
Hauahauahauahauahauahauahaua

Ácido é clorofila diz:
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Um leão marinho.

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
Uauauauauauauauauauauauauauauauauauauaua

JJ - Ódio é vitamina entra.

JJ - Ódio é vitamina diz:
E aê?

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
Nosso camarada aí saiu com a Lúcia e confirmou. Ela goza imitando foca. Uauauauauauau

Ácido é clorofila diz:
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

JJ -Ódio é vitamina diz:
Hahahahahahahahahahahaha. Eu sei. È hereditário.

Papai Noel, não esqueça a minha Colt e Ácido é clorofila dizem:
????????????????????????????????????

JJ - Ódio é vitamina diz:
Eu transei com ela tb

Ácido... diz:
Hereditário?????????

JJ - Ódio... diz:
O Guido comeu a mãe dela e me contou. A coroa goza emitindo sons de foca.

Ácido... diz:
Huauauauauauauauauauaua

Papai Noel... diz:
Hahahahahahahahahahahahah

JJ - Ódio...diz:
Sério, parece que foi no ano novo, lá me Angra.


Lúcia – O carttão é o meu pastor e nada me faltará, entra.

Lúcia... diz:
E aê, meninos?

Papai Noel... diz:
Sua vaca! Vc ficou comigo na sexta e no sábado, deu pro JJ.

JJ - Ódio... diz:
Êpa, mas nós transamos na quinta!

Lúcia... diz:
E o respeito, meus queridos? Isso não é motivo pra vcs me chamarem desta palavrinha de quatro letras que não ouso nem repetir.

Ácido... diz:
Tem razão. Eu tenho outra melhor: foca. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Papai Noel.... e Ódio... dizem:
Huauauauauauauauauauauaauauauauauauauauauauaua

Lúcia... diz:
Se eu não estivesse tão feliz, eu mandaria vcs tomarem no cu.

Ácido..., Ódio.... e Papai Noel... dizem:
????????????????

Lúcia – O cartão é o meu pastor e nada me faltará diz:
Tow sabendo q a mãe do Guido tá morrendo com câncer. Bem feito! Ela proibiu ele de namorar comigo.

Ácido é clorofila diz:
Pow gente! Q foda! O Guido é nosso amigo. Temos q compartilhar da sua dor.


Acido..., Lúcia...., Papai Noel... e Ódio... dizem:
Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha

Àcido é clorofila diz:
Vcs se lembram quando o Guido colocou fogo na bengala do cego? Uauauauauauau

Papai Noel, não se esqueça da minha colt:
E quando ele levou a filha do porteiro do prédio dele para dar uma volta de barco e deixou a guria no mar? Hahahahahah. Ou dá ou desce...Uauauauauauuauauaua

Ódio é vitamina diz:
Pow aquela vez em que ele jogou aquele monte de barata em cima da mulher no carro ao lado, na estrada pra Búzios, foi show. Kkkkkkkkkkk. A mulher perdeu o controle do carro e capotou. Kkkkkkkkkkkkkkkk

Lúcia – O cartão de crédito é o meu pastor e nada me faltará diz:
Naum, gente. Mas adulterar os remédios q a mãe dele ia doar pras vítimas daquela enchente, foi saknagem. Naum foi?

Todos dizem:
Hauauauauauauauauauauauauauau

Guido – Fiz uma lipo no coração entra e diz:
Oi.

Ácido...diz:
E aê, meu camarada?

Guido...diz:
Tow maus. Tow chegando do enterro da minha mãe. Tow afim de bb. Tow pra baixo. Tava pensando q a gente podia se encontrar na praça de alimentação do Shopping. Q tal?

Impossível mandar mensagem. Todos os seus contatos estão offline.



quarta-feira, novembro 02, 2005

Reflexões e etc.

"Para cada minuto que você se aborrece você perde sessenta segundos de felicidade."
(Ralph Waldo Emerson)


“A busca dos amigos não se faz com lanternas, mas com o coração."
P.Rosseger”


"Era sábado à noite em São Paulo e ele, Olívio, um jovem imigrante,
estúpido e analfabeto, podia sair daquele infecto quarto de pensão, no Pari,
e ganhar a noite da cidade, estranha e ameaçadora. Podia também ficar lá
e pensar a respeito de si mesmo. Preferiu sair. Era menos assustador. Saiu
a procura dos vagabundos, dos bêbados, das prostitutas, dos sem-remédio.
De algum modo ele os encontraria. Um desajustado sempre encontra os
seus."

Trecho do meu romance policial A Arte de Odiar.



Numa manhã de verão, em 1969, uma composição de metrô cortava o subterrâneo de Nova Iorque. Em seu interior, homens e mulheres indo para o trabalho. Todos pertencentes ao que se chamava na época de maioria silenciosa. De repente, em uma das estações, a composição pára devido a um problema mecânico qualquer. Os auto-falantes pedem gentilmente que todos desembarquem e aguardem a próxima composição. E todos desembarcaram. Mas ao invés de aguardarem pacificamente o próximo trem, depredaram a composição avariada.

Na época, a imprensa não deu muita importância ao fato. Mas alguém observou que aquilo poderia ser um sinal de cansaço do povo com a filosofia pacifista do paz e amor, que estaria fracassando diante da intransigência de Nixon em acabar com a guerra do Vietnã e com a crise econômica pela qual a nação passava. E o futuro próximo mostraria o quanto essas palavras estavam corretas.

Vejo semelhanças com este episódio naquela longínqua manhã de verão em NYC com o Brasil de hoje. Esse pensamento me veio à mente, assim que refleti sobre a vitória do NÃO no referendo. Vejo um certo cansaço não só com o governo, mas com a filosofia romântica do PT diante de certos problemas do país. A segurança pública é uma delas. Mas entendo a derrota do SIM como algo ainda mais simbólico. A desilusão e o cansaço de boa parte do povo com o discurso de "para o bem das instituições democráticas", de "temos que preservar os direitos humanos" ou de "pela cidadania." Diante de cidades dominadas pelo tráfico de drogas, corrupção política em todos os níveis, favelização, anarquia e desrespeito às regras mais básicas de civilidade e desprezo pela educação em detrimento da "esperteza", qualquer belo discurso se transforma em blá-blá-blá. Onde o povo disse NÃO, deve-se ler NÃO aguentamos mais.

Curiosamente, isso tudo acontece com a estréia de dois documentários sobre figuras que simbolizavam a luta pelos direitos humanos, a liberdade de expressão, a cidadania, etc: Vlado - 30 anos depois, sobre o jornalista Vladimir Herzog (sobre o qual falei em post anterior), e no documentário Dom Helder Câmara - Em busca da profecia, da professora da Faculdade de Comunicação (FAC), Érika Bauer. Coincidindo também com os 25 anos do maior relato sobre os horrores ocorridos nos porões da ditadura, o livro Tortura Nunca Mais. Foi lançado na minha época de faculdade e me lembro que o líamos durante os intervalos para debatermos depois. Mais recentemente tive recorrer a ele para escrever uma passagem do meu livro A Arte de Odiar, o jornalista Daniel, ex-preso político, que teve destino idêntico ao de muitos que foram descritos nas páginas deste livro.

E aí vem a pergunta que dói em mim, toda vez que ouço os noticiarios desfilarem o rol de podridão que escorre lá em Brasília. Será que a luta de todas essas pessoas foi em vão? Será que eles lutaram tanto, para que pessoas da mesma corrente de pesnamento chegassem ao poder e fizessem o que estão fazendo? Será que muitos dos protagonistas de toda esta sordidez estão agindo desta forma por desencanto com a sua causa. Será que a culpa é do sonho e não dos sonhadores?

Ontem, voltei a pensar neste assunto ao ler o belo texto de Anna Maria Ribeiro publicado no jornal Montblaat, de Fritz Utzeri, e trasncrito no New York On Time do Jorge Pontual. Leiam. E reflitam.




Eu me amarro em Marcos Valle. Principalmente o Marcos Valle da fase Pop, entre 1968 e 1974, quando suas músicas abusavam de uma riqueza melódia, quase comparável ao Burt Bacharah. E com um swing cheirando à maresia. Marcos Valle está lançando mais um CD, o instrumental Jet Samba, só com peças de jazz. Algumas são regravações de músicas suas. Brasil-México, por exemplo, está contida naquele que, para mim, foi o seu melhor trabalho, o lp Marcos Valle, de 1974. E que injustamente foi o único trabalho seu a não ser lançado em CD. Sabe-se lá por que, já que tinha obras primas como Remédio Pro Coração, Cobaia, Meu Herói e Tango. Esta última tem uma letra muito interessante. Precisei importar este CD do Japão. Os absurdos deste país se estendem ao mercado musical. Ouçam, cantem e decorem, para o caso de alguma briga com o(a) parceiro(a).

Tango

Marcos Valle

Quem que você pensa que eu sou?

Pra me humilhar,

zombando deste amor.

Eu não vou passar a vida a te esperar

Envelhecer, só pra te ter pra mim

Pois faça que eu faço ainda mais

Pois saia que eu saio ainda mais

Pois traia que eu te traio ainda mais

Você não sabe que eu sou capaz

De te mandar embora, te deixar agora

E morrer de amor

De te rasgar a roupa, agir como um louco

Me matar de amor

Quem que você pensa que é?

Pra maltratar quem vive a te esperar

Não espere do meu corpo a solidão

Eu sei amar, mesmo sem ter amor

Eu tanto posso ir como ficar

Eu tanto sei amar como odiar

Eu tanto sei sorrir como ferir

Não brinque com a paixão que eu sou capaz

De te mandar embora, te deixar agora

E morrer de amor

De te rasgar a roupa, agir como um louco

Me matar de amor



E tem mais gente lançando livro...


Mais detalhes no Drops da Fal.