quarta-feira, novembro 29, 2006

Vou Ver


Isso é o que parece que todo mundo está dizendo ao ouvir falar do mais recente sucesso do Pedro Almodovar. Eu também disse e cumpri a promessa esta tarde. E o danado do espanhol mais uma vez não me decepcionou. Mas também não me deixou naquele estado de encantamento que experimentei ao sair da exibição de alguns de seus trabalhos anteriores.
A perda de uma mãe talvez seja uma das mais devastadoras experiências na vida de um ser humano. Quem passou por isso, sabe. Infelizmente, eu sei. Enquanto o pai, representado pelo Sol em nosso mapa astral, nos ajuda a construir o nosso caráter, a nossa personalidade, nossa mãe é responsável pelo nosso emocional. É a nossa Lua em nosso mapa astral. E seja em qual casa essa lua estiver, quando ela se apaga, é um baque emocional terrível. Sofremos com a perda de nosso pai. Mas a partida da nossa mãe nos deixa emocionalmente aniquilados.
Volver não fala exatamente sobre a morte de uma mãe e, sim, sobre o retorno de uma mãe que estava supostamente morta, o que é muito mais emocionante. Mas a morte é uma personagem a mais no filme. Morte ocorrida, morte que está por vir, mortes provocada. Assim como no excelente Tudo Sobre Minha Mãe, de 1999, Volver tem um time de mulheres sofridas e lutadoras que têm que lidar com a morte, enquanto buscam resolver certos enigmas em suas vidas. Como sempre, os homens são apenas acessórios.
No fundo o que Almodovar faz em seus filmes é um dramalhão. Até Tudo Sobre..., havia humor e escracho para diferenciar seus filmes das novelas da tv. Com a perda da própria mãe, para quem ele dedicou Tudo Sobre..., o espanhol passou investir mais na emoção, utilizando-se de lindas linhas poéticas, visuais bem trabalhados e diálogos estupendamente bem construídos.
Sentimos falta disso em Volver. Almodovar pareceu optar mais pelo drama, pela história. Por isso, vou logo avisando: quem for ao cinema esperando encontrar o humor kitch de Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos ou Ata-me ou as cenas emocionantes de um Fale Com Ela ou os diálogos inesquecíveis de Tudo Sobre Minha Mãe, vai encontrar um Almodovar um tanto apático, anêmico.
Mas Volver tem a grife Almodovar e estão lá a história que leva atrizes a desempenhos surpreendentes. E que atrizes! Penelope Cruz voltou em grande forma a atuar para Almodovar. Lola Dueñas, Yohana Cobo e Blanca Portillo também estão bem. Mas o destaque vai para a grande Carmen Maura, digna de aplausos, como a mãe que reaparece para rever as filhas e revelar os segredos do seu desaparecimento.
Volver, que estreou na Espanha em março, nos EUA, em 20 de outubro, e no Rio, em 10 de novembro, merece ser visto MESMO! É o mais próximo que Almodovar chegou de uma novela mexicana, mas o espanhol é esperto e talentoso demais para deixar a peteca cair. Embora, volto a dizer, ele tenha se afastado da qualidade da maioria dos seus trabalhos anteriores.
Vá ver. Mas com moderação.

segunda-feira, novembro 27, 2006










Não entendeu nada? Pois é. Acima está o motivo de posts esparsos e curtos. Além de trabalhar muito, tenho reservado também um tempinho para viver. No último domingo participei de um corrida em trilha, nos arredores de Rio das Ostras, litoral norte aqui do Rio, com o pessoal da Kraft bikers. Foram quase sete horas de mais de 60 km de barro, lama, estrada, poeira, subidas, descidas, trânsito, cobras, abelhas, gado no caminho e um mormaço cruel. Muita gente mais nova pediu arrego, mas consegui completar, o que me deixou feliz, devido a minha péssima condição física, após meses de semi-sedentarismo. Já falei aqui que tenho paixão por bikes e foi um grande prazer conviver com essa turma da melhor qualidade. O evento só terminou ao anoitecer, com banhos de piscina, ducha e um almoço de confraternização. Prêmio, principalmente, para quem conseguiu passar por essa prova de fogo. Fui dormir de madrugada realizado.

Mas não se enganem, no próximo post, o blog vai voltar ao normal e a bala vai comer. Tenho novidades e, para aqueles interessados em adquirir o A Arte de Odiar, darei um retorno. Aguardem.

Até lá.

sábado, novembro 25, 2006

Gaivotas, desejo e morte



"As bailarinas não davam a mínima para o morto. Eu devaneava, vendo-as patinar lentas, no gelo azul. Uma, duas, três, cinco, dez. Patinavam juntas, em linha vertical, no início. E na forma de um V, depois. Uma retardatária apressava-se para juntar-se às outras. E todas seguiam sem se preocupar com nada além de si mesmas.
Um homem e uma mulher se amavam. O primeiro filho estava a caminho. A gravidez tornou-se complicada e os médicos, então, aconselharam o aborto. Mas a felicidade havia tornado o casal arrogante e tal hipótese foi descartada. Nada poderia dar errado, pensavam. A mulher acabou morrendo durante o parto. O menino nasceu saudável, mas morreria dezenove anos depois em um estúpido acidente de moto. E o homem seguiu a sua vida, sozinho e infeliz.
Este homem sou eu e as gaivotas não ligavam para mim. Nem para o morto."

Assim começa o meu romance policial A Arte de Odiar, que será relançado em breve

quinta-feira, novembro 23, 2006

Tá infiltrado! Tá tudo infiltrado!


O passageiro branco e de classe média pede para o motorista de táxi parar em frente a um prédio de classe média, em uma rua residencial de Nova Iorque. E diz:
"Eu não quero que você faça nada. Apenas vamos ficar parados aqui."
A câmera dá um zoom até a janela de um dos apartamentos do prédio e vemos a sombra de uma mulher.
“Tá vendo aquela mulher na janela?”, pergunta o passageiro.
O taxista confirma em silêncio.
“Pois aquela é a minha mulher. Mas aquele não é o meu apartamento.”, (risos histéricos), “Você sabe quem mora lá? Você por acaso sabe quem mora lá? Um negro mora lá.”
Sem saber o que dizer, o taxista continua calado. Após alguns segundos de um pesado silêncio, o homem continua:
“Eu vou matá-la. É, não me resta mais nada senão matá-la. Você já viu o que uma magnum 44 faz na cara de uma vagabunda? Pois deveria experimentar.”

Esta é uma das cenas de Táxi Driver – Motorista de Táxi. O taxista em questão era um novato Robert De Niro e o passageiro desesperado era o próprio diretor do filme, Martin Scorcese.
E qual é a história de Táxi Driver? É a história de Travis Bickle, um motorista tão solitário e agredido pela dura realidade das ruas que é obrigado a ver por de trás de seu volante, que acaba tendo um surto psicótico. Só isso. Mas o que fez este filme ser um dos meus preferidos, como já comentei aqui, são as histórias paralelas. Como a do passageiro desesperado. Aliás, esta cena poderia ser tirada e nada seria alterado. É pura perfumaria, mas, na minha humilde opinião, esse é o grande trunfo de Scorcese nos seus filmes. Além de um ótimo contador de histórias, Martin é muito generoso com os seus personagens e trabalha com o carinho de poucos os seus perfis psicológicos. Mesmo os personagens secundários.
Trinta anos depois da estréia de Táxi Driver, eu senti falta do velho e bom Scorcese, ao assistir ontem Os Infiltrados, filme que é o maior sucesso de bilheteria da temporada aqui no Rio. Fui porque era Scorcese. E também porque os críticos – e alguns blogs – me garantiram que eu veria o velho Scorcese. Mas quase perdi a viagem. Ainda não foi dessa vez que o diretor de O Touro Indomável e Cassino, me convenceu que resgatou a velha forma, após fiascos como Gangues de Nova Iorque.
O filme é ruim? De forma alguma. Mas não encontrei nele a grife Scorcese. Senti falta daquelas brilhantes histórias paralelas e de um perfil mais bem trabalhado, principalmente de Billy Costigan (Leonardo Di Caprio), que trai a máfia; e Collin Sullivan (Matt Damon), o policial que passa informações para os bandidos.
São mais de duas horas de trama amarradíssima, muita ação, violência e tensão de tirar o fôlego. Você pagou e Scorcese conta a história para você. Mas não espere muito além disso.
Fui assitir também por que os críticos me garantiram que Jack Nicholson havia pego o seu melhor papel desde Melhor Impossivel. Mentira! Jack continua interpretando o mesmo canastrão de sempre. Só que, por acaso, dessa vez o canastrão trafica armas e drogas.
Quem está realmente bem é Di Caprio. Confesso que nunca tive muita boa vontade com o garoto. Mas em Os Infiltrados ele convence como o ex-policial que não tem outra alternativa a não ser entrar para a máfia e passar informações para o FBI.
De qualquer forma, há diretores dos quais eu só espero filmes que compensem o valor do ingresso; de outros, eu espero bem mais. Talvez o erro seja meu. Por isso, vale a pena conferir Os Infiltrados. Quem sabe você não seja tão exigente, não espere tanto de Martin Scorcese e até goste do filme?

quarta-feira, novembro 22, 2006

Altman



Uma estrela da música country é forçada, a cantar num showmício de um candidato à presidência. Acaba sendo morta por um psicopata. Enquanto seu corpo era retirado do palco, diante de milhares de fãs, um dos organizadores do show grita: "Alguém aí sabe cantar? Alguém cante, por favor! O show não pode parar! Não vamos deixar que isso nos abata. Alguém cante!"
Então, uma garota maluquinha, que durante todo o filme corre atrás de uma oportunidade para mostrar seu talento como cantora, timidamente pega o microfone e começa a cantar: "Isso não vai me abater, isso não vai me abater!", com um vozerão tipo Aretha Franklyn. A multidão passa a acompanhá-la e atragédia é esquecida em poucos segundos.
Assim terminava o filme Nashville, de 1975. Assim é a banda boa e a banda podre da América, uma terra de oportunidades, loucura, ambição, aparências e indiferença pelo outro. Assim era Robert Altman, falecido ontem aos 81 anos. Os jornais desta manhã, ao anunciarem a sua morte, o chamam de o último rebelde do cinema americano. Prefiro dizer que os EUA acabaram de perder o seu último grande cronista.
Luz pra ti Altman.

terça-feira, novembro 21, 2006

Generosidade



"Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso."

Interessante? Sem dúvidas. Pois assim começa Dom Casmurro, do grande Machado de Assis, cujo centenário de morte será comemorado em todo mundo daqui a pouco, em 2008.
Você pode ter essa e outras obras clássicas nacionais e internacionais de graça. Além de obras infantis da melhor qualidade, MP3 fantásticas e pinturas de Leonardo da Vinci, numa grande prova de generosidade do nosso governo.
O triste nesta história é que tudo isso pode acabar por falta de uso. Isso mesmo. O site Domínio Público pode ser tirado do ar pelo governo federal por falta de visitantes.
E você vai permitir que uma das poucas coisas que dão certo neste país acabe por indiferença? Acho que não! Então faça uma visita, nem que seja por curiosidade. Eu já faço a minha parte.


E por falar em generosidade, a família blogueira é linda mesmo. Poucas horas depois de eu chorar porque não conseguia ter um selo do bala, já apareceu amigos querendo me ajudar. Gente da melhor qualidade como a Vera Fróes, láááááá de Santa Maria (RS) e a Cilene lááááááááá da Noruega. O Jôka, do Avenida Copacabana , me indicou o site certo e até ajeitou a foto pra mim. Foi uma prova de generosidade que não se vê muito por aí no mundo real. Mas que se encontra aqui, no virtual. Eu poderia gravar um mp3, no qual eu cantaria Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada...., mas seria uma tremenda ingratidão. Vocês não merecem isso! Mas merecem o meu sincero abraço e um grande OBRIGADO. Essa generosidade certamente irá se converter em momentos felizes para vocês e suas famílias. Podem acreditar nisso.

Bem, o selinho está ali do lado pra quem quiser usar. Pensei em colocar uma foto mais relacionada ao título deste blog, mas vocês sabem que o povo gosta de falar e com certeza apareceria um chato dizendo que estou fazendo apologia à violência, etc. Aquelas coisas! Então ficou este simpático Ipod mesmo. Usem e abusem.

Para terminar, um aviso: Voltei a me atolar. Por isso, novos posts e visitas e comentários nos blogs alheios ficarão temporariamente mais raros. O que fazer? A gente precisa ganhar a vida.

Um abraços em todos.

domingo, novembro 19, 2006

Inferno em Botafogo

"Cada um tem os seus demônios. E nesta noite parece que é verão no inferno e os demônios estão loucos. Todos os demônios estão soltos nesta noite!"

Noite de Sexta-feira, um dia quando as adrenalinas costumam estar em um nível acima do normal. A temperatura havia chegado aos 39 graus, durante o dia. E tudo estava acontecendo num bairro chamado Botafogo. Realmente a coisa ficou quente. Mas apenas no palco do Espaço Café Cultural, durante a leitura da minha peça Esta Noite É Verão No Inferno. Acima estão a Sheila Agued, como a ex-prostituta Odete Escarlate, Elvis Assis, o sargento Gérson, e Janaína Noël, como Ana, a ambiciosa mulher deste.




A história é a seguinte: Ana tenta prostituir o marido para Odete, que tem um rendimento maior. Tudo para conseguir comprar um ar condicionado. E tudo acontecendo numa kitinete, em Copacabana, numa noite de extremo calor. Será que o cara se vende? Só assistindo a peça.

Na verdade, o texto fala sobre ambição e degradação humana. E também sobre a fragilidade dos valores nos nossos dias. Como se vê, temas quentes, numa peça quente, numa noite quente.

Mas calor mesmo veio da reação da platéia que me emocionou. E só tenho o que agradecer aos atores, ao diretor, Tomil Gonçalves, e ao pessoal do Espaço Café Cultural que nos apoiaram em tudo. Foi uma noite de emoções tipo quarenta graus à sombra.

Entre a Mônica Montone, amiga blogueira que sempre me prestigia, e a grande Anna Maria de Assis, após a leitura.



Estou pensando em fazer um selinho com esse ipodizinho aí em cima para vocês botarem nos seus blogs. Mas sou totalmente ignorante nesses assuntos. Alguém ajudaria esse blogueiro excluído?

quarta-feira, novembro 15, 2006

Porque uso meu ipod como instrumento de trabalho

"Eu sinto que o futuro é uma imensidão
Sem contenção, nem muro pra limitar nossa paixão
Se essa paixão me ilude, eu tento ver além
Sempre fiz o que pude pra não fazer mal a ninguém"
Paralamas do Sucesso, Soledad Cidadão

II Pause
Funcionária1: Esse povo não sabe mesmo votar. Só quer saber de futebol. Vão quebrar a cara como quebramos na Copa.
Funcionário1:Não vejo nada errado na Copa. Acho a Copa do Mundo importante para promover o país lá fora. Pelo menos o mundo sabe da nossa existência.
Funcionária2: Também acho. É uma oportunidade do Brasil mostrar que é bom em alguma coisa.
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"Amar nunca me coube
Mas sempre transbordou
Um rio de lembranças
Que um dia me afogou
E nessa correnteza, eu fiquei a navegar
Embora, com certeza, não possa me salvar..."
Raimundo Fagner, Esquecimento

II
Funcionário1: Uma boa medida para se conter a criminalidade do Rio seria prender metade dos torcedores do Flamengo.
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Lá, onde eu estive o sonho acabou
Cá, onde eu te encontro, só começou
Lá, colhi uma estrela pra te trazer
Bebe o brilho dela até entender
Que eu preciso, eu preciso de você
Ah, eu preciso, eu preciso, eu preciso muito de você
Só fecha o seu livro quem já entendeu
Só peça outro amor quem já deu o seu
Quem não soube a sombra não sabe a luz
Vem não perde o amor de quem te conduz
Taigura, Teu Sonho Não Acabou
II
Funcionário1: Acho que estão sacaneando o Brasil. Nosso país tem crescido muito e já deve ser mais rico do que muitos países europeus, como a Espanha, por exemplo.
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Eu e o meu violão
Vamos rogando em vão, o seu regresso
Se soubesses como choro e como peço
Pra que o nosso fracasso se trasforme e progresso
Apesar de todo erro, espero ainda
Que a festa do adeus seja a festa da vinda
Já perdi tantos amores
Não, não tem diferença
Pensei que passavam séculos sem a sua presença
Misturada entre as pedras preciosas do mundo
Com um simples olhar
Ah, você não confundo
Cartola, Festa da Vinda
II
Funcionária2: Mudando de assunto, vocês já viram o cara com quem a fulana(funcionária3) está saindo?
Funcionária1: Ah, ela deve estar pagando. Para sair com aquilo, só pagando!
Funcionária2 e Funcionário1: (risos)
Funcionário2: Quero morrer amigo de vocês.
Funcionária!: Ué, você encararia aquele dragão?
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A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve, mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
...A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila, depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor...
Milton Nascimento, Felicidade

II
Funcionários (Todos): (risos)
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"Eu vou fazer de você
A ponte erguida pro outro lado da vida
Eu vou fazer de você
Clareira aberta na selva suja da rua
Eu não nasci pra viver mentindo
Sorrir em troca e morrer fugindo
Por isso somos iguais, nós somos dois animais
que se anihnam
que se amigam..."
Erasmo Carlos em Dois Animais Perdidos Na Selva Suja da Rua
II
Funcionária3: Oi, bom dia, gente.
Funcionária1: Oi, querida! Você está ótima!! O namoro está lhe fazendo bem!
Funcionária3: Está mesmo!
Funcionária1: Hum!!! Posso pegar carona contigo hoje? Aí você vai me contando os detalhes!
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What's it all about, Alfie?
Is it just for the moment we live?
What's it all about when you sort it out, Alfie?
Are we meant to take more than we give
or are we meant to be kind?
And if only fools are kind, Alfie,
then I guess it's wise to be cruel.
And if life belongs only to the strong, Alfie,
what will you lend on an old golden rule?
As sure as I believe there's a heaven above, Alfie,
I know there's something much more,
something even non-believers can believe in.
I believe in love, Alfie.
Without true love we just exist, Alfie.
Until you find the love you've missed you're nothing, Alfie.
When you walk let your heart lead the way
and you'll find love any day, Alfie, Alfie
Burt Bacharach, Alfie


O fenômeno do ipod (já abordado em um post antigo aqui) foi capa da Newsweek, em 2005.


domingo, novembro 12, 2006

Perdeu!!


Era uma vez um honesto cidadão que comprou uma casa modesta no subúrbio do Rio. A casa seria para alugar. O cidadão queria apenas uma forma de completar a sua renda. Um detalhe: esta casa ficava junto a um morro. Na época da compra havia uma pequena favela no local, que foi crescendo com o passar dos anos. O último inquilino se foi e o tal cidadão passou a ter dificuldades para alugar. O imóvel ficou fechado por três meses, até que o proprietário resolvesse vendê-lo. Um dia o pacato cidadão apareceu com alguns pedreiros para iniciar uma reforma e foi recebido por um grupo de bandidos armados. E foi obrigado a ouvir deles: “Fique sabendo que você não é mais dono de mais nada aqui. PERDEU! E não adianta chamar a polícia. A gente sai fora, mas volta.”
O pacato cidadão, então, recorreu a diversas autoridades e, sem obter uma solução, decidiu abandonar o imóvel.
Sei que o problema não é novo e por isso mesmo me surpreende, porque acontece há tanto tempo, continua a acontecer e ninguém faz nada para resolvê-lo.
O mais grave é que quando o marginal disse “PERDEU”, ele não tinha a noção de que não era só o tal pacato cidadão que estava PERDENDO. Pense bem:
1 – A prefeitura PERDE, porque bandido não paga IPTU;
2 – A cidade PERDE, porque a arrecadação caiu e a prefeitura tem cada vez menos grana para fazer o necessário;
3 – O ramo do tursimo – atualmente um dos principais meios da arrecadaão do Rio - PERDE, porque a cidade está mais suja, mais feia, mais mal iluminada, mais mal cuidada, devido ao problema acima;
4 – As distribuidoras de gás, eletricidade e água também PERDEM pelo mesmo motivo do item 1. Para se auto-sustentarem, precisam pressionar o governo para aumentarem as tarifas, o que geralmente conseguem. Aí, todos os honestos cidadãos PERDEM também;
5 – O país como um todo também PERDE, não só porque os novos moradores da casa é uma gente que nada produz e aumenta a criminalidade, mas também porque essas invasões aumentam o desânimo, a revolta e o descrédito dos outros pacatos cidadãos que estão levando a nação nas costas. E os resultados podem ser imprevisíveis.
Com certeza um petista ao ler isso diria que “os invasores são vítimas da má distribuição de renda, etc”.
Alguém da direita culparia o estado pela inércia e coisa e tal.Mas ambos devem relaxar, porque os dois lados sabem que nem tudo está PERDIDO, nem todos estão PERDENDO. Tem muita gente GANHANDO com esta situação.





E nessa segunda, dia 13, tem o lançamento do livro acima. Mais um do meu brother, o jornalista e escritor Marcelo Moutinho. Será na Livraria da Travessa, rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, 20h. Vale a pena conferir uma prosa da melhor qualidade. Irei se os preparativos do evento abaixo não tomar todo o meu tempo.



O GRUPO AUTORES EM CENA
CONVIDA VOCÊ PARA A
LEITURA DRAMÁTICA DA PEÇA



“ESTA NOITE É VERÃO NO INFERNO”
DE
JÚLIO CÉSAR CORRÊA


DIREÇÃO DE TOMIL GONÇALVES

EM CENA OS ATORES:
ELVIS ASSIS
JANAÍNA NOËL
SHEILA AGUED


DIA 17 DE NOVEMBRO ÁS 21:30
ESPAÇO CAFÉ CULTURAL
Rua São Clemente, 409 – Botafogo
Entrada grátis – Estacionamento em frente

quinta-feira, novembro 09, 2006

Wild Side



A Lista


Achei no Del.icio.us um site com os melhores/mais importantes filmes produzidos em todo o mundo. A lista foi elaborada por críticos e diretores e, entre centenas de outras listas do gênero que já li, esta até que me pareceu a mais justa, embora - como sempre - haja discordâncias.
O filme número 1 é - claro - Cidadão Kane (foto). Já está virando clichê. O que mais me chamou a atenção foi que nas primeiras posições só há filmes antigos. O Mais recente é O Touro Indomável, do Martin Scorcese, na posição 12. Assim mesmo, uma produção de 1980. Não há sequer um filme desta atual década entre os 100 escolhidos. E acho que não é muito difícil se saber por quê.
Brasileiros? Bem, acompanhei até a posição 343 e só encontrei o nosso Cidade de Deus, que aliás está nessa mesma posiçao. Mas não devemos esquecer que é uma co-produção brasileira, americana e francesa.
O site, além de muitas informações sobre os filmes, também coloca os holofotes sobre atores e diretores importantes para a história do cinema. E também escritores cujas obras viraram obras-primas. Como por exemplo, Raymond Chandler, autor de romances policiais (Oba!!!!)
A lista completa? Mergulhe aqui.
E pra você? Qual foi o filme da sua vida?
Os meus? Empatados: Taxi Driver - Motorista de Táxi (1976), do Martin Scorcese e Perdidos na Noite ( John Schlesinger, 1969).


Evolução do aquecimento global, tirada lá do Saravá Club.

domingo, novembro 05, 2006

Tragédia Grega


Story Line: Um homem idoso começa a enfartar em sua casa. Seu filho, de 19 anos, pega sua moto para procurar um táxi para levar o pai ao hospital. Encontra um numa rua próxima. Quando vai deixar a moto na calçada para entrar no táxi, é baleado mortalmente por um policial militar que o confundiu com um bandido. Seu pai, o homem de meia-idade, morre horas depois no hospital.
Poderia ser uma pequena sinopse de um filme, mas aconteceu, na última semana, no subúrbio do Jacarezinho, aqui no Rio. Os personagens são o aposentado João Rodrigues de Macedo, 71 anos (como o enfartado) e seu filho, estrelado pelo entregador de pizzas, Bruno Ribeiro. O vilão foi o soldado PM, Julio César de Oliveira Lira, que agora pode pegar até 20 anos de cadeia.
Quero eu acreditar que tudo não tenha passado mesmo de um engano. Um engano que não pode acontecer. Mas essa história está muito mal contada e ainda promete cenas emocionantes. O policial alega que pensava que o jovem estivesse assaltando o taxista (coadjuvante não-identificado). Mas sem arma? "Nós pagamos impostos para que nossos defensores nos matem!". Esta frase certamente estaria no roteiro do filme, se fosse realmente um filme, mas foi dita pelo tio do entregador morto, Celso Ribeiro, na ocasião do enterro do rapaz.
A guerra vivida no Rio de Janeiro já produziu muitas tragédias, mas esta chocou ainda mais a cidade por ter ocorrido devido a um erro, por ter sido praticada por alguém de quem se espera proteção e por ter o diabo levado dois inocentes com apenas um tiro.
Apartir de agora qualquer ficção que eu colocar neste blog vai parecer piada.

E por falar no Diabo...

"Às vezes eu me sinto como aquelas mulheres do circo, que ficavam sorrindo enquanto um homem atirava facas em volta delas, lembra?... Acho que viver é a arte de sorrir enquanto nos atiram facas."

Palavras de Odete Escarlate, na minha peça Esta Noite É Verão No Inferno

O GRUPO AUTORES EM CENA
CONVIDA VOCÊ PARA A
LEITURA DRAMÁTICA DA PEÇA
“ESTA NOITE É VERÃO NO INFERNO”
DE
JÚLIO CÉSAR CORRÊA
DIREÇÃO DE TOMIL GONÇALVES
EM CENA OS ATORES:
ELVIS ASSIS
JANAÍNA NOËL
SHEILA AGUEDDIA
17 DE NOVEMBRO ÁS 21:30ESPAÇO CAFÉ CULTURALRua São Clemente, 409 – BotafogoEntrada grátis – Estacionamento em frente








Drummond



Apesar deste ser um blog 80% dedicado a literatura, eu vergonhosamente deixei passar em branco o aniversário de Carlos Drummond de Andrade, nosso poeta maior. A Luma até propôs uma homenagem coletiva, mas a minha famosa falta de tempo me impediu de postar algo. Para me redimir resolvi fazer algo diferente. Ao invés de postar um poema ou um comentário sobre o mega poeta, decidi fazê-lo ler um poema para vocês. Não! Não fui a nenhum centro de mesa manter contato com o pobre Drummond, falecido em 1987. Clique aqui e continue a fazer suas coisas, enquanto Drummond lê Memória, gravado no lp Antologia Poética, lançado pela gravadora Polygram/Philips, em 1978. Tudo foi gravado no apartamento do poeta, em Copacabana, no Rio. Um presentaço!
Acho que estou perdoado.

Ai, ai, ai, ai...tá chegando a hora!

O GRUPO AUTORES EM CENA
CONVIDA VOCÊ PARA A
LEITURA DRAMÁTICA DA PEÇA


“ESTA NOITE É VERÃO NO INFERNO”
DE
JÚLIO CÉSAR CORRÊA


DIREÇÃO DE TOMIL GONÇALVES

EM CENA OS ATORES:

ELVIS ASSIS
JANAÍNA NOËL
SHEILA AGUED

DIA 17 DE NOVEMBRO ÁS 21:30
ESPAÇO CAFÉ CULTURAL
Rua São Clemente, 409 – Botafogo
Entrada grátis – Estacionamento em frente