segunda-feira, dezembro 29, 2008

Enquanto isso, numa praia do nordeste...


- Só três vieram trabalhar hoje? Cadê o resto do pessoal?

(...)

- O quê? O baiacu está com crise do pânico? E o pintado?

(...)

- O quê? Foi internado com transtorno bipolar? Caraca, a Tainha está em licença maternidade! E o Linguado?

(...)

- Como é que é? Saiu para um ano sabático? Puta merda, mas só tem vagabundo nessa porra?! Cadê a arraia, aquela vadia? E as tartarugas? Os turistas estão chegando, os turistas estão chegando! Depois não adianta reclamar pra aqueles ecologistas de merda!

Eu já havia deixado o pouco do estresse que ainda resistia lá em Itaparica. E ainda passei uns dias em Macaraípe e Suape, que eu já conhecia.



Os dois lugares ficam perto de Porto de Galinhas - que particulamente detesto, por ser muito lotado de turistas e comerciantes gananciosos. Aliás, ambos se merecem.
A impressão é que Maracaípe e Suape estão há centenas de quilômetros do tumulto de Porto.


Praias vazias, áqua quentinha, o vento nordestino lhe fazendo uma massagem. Horas e horas jogados numa areia, compreendendo o verdadeiro significado da palavra "vida". Como era baixa temporada, os preços estavam bem convidativos. E ainda tive a sorte de encontrar gente que sabia tirar da vida o que ela tem de melhor. E isso é contagiante...




Roberta, Marlon e Leandro. Gente da melhor qualidade e inesquecível. Depois de um mês na Europa, o sol nordestino era tudo que eu precisava.

Vendo o estrese passar láááááááááááá longe. A impressão era de que não terei estresse nos próximos cinqüenta anos. Eu precisava e merecia isso.


E depois, foi só pegar a estrada novamente. Por que ainda tinha muito chão. Isso mesmo! Quando em agosto passado eu falei que iria tirar uns meses viajando para repaginar a minha vida, não estava brincando.


Dizem que há uma crizesinha rolando, é verdade?


E quero aproveitar para desejar que essa última foto reflita a imagem de um 2009 maravilhoso que está por vir para todos nós. Dificuldades sempre estão incluídas no pacote, mas que sejamos fortes para enfrentá-las.


Feliz 2009 para todos!

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quinta-feira, dezembro 25, 2008

Solta um Recife com chantilly!!!

Recife, Boa Viagem, 6h05m

07h19m

11h09m
13h22m

15h19m
16h37m De Belo Horizonte, já me mandei para o meu mergulho anual em Recife. Este ano o governo me pagou para ficar neste hotel, fiscalizando o movimento da maré.

Sobre Recife nem vou falar nada. Já falei muito da cidade aqui, quando lá estive no ano passado, com direito a belas fotos em Fernando de Noronnha.

Ah, o chantilly foi Itamaracá, onde passei alguns dias me desintoxicando de estresse...





Saiu tudo pelos poros e na urina.

Ah, só me estressei com a maré. Ela andou meio atrasada todos os dias. Puta merda! Nem na maré a gente pode confiar mais.

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

Uma esquina, um clube

Preste bem atenção nesta esquina.





Parece uma esquina comum em um bairro de classe média baixa, em qualquer capital brasileira.



Mas não é. Talvez, essa seja a esquina mais famosa da nossa música popular.


Estamos falando da esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no pacato bairro de Santa Tereza, Belo Horizonte.
Nessa esquina, há cerca de uns quarenta anos, um grupo de jovens boêmios e músicos, sem grana para programa melhor, ficavam ali, sentados no meio fio, tocando violão, cantando e sonhando alto. Eles se auto-denominaram Clube da Esquina e esse acabou sendo o título do histórico álbum lançado pelo Milton Nascimento e Lô Borges, em 1972. Já contei a linda história que cerca esse trabalho e a triste história que esse disco representa para a minha família neste post de janeiro de 2007, ano em que o trabalho completou 35 anos de existência. É um dos trabalhos mais famosos da nossa música.


E a prefeitura da cidade justamente fez essa homenagem ao grupo e está na parede de uma das casas da tal esquina.

Assim que cheguei da Europa, precisei ir à capital mineira para resolver problemas pessoais e não resisti em satisfazer o desejo antigo de conhecer essa esquina tão famosa. Acredito que pouca coisa tenha mudado desde que Milton e sua turma ali se reuniam. Senti certa emoção.

Depois, me mandei para Diamantina...










Era a última cidade história que faltava conhecer. Congonhas, Mariana, Ouro Preto, Tiradentes, São João Del Rey, Sabará. Conheço todas.

Amei Diamantina. Amei o seu astral, os seus restaurantes, o seu povo extremamente acolhedor e alegre, sua boemia e sua comida. Tudo.
E com o astral da cidade mineira e com a benção deste padre aí da foto que desejo a vocês e aos seus familiares...
UM NATAL FELIZ, REPLETO DE PAZ E ALEGRIA!!!

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domingo, dezembro 14, 2008

A gente tem sede de quê?

Estão abertas as apostas. A foto acima é a entrada de:

A) um teatro;

B) uma estação feroviária;

C) uma repartição pública;

D) um hotel; ou

E) Um mercado onde as atrações principais são frutas e legumes?
O Mercado 24 de julho, na zona portuária de Lisboa, é um exemplo de que Portugal é um país que valoriza o requinte até nas coisas mais cotidianas. Isso, fruto de seu passado de Coroa Portuguesa.
Já se foi o tempo em que o turista só viajava atrás de belezas naturais e compras. Hoje em dia, vence quem conseguir criar roteiros alternativos. Aqui no Brasil, por exemplo, Florianópolis tem prais belíssimas, mas sempre que por lá apareço, reservo um tempo pra curtir o seu Mercado Municipal. Por outro lado, aqui no Rio, é cada vez maior o interesse de turistas em conhecer favelas.
Loucura? Turista antenado sobe em favela, se ela for uma das características do lugar que está conhecendo. E também faz compras no mercado público, sim, pois ele quer entrar em contato o máximo possível com o dia-a-dia da cidade, pois é através do seu cotidiano que se conhece melhor um lugar.

Praias? Lisboa tem algumas nos seus arredores (como a do Guincho, na foto acima, e sobre a qual já falei no último post).


Mas turista moderno tem sede de apreciar uma a arquitetura portuguesa, que apesar de não ter o meso requinte de Londres ou Paris, também tem o seu valor...

...ou será que esse prédio da prefeitura de Sintra não faz bem aos olhos?

E esse do Museu de Etnologia e Arqueologia, em Belem?

Mas Portugal também quer ser moderna, sem perder o link com as suas tradições - o que é uma tendência no mundo todo. Um exemplo é esse terraço aí embaixo, na subida para o bairro do Alfama, uma das áreas mais antigas da cidade, onde, à tarde, funciona um bar tipo lounge e á noite são promovidas raves com o melhor da música eletrônica internacional.


Ás vezes, essa tentativa de ser moderno soa tão confusa, como a vitrine dessa loja no Chiado. Os portugueses só começaram a ser modernos após entrarem no Mercado Comum Europeu,no sanos 90. E temos que levar em conta que, até 1974, o país enfrentou décadas de governo militar, que transformou Portugalna nação mais atrasada do continente.

Mas os ares de modernidade estão, por exemplo, no metrô de Lisboa, que funciona muito bem. Aliás, as coisas funcionam relativamente bem por lá. E devido às semelhanças que existem com o Brasil, além da língua, ficamos com a impressão de que Portugal é o que o Brasil seria se tivesse dado certo. É o como gostaríamos que o Brasil fosse.
E volto a dizer: moderno, mas sem perder o contato com suas tradições, como essa leiteria/cervejaria, bem no Centro da cidade. E é disso que o turista gosta, essa diversidade, esse contraste que aumentam o charme de qualquer cidade. Nós temos sede disso.

O Monumento dos Descobridores, bem ao lado da Torre de Belem, veio me lembrar que fomos colonizados pelos portugueses. Antes de conhecer esse país, eu tinha a imagem equivocada de gente tacanha que me olharia de cima à baixo, com a superioridade de quem, de certa forma, foi o responsável pela minha existência.
Mas uma das coisas que mais me maravilharam em Portugal foi justamente o carinho que os portugueses têm pelos brasileiros. Embora não sejam modelo de simpatia, seus olhos brilham e um sorriso logo se abre quando nos apresentamos. E o que um turista pode querer mais?
O Monumento dos Descobridores fica às margens do Tejo, de onde partiam muitas das embarcaçõs que partiriam pelo oceano à fora, em busca de novas colônias.
Hoje, são os milionários que enchem o rio nos dias de verão.
Além das piadas, ouvi muita gente dizer que o mal do Brasil era ter sido colonizado pelos portugueses. Sempre desconfiei. E agora, após conhecer Portugal, vejo que isso é uma grande injustiça. Se o Brasil não deu certo é culpa nossa. Os portugueses nada têm a ver com isso. E quer saber? Eu sinto até um certo orgulho por ter sido colonizado por um povo tão pacato, educado, lutador e receptivo.

E vou confessar: assim como havia acontecido em Londres, bateu uma deprê na hora de deixar essa cidade fantástica. E uma enorme vontade de voltar um dia.

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