quinta-feira, março 29, 2007

Inocência Em Tempos de Cólera

Foi tirada do site Salvation Inc.

Continuo envolvido num projeto que me obriga a fazer muita pesquisa histórica. Então, encontrei aqui, um fato curioso.

Para quem ainda não estava neste mundo, no ano 1968 o mundo pegava fogo. Conflitos entre a polícia e estudantes rolavam nas principais capitais do mundo. E aqui no Rio a coisa não era diferente. Na manhã de 28 de março, uma manifestação de secundaristas por melhores condições do restaurante Calabouço, mantido pelo governo para que estudantes fizessem suas refeições a preços subsidiados, terminou na morte de Edson Luís Lima Souto, de 18 anos. A opinião pública estremeceu. O corpo foi velado na Assembléia Legislativa, que ficava na Cinelândia. Milhares de pessoas cruzaram a noite visitando o corpo. "Um estudante morreu. Podia ser seu filho.", clamava o povo.

Na tarde do dia seguinte, outra multidão acompanhou o cortejo do Centro até o cemitério São João Batista, em Botafogo, numa clara demonstração de que o povo repudiava a brutalidade.

Há duas passagens no texto que encontrei sobre o cortejo que me chamaram a atenção e coloco na íntegra aqui. Reparem que o texto foi escrito antes da reforma da lingua portuguesa, em 1971.


"Na Praia de Botafogo, utilizando-se de pedras, os participantes do féretro foram quebrando tôdas as lâmpadas dos postes...Na Rua da Passagem pediram a dois guardas que tirassem o quepi à passagem do corpo. Os policiais se recusaram e os estudantes jogaram seus quepis longe, o que quase originou nôvo conflito."


Ao ler isso me dei conta de que a esquerda brasileira parece ter mesmo vocação para tentar vencer satã só com orações, como dizia o ministro Gil, na música Oriente. Me lembrei também do Presidente Lula outro dia, na tv, discordando do rebaixamento da maioridade penal como uma das formas de baixarem a violência. E usando mais uma vez o surrado e desbotado clichê: "a violência só se combate com educação."



Por falar em violência di menor. Esta charge do Aroeira foi publicada na semana passada no O Dia.

terça-feira, março 27, 2007

Detalhes tão pequenos...

Click nas fotos para vê-las bem maior


O Brasil foi descoberto em 1500. Mas os portugueses levaram algumas décadas para descobrirem o Rio. Os franceses chegaram primeiro. Eles chegaram e à margem da Baía de Guanabara, ergueram aquela que seria a primeira construção da futura Cidade do Rio de Janeiro. Esta construção deu origem ao primeiro bairro da cidade, o Flamengo. E é nele que eu moro. Aqui os franceses construiram à beira da baía uma pequena colônia. Até que os portugueses chegaram e os botaram para correr. Mas as influências francesas ainda resistem neste bairro que deve ser apreciado nos detalhes. Como esta construção na Praia do Flamengo, onde funciona o Centro Cultural Julieta Serpa.

Não é por acaso que no Flamengo estão a maioria das construções em estilo art decó da cidade.
Para os apressados, o Flamengo é um lugar como outro qualquer. Mas note os detalhes dos mármores de carrara, dos enormes portões de ferros trabalhados, dos charme antigo dos prédios sem pilotis, erguidos numa época menos violenta, nos enormes vasos espalhados pelas calçadas, das maçanetas douradas nas entradas de prédios sofisticados...o Flamengo é um bairro parado num tempo em que havia mais glamour e requinte no Rio. Para muitos, é um bairro de velhos. Mas eu curto muito viver aqui.

Gosto de viver entre construçoes como esta acima, que lembra mais o Edifício Dakota, em Nova Iorque, na frente do qual Lennon foi assassinado. E foi nesse prédio aí onde viveu e morreu o maior poeta do nosso país, João Cabral de Melo Neto.
Mas o Flamengo está longe de ser o mais luxuoso e caro bairro do Rio. No início do século XX, quando a classe média e a aristocracia da cidade começou a deixar o centro em direção à Zona Sul, o Flamengo experimentou um período de grandeza que durou até a década de 60. Afinal, o Rio era a capital federal e o palácio do governo ficava ali ao lado, no Catete. Depois, as novas gerações, se deixaram se deslumbrar pelo luxo moderno das novas construções, durante o boom imobiliário que tomou conta de Ipanema, Leblon, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico e mais tarde, Barra da Tijuca. Com isso a região entrou num período de decadência.
Nos últimos anos, porém, o bairro voltou a ser valorizado e pesquisas de mercado o apontam como um dos mais procurados para se morar. Os jovens estão atrás dos preços mais baixos e a praticidade de se morar próximo ao Centro, ter fartos meios de transportes e um comércio, sem grife, mas razoável. Além de uma das maiores áreas verdes da cidade.

Os mais velhos procuram...os detalhes...



...os detalhes das ruas mais tranqüilas, das calçadas enfeitadas com vasos ornamentais, enormes apartamentos antigos, em prédios com grandes portões trabalhados e maçanetas douradas. O Flamengo é cheio de ruas arborizadas, praças tranqüilas e locais deliciosos, como este acima, nos fazem sentir na Europa. Mas as pichações nos lembram onde estamos.


Ah, como eu falei, o Flamengo também tem uma extensa área verde, com mais de um milhão de metros quadrados: o Parque ou Aterro do Flamengo. Adorado pela galera da malhação, da corrida, do pedal ou simplesmente o pessoal que quer apenas curtir uma paz de vez em quando. É o meu point. O Aterro (tem este nome porque foi realmente um aterro que fizeram na Baía de Guanabara para construi-lo) é o maior parque à beira mar do mundo e foi neste local que os franceses entraram em combate com os portugueses, quando estes descobriram a cidade, em 1565.

O parque é cortado por uma extensa ciclovia que liga o Centro da cidade ao Leblon. São mais de 30 quilometros. Esta foto mostra a ciclovia deixando o Flamengo e indo em direção a Botafogo e às praias da zona sul.

Aí está a ciclovia cortando o parque. É por ela que dou minhas pedaladas quase diárias. Infelizmente as praias da Baía de Guanabara são muito poluídas e não recomendadas para banho. Sem querer dar uma de morador-coruja, a praia do Flamengo teria tudo para ser uma das mais lindas da cidade, se não fosse pela sujeira. Como é uma praia dentro de um parque, os prédios ficam afastados e tem-se uma sensação imensa de liberdade, como se estivéssemos numa praia fora da cidade. Os ruídos do trânsito também ficam afastados

Outra vantagem que tem atraído muitos novos moradores é que o Flamengo fica a dez minutos do Centro. E com o renascimento tanto da vida cultural e norturna do Centro e da Lapa, está valendo a pena morar nos arredores. Quando o sol do Rio está mais civilizado, costumo ir para o trabalho de bike. Na foto acima vemos a ciclovia indo para o Centro. No fundo até já dá pra ver os prédios da região da Cinelândia.

Mas não se iluda com essa beleza e charme. Todo esse papo foi pra dizer que é nesse bairro que se desenrola a trama do meu livro A Arte de Odiar.

domingo, março 25, 2007

Um Nova Iorquino Neuorótico Em Londres


Woody Allen é um solitário mágico que ajuda uma atrapalhada estudante de jornalismo (Scarlett Johansson) que recebeu uma missão de um jornalista morto (Ian MacShane): descobrir se um milionário (Hugh Jackman) é um serial killer.
Este é o mote de Scoop - O grande furo, novo trabalho do diretor novaiorquino.
Tá certo. Não se deve esperar nada mais de Woody Allen. Pelo menos pérolas como Manhattans, Um Ladrão Bem Trapalhão, Hannah e suas irmãs e Desconstruindo Harry. Então, faça como eu. Vá asssitir Woody no meio de uma tarde sem compromissos. Porque Allen é hoje nada mais que isso, uma boa sessão da tarde. Não que isso venha depreciar o trabalho deste diretor judeu, o mais injustiçado de Hollywood. E foi justamente isso que o fez partir para filmar em Londres. Lá pelo menos obteria mais reconhecimento e gastaria menos com locações e atores. Como havia acontecido em Match Point, seu último trabalho, também rodado na capital inglesa, Allen parece meio deslocado longe de sua Nova Iorque natal. E esse talvez seja um dos motivos pelo qual, para muitos, o velho Woody esteja meio decepcionante. Nova Iorque sempre foi um personagem a mais nas suas tramas. Em Soop..., Londres é apenas a cidade onde a história acontece. Talvez por não conhecer tanto a sociedade britânica, Allen tenha criado um personagem tão difícil de engolir como o personagem de Hugh Jackman, o milionário Peter Lyman, que se apaixona à primeira vista por uma jovem de classe bem mais baixa. E qualquer um que conheça o sistema de classes inglês, sabe que, com exceção de Charles e Diana, isso é muito difícil de acontecer. Para piorar Hugh não está muito convincente no papel, parece mais um bobalhão endinheirado, enganado por uma maria-gasolina. E Johansson não está nada atraente, por sinal.
Não vi outros furos porque eu fui assistir Allen no meio de uma tarde tediosa, dessas nas quais só se quer um pouco de diversão. Esqueça o Allen magistral. Compre um pote grande de pipocas e curta o Allen apenas original, bem feito, impagável e divertido (Há cenas antológicas como a da barca levando os mortos para o inferno).
Aliás, já está em andamento mais um projeto do novaiorquino neurótico, em Londres. Chama-se Cassandra´s Dream e terá Collin Farrel no papel principal. Vamos aguardar.
E a capital londrina está voltandando a ser o centro do universo, como havia acontecido em meados dos anos 60. E os novaiorquinos andam enciumados. Mergulhe aqui e veja a matéria de capa da New York, que chegará às bancas americanas nessa segunda e veja o hilário clima de rixa que está rolando, como no passado aconteceu entre Rio e São Paulo. Ou será que cariocas e paulistas ainda não se entenderam?

quinta-feira, março 22, 2007

Nada como um dia atrás do outro


Por volta de 1975 os muros do Rio começaram a ser pichados com duas frases aparentemente sem sentido. Uma era Celacanto Provoca Maremoto. Nunca descobri exatamente do que se tratava.
A outra era Leia o Livro Universo Em Desencanto.
Na mesma época, Tim Maia, que andava meio sumido da mídia, começou a aparecer na tv para falar da sua seita Mundo Racional. As pessoas não sabiam muito bem do que se tratava. Só sabíamos que era algo relacionado a extraterrestres. Mas Tim lançou um disco na época, esse Tim Maia Racional, que funcionou como uma eficiente ferramenta de marketing, nunca utilizada antes para se promover uma religião.
O disquinho chegou a tocar nas rádios, mas foi ignorado pelo público.
Bem, o síndico morreu em 1998. E hoje Tim Maia Racional virou cult e é um dos discos mais baixados na internet, além de ser disputado a tapa em sebos.
O título deste post parece ter sido o mantra desta tal seita.
O recém-empossado senador Fernando Collor de Mello também deve ter curtido o barato.

quarta-feira, março 21, 2007

A chatice da fama!!!

Tá certo. Isso aí é brincadeira.
Mas aqui não é.

sábado, março 17, 2007

Violência: Causa/Efeito

Foto de Celso Meira do O Globo

Leblon, 5h do último sábado. Um motorista perde o controle do seu carro, sobe a calçada e quatro pessoas que estavam num ponto do ônibus, são jogados para o ar, como pinos de boliche. Segundo testemunhas, o motorista estava bêbado.
O fato foi encarado como apenas um acidente de trânsito, antes de ser completamente esquecido. Afinal, a cidade tem casos de violência muito maiores para se perder tempo com coisas do gênero.
Mas eu não penso assim. Acho que se queremos combater de fato a violência, temos que agir com mão de ferro contra atos irresponsáveis como este.
No dia em que o menino João Hélio foi arrastado feito Judas pelas ruas do subúrbio, eu estava indo para a natação, quando um rapaz em um carro importado avançou o sinal que eu atravessava e por pouco não estou aqui para relatar o fato. Junto comigo, estavam uma senhora de idade e uma mulher carregando um carrinho de bebê. Será que o crime dos algozes do João Hélio foi tão mais grave assim? Acho que o desprezo pelo ser humano foi o mesmo. Os bandidos do subúrbio foram tão desumanos quanto o rapaz de classe média da zona sul, que avançou o sinal sem se preocupar comigo e os outros pedestres.
E se eles não respeitam por bem, devem respeitar por mal. Leis duríssimas em cima deles.
Quanto ao motorista que fez pedestres de boliche em cima de uma calçada, certamente irá perder alguns pontos na carteira e comemorará isso com novo porre. Tomara que não nos encontremos, quando ele pegar o seu carro, ao sair do bar.
O que vocês acham? Mandem bala!

sexta-feira, março 16, 2007

Tiroteio

* Tá certo...
...que as tímidas quedas nos juros ocorridas no começo deste ano diminuiram a competititividade dos fundos de aplicações e, conseqüentemente, o lucro dos bancos. Mas o governo optar por diminuir os juros das cadernetas de poupança e do FGTS me parece crime hediondo.

* Quer dizer...
...que o recém-empossado ministro da saúde José Gomes Temporão tem como uma meta investir no planejamento familiar, como afirmou em sua posse? Parabéns!!! FILHO É PRA QUEM PODE é o meu mantra, lembram?
Aliás, para quem estiver no Rio, dia 20, uma pedida é assistir ao documentário Meninas, da Sandra Werneck, sobre adolescentes grávidas em favelas cariocas. Será no IBASEAuditórioAv. Rio Branco, 124/ 8 andar - CentroRio de Janeiro, RJ, às 17:00h.

* Dias da Caça
É o que parece que aconteceu na última semana aqui no Rio, quando doze policiais militares foram mortos em confronto com bandidos. Segundo o Rio´s Police Body Count até a última quinta-feira, já eram 21 os policiais mortos, desde o surgimento do site, em 1 de fevereiro. Para quem não sabe, o Rio´s Police Body Count é um contador de vítimas da violência, no mesmo modelo do Rio Body Counte do Iraq Body Count. Só que neste caso, as vítimas são aqueles encarregados de nos proteger.

* Aliás...
...a chuva de balas perdidas que tem rolado na cidade nos últimos dias, tem aumentado o número de visitantes deste blog, via Google. O que fazer?

quinta-feira, março 15, 2007

Frase que eu gostaria de ter criado



"Puritanismo: O Insistente medo de que alguém, em algum lugar, possa ser feliz."

H.L.Mencken, jornalista Americano, Sobre A Lei Seca.
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"É triste ter o desejo como inimigo."
Em compensasão, essa é minha e está no A Arte de Odiar, meu romance policial que continuo comercializandopor aqui. São 98 páginas, formato PDF bem fácil de ler. Precinho de dois chopes ou duas águas de coco: R$ 5, via depósito bancário. É só pedir pelo juliocorrea19@gmail.com e mando via email. Com direito a autógrafo.

terça-feira, março 13, 2007

Danoninho

Já viu? É o vídeo novo do U2. Não, do Bob Marley. Não, da Bjork. Não, do Bowie. Não, do Jerry Lee Lewis. Não, do Hendrix. Na verdade, é de todos que fizeram a música mais interessante nesse último século. O nome da música é Windows in the skies e vale por um bifinho.

sexta-feira, março 09, 2007

God Save The Queen


Com atraso, fui assistir A Rainha, nova pérola do diretor inglês Stephen Freas, no último dia 8.
Dia internacional da mulher.
Há apenas quatro meses de se completarem 30 anos desde que uns moleques mal criados chamaram a Rainha de estúpida e facista.
E há cinco meses de se completar uma década da morte da Princesa Diana.
O que isso tudo tem a ver?
Bem, em primeiro lugar, fui ao cinema para matar uma curiosidade. Queria saber por que Helen Mirren havia ganhado o Oscar de melhor atriz e por que tanto barulho em torno da sua atuação. E descobri que se Helen Mirren não tivesse ganhado este Oscar, ele certamente deveria ficar vago, não poderia ser dado para nenhuma outra concorrente, pois nunca se fez tanta justiça em Hollywood. O desempenho de Mirren é estupendo, ao interpretar um papel dificíl por ser real, por ser pouco conhecido e por ser alguém importante.
Acho que toda mulher deveria assistir A Rainha. Se elas querem o poder, seria bom que soubessem o preço que se tem que pagar.
A Rainha se passa num momento crucial da história da monarquia britânica, os momentos seguintes à trágica morte da Princesa de Gales, em agosto de 1997. A mídia e a opinião pública internacional condenaram Elizabeth por se recusar a ir ao funeral de Diana e tratar a tragédia com um desprezo gelado, enquanto o mundo se desmanchava em lágrimas. Eu mesmo me lembro que odiei a rainha pela sua indiferença. Foi o recém-empossado primeiro ministro Tony Blair que aconselhou a rainha a mudar sua posição, sob pena de sofrer uma dolorosa perda de popularidade.
Vinte anos antes, Elizabeth teve que engolir uma banda de desordeiros punks chamada Sex Pistols, que chegava ao primeiro lugar da parada de compactos britânica com uma música barulhenta, God Save The Queen, em cuja letra ela era chamada, entre outras coisas, de cretina. Mas isso não foi nada perto do dia em foi obrigada finalmente a dar uma olhada no mar de braçadas de rosas e outros objetos, que se avolumavam diante do palácio real. Entre as mensagens, Elizabeth leu coisas como: "Diana, eles não mereciam você." ou "Você não tinha o sangue ruim deles."A partir daquele momento a monarquia britânica nunca mais foi a mesma.
Nós, plebeus, presisamos descer do salto pelo menos uma vez na vida. Mas não ela. A rainha. Ela cresceu sendo educada a ser uma pessoa especial, destinada a perpetuar uma tradição familiar que já vinha há séculos. Frears conseguiu uma obra de arte ao mostrar o momento em que a rainha desce do salto, numa tentativa desesperada de manter a coroa.
Os atores, embora nem todos se pareceçam com os seus personagens na vida real - principalmente Charles - têm desempenho magnífico. E mais uma vez Helen Mirren merece grande parte dos aplausos. Ela nos faz mudar nossos conceitos a respeito Elizabeth. Afinal, raspe toda aquela prepotência e você encontrará apenas uma mulher.
Aliás, mulheres, não deixem de assistir.

quinta-feira, março 08, 2007

Discutindo a relação


“Você só lembra de mim quando tá na pior. Como se faz com Jesus Cristo!”
“É melhor você voltar para o seu apartamento.”, Neide esperou a minha reação. Esperou à toa. Então, concluiu: “Vamos ficar uma semana separados. Depois, você volta. Será melhor pra nós dois.”
Aquilo lembrava um artifício de marketing: Supermercados Ki Preço não abrirão amanhã. Mas reabrirão depois com superofertas. Fiquei irritado. Mas não falei nada.
“Nossa relação está chata como um casamento.”, ela prosseguiu.
“Meu casamento não era chato.”
“Ai, odeio quando você fala na Teresa!”
“É ridículo você sentir ciúmes de uma morta.”
“As mulheres são mais inseguras e precisam se sentir amadas todo o tempo.”
“Não torre o meu saco!”
“Antigamente você era mais delicado.”
“Você é um cacto no deserto árido da minha vida.”
“Não precisa ser tão delicado.”
“Você é uma estúpida!”
“Você bebeu demais, está virando um alcoólatra.”
“Não sou alcoólatra. Os alcoólatras bebem porque foram rejeitados pela mãe.”
“O quê?”
“Deixa pra lá!”
“Você me odeia!”
“Não é verdade.”
“Então, olhe nos meus olhos e diga que me ama.”, os romances baratos, os filmes ordinários...
Lacerda, o detetive do meu romance policial A Arte de Odiar, discutindo a relação com sua companheira, Neide.
E continuo comercializando o meu romance policial A Arte de Odiar por aqui. São 98 páginas, formato PDF bem fácil de ler. Como remuneração pelos três anos dedicados ao livro estou cobrando o preço de dois chopes ou duas águas de coco: R$ 5, via depósito bancário. É só pedir pelo juliocorrea19@gmail.com e mando via email. Com direito a autógrafo.

sábado, março 03, 2007

Dois fatos a respeito dela


Fato 1:

Em 1971 os Estados Unidos estavam enfrentando uma grave crise econômica, que se arrastaria durante mais de cinco anos, em grande parte provocada pelos altos gastos com a vergonhosa Guerra do Vietnã. A inflação e o desemprego subiam na mesma proporção e os trabalhadores de classe mais baixa, os mais atingidos pela crise, sem vislumbrarem uma luz no fim do túnel, partiram para o confronto. Os primeiros anos daquela década foram marcados por muitas greves. Uma delas foi a dos portuários, que durante alguns meses, parou todos os portos do país.
Como a maior parte da heroína que entrava nos EUA vinha por via portuária, os viciados tiveram seu fornecimento interrompido abruptamente. E como a heroína é uma droga que pode matar tanto pelo excesso quanto pela falta de usso, instalou-se um verdadeiro pânico nas ruas de Nova Iorque, cidade que tinha cerca de 200 mil viciados naquela época e era conhecida como a Capital Mundial da Heroína. Filmes como Panic at the Needle Square e Operação França I, produzidos naquele ano, mostram o sofrimento dos junkies.
As notícias que chegavam aqui no Brasil eram aterradoras. Via-se viciados tendo crises de abistinência nas ruas, tremendo e vomitando nas esquinas. Houve registro de ataques à drogarias e hospitais, a procura de qualquer coisa injetável. Houve casos até de clínicas veterinárias assaltadas.
O governador e o prefeito, então, se viram numa situação inusitada: foram obrigados a ajudar os viciados a conseguir drogas, enquanto tentavam forçá-los a buscar ajuda.
FATO 2:
Recentemente, conversando com um taxista, ele me contou que horas antes havia pego um cara vestido de médico em Copacabana. O cara tinha boa aparência e carregava também uma maleta de médico. Pediu uma corrida para o Leblon. Disse que estava atrasado para dar a primeira consulta em seu consultório. Quando o táxi parou num engarrafamento na Lagoa, o motorista ouviu algo estranho e ao olhar pelo retrovisor, deparou com o tal médico aspirando uma carreirinha de coca sobre a sua maleta.
Temendo serem vistos por um policial, o motorista pediu que o cara parasse. Sorrindo e entre uma cafungada e outra, o médico disse que costumava usar a droga no local da compra, mas devido ao arroxo promovido pela polícia nos últimos dias, estava sem lugar para usar.
O motorista expulsou o passageiro e nem lhe cobrou a corrida.
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Sempre que um fato violento ocorre, e dessa vez o caso em questão foi o calvário do menino João Hélio, a sociedade debate calorosamente a questão da violência e esse debate sempre desagua na questão das drogas. Dias atrás, o governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou ser a favor da liberação das dita cujas.
O que eu acho?
Sinceramente, não sei. Ainda não tenho uma opinião formada a respeito.
À princípio, sou a favor da liberação da maconha e das drogas sintéticas. Quanto ao crack e à coca, até acho uma alternativa o governo fornecer a droga ao viciado, em troca de um possível tratamento, como é feito e alguns países europeus. Nos fatos que citei no início do post, eu me refiro a pessoas doentes e os problemas sociais ocasionados pela droga. Talvez se a heroína fosse liberada em Nova Iorque, a cidade não enfrentasse o drama que enfrentou (Fato 1). E quando penso nisso, me inclino a fazer coro para uma liberação.
Mas quando penso numa sociedade frágil como a nossa, onde a justiça, a polícia, a educação, a família e as autoridades são tão ausentes, temo que o tiro saia pela culatra e tenhamos que enfrentar uma bandaleira ainda maior que a atual, com gente morrendo de overdose nas esquinas e cheirando no lugares mais inusitados (Fato 2).
O que vocês acham?
Quem sabe vocês não me ajudam a criar uma opinião a respeito?
Está aberta a sessão. Mandem Bala.

sexta-feira, março 02, 2007

Chopes numa noite de verão


Eu e o Jorge "Rasga Mortalha" Ferreira, baiano que vive na Nova Zelândia e que passou pelo Rio dias atrás.

quinta-feira, março 01, 2007

O Descanso da Mulher Sem Paz