terça-feira, julho 31, 2007

O Inimigo Número Um dos Blogueiros


Nome: Andrew Keen.
Idade: 46.
Nacionalidade: Inglês.
Profissão: Historiador/escritor.
Currículum vitae: ex-mestre nas universidades de Berckey e Massachusetts, nos EUA. Foi um dos primeiros moradores no Vale do Silicio, a região quase que exclusiva para feras da informática e foi um dos pioneiros da web.
Hobby: Criticar a internet.
Em seu mais novo trabalho, lançado há pouco na Inglaterra e sem previsão de sair por aqui, The cult of the amateur: How today's internet is killing our culture, ele fala horrores de mim. Aliás, de você também. Dos blogueiros em geral. Por isso blogueiros do mundo todo querem sua cabeça.
Mesmo sem ter lido o livro, já odeio este homem. Por que sou blogueiro e porque sei que no fundo, bem lá no fundo, beeeeeeeeeeeeeeem lá no fundo, ele está certo.

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domingo, julho 29, 2007

O crepúsculo da Vergonha






A Sra. Vergonhanacara era gorda e usava um antipático tallier cinza.
Carregava um bolsa de colo preta e tinha os
cabelos presos num coque ridículo.
Tão austera e grave quanto a sua aparência era a sua voz.
Alta e opressora. Treinada exaustivamente para
constranger. E ela era muito boa nisso.






Não era a melhor época para isso, mas nos conhecemos no natal de 1967. Eu tinha acabado de completar oito anos e tinha pedido ao meu pai um autormama, o brinquedo mais cobiçado pela garotada da época. Éramos uma pacata família de classe média baixa e morávamos em um simples apartamento no subúrbio do Lins de Vasconcelos. Autorama era um brinquedo caro e meu pai não teve vergonha de me dizer que não poderia comprá-lo. Naquela época garotos de oito anos eram muito mais incocentes dos que os de oito anos de hoje e costumávamos nos decepcionar com coisas tolas. Eu pedi, então, de presente um Forte Apache que eu havia visto num comercial da Estrela. Só que o comercial mostrava o brinquedo em tamanho grande e acabei ganhando o menor. Nova decepção.


Havíamos aceitado o convite para passarmos a noite de natal na casa de uns tios, na Tijuca. Esse tio era um alto funcionário do Ministério da Fazenda. Eles tinham quatro filhos e um deles era o Ronaldo, um pouco mais novo do que eu. A situação financeira deles era muito superior a nossa.


E eis a minha surpresa quando chego na casa desses meus tios, encontro o meu primo brincando com um lindo Forte Apache tanhanho família, com muito mais soldados, índios e cavalos. Nova decepção. E uma inveja horrorosa.


Garotos de oito anos costumam ter invejas horrorosas e podem ser cruéis. Então, sem que ninguém percebesse, peguei alguns soldadinhos e escondi dentro do sapato. Eu tinha consciência do que havia feito, sabia que estava fazendo algo errado. Mas "Pô! O Ronaldo tem muito mais brinquedo e mais dinheiro também, podia comprar mais soldados, pôxa!"


Mas ao voltarmos para casa, os soldadinhos começaram a machucar os meus pés e minha mãe estranhou o fato de eu estar mancando. Quando chegamos, ela me levou para o quarto e iniciou o seu sermão de mãe assim que me fez descalçar os instrumentos de ocultação do crime.


Não tínhamos telefone na época. Nos anos 60 ter telefone significava esperar meses até que um plano de expansão da Telerj fosse aberto em seu bairro e depois esperar mais alguns meses até a instalação. Mas sempre havia um vizinho prestativo para nos servir. O nosso era uma viúva chamada Dona Zara, que morava no primeiro andar com seus dois filhos.


E lá estavam os quatro, quando minha mãe me levou para telefonar para os meus tios para pedir desculpas e dizer que na manhã seguinte iríamos lá devolver os brinquedos.


Eu disse que estavam os quatro? Sim, além da viúva e seus filhos, lá estava ela. Com seu tallier antipático e sua bolsinha de colo. Magnânima, corpulhenta e opressora.


"Muito prazer. Ainda não nos conhecemos. Pode me chamar de vergonha.", ela gritou, enquanto eu ouvia a minha mãe contar para os meus tios, pelo telefone, o que eu havia feito.


"Eu só queria...eu só queria...", comecei a falar, evitando olhar para a viúva e seus filhos.


"Não adianta, meu querido. Não adianta se justificar. Eu não vou embora. Aliás, a partir de hoje estarei sempre por perto, sempre pronta para entrar em ação quando for necessário. Ha-ha-ha-ha-ha-ha!!!!!"


E soltou sua gargalhada pavorosa, enquanto eu sentia o oxigênio fugir das minhas narinas.


Mas na última semana me dei conta de que há ela mentiu pra mim. Ela não anda mais perto de mim. Nem me lembro qual foi o último contato que tive com essa senhora. Simplesmente porque depois de tantos contatos traumáticos, acho que desenvolvi algum mecanismo psicológico que me avisa sempre que a incômoda senhora está prestes a entrar em ação.

Mas não pense que a nossa convivência foi pacífica. Ela foi um grande tormento na minha adolescência. Não sei quantas experiências ou aventuras maravilhosas ela me impossibilitou de ter, sempre me reprimindo. Mas isso foi antes de eu ter consciência de que tudo na vida tem um lado ruim. E esse era o lado negro daquela senhora.

Nos último dias tenho pensado muito nela. Por onde anda? O que tem feito? Quantos infelizes deverá estar atormentando?

Conversando com um e outro, fui obtendo informações. E as notícias não foram nada boas. Parece que a Sra. Vergonha está prestes a se aposentar. Ganhando uma ninharia, mora de aluguel numa vila triste, em algum lugar na Baixada Fluminense. Envelheceu, emagreceu, encolheu. Está hipertensa, cardíaca, depressiva, diabética, com as varizes estufadas e a coluna rebelde.

Fiquei sabendo também que suas atividades estão cada vez mais reduzidas. Parece que a velha senhora não tem assustado muita gente. As pessoas riem dela, é ridicularizada pelos mais jovens e agredida pelos mais velhos. As crianças dão gargalhadas quando ela aparece, enquanto os seus pais nada fazem para impedi-las. E ela ainda tem que ouvi-los dizer: "Não quero que meus filhos repitam o meu erro. Fui dar ouvidos a você e veja o que aconteceu comigo. Fui passado para trás por gente que sempre lhe desprezou."

E lá ia a velha senhora, murcha, feia e acabada, servindo de chacota para debochados e cínicos. Em alguns lugares atiravam-lhe coisas.

Sozinha, velha e doente, a Vergonha parece estar mesmo com os dias contados. Soube que suas duas irmãs, a Ética e a Moral, as únicas que podiam ajudá-la, também estavam mal das pernas, jogadas em asilos, definhando às custas do INSS.

O que teria sido de mim se não houvesse a conhecido naquele natal?

Sinceramente, não sei. Prefiro responder com outra pergunta: O que seria do mundo sem ela?

Penso no mundo como um grande Orfanato e a Vergonha seria uma espécie de Madre Superiora a nos punir sempre que burlamos as leis das nossa própria moral. Sim, porque ela só amedronta aqueles que conhecem a dignidade, o respeito e a descência. Porque os que não os conhecem, tendem apenas a ignorá-la. Se eu, lá no fundo, não tivesse consciência de que estava realmente fazendo algo errado, teria mostrado o dedo para aquela mulher gorda e repressora e sabe-se lá o que estaria escondendo dentro dos meus bolsos hoje.


Talvez a missão desta velha morimbunda seja nos confrontar com as nossas verdades, com os nossos valores. E os nossos valores não podem ter realmente algum valor se for contra os interesses dos outros. Acho que esse sempre foi o nobre trabalho dessa senhora que está em sua fase crepuscular. Evitar que entremos em conflito, não com leis, sociedade ou justiça, mas com nós mesmos. Um conflito em que sempre saimos perdendo.


Todas essas reflexões sobre essa velha senhora surgiram após ler isso aqui. Um pequeno/grande texto que será uma vergonha você não ler.

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quinta-feira, julho 26, 2007

Frases que... - VII

Richard Burton e Elizabeth Taylor - marido e mulher na época - na versão cinematográfica do clássico de Edward Albee, em 1966. Foto de Haskell Wexler.



"Meu marido se apaixonou por mim e agora terá que pagar por isto."
A personagem Martha, justificando a sua ira, em meio ao maior lavação de roupa da história do teatro.



Uma madrugada, no início dos anos 60, o dramaturgo norte-americano Edward Albee estava bebendo num bar do Greenwich Village, quando suas necessidades fisiológicas o levaram ao sanitário. E neste sanitário alguém havia escrito na porta de madeira: Quem tem medo de Virgínia Wolf?

Foi a senha para que Albee escrevesse um dos maiores clássicos do teatro mundial, que estreou na Broadway há 45 anos.

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terça-feira, julho 24, 2007

MacTutu


Hamburguer vegetariano?
Existe. Na Índia.
Globalização é isso aí. A multinacional da junk food tem se adaptado seu cardápio Yankee às culinárias do resto do mundo. E isso tem gerado curiosidades como esta versão do bigmac que pode ser de carne de carneiro ou de galinha. Há ainda o tal MacAloo Tikki . A versão zen do vilão dos que querem emagrecer, ou seja, o Mac vegetariano.
E a coisa não para por aí. Na Noruega, por exemplo, há sanduíche feito de salmão e ma Alemanha, as lojas servem cerveja.
Quando teremos os MacSarapatéu, o MacAcarajé ou o MacTutu eu não sei, mas mergulhe aqui e confira outros cardápios do Mac ao redor do mundo.

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sábado, julho 21, 2007

Os Mutantes, quem diria? Acabaram no Carnegie Hall

Os Mutantes-versão século XXI levaram a excursão que marcou a volta do grupo a Nova Iorque na semana passada. Na verdade este show foi mais um evento dentro da programação que, há vários meses vem celebrando os 40 anos da Tropicália, com shows e exposições.

É engraçado ver os americanos festejarem a Tropicália, movimento que nunca entendi muito bem, e que até hoje é tida por muita gente como o maior acontecimento musical na nossa música, nos anos 60.

Era uma época muito radical e de um ufanismo lisérgico. Gil, Caetano, Tom Zé, os Mutantes, Hélio Oiticica, entre outros, decretavam que devíamos valorizar "as coisas brasileiras" e que as influêcias musicais externas eram negativas. Isso numa época em que o cenário internacional era estrelado por gente como Beatles, The Rolling Stones, Hendrix, Cream, Floyd, etc.

Gente esquisita, os tropicalistas. Valorizavam o carnaval, a goiabada cascão com queijo, o piquinique em Paquetá, a Buzina do Chacrinha e desprezavam Blowin´in the wind, do Dylan, por exemplo. Mas se o mais engrançado é que se fizermos uma raspagem em sua música, veremos inegáveis influências do psicodelismo. Gil chegou enfrentar críticas e vaias por cometer o sacrilégio de inserir um grupo de rock - Os Mutantes - na sociedade secreta do Tropicalismo. E, no entanto, basta ouvirmos Alegria, alegria, para notarmos a guitarra delirante na introdução da música. Contradição? Acho que sim.

Por isso acho estranho no palco novaiorquino um grupo que pertencia a um movimento que condenava a música norte-americana. Ou os gringos são muito burros ou são espertos o bastante para promoverem uma armadilha do tipo: "Falavam mal de nós, mas olha onde vocês vieram acabar."

Talvez não seja nada disso. Na verdade, nunca levei a sério a Tropicália. Reconheço a sua importância. Não como movimento em si, mas, sim, o que ela gerou.

O AI-5 decretou a sua morte e abriu as portas para uma geração de novos músicos que não tinham medo de dizer que curtiam rockn´roll tanto quanto samba. Os Novos Baianos foram os primeiros. Os próprios Mutantes iniciaram os anos 70 mais com os dois pés no rock.

Dos Novos Baianos até Chico Scince e a Nação Zumbi, passando pela Cor do Som e por toda a geração do B Rock dos 80, foi um longo caminho e hoje ninguém duvida de que MPB e música estrangeira dá um tremendo caldo.

Não sei como foi o concerto dos Mutantes lá na Big Apple, mas colocá-los dentro de uma homenagem à Tropicália é meio suspeito. Tomara que o Sérgio Batista não tenha usado a patética farda à la Sgt. Peppers que ele usou durante a excurção brasileira. Já posso os ver os americanos rindo e dizendo: "Viu? O mundo dá voltas!"

Vá confiar em americano!

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sexta-feira, julho 20, 2007

Frases que... - VI



Esta foi roubada lá do Marcus Rosa, que participou do Projeto Fotográfico Frases de Bar, divulgado pelo pessoal do Overmundo.

O curioso que, apesar de ser o cúmulo do machismo, esta placa encontra-se no banheiro feminino do popular Mercado de Peixe São Pedro, em Niterói.

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terça-feira, julho 17, 2007

Chet





"...Voltei para casa fora de mim. Tranquei-me no banheiro e tomei um banho demorado. Peguei a esponja de bucha e passei pelo meu corpo para limpar os vestígios dele. Esfreguei a pele até ficar exausta. Depois, deixei-me cair no boxe e acariciei minhas partes íntimas. Fechei os meus olhos. Penetrei o dedo indicador em minha boceta, toquei o clitóris. O prazer transmitido pelas terminações nervosas, simultaneamente com as sensações provocadas pela fantasia em minha mente, reduziram o meu ódio a nada. Era a mesma fantasia que tenho desde a adolescência e que ainda costumo ter na maioria das vezes em que faço sexo com Otávio: Nova Iorque, anos cinqüenta. Eu sou uma vagabunda da rua 42. Estou em meu apartamento miserável, no East Village. A única luminosidade vem de um abajur no canto do pequeno cômodo. A heroína ainda faz algum efeito e sinto uma paz sonolenta. Da vitrola sai a voz melancólica de Chet Baker cantando Time after Time. Espero por Ricky. Ele é boxeador e luta em um ginásio de propriedade da máfia. E ele chega. E eu adoro o seu cheiro acre-doce de homem suado. Diz alguma coisa e tira a minha roupa tão rápido que nem sinto. Então, ele me agarra e se põe dentro de mim com brutalidade. Meu corpo é sacudido com violência. Grito de dor e isto parece excitá-lo. E eu permito. Não sou mais uma vagabunda. Sou apenas uma mulher esperando de um homem muito mais do que ele pode dar. Como a maioria das mulheres."


Virgínia Brandão em trecho do meu romance A Arte de Odiar. Chet Baker é a trilha sonora de 9 entre dez escritores e estagiários de escritores, como eu.


Como sou apressado, aqui vai a minha homenagem antecipada, antes que o mundo comece comemorar os vinte anos de sua trágica morte, em maio de 1988.

domingo, julho 15, 2007

Continue rindo de mim, Argentina



A notícia foi roubada lá do Viaje na Viagem , do Ricardo Freire.
A super badalada revista de turismo norte-americana Travel & Leisure acaba de selecionar os melhores ítens deste ano, como hotéis, companhias aéreas, ilhas, etc.

A votação foi só para assinantes e na categoria cidades, nossa vizinha Buenos Aires ficou gloriozamente em segundo, derrotando pesos-pesados como Nova Iorque, Roma, Sidney e São Francisco.

O prêmio veio confirmar a tendência que já vinha desde o ano passado e já havia sido mostrada pelo caderno de turismo do New York Times, em janeiro último. E que pude verificar quando lá estive na semana santa. A capital portenha está mesmo na moda, dando um banho de elegância, divertimento, charme e cultura. Qualquer dúvida é só procuar o post que fiz e olhar as fotos.

A campeã na lista é Florença. Mas confira a premiação, mergulhando aqui.

A nós brasileiros, só resta nos contentarmos com o fato de que, pelo menos, o hotel Fasano Vieira Souto, aqui do Rio, está entre os melhores.

E com o fato de que Buenos Aires está logo ali e o real está valorizado.

Ah, já ia me esquecendo...também com o fato de que o nosso Cristo é uma das maravilhas do mundo.

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quarta-feira, julho 11, 2007

Embalos de Sábado À Noite




No final dos anos 90 eu escrevi este conto, que teve uma repercurssão extremamente negativa.

Em outubro de 2005, eu o publiquei neste blog e a reação foi a mesma.

Hoje, quando vejo a multiplicação de casos de violência envolvendo jovens da classe média, fico assustado ao perceber que a minha ficção assustadora há mais de dez anos, está cada vez mais próxima da realidade.

Leia e confira...


"A realidade é inacreditável.”


Clarice Lispector








A primeira porrada é na boate.



Os cinco chegam zuando e Batman vai logo batendo pro segurança.



“Aí, compadre. Fica na tua. Viemos dar um sacode num pessoal aí. Uma vagaba e um otário, valeu? Não se mete. Pro teu bem.”


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domingo, julho 08, 2007

O Cristo...ainda.

(Click nas fotos para vê-las melhor)

A "Maravilha" vista do Pão de Açucar.

Recebi vários emails irados devido ao post anterior, quando mostrei o meu descontentamento pelo Cristo Redentor ter sido escolhido "uma das 7 maravilhas do mundo".

Em primeiro lugar, vou logo avisando que não mudo uma sílaba do que escrevi.

Pra início de conversa, não acho o Cristo essa maravilha toda, apesar de ser um belo monumento. Já postei sobre isso aqui. Sempre achei o Pão de Açucar e a Pedra da Gávea muito mais interessantes.

Por outro lado, não concordo com essa mobilização do povo por uma causa em que apenas uma minoria será beneficiada. E isso exclui o próprio povo e a cidade.

De qualquer maneira, na manhã ensolarada de domingo fui peguei a bicicleta e fui até a Praia Vermelha. Lá, subi a Pista Cláudio Coutinho para fazer uma caminhada que costumo fazer, de vez em quando: Subir a trilha até o Morro da Urca.

E como um turista apreciei essa cidade onde nasci e que amo como nenhuma outra.

Lá embaixo, a bucólica Urca, com sua prainha.


O Rio está parecendo uma atriz que já foi muito bonita no passado e que, sem ter cuidado dessa mesma beleza, vai descobrindo os pneuzinhos, as celulites, as rugas, e precisa desesperadamente que digam a cada cinco minutos que ainda é linda. Mesmo que seja dito por aqueles que se aproveitam dela.
Como já falei aqui, essa eleição não vai mudar muito a situação da cidade. Políticos e empresários ganharão mais uma vez em cima da boa fé ou ignorância do povo que se deixa ser manipulado.


Vista da região do Morro da Viúva, no final do Flamengo, onde moro.


Chega uma hora que não dá pra perdoar a ingenuidade.


Mas o futuro dirá se eu estou certo ou não.


Vista da Enseada da Praia Vermelha.

Mas voltando a falar na minha caminhada, tem muito carioca que não sabe, mas dá pra ir ao Morro da Urca por uma trilha que começa na Pista Cláudio Coutinho. São uns duzentos metros de subida tranqüila, a não ser que você esteja muito fora de forma. A trilha corta a mata, onde pequenos largatos e micos serão uma companhia constante. Tudo em plena zona sul carioca. Vale muito a pena tentar.
Se chegar cedo, antes dos turistas, você poderá desfrutar de uma paz que poucos lugares oferecem nesta cidade. Há bancos, árvores generosas e um visual que faz você compreender porque esta cidade é chamada de maravilhosa.




Réplica do primeiro bondinho a subir até o Pão de Açucar.



Que cidade poderia me proporcionar um passeio como este num dia de inverno? Cheguei à conclusão que a cidade do Rio merecia ser eleita.



Outra vista da Baía de Guanabara com a Praia do Flamengo.

É ou não é uma maravilha? Não este chato aí embaixo, a cidade.


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Frases que... VI


"Pobre do povo que se contenta com migalhas."
Quem disse isso? Eu mesmo, ao ler as manchetes nos jornais desta manhã
A Torre Eifel e a Estátua da Liberdade ficaram de fora das 7 maravilhas do Mundo. Os americanos e os franceses têm mais com que se preocupar.

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quinta-feira, julho 05, 2007

No SPC e no SERASA

Foto by Austin

Com grande alarde o presidente Lula abriu o cofre esta semana para realizar obras em favelas do Rio. Ao todo foram R$ 3,5 bilhões para que o governo retome o vazio deixado pelo poder público nas últimas décadas e preenchido pelo crime organizado.

E esse dinheiro vem bem atrasado.

Ainda estou envolvido com um projeto que me obriga a fazer pesquisas em jornais de época e veja o que encontrei em matérias sobre a morte do Mineirinho, um dos maiores bandidos da história do crime na cidade, ocorrida em 1962:

"Com uma oração de Santo Antônio no bôlso e um recorte sôbre seu último tiroteio com a Polícia, o assaltante José Miranda Rosa, "Mineirinho", foi encontrado morto no Sítio da Serra, na Estrada Grajaú-Jacarepaguá, com três tiros nas costas, cinco no pescoço, dois no peito, um no braço esquerdo, outro na axila esquerda e o último na perna esquerda, que estava fraturada, dado à queima-roupa, como prova a calça chamuscada.
A Polícia após os primeiros exames periciais, afirma que o assaltante foi morto em outro lugar, pois não foram encontradas no local suas armas. Logo após ter sido anunciado que Mineirinho tinha sido encontrado morto, centenas de pessoas compareceram ao Sítio da Serra para vê-lo e outro tanto foi ao Instituto Médico Legal, para onde seu corpo foi removido à tarde. (...)
'
Diário Carioca, 1 de maio de 1962.

"...Dezenas de pessoas pobres compareceram ao local onde foi encontrado o cadáver de Mineirinho. Ninguém conseguiu aproximar-se do corpo, pois a polícia, por ordem do delegado Agnaldo Amado, do 23o DP, afastava a todos com violência. Em geral, os moradores do morro se mostravam contrariados com a morte de Mineirinho, que consideravam uma versào carioca de Robin Hood...

...A notícia do encontro do cadáver de "Mineirinho" espalhou-se com incrível rapidez pelos quatro cantos da cidade. Estações de rádio e edições de jornais em 2o cliché contribuiram para isso. Ao meio-dia, mais de duas mil pessoas se concentravam na estrada Grajaú-Jacarepaguá. Para que se tenha uma idéia da curiosidade popular, basta dizer que até lotações foram alugadas especialmente para 6esse fim. Com "vista" de "especial", despejavam populares nas imediações da "Pedra do Gambá". Todos queriam ver o corpo do bandido. A coisa chegou a tal ponto, que o delegado Amado viu-se na contingência de ter que solicitar uma guarnição da Polícia Rodoviária para desinterditar o tráfego. não havia veículo que rompesse a massa humana. (...)"
O Dia, 1 de maio de 1962.

Só resta saber em quantas suaves prestações o governo pretende pagar essa dívida de 45 anos.

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terça-feira, julho 03, 2007

Cofessionário

"Quando fico triste, vou à Tiffany's". Audrey Hepburn, inesquecível, fazendo uma boquinha e sonhando diante da vitrine mais famosa do mundo.



Bonequinha de Luxo, um dos maiores clássicos-pipoca do cinema americano, está fazendo 45 anos. Foi reprisado outra noite na tv e vou confessar: ainda me emociono ao assistir esta comédia- romântica. Não pelo final triste desta produção tipo sessão-da-tarde e nem por ouvir Blue River, cantado por Andy Williams. Mas essa filme do diretor inglês Blake Edwards - o mesmo de Victor ou Victória - me emociona porque fala de uma triste experiência a qual todo ser humano está sujeito: a desilusão.

Talvez se iluda menos hoje em dia e, conseqüentemente, a desilusão faça menos vítimas. Mas ela está sempre à espreita. Principalmente quando se exagera na dose de sonhos.

Quem nunca se desiludiu, que atire a primeira Bala. E quem nunca teve um sonho? Um carro, um filho, uma casa, aquele emprego bacana, aquela viagem, aquele caso de amor. Holly Golightly (Audrey Hepburn) e Paul Varjak (George Peppard) tinham um sonho e aprenderam da maneira mais amarga que a vida e Nova Iorque são duas destruidoras de sonhos. Ela nunca arrumaria um marido milionário que a livrasse de sua vida medíocre no interior. Ele nunca seria um escritor de sucesso. Como disse o velho Tom Jobin: "Triste é saber que não se pode viver de ilusão. Que nunca vai ser, nunca vai dar, o senhador tem que acordar."

Aliás, Bonequinha de Luxo é a única comédia-romântica que conheço, sem final feliz. Além do mais, o roteiro esperto de George Axelrod, baseado em livro de Truman Capote, faz o filme passar longe da pieguice. Os personagens de Audrey e George não são santinhos, são dois safados que vivem de mentir e iludir. E isso acrescenta um tom de realidade ao filme, que acabou conquistando o público no mundo inteiro. Você torce por eles e no final, resta um gosto amargo de "porra! A desilusão existe mesmo. Se aconteceu com eles, pode acontecer comigo."

Apesar de ter ganho dois (Melhor Trilha Sonora - Comédia/Drama e Melhor Canção Original) dos quatro oscars a que concorreu, Bonequinha... não foi unâneme entre os críticos e nem entre o público mais cabeça, maravilhados com o Cinema Novo, aqui no Brasil, e com o cinema francês de Godard. Mas esse trabalho do grande Edwards é de um tempo em que o cinema americano ainda tinha boas idéias e as usava não em filmes cult, mas em obras despretenciosas como essa, repleta de cenas hilárias, personagens geniais, interpretações sinceras, uma música belíssima e um tema que diz respeito a todos nós.

Por isso eu confesso: Bonequinha de Luxo me emociona ainda hoje.

Pronto, estou mais leve.

E você? Qual o filme que lhe emociona? Pode confessar. Aproveite que agora só dá pra mandar bala por email. Prometo que ninguém ficará sabendo.

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domingo, julho 01, 2007

Sorria, você está sendo blogado


Para ser fashion é preciso começar cedo.

Nunca fui muito chegado à moda e nem dela fui escravo. Mas a web está provocando um outro fenômeno que me chamou a atenção.

Cresce o número de blogs especializados em mostrar a moda das ruas.


Desprezando totalmente as passarelas e os Fashion Weeks da vida, novos estilistas estão provocando uma verdadeira revolução ao procurarem inspiração em gente comum, clickadas principalmente em Nova Iorque. Mas também em outras cidades que costumam lançar moda, como Berlim, Londres e Milão.

As fotos deste post foram tiradas de um destes blogs, o famoso The Sartorialist, um dos mais interessantes desta área.


Mesmo que, como eu você não dê a mínima para a moda, vale a pena dar uma olhada. É interessante ver o que o povo está usando ao redor do mundo.




O estilo black is beatiful do negão, em Manhattans.


Estilo despojado da jovem nova iorquina.


De bike e com estilo, Greenwich Village


Terceira idade também é fashion.

Estilo é isso.


Jeans estiloso da jovem alemã.


Cintura lá embaixo da jovem berlinense.


Quando estive em Nova iorque, em setembro passado, já havia percebido que as bocas haviam voltado a diminuir. E parece que não era só impressão.

Típica gatinha nova iorquina.

Gosto não se discute. Não usaria, mas é fashion. Figuraça em Milão.

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