terça-feira, janeiro 31, 2006

Lacerda, o fodão

Eu juro que tentei segurá-lo com todas as minhas forças. Mas depois que descobriu que tem gente pensando em abrir até uma comunidade pra ele no Orkut, o detetive do meu romance policial A Arte de Odiar ficou ainda mais abusado. E com o sucesso do livro, eu acabei tendo que ceder espaço para mais uma de suas histórias de policial puta velha.
Obrigado, Lacerda!
Vai lá. Conta aê...


O Café Com Leite


Haviam acabado de sair da aula de ioga.

A academia ficava num prédio na Nossa Senhora de Copacabana, o sol ainda estava no meio do céu, era verão e as duas jovens suavam dramaticamente.

domingo, janeiro 29, 2006

Há 25 anos, um baixinho careca abençoava a música pop...


Em uma entrevista no final dos anos 70, Caetano declarava que o melhor daquela década teria sido esperar pela seguinte. E uma das coisas mais interessantes que aconteceram no anos 80, no cenário musical, foi a diversidade de sons que tomou conta do mercado. Havia desde os invevitáveis ídolos pré-fabricados com suas roupas esquisitas e cabelos idem (Duran Duran, Madonna, Cindy Lauper, Prince, etc), até sons futuristas (Gary Numan, Laurie Anderson, Thomas Dolby), os que flertavam com os sons da Jamaica (Madness, The Specials, UB40, Steal Pulse, The Police, Selectors), os eletrônicos (New Order, Soft Cell, Cabaret Voltaire) os sons sinistros dos góticos (The Cure, Siouxie and The Banchees, Bauhaus, Sisters of Mercy), os sons líricos (Cocteau Twins, The The, Echo and The Bunnyman, Jesus and Mary Chain), os mais chegados às raízes (Dire Straits, Stray Cats, The Jam, Dexys Midnight Runners), os mais engajados (U2), os new waves (B-52´s, Go Go´s, Devo), os novos sons negros (Afrika Banbata, Planet Patrol, Soul Sonic Force, Grandmaster Flash, MCDC, Imagination) etc.
O problema é que todos os citados acima eram artistas ainda jovens, sem muito crédito perante os críticos. Era preciso que alguém de peso legitimasse o movimento musical sustentados por eles. E o inglês Phil Collins fez isso com o seu primeiro trabalho solo, o Face Value, lançado no Brasil naquele comecinhho de 1981.
A primeira faixa , a enigmática In The Air Tonight, com sua batida quase tribal e seu arranjo futurista, já diz ao que o disco veio. Mas há ainda a dançante Missed it again, a linda You know What I Mean, o reagezinho This Must Be Love e a folk de raiz The Roof is Licking.
Phil Collins, que ainda estava com os Gênesis, legitimava o caldeirão de tendências experimentalismo que seria a marca da década que estava nascendo. E tudo com sofisticação, competência e honestidade. Não que Phil tenha ido fundo como um Siouxie and The Banchees ou com um U2. Mas, se não em todas, na maioria das faixas percebe-se um pedacinho de influencia tirada dos novos sons que a nova geração de roqueiros estava fazendo. Os críticos gostaram e o público amou. Depois disso, todos passaram a levar a música dos anos 80 a sério.
Curiosamente, a faixa que fecha o disco, é Tomorrow Never Knows, que havia sido o mergulho dos Beatles no psicodelismo, movimento musical e cultural que rolava em meados dos anos 60, mas que, no início, era tido apenas como coisa de doidões e alternativos. Quando o álbum Revolver foi lançado com esta canção, foi a benção que gente como Jefferson Airplane e Grateful Dead queria para serem levados a sério. Afinal os Beatles estavam fazendo a mesmo tipo de música que eles.
Sem comparações com o psicodelismo, Phil Collins fez o mais ou menos o mesmo com o seu Face Value. Ele apostou, absorveu todas as novas tendências, deu-lhes uma roupagem mais madura e jogou tudo no seu disco histório.
Em nome do pai, do filho e do espírito santo. Amém. A nova música do anos 80 estava batizada e abençoada.
Infelizmente, Phil não conseguiu manter a qualidade deste Face Value, preferindo o conforto de baladista milionário. Mas a gente perdoa e agradece.




"Obrigado, senhor! Pelo lançamento de mais essa edição do A Arte de Odiar"
Agora é só pedir:
ou no site bagatelas.net

sábado, janeiro 28, 2006

A Carranca da Mangueira vai passar


O samba já foi proibido. Os sambistas cariocas tinham que ficar andando de trem ou se esconder em centro espíritas para tocar, já que a polícia não sabia diferenciar os toques dos atabaques, do batuque. Depois, com o aumento da violência, a polícia deixou os sambistas em paz, pois tinha mais o que fazer. Mesmo assim, até os anos 70, o samba foi liberado, mas não aceito. Ainda era coisa de negro do morro e a classe média achava que não era de chique ir aos ensaios. Quem começou a detonar esta mentalidade, foi a galera universitária do movimento estudantil, nos anos 60, jovens de classe média da zona sul, que desafiavam os pais e iam se requebrar nas quadras ou no Zicartola, o antológico bar do compositor de As Rosas Não Falam e sua mulher.
Nesta madrugada, a quadra da Mangueira estava cheia. Oitenta por cento dos freqüentadores eram da classe média. Havia também alguns famosos e muitos turistas. Todos - OU QUASE TODOS - pagando R$ 30 para enfrentar superlotação, falta de estacionamento, cerveja cara, esbarrões, gente bêbada e banheiros sujos. Tudo pelo amor à escola mais querida da cidade. Mas havia compensações: a animação que você só encontra na estação primeira, muita gente bonita e samba da melhor qualidade. Por falar nisso, o samba-enredo deste ano está muito melhor do que o do ano passado.
Você não ainda não conhece o samba da mangueira? Pois, antes de se sentir excluído, dê uma olhada na excelente matéria de Monique Cardoso no Caderno B de hoje e veja que você não está sozinho. Parece que depois da polícia e do preconceito, os sambas-enredo têm um novo desafio a vencer: o desinteresse. Muitas são as razões apontadas por experts como o compositor Nei Lopes, mas solução a curto prazo ninguém oferece. Que pena!
Mas eu faço a minha parte, divulgando o samba da verde e rosa pra você já ir tomando intimidade.
Das Águas do Velho Chico, Nasce um Rio de Esperança
De: Henrique Gomes, Gilson Bernini e Cosminho

Vou navegar...
Com a minha Estação Primeira
Nas águas da "integração" chegou Mangueira
Opará... rio-mar, o nativo batizou
Quem chamou de São Francisco foi o Navegador
Na serra ele nasce pequenino
Ilumina o destino, vai cumprir sua missão
Se expande pra mostrar sua grandeza
"Gigante pela própria natureza"
******
A carranca da Mangueira vai passar
Minha Bandeira tem que respeitar
Ninguém desbanca minha embarcação (Bis)
Porque o samba é minha oração
*******
Beleza... O bailar da piracema
Cachoeiras um poema à preservação
Lendas ilustrando a história
Memórias do Vaente Lampião
Mercado flutuante, um constante vai-e-vem
Violeiro, sanfoneiro, que saudade do meu bem
o sabor desse tempero, eu quero provar
Graças à irrigação, o chão virou pomar
E tem fruta de priemira pra saborear
Um brinde à exportação, um vinho pra comemorar
O Velho Chico! É pra se orlgulhar
*******
O sertanejo sonhou
Banhou de fé o coração
E trasbordou em Verde e Rosa (Bis)
A Esperança do Sertão
Mais Mercearia São Pedro...
O escritor Joca Terron muito bem acompanhado por Tainá Müller e seus passos de dança. Para ver quem mais freqüenta este antro de gente interligente e interessante, mergulhe aqui.




"A vida não tem sentido sem o meu A Arte de Odiar"

Calma! Nem tudo está perdido.
A gráfica ficou de me entregar a terceira edição na segunda ou terça.
Não é preciso se desesperar.
Mas não jogue a corda fora. Para o caso de você perder mais esta edição.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Naquela rua existe uma padaria...




O casal descolado, cheio de piercings, colares e cabelos coloridos, conversa baixinho, enquanto desgustam um croissant. O jovem executivo digita algo em seu laptop entre um gole e outro de expresso. O grupo de gays comentam os babados da balada da qual acabaram de chegar, entre goles de sucos de suco e tortas. O velho boêmio com cara de sono lê as últimas na Folha, no balcão, onde toma o seu café com leite. O grupo de turistas conversa e cai dentro de um café colonial. Os amigos metaleiros tomam uma média com muito queijo e presunto, enquanto comentam as últimas do Green Day. A jovem com malha de ginástica, toma o seu café, ao lado do boêmio, enquanto fala no celular com o namorado.
Todas essas tribos estão na mesma hora e no mesmo local, uma bonita e agradável padaria, na aprazível rua Haddock Lobo, na Consolação. Na verdade, a Casa de Café Bella Paulista já é conhecida da galera da noite paulistana e pelo pessoal que pega cedo no batente. Eu só a conheci no último final de semana. É um exemplo do que a capital paulista tem de melhor a oferecer. Um lugar onde se pode comer bem, conversar e pagar preços acessíveis. E o que é melhor, por vinte e quatro horas por dia. É a cara de Sampa, embora me lembre aquela velha canção da boemia carioca, Salve a Lapa: “Enquanto a cidade dorme, a Bella Vista fica acordada, acalentando quem vive de madrugada...”. Salve Sampa!!!

Lembrança de um dia na Praia Lopes Mendes, Ilha Grande, em 14.01.2006

We are the Champions...

No início dos anos 90, a atrevida Madonna lançou a seguinte pérola: “Com dez anos de carreira eu já vendi mais do que os Beatles.” Craque em lançar polêmicas, a material girl conseguiu deixar muita gente com a pulga atrás da orelha: “Quem seriam os grandes campeões de vendagens no mundo do disco?” Pois a Federação Internacional da Indústria Fonográfica acabou esta semana com o mistério. Leiam o que O Globo publicou em 26.01.2006:

Beatles, Michael, Elvis, Madonna e Nana: campeões
A Federação Internacional da Indústria Fonográfica divulgou ontem uma lista atualizada dos artistas que mais venderam discos na História, segundo uma pesquisa empreendida pela própria entidade. O topo da lista não chega a ser surpreendente: Beatles (com assustadores 400 milhões de discos), Michael Jackson (350 milhões) e Elvis Presley (300 milhões) são os campeões históricos — curiosamente, dois artistas que não existem mais e um que não grava há anos.
Em 21 anos, Madonna vendeu 275 milhões de CDs
O quarto lugar confirma Madonna como a cantora que mais vendeu discos na História: a loura aparece ao lado da cifra de 275 milhões de discos. Ela é a primeira da lista que se mantém em franca atividade, além de ter iniciado sua carreira mais tarde do que os três primeiros colocados. As últimas listas a colocavam atrás de Celine Dion e Mariah Carey. Depois de Madonna, começam as surpresas: a grega Nana Mouskouri, segundo a lista, é a sexta artista com mais discos vendidos na História, 250 milhões. Na ativa desde os anos 60, Nana grava em diversos idiomas (grego, inglês, francês, português) e com isso atingiu vendas com a mesma cifra dos Rolling Stones e do cantor inglês Cliff Richard, outra surpresa, também com 250 milhões de discos vendidos. Mariah Carey, em oitavo lugar, é a artista mais jovem da lista, com apenas 15 anos de carreira e 230 milhões de discos vendidos. Elton John (220 milhões) e Celine Dion (idem) fecham o top 10. (B.A.)





"Aiiiiiiii! Eu já não aguento mais esperar pelo meu A Arte de Odiar!"

Segure a tua onda, minha filha.

Ainda faltam alguns dias para a terceira edição.

Enquanto isso, suquinho de maracujá.

Neste calor seria tudo!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Naquela rua existe uma mercearia...



A Rodésia foi uma antiga colônia britânica dividida em duas. A do sul, atual Zimbábue, e a do norte, Zâmbia. Ambas Rodésias ficavam em regiões que tinham ricas reservas de ouro, níquel, cobre, prata, ferro e esmeralda, não foi por outro motivo que despertaram a cobiça de impérios europeus. Certamente não foi por esta razão que a prefeitura paulista decidiu dar a uma tranqüila rua da Vila Madalena o nome de Rodésia. Pois ninguém tinha noção do tipo de riquezas que se exploraria ali muitos anos mais tarde. Sim, pois nessa rua arborizada e residencial, existe uma mercearia. E ali, ao invés de sabão em pó Omo, creme de leite Moça, café Pilão ou pasta de dente Colgate, se comercializa, entre outros, Marçal Aquino, João Paulo Cuenca, Marcelino Freire, Machado de Assis, Clarice Lispector, Borges, Cortázar, Joça Terron e Andréa Del Fuego.
Nem mesmo o seu Pedro e Dona Hend poderiam imaginar os rumos que tomaria o comércio que estavam abrindo, naquele longínquo 1968. Ninguém sabe ao certo quando a onda começou, mas a Mercearia São Pedro. se tornou um point para quem transa cultura em Sampa, principalmente literatura.
Imaginem uma mercearia que abriga uma livraria e uma vídeo-locadora e que tem ainda um bar! Este local incomum tinha que chamar a atenção de pessoas originais e descoladas, que não se contentam em beber em qualquer lugar. Um lugar especial para pessoas especiais. Como diz o escritor Marcelino Freire – que é o maior divulgador do local -, “aqui a gente corre apertado para o banheiro e no caminho depara com uma Clarice Lispector nos olhando num poster”. Na verdade, a cultura é o convert ali e entre um chope e outro você pode alugar um Dogville ou comprar o último do Marçal, Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios (Companhia das Letras). Ou, quem sabe, você pode ainda participar das muitas noites de autógrafos que costumam rolar por lá. Como nem tudo é perfeito, a Mercearia só tem um problema: fecha cedo. De segunda à sábado, ás duas (um absurdo para um lugar boêmio numa cidade que nunca dorme). Aos domingos, às 18h. E o Marquinhos, não dá moleza.


Sabe onde fica a Rodésia e seu tesouro? Aqui ó...



Aqui no Rio, a tal Mercearia já estava virando lenda e eu tinha que conhecer este lugar inusitado. E a oportunidade chegou no lançamento da Bagatelas em Sampa no último fim de semana. Mas antes disso, muita água rolou. Veja as fotos dos lançamentos.

A galera da Bagatelas no início da noite de autógrafos. Ernesto Aguiar, Eu, Flávio Corrêa de Mello (de pé) , Luciano Silva, Raphael Vidal e Márcio Calixto.


Autografando o A Arte...

Eu e o Ernesto

Já em Sampa, na livraria da Esquina, a galera comemorando o sucesso da noite. Tatiana Carlotti, Eu, Márcio Calixto, Luciano Silva e, na frente, o editor da revista, Raphael Vidal, que encobriu a pobre da Mariana Castro.

Tatiana Castro, Eu, Calixto e Luciano.

Na Mercearia, Marcelino Freire com o seu exemplar do Arte, Vidal, eu e o Marquinhos.

De novo.

Marcelino, eu, Miguel do Rosário e o Marquinhos.

Para ver mais fotos do lançamento e o que nós aprontamos em Sampa, mergulhe aqui.


Socorro! Eu juro que não vou perder a nova edição do A Arte de Odiar!!!!!!!

Então, tá.
A edição já está no forno.
Segure a onda.

terça-feira, janeiro 24, 2006

A História de Um Garoto de Ouro



Há exatamente 30 anos um rapaz louro, com pinta de surfista virava notícia. O guitarrista inglês Peter Frampton - ex-Humble Pie e ex-Camel - lançava o seu álbum duplo Frampton Comes Alive e mudava a cara do mercado da música.
Lançado em janeiro, este disco, gravado ao vivo num estádio em São Francisco, foi subindo pouco a pouco na parada e, como quem não quer nada, terminaria aquele ano com mais de 16 milhões de cópias vendidas. Roubou o recorde que pertencia a um outro álbum sobre o qual falei dias atrás neste blog, o Tapestry, da Carole King, lançado em janeiro de 1971 (ver o post Com Trilha Sonora, de 06/01/06). Os tempos haviam mudado. A juventude americana já havia deixado a tristeza do início da década de lado e estava querendo mais era curtir. E “O Garoto Dourado dos Anos 70”, como Frampton passou a ser vendido pela mídia - e aceitou -, era o artista perfeito para uma geração cansada de se fazer de vítima da desilusão com os anos 60 e que queria mais era um som alegre, alto astral e que lembrasse uma tarde de sol na praia.
Eu, na época, era um moleque de 16 anos, que pegava ondas e andava de skate, enquanto terminava o ginásio no Colégio Pedro Segundo. Comprei o disco com o dinheiro da mesada e gostei. Embora não tenha nada de extraordinário, trata-se de um bom álbum, onde a guitarra de Frampton está inspirada e a pegada geral era de um bom rock.
Com o mega-sucesso do Frampton Comes Alive, a indústria do disco passou a correr atrás de um novo Frampton. Na verdade, as gravadoras perceberam que podiam ganhar mais grana do que imaginavam e passaram a investir pesado na construção de ídolos. O negócio já existia, mas passou a ficar mais pesado. Os concertos em estádios passaram a ser a regra. Antes, a maioria dos artistas tocavam em teatros ou, no máximo, em ginásios. Enfim, a ficha caiu e a ganância, por um bom tempo, passou a vencer a criatividade. Por isso, considero Frampton Comes Alive um divisor de águas no mundo do rock.
Mas a história do “Garoto de Ouro” não teve um final feliz. Frampton ainda conseguiu um hit no ano seguinte, a balada I´m in You, desaconselhável para quem tem uma alta taxa de glicose. Também participou na ridícula versão cinematográfica do Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles (Bee Gees com aquelas fardas dos anos 60, ninguém merece) e ainda quase morreu em um acidente de carro. No final de 1977, a trilha sonora do filme Embalos de Sábado À Noite, roubou o recorde de Frampton, e o manteria até o Thriller, do Michael Jackson. Nos anos 80, Frampton voltou a gravar e tocou sua guitarra no trabalho de outros astros. Mas nunca mais conseguiu chegar nem perto do sucesso conseguido em 1976.
Quem mandou se vender?


"Ahgrrrrr! Como fui burro por não ter conseguido o meu A Arte de Odiar!!"
Tudo bem. Errar é humano.
Mas, se você perder a próxima edição que já está no forno, merece comer toda a grama do Aterro.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Latrina


Nos meus tempos, o banheiro era a parte da casa onde tínhamos a completa intimide. Se você é homem, sabe bem do que estou falando. Tá bom, que entre as quatro paredes do quarto, podíamos desfrutar de momentos íntimos. Mas era nos banheiros que, por alguma razão que desconheço, nos sentíamos mais protegidos e podíamos curtir os nossos segredos com segurança.
Atualmente quando vejo tanta gente falando coisas pessoais aos berros nos celulares em lugares públicos, agarrando o ser amado e quase tendo com ela(e) relações sexuais nas ruas, mulheres exibindo a marquinha do biquini por sobre as calças de cintura baixa e gente se expondo sem a mínima vergonha para milhões de telespectadores nos BBB da vida, penso que a exposição pública é uma condição vital para a felicidade. É claro que não é. Mas é essa a impressão que tenho quando leio notícias como essa que acabei de ler na página do Superig. Leia e veja se o mundo não está se transformando numa grande latrina, com todos se expondo desesperadamente para chamar a atenção de outros imbecis que os imitarão?
"NOVA YORK, 23 jan (AFP) - Uma brincadeira coletiva que levou dezenas de pessoas a embarcar no metrô de Nova York usando apenas roupas íntimas acabou com a prisão de oito orgulhosos brincalhões, informou a polícia nesta segunda-feira. Um porta-voz da polícia informou que todos foram liberados, após receber advertências por "alteração da ordem pública".A brincadeira foi organizada pelo grupo Improv Everywhere, que através de sua página na internet, convidou as pessoas neste domingo a embarcarem no mesmo vagão sem as calças, percorrendo várias estações. O grupo instruiu os participantes a agirem com normalidade. "Se forem interrogados, digam que se esqueceram de vestir as calças e que sim, sentem 'um pouco de frio'. Insistam que é uma coincidência que outras pessoas também tenham se esquecido de vestir suas calças", recomendou.A brincadeira foi interrompida pela polícia, que parou o trem, ordenou às pessoas sem calças que descessem e prendeu oito pessoas.Segundo os organizadores, que criticaram a polícia por "exagerar", 160 pessoas atenderam à convocação.Outras "missões" da Improv Everywhere incluíram um falso show do grupo de rock U2 e um suposto suicida que ameaçava se jogar de uma marquise de um metro de altura, no centro de Manhattan. "


Ninguém merece!



"Não consigo aceitar a idéia de não ter conseguido o meu A Arte de Odiar"
Bem feito. Eu avisei.
Fica pra próxima.
Pra próxima semana. Quando deve sair a nova edição.
Tenha paciência que virão os comentários e as fotos dos lançamentos da Revista Bagatelas, no Rio e em Sampa.

domingo, janeiro 22, 2006

Alguma coisa aconteceu em meu coração...

Ai! Por que não comprei logo o meu exemplar do A Arte de Odiar?

Pois é. Agora vai chorar na cama, que é lugar quente e a Inês já é morta. Eu avisei!
Mas como sou bonzinho, uma terceira já está no forno. Pois, não ficou pedra sobre pedra em São Paulo.



No próximo dia 14 de maio, estarão se completando 20 anos que deixei de ser paulistano. É isso aí. Entre 1984 e 1986 morei na capital paulista. Depois, só estive lá para fazer a homologação do meu pedido de demissão, em junho de 87. Por tanto, há quase 19 anos não pisava em São Paulo. E não foi por que guardasse algum tipo de rancor contra esta cidade. Muito pelo contrário. Na verdade, eu e a metrópole paulista temos um trato.
Quando cheguei em São Paulo, em novembro de 1984, estava sob um inferno astral e enfrentava uma das fases mais peso-pesado da minha vida. Como estava sem trabalho no Rio, fui trampar (como os manos paulistas falam) na Nossa Caixa. Eu estava num momento em que não tinha muito a perder. Então a terra da garoa me recebeu de braços abertos, me acolheu como se eu fosse um filho? Nada disso. Ela me recebeu sem muito mimo para que “eu me virasse e percebesse que eu era mais capaz do que imaginava.” Ela bem que me protegeu de longe, mas deixou que eu quebrasse a cara.
Durante esse ano e meio que vivi na capital paulista amadureci uns dez anos. Conheci gente fantástica, amei, comi o pão sobre o qual o diabo sapateou em cima. Me diverti, ganhei dinheiro e vivi fortes emoções. Quando já estava de bom tamanho, voltei ao Rio. Era como se a cidade tivesse me dado alta. “Pronto, agora você já está mais apto para a vida.” E voltei.
Neste feriadão, aproveitando o lançamento da Revista Bagatelas, voltei. E foi emocionante. Não só pela bela noite do lançamento da revista, mas também por ver como a cidade está mais bonita, organizada e informal. Continua nervosa, estressada e barulhenta, mas muito mais interessante. Enquanto dava um giro pela cidade, sob um sol cruel, íamos conversando. “Mas como você está bem! Olhe a Paulista como mudou! Meu Deus, fora da região da Sé, quase não vi sem-tetos! Como você está bem sinalizada! Que beleza as calçadas largas e com os ambulantes apenas em alguns pontos! Veja quantos barzinhos novos em Vila Madalena! Veja como você está mais limpa!” E ela respondia: “Você também mudou muito e está ótimo!” Monges budistas atravessavam a Paulista, levando esbarrões de executivos estressados, dois rapazes gays faziam poses para tirar fotos através dos seus celulares, nordestinos dançavam forró na Sé, metaleiros passeavam pelas estações do metrô, com usas roupas pretas e cintos e braceletes brilhantes, enquanto o pessoal da noite amanhecia tomando café na Padaria Bella Paulista, com seus cabelos coloridos, piercings e roupas esquisitas. Assim é a São Paulo pela qual me simpatizei. E com quem fiz um trato. Ela me ensinou o que eu deveria aprender e eu só voltaria quando tivesse mesmo aprendido.
E na próxima quarta-feira esta senhora irá fazer seus 452 aninhos e com um botox ali, uma lipo aqui, um peeling acolá, está cada vez mais charmosa. Por isso, não posso deixar de dar os meus parabéns a esta cidade pela qual guardo um carinho todo especial. E parabéns também aos paulistas que me receberam tão bem.

Eu sei que estou devendo fotos dos lançamentos da Bagatelas, mas ainda não tive tempo.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Rapidinhas


Tenho pena das mulheres que não gozam
Elas não sabem
Que sobre o colchão
A pele derrete
E que suas grutas ficam quentes
Como lava de vulcão

Desconhecem a meninice dos dedos
Que pulam de um mamilo ao outro
E brincam de esconde-esconde
Sob a chuva de estrelas mil

Não imaginam para que servem as mãos
Nem para que suas bocas foram feitas -
Talvez seja por isso que falem demais

Tenho pena das mulheres que invejam aquelas que gozam
Elas não sabem
Que seus seios são frutas maduras
Morangos, pêssegos, pêras, uvas
Pequenas cerejas mergulhadas em doces trufas

Por suas pernas e ancas
Jamais escorreu o néctar dos deuses
A bebida sagrada
O mel branco que é alimento
Feito leite de cabra

Tenho pena dessas mulheres
Por que elas serão eternamente amargas
Poema extraído do Fina Flor de Mônica Montone. Você não perderá a viagem se der uma olhada.
Quizz
Você sabe quando foi disparada a primeira bala perdida no Rio?
Pois é, a resposta foi dada na edição do O Globo da última segunda feira, 17.
Ei-la...

Rio, 17 de janeiro de 2006

A primeira bala perdida registrada no Rio
Elenilce Bottari
A primeira bala perdida de que se tem registro na História do Rio de Janeiro foi disparada em 6 de setembro de 1893, durante a Revolta da Armada, uma rebelião de oficiais da Marinha contra o presidente Floriano Peixoto. O tiro foi disparado por um dos canhões do encouraçado Aquidabã, contra o rebocador Audaz — ancorado nas docas da Alfândega, na Praça Quinze — errando o alvo e atingindo o campanário da Igreja da Lapa dos Mercadores, na esquina de Rua do Ouvidor com a Travessa do Mercado.
A bala derrubou do alto da torre uma grande estátua representando a religião, na figura de uma jovem segurando uma cruz e a Bíblia. A estátua caiu de uma altura de 25 metros e, mesmo assim, sofreu danos apenas num dos dedos e na base. Um fato considerado um milagre.
Segundo o historiador Milton Teixeira, a bala ficou cravada no terceiro andar do prédio número 22 da Rua Primeiro de Março, onde, na época, funcionava a maior relojoaria da Cidade, a Casa Norris. Ainda é possível ver a marca da bala no imóvel, onde hoje há uma churrascaria. O dono do prédio conservou a marca, construindo em torno dela uma janela de alvenaria, conforme informou ontem a coluna Gente Boa do GLOBO. A bala está na Igreja da Lapa dos Mercadores.

Ah, o lançamento da Revista Bagatelas?
Foi show!!!! Muita gente e vendagem bem acima do esperado. Foi bonita a festa! As fotos eu coloco depois. Pois agora estou fazendo a mala para ir pra Sampa, onde lançaremos a revista no dia 21, sábado. Inclusive, até lá, claro, nada de post. Mas quem tiver curioso, pode dar uma espiadinha no site do Bagatelas.
Comento mais e mostro mais fotos quando voltar.
Quero agradecer de coração a todos que nos prestigiaram e principalmente os que foram atrás do A Arte de Odiar, que fez um sucesso que me deixou emocionado. Os derradeiros exemplares deverão ficar na Terra da Garoa.
Te cuida Harry Potter!
Torça por mim lá em Sampa
Fui.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Boa notícia/notícia ótima

Obaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!

A SEGUNDA EDIÇÃO DO A ARTE DE ODIAR JÁ ESTÁ NAS RUAS

Essa é a boa notícia. A notícia ótima é que ela já está quase esgotada.
Quem estiver interessado, ainda pode pedir através do e-mail livros@bagatelas.net.
Ou...(mais uma vez)...


Mas agora eu sou só alegria.

E quero agradecer a todos que acreditaram em mim, divulgaram o livro e me prestigiaram.

Amo todos vocês.

Estou feliz não só pelo sucesso alcançado, mas também porque...


...fazer literatura no Brasil não é fácil

Quem faz, sabe do que estou falando. Quem está de fora, não tem noção. Os principais obstáculos já são conhecidos de todos, número pequeno de leitores, poucas bibliotecas, incentivo governamental mínimo, livrarias em número insuficiente, editoras que não dão chance aos novos, concursos literários suspeitos, preço do livro exorbitante, etc. Mas a coisa vai mais além. Os próprios escritores não se valorizam e não são unidos. Nesses anos todos tive que lidar com muita inveja, despeito e mesquinharia. Tive que aturar gente fechada em grupinhos que só promovem amigos, picuinhas de gente má, gente inútil que não produz nada e tem prazer em detonar os outros. Se eu não acreditasse em mim, talvez nem este blog teria surgido.

E esta matéria do Julio Daio Borges, do Digestivo Cultural, do último dia 6, vem mostrar que não estou mentindo, em relação às dificuldades encontradas por quem escreve neste país. Mas também fala que, apesar de tudo, muitos insistem e conseguem manter a qualidade da nossa literatura.

Bem, mais uma vez obrigaduuuuuuu a todos que me deram força

O Lacerda também agradece

domingo, janeiro 15, 2006

Sons de uma noite de verão

Paralamas em show na FNAC paulista.

Na sexta-feira 13, eu e centenas de outros sortudos que conseguriam ingresso, estivemos no show dos Paralamas do Sucesso, dentro da programação Oi Noites Cariocas, no Morro da Urca. Os ingressos caros, as filas para o bondinho e os preços exorbitantes das bebidas (de R$ 3 por uma humilde água mineral a R$ 15 por uma dose de whisky) foram compensados por um show quase perfeito. A lua cheia refletida nas águas da Baía e a temperatura agradável foram os maiores rivais dos paralamas. Antes do grupo de Herber Viannas subir ao palco, um Dj animava a festa com música eletrônica. Até que estava bom, mas a maioria não resistiu aos encantos da noite maravilhosa. Olhar a cidade dormindo lá em baixo, era como observar uma mulher geniosa durante o seu sono profundo. Você sorri, pensando que ali, dormindo, ela parecia até humana, sensível e afetuosa.
Todos sabem que o espaço para shows do Morro da Urca é pequeno e naquela noite ficou menor ainda. O som não ajudou. E para piorar os Paralamas optaram por um som mais pesado do que de costume. O guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser foi o convidado para dar um ar ainda mais heavy. O som estridente e a limitação da voz do Herbert tornaram certos sucessos irreconhecíveis, como Meu Erro, por exemplo.
Os melhores momentos ficaram com as músicas do último trabalho, Hoje, que embora não tão dançantes, agradaram pelos arranjos e melodia elaborados. Ainda não comprei o CD, o que devo fazer em breve, mas pelo que ouvi no show, me agradou tanto que o elegi o lançamento do verão.
A surpresa mais agradável foi a recuperação do Herbert. Está ainda muito inchado, mas em ótima forma e cheio de gás. Dava a impressão de que a qualquer momento iria jogar a cadeira de rodas para o alto e pular pelo palco, como nos bons tempos. Teve uma hora em que ele tocou um longo solo a la Hendrix, com a guitarra sobre a cabeça. Acho que Niterói devem ter ouvido os gritos de delírio do público. A platéia respondeu estava mesmo tão carinhosa que quase o levou às lágrimas.
Com o passar do tempo, muita gente passou a não suportar mais o som exageradamente estridente da banda e a péssima qualidade do som e se rendeu à sedução da lua, da vista e da brisa. Eles quase venceram. Quase. Pois a maioria ficou e assistiu um bom show, apesar das deficiências. Eu saí no finalzinho, lá pelas duas da manhã, pois às quatro tinha que ir para Ilha Grande, onde passei um final de semana nota mil. Mas isso é assunto para próximos posts.

E como ainda não tenho o Cd Hoje, vai a letra da faixa título. E fica a sugestão de som para o período mais quente do ano.
Hoje
Os Paralamas do Sucesso
Composição: Letra: Herbert Vianna Música: Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone

Hoje eu não sei
Se foi o que eu vi ou se eu viajei
Numa onda de amor entre você e eu
Sorri, mas é claro que não me calei
Sonhei que o amor tava além
De tudo que havia na Terra e no céu
Eu gosto, mas sei que não me faz bem
A mistura homogênea
Meu leite e teu mel
Mas tanta energia cruzava fronteiras sem restrição dos resquícios que havia
De barreiras em meu coração
Sonho em conhecer direito
Tua ampla dimensão
Sem pisar no freio
Tentando conter essa emoção

sexta-feira, janeiro 13, 2006

A LOURA


Ele não é fácil.
Lacerda ataca de novo com mais uma das suas histórias. Fazer o quê...


Estava eu lá sambando, sambando, quando a loura chegou. Os músicos tocavam Água da Minha Sede, do Roque Ferreira e do Dudu Nobre. Uns cinqüenta metros nos separavam e a troca de energia entre nós daria para manter o Times Square aceso.


Oi, meu nome é Cathy
E estou muito feliz porque finalmente a segunda edição do A Arte de Odiar sairá na semana que vem
Eu já reservei o meu.
E você?
Você não vai querer me desapontar, vai?


* Um ótimo final de semana a todos.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Só para lembrar...


No último post, o assunto foi literatura. E neste também. E a pergunta é "O escritor, nos dias de hoje, com toda essa tecnologia que está a nossa disposição, precisa mesmo de uma editora?
Este foi o assunto do primeiro podcast do Bagatelas, no qual eu participo ao lado do Raphael Vidal, do Luciano Silva, do Calixto e do Miguel do Rosário. Estará disponível no próximo dia 14 no site do PodBrasil (www.podbrasil.com.br). Os caras vão dar um acabamento mais profissional, com vinheta e etc. Click aqui e ouça a prévia, o aperitivo. Tenha paciência, porque demora um pouquinho por causa do tamanho do arquivo, mas vale a pena dar uma ouvida.
Aliás, tem texto novo meu no Bagatelas.


Aderi à campanha do Chato, por um país mais justo e um leão menos faminto.
Entre nessa você também colocando o banner acima em seu blog.

terça-feira, janeiro 10, 2006

O autor e a sua obra


Uma história triste. Um garoto, JT Leroy, que vivia se prostituindo numa estrada da Virginia Ocidental, vai para São Francisco atrás de uma vida melhor, mas transforma-se num sem-teto viciado em drogas. E como desgraça pouca é bobagem, ele acaba contraindo o vírus da AIDS.
Mas um dia, o destino lhe sorri. O garoto é adotado por um casal, Laura Albert e Geoffrey Knoop, que lhe paga um tratamento psicológico e o garoto decide contar a sua triste história. E após três livros, o garoto vira uma celebridade, atraindo o apoio financeiro de famosos como Courtney Love, Tatum O’Neal, Billy Corgan, Shirley Manson e Carrie Fisher, sensibilizados com esta história de Cinderela, assim como a maioria dos leitores americanos que correram às livrarias.
Eu disse história de Cinderela? Sim, porque o tal garoto, na verdade, é Savannah Knoop (parece nome de travesti da Lapa), meia-irmã de Geoffrey Knoop. A fraude foi recentemente assunto de reportagem do New York Times e matéria de capa do Segundo Caderno do O Globo de hoje (10/01/06).
A grande questão no momento é sobre a qualidade literária dos livros da tal autora 171. Os críticos americanos confirmam que as histórias foram bem escritas. Os leitores americanos (influenciados, talvez, pela síndrome dos reality shows) acreditam que o fato de o personagem de um livro biográfico não ter existido, pode transformá-lo em um lixo e certamente vai surgir gente exigindo indenização.
Particularmente, acho tudo isso ridículo. Se a alguém conta uma ótima história biográfica sobre um personagem que nunca existiu, palmas para o texto e vaias para o autor. Principalmente se a intenção deste autor era obter vantagens financeiras, sensibilizando pessoas famosas. Se a fraude for realmente verdadeira, como tudo leva a crer que seja, esta Savannah Knoop tem que terminar atrás das grades. Mas fica o seu texto, que segundo os exigentes críticos novaiorquinos, é de boa qualidade.
Vamos dizer que o Alfredo Sirkis, que escreveu suas memórias no best seller Os Carbonários, viesse a público para dizer que foi tudo mentira. Os Carbonários deixaria de ser um bom livro? Por outro lado, vamos dizer que Dom Quixote tivesse mesmo existido e se descobrisse que foi ele que passou sua história para Cervantes. Isso diminuiria a grandeza da obra? Acho que temos que separar o autor e a sua obra. Muitas vezes uma obra literária não merece o autor que a criou.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Sua opinião é importante, meu caro visitante...


Deu no Jornal do Brasil, no último sábado que a indústria fonográfica norte-americana amargou, em 2005, mais um ano de queda nas vendas de álbuns. Entenda-se por álbum, CDs, fitas K7, discos de vinil e lançamentos digitais do gênero. Foi o pior desempenho desde 1996. Foram comercializados cerca de 618 milhões de cópias, uma queda de 7,2% em relação a 2004. As causas pelo mau desempenho, seriam os downloads ilegais de músicas, a falta de lançamentos de impacto e novas formas de entretenimento, como o videogame.
O dado interessante é que mesmo assim, o mercado fonográfico não teve prejuízo. O salvador da pátria foram os downloads pagos de faixas. É mais vantajoso você baixar as faixas que você gosta do que comprar o CD inteiro.
Essa prática não é nova. Na minha época eram as fitas k7. Os fãs menos exigentes se contentavam em gravar a música que as rádios recebiam jabá pra tocar no rádio. Outros, como eu, queriam sempre o lado B. E aí, comprávamos o disco. O que me parece que está acontecendo agora é que os álbuns estão saindo com tão poucas faixas interessantes, que realmente é mais negócio baixar faixa por faixa.
No último post eu dei um exemplo de trabalho que fez milhões correrem as lojas de discos para comprá-lo, o álbum Tapestry, da Carole King. Se tivesse sido lançado atualmente, o fã teria que comprar o CD, já que teria prejuízo se fosse baixar todas as faixas. A própria industria, ao disponibilizar os downloads pagos, mostrou que está consciente do problema. Então, NA MINHA OPINIÃO, a solução é mais difícil do que parece, pois passa rigorosamente pela melhoria na qualidade dos atuais trabalhos. Há muitos anos que não é lançado um CD que me faça ficar angustiado para tê-lo, como antigamente.
E você? O que acha?

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Com Trilha Sonora

“Enquanto comíamos, ela me contou como decidiu separar-se: “Numa noite de tempestade, acordei com os trovões. Gilberto dormia. Fui para a sala e sentei-me ao piano. Comecei a dedilhar as teclas e acabei conseguindo tocar You’ve Got a Friend, Carole King. Lá fora, raios e relâmpagos, o ar elétrico sobre a cidade. E eu ali, no piano. Há anos eu vinha tentando tocar essa música e senti um prazer enorme, um prazer que se traduziu em emoção. Voltei para a cama decidida a só viver com um homem que me trouxesse prazeres como aquele, entende?”

O Lacerda, detetive do meu romance A Arte de Odiar, é foda! Ele não satisfeito em contar os seus causos, agora quer também dar sugestão de música. É mole?
Na verdade, o trecho acima é do A Arte...e foi baseado numa canção do álbum Tapestry, da cantora/compositora Carole King, que há 35 anos, seres abissais como o Lacerda curtiam.



Sempre achei que o artista precisa estar antenado com o seu tempo. Se ele, artista, conseguir captar o que está rolando no inconsciente coletivo ou no mundo que o cerca, e passar isso com talento, não há como sua obra não ser um sucesso. O problema acontece quando o trabalho está didaticamente ligado ao seu tempo. Ou seja, fica datado.
E foi isso o que aconteceu com Tapestry, o antológico álbum da cantora/compositora novaiorquina Carole King.
Tapestry é um trabalho datado. Mas há 35 anos vem emocionando gerações. Para melhor compreendê-lo é preciso entender os EUA em 1971. Bem, vamos lá. A guerra do Vietnã completava o seu sexto ano e havia um certo cansaço por parte do movimento pacifista, o pessoal que há cerca de 7 anos participava de protestos, manifestações, passeatas, panfletagens e conflitos com a polícia. Até mesmo os mais otimistas já começavam a desistir. O clima geral era de desilusão, cansaço, desânimo. Carole – uma compositora veterana na música pop – conseguiu expressar todo esse sentimento. Por isso, Tapestry é triste, feito para uma geração cansada de tumultos, protestos e revolta. Para uma geração que só queria estar no conforto e na paz do lar. Por isso a capa do Lp é emblemática, ao mostrar Carole na janela de casa cercada por seu gato e seu tricô. A melancólica Home Again é a que melhor dá uma idéia do clima da época. Foi feita sob medida para a geração que nos anos 60 havia caído na estrada ao sabor do destino e agora retornava a tudo que havia deixado pra trás. Mas também tem You´ve Got A Friend, a canção que ela havia composto para o amigo James Taylor, quando este estava na pior, sofrendo os percalços do vício da heroína. Só que agora, grande parte da juventude americana também estava triste, sentindo-se desamparada com a morte do sonho dos anos 60 e esta canção calou fundo, virou quase que um hino. Era cantada nos campus, nas festas, nos acampamentos, nos bares e se já existisse karaokê, não teria pra ninguém. Até hoje tem muito coroa que ainda se emociona quando a ouve. “Essa música parece que foi feita pra mim”, todos pensavam. Na verdade, todos gostariam que fosse para eles. Se alguém quiser fazer um estudo sociológico sobre aqueles tempos, You´ve Got a Friend terá que ser citada. No mesmo ano, James Taylor a lançaria em um compacto que venderia mais de 1 milhão de cópias em poucas semanas. Mas quer saber? Gosto mais com a Carole. A sua voz sofrida e carregada de angústia, consegue passar melhor a imagem de alguém mandando uma mensagem para um amigo em dificuldades.
Tapestry entrou na parada americana ainda em janeiro de 1971 e lá ficou durante 7 anos, conseguindo uma vendagem recorde que só seria quebrado em 1976. E quer saber? Merecidamente.

E o A Arte de Odiar parece que será o primeiro livro com trilha sonora, no Brasil.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Wait Until Tomorrow

Estava demorando. Aproveitando o relançamento do meu romance policial, A Arte de Odiar, o Lacerda, o detetive, já começou a me encher o saco para aparecer por aqui. E aceitei dar uma colher de chá pra ele.

Fala, Lacerda!



quarta-feira, janeiro 04, 2006

Sensacional! O acontecimento do mês!!!!



E mais:
Relançamento do A Arte de Odiar!
Valeu a pena esperar.
O que mais poderia acontecer?
Aguardo todos lá!
Só assim a gente se conhece.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Primeira rapidinha de 2006


O Filme de 2005 (pelo menos pra mim)

No ano que acabou de acabar, a gente falou muito mal do cinema americano. Realmente Hollywood não tem estado nos seus melhores tempos. Mas nem tudo está perdido e o melhor filme dos últimos 365 dias é uma co-produção EUA/Alemanha, chamada Crash – No Limite, do diretor Paul Haggis. Embora, o filme tenha estreiado lá fora em 2004, passou por aqui, sem muito alarde, em 2005. E é um daqueles filmes que fazem você sair do cinema com vontade de gritar: “Graças à Deus! Ainda existe roteirista inteligente na face da Terra!!” Aliás o roteiro foi escrito pelo próprio Paul Haggis, junto com Robert Moresco. Os dois costuram diversas histórias, de personagens dos mais variados, com uma precisão oriental, sem tornar o filme difícil, confuso ou cansativo. Tudo circulando em volta de um acidente de carro. Tá certo que a idéia não é nova – vide o excelente Amores Brutos, do mexicano Alejandro González Iñárritu, de 2000. Mas, em Crash, os personagens são mais numerosos e seus dramas pessoas muito mais complexos. Além do mais, viver situações limites no México não é tanta novidade assim. Mas na rica e moderna Los Angeles do século XXI é outro caso. E é através desses dramas que podemos ter uma noção do verdadeiro Grand Canyon de desigualdades sociais neste governo Bush e como isto afeta cidadãos americanos de todas as classes.
Logo no início do filme, o roteiro nos brinda com uma frase maravilhosa, dita por um policial negro para sua parceira. É mais ou menos assim: “Vivemos numa cidade sem toque...em outra cidade qualquer, as pessoas se esbarram nas calçadas. Mas em Los Angeles, vivemos fechados dentro de nossos carros. Acho que nos esbarramos de propósito nos lugares públicos só para lembrarmos como é um toque, para não corrermos o risco de esquecermos.”
Crash ganhou o Grande Prêmio Especial no festival de Deauville. E não foi por outro motivo que a Sandra Bullock aceitou pagar a sua própria passagem de avião até o set, em L. A. só para não perder a oportunidade de participar do filme.
Quer saber mais sobre Crash? Então, mergulhe aqui



Os Mutantes - o retorno


Se algum sortudo for estar em Londres, entre os dias 21 de abril e 22 de maio, poderá curtir a parte musical da mostra "Tropicalia, uma revolução na cultura brasileira”, que irá acontecer no Barbican, o maior centro cultural europeu. O evento durará três meses, deverá contar com um número enorme de trabalhos de artistas brasileiros e promete uma façanha: reunir Arnaldo Baptista, Sérgio Dias, Liminha e Dinho Leme num grupo chamado Os Mutantes. O que vai acontecer, só Deus sabe. Mas recordar os Mutantes é tudo de bom. Então, ouça os originais e cante.
Fuga nº 2
Mutantes
Composição: Mutantes
Hoje eu vou fugir de casa
Vou levar a mala cheia de ilusão
Vou deixar alguma coisa velha
Esparramada toda pelo chão
Vou correr num automóvel enorme e forte
A sorte e a morte a esperar
Vultos altos e baixos
Que me assustavam só em olhar
Pra onde eu vou, ah
Pra onde eu vou, venha também
Pra onde eu vou, venha também
Pra onde eu vou
Faróis altos e baixos que me fotografam
A me procurar
Dois olhos de mercúrio iluminam meus passos
A me espionar
O sinal está vermelho e os carros vão passando
E eu ando, ando, ando...
Minha roupa atravessa e me leva pela mão
Do chão, do chão, do chão

domingo, janeiro 01, 2006

Eu Ipodo, sim. E estou vivendo. Tem gente que não Ipoda e está morrendo.


Estava demorando. O sucesso desse aparelinho ninguém discorda. Já foi até alvo de matéria de um post aqui. Todo mundo adora dar uma Ipodadazinha, no trabalho, na praia, malhando, pedalando, caminhando, enfim. E aí, alguém vem e diz que Ipodar faz mal. Causa perda de audição. Embora seja apenas nos casos de uao contínuo em alto volume, nos últimos dias, a mídia tem alardeado o fato, conforme essa matéria do Village Voice. Seria um complô de gravadoras multinacionais contra o famoso tocador de mp3? Sei lá. De qualquer forma, continuo dando a minha ipodadazinha diária. Mas, por via das dúvidas, passei a fazê-lo num volume mais baixo.




Em dezembro último, este sujeito aí em cima criou um blog.
E antes que você pergunte o que você tem a ver com isso, eu meto logo uma pergunta: "Vocês sabem de quem você está falando?"
Bem, pra quem não sabe, trata-se de Tim Berners-Lee. E pra quem nunca ouviu falar a seu respeito, o cara é simplesmente o criador da WEB. Só. Simplesmente. Se você está aqui lendo este post, agradeça a ele.
E se você ainda não percebeu o que temos a ver com isso, vou logo dizendo a importância deste fato. Aliás, quem fez a minha ficha cair foi a matéria do Julio D. Borges, do último dia 27, no Digestivo Cultural. E sabe por que esse cara nunca teve um blog antes? Porque, assim como muita gente boa, ele também não levava a blogsfera a sério. Até que um dia, ao perceber a popularidade que essas páginas estavam tendo, ele entendeu a força que nós, blogueiros, temos nas mãos.
E antes que você pergunte, eu blogo porque adoro escrever e também porque sinto uma enorme necessidade de expor opiniões sobre o que acontece no mundo. E você?

Por que você bloga?
E está lançada a polêmica.
Blogalera, aguardo opiniões.

Mas por que estás tão derrubada, minha filha?!
O quê?
Ah, a segunda edição do A Arte de Odiar já está saindo
Levante este astral e sorria.