domingo, março 29, 2009

Blogueiro também tem saudade - Parte I


* Estou querendo voltar a escrever pequenos policiais. Para quem ainda não conhece esse meu lado "a vida como ela é", aproveito para ressucitar esse aqui...
Wait Until Tomorrow

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quinta-feira, março 19, 2009

Caminhando e garimpando




A maioria dos turistas que vem ao Rio estão atrás de praia. Mas é cada vez maior o número de interessados em passeios alternativos. Isso é uma tendência mundial, como já falei no post A Gente Tem Sede De Quê?, sobre a minha passagem por Lisboa, lembra?
E para atender a essa demanda, vários setores passaram a oferecer passeios totalmente na contra-mão dos pontos turísticos convencionais. E tem para todos os gostos: circuito literário, circuito histórico, circuito da Floresta da Tijuca, circuito sobrenatural (Isso mesmo. Um passeio a imóveis onde se acredita residirem fantasmas famosos), circuito das fortificações (e existem muitas no Rio e nos arredores), circuito das favelas, etc.
O mais interessante, para mim, e que deve ser feito antes de qualquer outro é o passeio promovido por professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro pelo Centro da Cidade, durante o qual não só se aprecia os vários tipos de arquitetura existentes, como também, conhecendo lugares importantes na história do país ocorridos no coração de uma cidade que já foi capital federal.
Esses passeios são grátis e ocorrem aos domingos. Os interessados devem ir com disposição, pois costumam durar perto de seis horas, com pausa para lanche e almoço.
O ponto de partida é o Mosteiro de São Bento, onde ocorrem missas dominicais com cantos gregorianos. Vou repetir: missas com cantos gregorianos em pleno Centro do Rio.
E o passeio desce para a avenida Rio Branco e a primeira das muitas paradas é em frente a este prédio, que serve como abrigo de valores do Banco Central. Por questão de segurança, não pude fotografá-lo de perto. Já passei por este prédio umas quinhentas vezes e nunca lhe prestei muita atenção. Aliás, uma das vantagens desse passeio é fazer os cariocas ficarem mais atentos a sua cidade.

E na charmosa bagunça de estilos (nem sempre de bom gosto) no Centro do Rio, o antigo e o novo, vão convivendo, nem sempre harmoniosamente, lado a lado. E a gente vai caminhando e garimpando as pérolas.



E também vai conhecendo as histórias interessantes de outros pontos pelos quais você passa mil vezes, sem ter a mínima noção de que aquele lugar teve um passado.
Por exmplo, sempre achei curiosa a deformação no traçado da avenida Marechal Floriano, em frente à Igreja de Santa Rita. Pois a verdade é que a igreja seria demolida na ocasião da reforma da avenida. Mas os fieis decidiram fazer uma vigília em volta do templo para impedir sua demolição. Para evitar maiores atrasos na conclusão da reforma, o prefeito da época decidiu manter essa jóia que é a Igreja de Santa Rita que tem tantos seguidores no Rio.
Aliás, a muvuva na porta da igreja, na foto acima é justamente o pessoal que fazia o passeio.

A Igreja de Nossa Senhora da Candelária é outro ponto pelo qual os cariocas passam apressados (fica bem no coração do mercado financeiro). Não nos damos contas das histórias importantes em que essa linda igreja foi personagem. Histórias bonitas como o final de tarde de 10 de abril de 1984, quando 1 milhão de pessoas se reuniram do seu entorno até as cercanias da Central do Brasil para pedir por eleições diretas. Era o movimento Diretas Já, lembra?
Também da triste noite de 4 de abril de 1968, quando a PM baixou o sarrafo em quem saía da missa de sétimo dia pela morte do estudante Edson Luis, morto em 28 de março, durante um confronto entre estudantes e policiais militares, no Restaurante Calabouço. Para impedir que o massacre fosse maior, o padre ordenou que os seus sarcerdotes fizessem um cordão de isolamento na frente do templo, para que os fiéis pudessem se afastar do local em segurança. Além disso, ele mesmo foi para a calçada empunhando um enorme crucifixo, obrigando os policiais a recuarem.


E também histórias trágicas como a chacina de meninos de rua, ocorridas numa madrugada do inverno de 1993. Mas essa lembrança, as calçadas não nos deixam esquecer.



Logo em seguida, após uma parada no Centro Cultural Banco do Brasil, a caminhada tem o seu auge na área do Mercado, a parte do Rio Antigo que permanece mais intacta, com os seu casario e seus becos quase virgens, como o Da Cancela (Foto), que ainda preserva a fossa por onde corria a vala a céu aberto, antes da cidade ganhar sistema de esgoto.
Já falei deste trecho do Rio aqui no blog, por isso não falarei mais nada. As imagens falam por si...



Masi uma parada: no Paço Imperial, que foi palco do importante Dia do Fico, final do século 19. O prédio amarelado, ao lado é a Assembléia Legislativa, onde nossos digníssimos deputados se esforçam para melhorar o nosso estado.






Se de perfil o prédio da Assembléia é bonito, de frente é muito mais. O Palácio Tiradentes, nome oficial da Assembléia, tem também uma visita guiada durante a semana.



A imponente estátua de tiradentes, na frente da Assembléia Legislativa. Ao fundo, a igreja de São José, onde meus pais se casaram. Aliás, a história da cidade, como não podia deixar de ser, também está entrelaçada a minha história...

...e na área do Mercado fica o casarão, onde funciona o Cais do Oriente, bar onde este blog nasceu. A tragicômica história que resultou na aparição deste site eu já contei aqui, quando o Bala fez um aninho.
O próximo passeio deve ser em 05 de abril. Mas pegue mais informações no email: roteirosgeorio@uol.com.br . Eles têm um roteiro noturno, contando a história da boemia da cidade. Esse pretendo fazer em breve. E mandarei notícias...post, é claro!

Bom passeio!

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sábado, março 14, 2009

Detesto o verão


Já disso isso aqui e repito: detesto verão.


Vou repetir: detesto verão.

Mas é nas noites arábicas do verão carioca - e em um número cada vez maior - que vários grupos de ciclistas se organizam para cruzar a cidade. Há os pequenos com no máximo 15 participantes e os grandes, com, às vezes, dezenas. Mas todos se dirigem, silenciosamente, sem poluir o ar e cuidando da saúde, para a beira do mar da zona sul.

O meu é esse aí de cima. Em vez de ficar assistindo BBB09, gente de várias classes, condições físicas e idades, se une para passar a noite com amigos, pedalando, papeando e tomando uma água de coco á beira mar.

Tá certo que esse fenômeno, que tem crescido nos últimos anos, não se verifica apenas nas noites do verão. Mas essa é a época do ano que as pessoas se sentem mais estimuladas a pedalar à noite. Os carros ficam na garagem, curtindo o maior desprezo.

E certamente, no verão que vem, mais carros serão desprezados.

As fotos foram tiradas pelo Horácio da Via Pedal . Se alguém estiver para vir ao Rio e quiser participar, mergulhe no site para saber mais detalhes.
Aliás, essas pedaladas são o motivo de os posts ficarem mais escassos. Além de trabalhar muito, acho que mereço esse break. Fui.

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sexta-feira, março 06, 2009

O Crepúsculo do Bofe

Sempre achei que os cinemas deveriam ter uma antisala, onde os espectadores pudessem deixar suas convicções, verdades, dogmas, crenças e etc.
Por exemplo: para se assistir Mamma Mia!, se deveria deixar o mau humor, a seriedade e todos os problemas pendurados nessa sala, assim como para assistir Casablanca, se deveria deixar a falta de romantismo.
Sempre admirei o Sean Penn como ator. Para mim, ele estava na galeria dos bad boys do cinema norte-americano, ao lado de Al Pacino, James Dean, Clint Eastwood, De Niro, etc. Por isso, ao saber que um dos grandes machões de Hollywood, o machão que teve a coragem de dar um pontapé na bunda da Madonna, nos anos 80, iria interpretar não apenas um gay, mas um ativista gay, em Milk - A voz da igualdade, minha curiosidade foi aguçada.
Pois bem, na terça-feira de carnaval fomos ao cinema assitir a Quem quer ser um milionário?(Slumdog Milionaire). Mas parece que todo o Rio de Janeiro teve a mesma ideia e as filas estavam maiores do que as dos banheiros do Sambódromo. Então, decidi matar a minha curiosidade.
E não me arrependi. Foi um prazer encontrar um Sean Penn irreconhecível, interpretando sem exageros, um dos personagens mais controvertidos da história americana: o ativista gay Harvey Milk, assassinado dentro da prefeitura de San Francisco, assim como o próprio prefeito, em 1978. O assassino, um ex-funcionário que havia acabado de ser demitido. Punição pelas duas mortes: quatro anos de prisão!!!! Tal absurdo demorou demais para virar filme. Talvez pelo já tradicional preconceito que sempre imperou em Hollywood.
Mas a mesma Hollywood parece que quis reparar o erro ao premiar a produção com dois oscar, ator e roteiro. Quanto ao roteiro, vi poucos dos concorrentes, mas achei o roteiro de VickyCristina Barcelona, mais interessante. Mas o trabalho do roteirista Dustin Lance Black e do diretor Gus Van Sant, passa muito longe da mediocridade. Logo nas primeiras cenas, você já sente que está prestes a assistir um grande filme. Milk começa mostrando cenas reais de batidas policiais em bares gays nas décadas de 50 e 60, época em que a polícia promovia verdadeiros arrastões nestes locais, que geralmente funcionavam em pontos clandestinos e controlados pela máfia. Foi a época em que um cidadão poderia ter vida ou carreira arrasada somente pela suspeita de ser gay. Um período em que o cara só tinha duas opções: ser macho ou ser preso.
Essa apresentação serve para justificar Harvey Milk e sua militância, até ser nomeado para trabalhar na prefeitura de San Francisco. E lá encontrar Dan White (o excelente Josh Brolin), seu incompetente opositor, que acaba demitido e se vinga com tiros à queima-roupa.
Penn consegue levar muito bem o papel, mantendo o mesmo carisma do ativista gay - embora o mesmo não possa ser dito de outros companheiros seus. Nós nos simpatizamos com ele, torcemos por ele, ficamos tristes com o seu assassinato. Isso se você deixar o preconceito na anti-sala. Conseguimos até morrer de rir de cenas como aquela em que ele se confronta na tv com um pastor moralista.

PASTOR: "Eu condeno vocês, gays. Por que praticam sexo e não conseguem se reproduzir."
HARVEY: "Mas Deus sabe como nós tentamos."

Esse Sean Penn, hein...humpf! Nunca me enganou!
Quero dizer, sempre soube que ele é um excelente ator.

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