sábado, janeiro 21, 2012

Enquanto isso, na pegação...


ELE: “Quer dizer que você…?”
ELA: “Sim, eu desisti dos homens.”
ELE: “Posso concluir que você desiste fácil?”
ELA: “Nasci no interior de Minas e fui campeã de surfe aos quinze anos. Não conheci o meu pai. Minha mãe limpava privadas para me alimentar e hoje sou executiva em uma multinacional.”
ELE: “Isso responde a minha pergunta, mas não me convence.”
ELA: “Pertenço há nove anos a mesma mulher.”
ELE: “E está aqui neste bar porque...?”
ELA: “Pelo mesmo motivo que você. Preciso de um drinque para relaxar após um dia difícil.”
ELE: E por falar em dia difícil, esse meu está superando os piores da minha vida. E pra terminar, agora encontro você.”
ELA: “Mas por que o desânimo? Podemos conversar. Como dois adultos que tiveram dias difíceis.”
ELE: “Então, podemos conversar de homem pra homem?”
ELA: “Você me faz sentir uma PQD ou uma caminhoneira ou um peão de rodeio.”
ELE: “Deixe-me ver sobre o que poderíamos conversar...você assistiu ao Fluminense e Corintians ontem?”
ELA: “Que tal falar sobre sua vida de casado?”
ELE: “Não posso falar sobre a minha mulher com uma mulher que dorme com mulheres.”
ELA: “Então fale do seu trabalho.”
ELE: “Podemos falar sobre outras mulheres. Que tal sobre aquela loura do vestido vermelho naquela mesa ali?”
ELA: “Temos maneiras diferentes de encarar as mulheres.”
ELE: “Eu conheço aquela loura. Ela também gosta de garotas e o cara que está com ela é gay.”
ELA: “E isso choca você?”
ELE: “Não. Mas ela está olhando pra cá e certamente não é para mim.”
ELA: “Não estou interessada.”
ELE: “Olhe, se você quiser eu posso apresentá-la a você.”
ELA: “Não sou uma pessoa fácil.”
ELE: “Aqueles peitos também não são fáceis!”
ELA: “Não seja vulgar.”
ELE: “Vulgar? Você não gosta de uma rosca?”
ELA: “Olha, eu não estou gostando nada do rumo desta conversa. Me respeite!”
ELE: “Me respeite? Tudo bem. Eu desisto, não vou apresentar aquele mulheraço a você. A Sandrinha não ia gostar deste teu papo de mulherzinha.”
ELA: “Tá certo. O placar foi Fluminense 2 x Corintians 0. Gols de Adriano Magrão aos vinte do segundo tempo.”

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sábado, novembro 12, 2011

Aaaaaaaahhhhh, homens e mulhers!!!!

Tá achando as relações difíceis hoje em dia?
Concordo. No início deste mês foi realizado, em São Paulo, um bate-papo entre os filósofos Luiz Felipe Pondé e Márcia Tiburi, para tentar desvendar os dilemas enfrentados pelos casais nesses tempos modernos.
Filosofia na Alcova, era o título do encontro, que você pode assitir aqui.
O trecho mais interessante que achei foi quando Pondé diz "que a cama hoje funciona quase como uma empresa, com ambos se esforçando para o bem desempenho da relação. Ninguém relaxa. Porque se relaxar, a concorrência está ao redor."

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segunda-feira, agosto 15, 2011

Não há dúvidas de que você está em Nova Iorque, quando...

...o Homem Aranha surge de repente, querendo tirar uma foto com você.

Ele até segura você no colo.

Até deixa você derrotá-lo.

Tudo isso, por alguns trocados, é claro.
Trocados que são guardados em seu cinturão de super-poderes.
Mais um ator desempregado lhe agradece.
Muitos acham a Time Square o lugar mais falso de Manhattan.
Eu já acho o contrário. Afinal, vivemos na era do fake, quando nem tudo é o que parece ser.
De repente, por baixo desta fantasia ridícula está um homem de meia idade que de super-herói tem tanto quanto eu e você.
Mas vamos fingir que é o contrário, tira-se uma foto e volta-se para casa feliz.
Isso acaba fazendo Midtown o lugar mais real do mundo.
E tenho dito.

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sábado, agosto 06, 2011

Trash

Na última vez em que estive em NY, junho último, vivi uma experiência inédita na cidade. No meio de uma manhã de muito calor, me sentei num  banco da Union Square para descansar sob uma árvore. Ao meu redor, várias pessoas faziam a mesma coisa.
Em certo momento, uma jovem sob efeito da heroína apareceu. Mal se aguentava em pé e precisou ser amparada por seu namorado. A menina ainda era bem jovem e parecia ter um passado de "garota de família".
Não era a primeira vez que eu via alguém sob o efeito da heroína na capital mundial dos junkies. Mas aquela cena me pareceu tão patética, que fiquei ainda mais surpreso com o fato de todos a minha volta permanecerem indiferentes.
De repente, um jovem negro apareceu. Tenso, nervoso e preocupado. Ficou passando pra lá e pra cá, olhando para mim com um jeito contrariado. Foi então que percebi que o rapaz estava querendo distribuir drogas. E que todos a minha volta também eram junkies.
Eu já havia outras cenas patéticas de viciados em NY. A cidade está infestada deles. A Union Square sempre foi o lar dos naturebas nova-iorquinos e eu nunca imaginei vivenciar tal situação, em plena luz do dia, naquela parte da cidade que sempre me pareceu tão inocente.
A heroína é a droga mais terrível de todas e arrasta seus usuários para a sarjeta, sem passagem de volta. De tempos em tempos há um boom da droga nos EUA. E parece que está havendo um agora.
Do excelente New York Daily Photo, vejo que mais uma parte da cidade de Nova Iorque virou ponto de uso e distribuição dessa droga: o Washington Square, um local que sempre curti. É lá que fica a Universidade do Estado de Nova Iorque. Gosto de ir lá na hora do almoço, hora em que a praça é tomada pelos estudantes e há um clima bem divertido.
Pelo entendi, agora, a heroína sugou grande parte dessa alegria. Terei que evitar o local.
O nome da garota da foto acima é Morgan Maginnis e o New York Daily Photo já havia contado um pouco da sua história em um post de 8 de julho último, onde Morgan contava por que havia ido para Nova Iorque e um pouco dos seus sonhos. Agora, olhe para Morgan.
Desculpe por estragar um pouco o seu dia.

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terça-feira, março 29, 2011

Quadros Famosos, problemas modernos II

A Punição de  Korah, de Sandro Bitticeli
ou
Um Passeio na Avenida Paulista

"Nossa, por que será que esses bofes estão nos olhando com esse jeito que nem ouso dizer o nome?"

O trabalho de Bitticeli - exposto na Capela Sistina - é sobre a violência, que segundo Freud, é inerente ao ser humano. E a arte se encarrega de divulgá-la. Mas nenhuma arte, talvez, consiga explicar o ódio sexual que tem tomado conta da principal avenida da maior cidade do país. Eu, pelo menos, li este interessante texto sobre arte e psicologia sobre violência do ser humano e continuo a compreender porque rapazes da classe média se sentem tão incomodados pelos gays.

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sábado, março 19, 2011

Gentinha

Nem terremoto, nem tsunami e nem medo nuclear no Japão. Nem crise no Oriente Médio. Nem visita de Obama ao Brasil.
O assunto mais comentado nos sites sociais ao longo desta semana foi a verba conseguida por Maria Bethânia  junto ao Ministério da Cultura, através do Programa Nacional de Apoio À Cultura - PRONAC.
Bethânia pediu R$ 1.798.6000,00, mas  levou R$ 1.356.858,00.
O projeto da cantora apresentado no MINC, continha como objetivo a criação de "Um blog inteiramente dedicado à poesia. Diariamente, será publicado um vídeo diferente no qual Maria Bethânia interpretará uma grande obra em verso ou prosa. A ideia é invadir a internet com lirismo, delicadeza e difundir a cultura na rede."
O que mais deu o que falar ou digitar na rede foram os custos administrativos do projeto, que incluiam, entre outras verbas, R$ 30 mil para um assessor jurídico, R$ 30 mil para pagar um contador e R$ 5 mil para pagar um motoboy.
Tendo como uma das metas, a formação de um público leitor, o blog - cujo nome será O Mundo Precisa de Poesia -, contará com o trabalho de Andrucha Wadditon, que dirigirá os vídeos diários, onde a cantora aparecerá lendo poemas. Será que Bethânia, baiana que é, conseguirá essa produção diária?
Eu que nunca gastei nada nos quase seis anos que tenho este blog, me sinto como o título deste post ao ver tanta sofisticação.
Bethânia espera obter seis mil acessos por dia. E realmente espero que ela consiga, apesar da debandada geral da blogsfera.
Tudo bem, você não concorda com tanto dinheiro público seja gasto num blog que visa incentivar a leitura através de vídeos?
Pois antes de pensar no que o governo poderia fazer para utilizar melhor esses recursos, pense que poderia ser pior. A cantora baiana poderia pedir uma grana para:
1 - Montar um site para divulgar a axé music;
2 - Pousar nua;
3 - Promover viagens de cruzeiros, só para mulheres;
4 - Criar um reality show, no qual o vencedor seria quem suportasse passar mais tempo numa casa com ela, a Gal, Gil e o mano Caetano.
FALA SÉRIO!

Quer ler o projeto da Bethânia? Então, mergulhe aqui.

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sábado, fevereiro 19, 2011

Quadros famosos, problemas modernos I

Comedores de Batatas,
Vincent Van Gogh...
ou...

Apagão na hora do jantar...
"Logo hoje, que fiz as minhas batatas coradas. Puta Merda!"

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domingo, dezembro 26, 2010

E se o mundo fosse Politicamente Correto? (I)

Feliz 2003!
Na minha modesta opinião, o fato que mais me chocou neste 2010 - entre muitos outros -, foi a tentativa de proibição da obra Caçada de Pedrinho, pelo Conselho Nacional de Educação, em novembro último, sob a alegação de racismo, devido ao fato de o autor se referir à Tia Anastácia - uma das personagens principais do Sítio do Pica Pau Amarelo - como ex-escrava e negra.
Lançado em 1933 - numa época em que o país se ainda esforçava para se enquadrar no pós-abolicionismo e os negros brasileiros ainda não eram recebidos com sorrisinhos simpáticos - o livro vinha sendo utilizado em escolas brasileiras há décadas. E pelo o que sei nenhuma criança negra se sentiu ofendida.
Segundo os conselheiros do CNE, um dos trechos que incentivaram a proibição, dizia:
“Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou (na árvore), que nem uma macaca de carvão”.
Sempre achei que tudo na vida tem que ser equilibrado. Monteiro Lobato pode até ter tido inteções racistas(idéia da qual não compartilho), mas vejamos o outro lado. O lado do maravilhoso escritor que estimulou a imaginação e os sonhos de milhões de crianças, com obras muito menos nocivas do que a maioria das coisas que os meninos & meninas de hoje têm acesso na web.

Me parece que neste episódio, o CNE foi mais uma vítima do politicamente correto, esse vírus que tem nos atormentado desde os anos 90. Os sintomas mais comuns parecem ser: queda na taxa de sensatez, hemorragia no senso de ridículo e uma infecção generalizada de falta de noção. Tudo em nome de uma causa que as vítimas deste vírus entendem como mais urgente e necessária do que o prazer e o benefício de uma maioria. Para defender um pequeno grupo de negros que possa se sentir ofendido com o texto de Caçada de Pedrinho, milhares de crianças (brancas ou negras) podem deixar de ter acesso a um texto de ótima qualidae e que lhes faria exercitar a imaginação, numa forma que os textos infantis modernos não costumam fazer.
Mas o que os Tribalistas (Foto acima: Marisa Monti, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes) têm a ver com isso?
É que, antes do episódio da obra do Monteiro Lobato, eu achava os Politicamente Corretos apenas uns chatos. Mas agora, eu os acho uns terroristas do bom senso. Graças a Deus, o vírus do Politicamente Correto não consegue infectar todos. Muitas pessoas estão imunes. Pelo menos as inteligentes e com alguma visão.
Mas aí, me veio a pergunta: E se o mundo tivesse sido sempre PC? Como seria? Quantas vítimas haveria? E, principalmente, quantas coisas legais deixaríamos de curtir em nome de uma ética duvidosa?
Certamente Já Sei Namorar, contida no primeiro e único trabalho dos Trabalhistas - que você deve estar ouvindo - , com certeza, seria uma delas.
Definitivamente, naquele final de 2002, milhares de brasileiros não tiveram dúvidas na hora de escolher o presente para dar no Natal.
Lançado em outubro, o cd Tribalistas do trio formado por um baiano com as mais diversas influências da música negra/afro (Brown); uma carioca que cantava MPB temperada com elementos pop e até rock(Monti)  e um paulistano, ex-roqueiro, que era um dos artistas alternativos mais cultuados no país naquele momento(Arnaldo). Essa mistura exótica que tinha tudo para dar errado, acabou resultando num trabalho original e inovador, que deu sangue novo a quase moribunda música pop brasileira da época.
Naqueles idos do início do século XXI, muito discutia-se sobre o ficar, um comportamento nascido nas areias das praias do Rio - onde mais poderia surgir? -, que pregava um amor sem compromisso, experimentar com vários parceiros sem ter que dar explicações. Era uma versão do amor livre difundido pela geração 60 com anos de atraso ou, para muitos, uma espécie de galinhagem sem culpa.
Seja qual for o rótulo que você prefira usar para aquela geração, a musiquinha bonitinha acabou virando uma espécie de hino para a galera que não havia conhecido os tempos de moralismo repressivo dos seus pais e muito menos o pânico que foi o surgimento da AIDS, nos 80.
Todos só pensavam em entoar a emblemática frase: "Não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem." e ser feliz. O verão já batia à porta e a molecada queria apenas satisfazer a sede típica da idade. E tenho a certeza de que muitos foram felizes mesmo naquele verão e ano de 2003.
Mas não os PC. Esses ficaram em suas tocas, resmungando que toda aquela promiscuidade iria aumentar os casos de doenças sexualmente transmissíveis, etc. Sinceramente não acredito que essa garotada do século XXI não saiba se cuidar. Se estão mesmo se cuidando, é uma outra história. Mas eles são espertos demais e têm muito mais acesso a informações para se deixar influenciar por uma música. Isso foi coisa da minha geração que era capaz de fumar um baseado apenas porque os Beatles cantavam que devíamos fazê-lo.
De qualquer forma, se o mundo fosse PC, certamente essa musiquinha simpática dos Tribalistas não teria sequer sido lançada. E aquele verão longínquo não teria seu hino e seria menos feliz.

E falando em verão, enquanto estou na praia, os post ainda continuarão meio assim...assim. Mas em breve estarei de volta.
Agora, sim:
FELIZ 2011!!!
* Na sequência, temos ainda Passe Em Casa, Tribalistas e Carnavalia do mesmo CD.

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sexta-feira, julho 30, 2010

Cenas de Violência Urbana

CENA 1: Domingo, Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2009. Houve uma corrida no Aterro do Flamengo e as pistas haviam sido fechadas. Eu havia pedalado até o Leblon e estava voltando, quando as pistas do Aterro estavam começando a ser liberadas, na altura de um posto de gasolina ao lado do Iate Clube. A ciclovia passa entre a rua e o posto.
Os homens da guarda municipal estavam retirando os cones para liberar as pistas. Eu descia a toda pela ciclovia, pois tinha que voltar pra casa e arrumar as malas para viajar para Natal. O motorista da linha 128 (Leblon-Rodoviária) só precisaria esperar mais alguns segundos até que os cones fossem retirados e as pistas liberadas. Mas, impaciente, ele preferiu jogar o carro sobre a ciclovia e escapar do bloqueio.

Fui pego de lado. Caí de ombro. Mas como já tenho experiência com quedas, não me feri nada. Saí ileso, juntamente com a bike. Era uma bela manhã de domingo e a ciclovia estava cheia. Com a exceção de um ciclista gente boa, ninguém se indignou com a cena, ninguém parou, ninguém me ajudou. Me lembro que um frentista chegou a rir da minha cara. Os caras da guarda municipal também nada fizeram.
Graças a Deus nada sofri, mas poderia ter sido diferente.

CENA 2 - Na noite do último dia 20, alguns jovens se divertiam andando de skate, dentro da pista interditada para reparos, no Túnel Acústico, Gávea, zona sul do Rio. Um deles era o músico Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. Policiais Militares permitiram que playboyzinhos dirigindo carros em alta velocidade entrassem no túnel interditado e o resto já virou um escândalo nacional.
Aí, eu pergunto: qual das duas cenas foi menos violenta? Carros fazendo pega em uma via interditada e supostamente deserta, por acidente atropelam e matam um jovem ou um motorista que atira um ônibus sobre uma ciclovia lotada?
De maneira alguma estou tentando diminuir a tragédia acontecida na Gávea. Mas é que quando se fala em violência no Rio de Janeiro, a primeira imagem que nos chega, geralmente é de traficantes fortemente armados em confronto com a polícia ou fechando ruas. Sempre achei que um ato de violência é aquele em que menospreza a segurança de uma pessoa. O motorista do ônibus que me atropelou foi muito mais violento do que os garotões que atropelaram o filho da Cissa. Creio que ele não tinha a intensão de me matar, mas colocou em risco a vida de várias pessoas que aproveitavam a manhã ensolarada para pedalar.

Dias antes do meu atropelamento, vi um carro importado avançar o sinal numa avenida perto aqui de casa, no momento em que uma mulher atravessava com um carrinho de bebê. Por sorte não ocorreu uma tragédia. Isso não saiu nos jornais, mas foi claramente um ato de violência.

Os playboyzinhos que mataram o filho da Cissa Guimarães foram violentos. Os PMs que permitiram que isso acontecesse também, assim como pai do atropelador que tentou abafar o caso, abrindo a carteira.
O motorista que me atropelou foi um monstro de violência. As pessoas que ignoraram o fato também. O frentista que riu  da minha cara também foi cúmplice da cena violenta. Enfim, traficantes armados são apenas um pingo no grande caldo da violência no Rio de Janeiro, uma cidade que há décadas enfrenta uma guerra civil não declarada e como não podia deixar de ser, seus habitantes parecem não ligar muito para a vida humana. Inclusive a sua.
Como diz Ernest Hemingway na foto ali em cima: "Pedalar uma bike é a melhor maneira para se perceber os contornos do seu país." Eu hoje vejo uma profundidade maior nesta frase. Pedalar pelas ruas do Rio pode nos dar os dois lados da moeda: as belezas de uma cidade e a constatação de que aqui a vida humana vale menos do que o caráter de quem joga um ônibus em cima de uma ciclovia lotada.
Aaaaah, as fotos que vocês estão vendo são de uma exposição que estava em cartaz na semana em que a cidade foi abalada pelo crime na Gávea e que é bacaninha a começar pelo título: Dreams on Wheels.
A exposição, patrocinada pela ONG do mesmo nome, viaja pelo mundo mostrando o esforço de várias cidades do mundo (Berlim, Sydney, Londres, Copenhagem, Paris, Nova Iorque, entre outras) para promover o uso de bikes como meio de transporte, a fim de tentar dar uma forcinha para a recuperação do clima, melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e também o trânsito.
A exposição podia ser vista até o último dia 25 no Centro Cultural Hélio Oiticica. Entre os dias 1 e 16 estará em Brasília. Depois, seguirá pelo mundo.
Na minha recente visita a Nova Iorque, percebi que o número de gente pedalando nas ruas estava bem maior do que o habitual, principalmente nos locais mais descolados como o Soho, Village, Chelsea e Nolita. Em Williamburg, Brooklyn, ao cair da tarde, o número de gente bonita e cool pedalando de volta do trabalho nos faz pensar estarmos em Pequim. Mas isso não é nenhum modismo. Trata-se de um movimento crescente de pessoas conscientizadas, procurando uma forma mais natural e humana de vida. Talvez isso explique o falto de não haver nenhuma foto feita em cidades brasileiras.
Não entendeu? Releia a CENA 1 e talvez você entenda.

* Mais detalhes sobre o Dream on Wheels, mergulhe aqui
* As fotos não estão muito boas devido a iluminação deficiente e eu estar sem flash.

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sábado, junho 19, 2010

PERIGO!!!! HÁ UM NOVO VÍRUS À SOLTA NA WEB...

...as autoridades até agora não sabem informar como a coisa começou e nem quem o desenvolveu. Mas a verdade é que nunca se viu nada igual.
O viruzinho safado não causa nenhum mal aos sistemas, mas seu estrago na credibilidade da web é incaluculável.
O negócio funciona assim: uma vez instalado, o danado do vírus vasculha seu HD para ter uma idéia de quem você é. Depois, ele fica de olho em tudo o que você digita. Assim que você tecla mentiras a seu respeito, o vírus imediatamente lança uma mensagem, juntamente com uma foto sua, visando mostrar para a pessoa ou pessoas com quem você está se relacionando, sua verdadeira identidade.
E como a web sempre foi o território dos que são apenas o que gostariam de ser, o pânico em todo o mundo é enorme. Os jornais falam até em suicídios.
Vejam alguns casos de pessoas que foram vítimas e seus depoimentos:

Lotteta, a ninfeta
"Um homem disse que se masturbou pensando em mim. Já pensou que maravilha? E ainda me chamou de Lolô. Mas...êpa! Só quem me chama de Lolô é o meu marido, na intimidade. Desgraçado!"

Otávio - Empresário sério deseja conhecer moça séria para relacionamento sério
"Pelo amor de Deus! Eu tenho um nome a zelar. Pelo menos, eu acho."

Areuta - a blogueira terapeuta
"Tudo bem, quando eu exagero na vodka eu penso que sou a minha analista. E daí? Outro dia, uma menina disse que pensava em se suicidar até que leu o meu texto...ih, mas o texto era sobre minhas tentativas de suicídio e a garota não comentou mais. Fudeu!"

Barbosa (ou Lu, a blogueira fogosa)
"Puxa! Era só até eu arrumar grana pra minha operação de mudança de sexo. Pô, sacanagem!"

João, do Blog Diário de um Garanhão
"Tá certo! A maioria dos posts foi tudo mentira. Mas eu juro que consegui fazer uma gartoa de programa gemer de dor. Foi verdade! Tá bom, ela sofria de reumatismo. Mas que gemeu, gemeu."

Gerson, criador da comunidade Tenho MBA, Logo Existo, no Orkut.
"Porra, mermão! Vai dizer que tu nunca enfiou o pé na jaca numa festa de final de ano na empresa e dublou o Abba, cantando Dancing Queen? Tudo bem, a empresa era minha, mas isso não tem nada a ver, porra!"
Teka (ou Paulão), do Blog do Casal Feliz
"E agora, sem a grana dos patrocinadores como vou pagar a pensão pra vagabunda da Teka? Alguém pode me dizer?"
Adamastor (ou Dj Nonô) do Blog do Pancadão
"Meu filho, minha incontinência urinária melhorou e meu Alzheimer regrediu. E as tchuchuquinhas eram tão bonitninhas comentando! Só senti a falta da Wilza Carla, da Derci, da Virgínia Lane, da Emilinha..."

Dona Maria (que atende no MSN por Goreti Boquete)
"Tá, então você quer uma explicação lógica para o que eu fazia. Então, dá uma olhada no que eu tenho toda noite dormindo do meu lado e vê se  tá bom pra você e não me enche o saco!"

Julio Corrêa, do Blog Bala Perdida
"Tá olhando, o quê? Sou fodão mesmo! Malandro pra sessenta! Dou nó em pingo n´água e na cama faço pedir a rego. Se não acredita, cai dentro que não vai ser mole pra tu."

É que eu descobri como enganar o vírus. É só falar a verdade que ele inverte para o que você gostaria de ser.
Fala Sério!

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segunda-feira, abril 05, 2010

Parabéns! Pá! Pá! Pá! Parabéns! Pá! Pá! Pá! Pelo seu aniversário!...

O meu blog preferido está fazendo quatro aninhos. Tudo bem, eu já cansei de falar do New York Daily Photo aqui. Mas é que não me canso de falar deste site que resume tudo aquilo que sempre esperei de um blog: a troca de informação com originalidade e criatividade.
No caso do NYDP, ele vai mais além. Ele é feito por alguém que, ao invés de falar de sua vidinha medíocre - como a maior parte de nós, blogueiros -, preferiu demonstrar seu carinho por sua cidade, nem que precise apontar os podres de uma metrópole cheia de problemas como Nova Iorque.O mais interessante no NYPD é que, ao invés de se deter nos pontos turísticos ou dar dicas de lugares da moda, ele mostra o pitoresco, o desconhecido, o inusitado, as mazelas e o que o novaiorquino faz para encontrar alguma qualidade de vida na maior megalópole do planeta, como mostra a foto acima (Reparem no sininho da felicidade pendurado na escada de incêndio).
Visito o NYDP todos os dias, não por que a cidade focolaizada é Nova Iorque - cidade da qual até gosto muito, mas pela qual não morro de amores -, mas por que poderia ser qualquer lugar do mundo. Sabem por quê? Graças a uma coisa chamada sensibilidade. E outra chamada generosidade. E outra chamada talento.
Ao  Brian Dubé, criador do blog, meus parabéns.
E sabem porque ele não fala de sua vida? Porque não precisa. Precisa?

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sexta-feira, março 19, 2010

Quando você morrer, você vai para o céu? Descubra aqui...


Atire a primeira bala quem nunca cometeu um dos sete pecados capitais.
Mas não é preciso se sentir mal por isso. Na verdade, já há algum tempo que esses pecados são questionados e até mesmo ridicularizados. Afinal, acompanhando as mudanças das sociedades contemporâneas, nada mais natural do que os valores mudassem e o que era pecado mortal, pode não ser nada mais do que um deslize ou um vacilo. Isso sem falar nos pecados que simplesmente extinguiram-se.
Se não vejamos...

1) Gula: Com todo esse culto ao corpo, a preocupação cada vez maior com a saúde e um controle exagerado do peso, alguém ainda considera o ato de se comer além do necessário e a toda hora uma imoralidade? Na antiguidade, a gula era um ato condenável, porque demonstrava que a pessoa não tinha controle sobre um desejo básico. Hoje, com todo o conhecimento que temos a respeito dos males da obesidade ou da gordura em excesso, a gula, na minha opinião, deixou de ser um pecado para se transformar em burrice ou suicídio ou as duas coisas juntas;

2) Avareza: Na sociedade moderna, você é um(a) merda se não tiver: um carro do ano, iphone ou, pelo menos, um celular que tire fotos, internet banda larga, tv de plasma, ipod, personal trainer, um MBA ou uma pós qualquer, um jeans de grife, viajado - no mínimo - a Nova Iorque no último ano (Miami e Buenos Aires não servem), aplicação na bolsa, se hospedado em um resort nas útlimas férias, um analista famoso, um plano de saúde que cubra até botox e tratamento de estrias, um livro publicado, jantado em um restuarante com estrelas no guia Michelin, um apartamento que poderia ser matéria em revistas de decoração, um vídeo-game top de linha, um laptop top de linha, um cartão de milhagens top de linha, um(a) amante top de linha, os filhos estudando em um desses colégios em que filhos de famosos formam times de futebol, no mínimo cinco cartões de crédito internacionais, um guarda roupa montado por personal stylist, uma adega de vinhos, gastado menos de três dígitos na última tarde no shopping. Enfim, vivemos em um mundo que nos instiga a cobiçar bens materiais e dinheiro. Mas do que estávamos falando mesmo? Avareza? Do que se trata?
3) Inveja: Todos os seus amigos têm, pelo menos, um item descrito no item acima. Se você disser que está feliz mesmo sem ter nenhum deles, que dinheiro não traz felicidade e que fica feliz por seus amigos terem tudo aquilo, você cometeu o pecado 8;

4) Ira: Tudo bem, você não tem nenhum dos itens do pecado 2 e descobre que sua mulher ou seu marido está zerando a conta conjunta de vocês para dar alguns daqueles itens para seu/sua amante. Para relaxar, você liga a tv e vê a imagem de um político metendo dinheiro na cueca. Você resolve sair e enfrenta duas horas de trânsito caótico e engarrafamento quilométrico. Vai ao cinema e se depara com uma fila enorme. E mais: umas trinta pessoas furam a tal fila. Você desiste e decide encher a cara. Chegar no seu boteco de estimação e encontra o seu chefe tomando um espumante com o fulano, que há anos vem tentando puxar o seu tapete na empresa. Se depois desse dia de cão, você disser que não sentiu em nenhuma das situações descritas acima esse sentimento de três letras e ainda voltou para casa para meditar, você não é gente, você é um robô;

5) Soberba: Todo mundo cria blog para aparecer, todo mundo tem fotolog porque acha que é importante que o mundo veja as fotos que tirou nas últimas férias, é cada vez maior o número de pessoas que brigam para participar de reality shows, se fura fila porque acha-se importante, motoristas dão fechadas em outros no trânsito porque acham que sua pressa é mais importante do que a dos outros. Todo mundo se acha importante e a soberba deixou há muito de ser pecado e virou estilo de vida;

6) Luxúria: Os cientistas já bateram o martelo: sexo é vida, faz bem para a saúde. E as pessoas estão vivendo mais. Logo, acredita-se que a humanidade está fazendo muito sexo. Um dos programas de maior audiência na tv mostra casais tomando banho e na cama, através de câmeras escondidas. Uma septuagenária dá dicas sobre sexo na tela da tv, enquanto quatro amigas novaiorquinas ficaram mundialmente famosas ao expor suas experiências sexuais numa série tv e nas telas do cinema. Por isso, caro (a) amigo (a) se você não consegue se desapegar dos prazeres carnais, não se sinta culpado. A luxúria há muito deixou de ser pecado. É um hábito;

7) Preguiça: Você já respondeu todos os seus emails? Já levou o cachorro pra passear? Já foi à academia? Já deu sua corrida ou caminhada? Já marcou médico? Já leu os jornais? Já navegou pela web? Já foi ao banco? Já trabalhou hoje? Já levou o carro para consertar? Já deu aquele telefonema importante? Já foi ao mercado? Já agendou tudo o que tinha para agnendar? Já programou o final de semana? E as férias? Ufa! O que a gente sente hoje em dia não é preguiça, é cansaço.

E eu indicaria um pecado que não está nesta lista, mas que está mais vivo do que nunca:
8) Hipocrisia - negar que nunca sentiu um dos pecados acima. Você vai pro inferno, cretino(a)!!

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terça-feira, fevereiro 09, 2010

Tristeza

Essa foi a imagem que eu tive, em maio do ano passado, do Pier 39, na área do Fisherman´s Wharf, em San Francisco, lembra-se? Multidões de simpáticos leões marinhos que faziam a alegria dos turistas, principalmente da garotada. Trazidos por correntes marinhas vinda do Alaska, os bichinhos desde 1989 elegeram a Baía de San Francisco para descansar.
Acontece que, segundo a Wired neste inverno, eles simplesmente desapareceram e ninguém sabe por quê. Acredita-se que o fenômeno El Niño seja o culpado. Mas nesses vinte anos, ocorreram outros El Niños e os leõezinhos não se afastaram. Eles voltarão? É difícil saber. Só se sabe quem, certamente, é o vilão dessa história: o aquecimento global, esse monstro que está deixando nosso planeta mais cruel, mais feio e mais triste.

Gostaria que as autoridades dos países ricos, ao verem essa cena - tirada da Wired -, se sensibilizassem e tomassem alguma atitude. Mas acho isso tão improvável quanto a volta dos leões marinhos.

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terça-feira, novembro 17, 2009

Coisas que a gente lê, vê ou ouve e não pode deixar passar 4




"As mulheres



Depois de um longo percurso



Ficam louras



Como último recurso."



Eliane Pantoja Valdya
Uma das poesias mais espertas e realistas que já li.


E fui convidado a participar como escritor fixo do site Caneta, Lente e Pincel. E já tem conto meu publicado .

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sexta-feira, outubro 30, 2009

Coisas que a gente lê, vê ou ouve e não pode deixar passar 3

"Eu sou o genérico dela, meu bem."

"Uma puta...ops! uma mulher pública me abordando, enquanto eu apreciava a capa da última Playboy, numa banca de jornal."
* O Serviço Nacional de Meteorologia adverte: por motivo de falta de tempo crônica, a previsão para os próximos dias é de blog instável com posts esparsos. Mas, me aguardem! Temporais de informação estão a caminho. Fiquem com Deus e juizo!

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segunda-feira, outubro 19, 2009

A Missiva

Puta di menor


Putas safadas




Sua vaca




Ninfetas taradas




Só por curiosidade, pesquisei quais seriam as palavras que mais trazem para este blog, as pessoas que estão surfando no Google. E encontrei essas acima. Fiquei estarrecido! Não me lembro de ter usado essas expressões nos quatro anos de Bala.

Sempre achei esse blog muito familiar! Além do mais, se eu usasse tanta baixaria, minha visitação seria muito maior.
Meu caro leitor, sem mais delongas, no ensejo de não acusado de estar excedendo-me ao usar de tais chulas palavras para actrair visitantes, a partir dessa missiva, subscreverei esta senhorita na photo sobreposta como mulher pública.

Fala Sério!!!!!!!

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terça-feira, outubro 13, 2009

Pumb! Crash!!!! Bum!

Um táxi perde o controle e vai em cima de uma van comercial, numa esquina do Greewich Village, NY.
O Neves não estava envolvido no acidente. Mas até aí morreu Neves, você diria. Acidentes iguais a este devem ocorrer mesmo aos montes em várias cidades do mundo. Mas poucos são registrados por blogueiros.
Na verdade, o grande lance dessas fotos, tiradas do excelente New York Daily Photos, sobre o qual já cansei de falar aqui, é que o acidente havia acabado de acontecer. A polícia e os paraméticos ainda nem haviam chegado. E quem socorreu o motorista da van, ainda no carro, foram populares. Isso em uma metrópole mundialmente conhecida pelo seu individualismo selvagem, estresse e desumanidade. Realmente digno de nota. Essas fotos são provas fiéis de que o ser humano é realmente capaz de atos inesperadamente bons. Mesmo em Nova Iorque.
A grande mídia também ainda não havia chegado. E mesmo se tivesse chegado, se limitaria, talvez, a dar os dados burocráticos (estado do ferido, como foi, de quem foi a culpa, prejuízos, etc) e não seria capaz de registrar o belo exemplo de humanidade contido nas imagens. Isso cabe a nós, blogueiros. Por isso, apesar dos más línguas, acho que os blogs não vão morrer nunca. Não podem morrer.

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sexta-feira, outubro 02, 2009

Coisas que a gente lê, vê ou ouve e não pode deixar passar 2

Uma amiga para outra mulher, no meio de um estresse entre as duas:
"Olha, é melhlor não brincar comigo, minha filha! Minha pomba gira é bipolar!"

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sábado, agosto 29, 2009

A bela e cruel história do preconceito

O título deste post talvez desse um bom filme ou uma peça de teatro. Seria um trabalho bonito porque mostraria que muitos preconceitos morreram. Mas, por outro lado, seria feio porque outros surgiram na mesma proporção.

Sou de uma época em que uma mulher separada, por exemplo, era mal vista. Uma mulher que ousasse a discutir sexo com o parceiro, seria taxada, se tivesse sorte, no mínimo de vagabunda. Um homem que deixasse aflorar sua sensibilidade ou admitisse ajudar a mulher nas tarefas domésticas, ouviria piadinhas. Um homem ganhasse menos do que a parceira, seria olhado com desconfiança e a sua parceira seria taxada por sem vergonha, por sustentá-lo. Casamentos intraraciais eram considerados quase que um pecado. A menina que optasse por permanecer virgem, um rapaz que dissesse que frequentava um local GLS (na verdade essa sigla nem exisita), o homem que optasse por não ingerir nenhum tipo de alcóol ou se uma mulher dissesse que estava abrindo mão do casamento para se dedicar a sua carreira, então, teriam muito que se explicar!
Os tempos mudaram e os costumes também. E com eles, novos preconceitos nasceram. E este post é sobre um deles.

Que as pessoas estão cuidando mais da saúde e, como consequência, estão vivendo mais, ninguém duvida. Nunca fui muito dado a esportes, embora tenha praticado alguns, como surfe, natação e ciclismo. Mas sempre valorizei o que tenho de mais importante. E sigo minha vida dentro dos limites da idade.

Pois bem, outro dia, num evento social, a amiga de uma amiga me perguntou: "Quando é que você vai assumir a sua idade?"

A pergunta caiu como uma bomba, não por eu ter me sentido agredido, mas pelo fato de nunca ter pensado nisso.

"Tenho 50 anos, por quê?", foi a minha resposta.

Então, a pessoa começou a enumerar os motivos pelo qual eu não me comporto como um homem da minha idade: roupas muito básicas, o fato de não viver sem um tênis, gostar de bike, estar sempre com um ipod pendurado, viver em academia, gostar de uma mochila e ter um blog (!).
Demorei alguns segundos para entender que não estava diante apenas de uma simples provocação e, sim, um ato de preconceito, do tipo: Você faz aquilo que eu considero coisa para jovens, então você é um velho ridículo, que não aceita sua idade, perdeu a noção de tempo e não pode ser levado a sério. E como argumentos como esses não podem ficar sem resposta, enchi o peito e despejei tudo o que vou colocar aqui:

1 - Primeiramente, minha roupa preferida é jeans, tênis e camiseta básica, sim. Acho um privilégio poder andar desse jeito, embora nem sempre seja possível. Quando tenho que encarar um terno, encaro sem problemas. Faça uma pesquisa e pergunte a quantos engravatados quiser, e verá que a maioria gostaria de usar um jeans e camiseta básica. Não acho que isso seja coisa apenas de jovens. E se for, 1 X o para você porque não vou deixar de andar básico sempre que puder. Logicamente, não é todo tipo de jeans que uso. Não vou usar nada rasgado ou excessivamente desbotado, nem nos momentos de folga. Assim como não tenho a consciência de que não posso mais usar tatuagem, nem piercings e muito menos, pintar meu cabelo de vermelho;

2 - Quanto a bike, assim como a natação, são as únicas atividades físcias que faço. Talvez eu ficasse ridículo com um skate. Mas conheço gente mais velha que pedala todos os dias. Se consigo fazer na bike o que muito jovem não consegue, devo mais é me orgulhar disso;

3 - Amo música e ipods são um meio prático de se levar música para qualquer lugar. Não ouço heavy metal e nem rap, mas, sim músicas antigas ou que fazem a cabeça de um homem de meia idade;

4 - Levo mochila quando vou comprar alguma coisa ou quando viajo. Prefiro uma mensager bag que caiba laptop. Mas de forma nenhuma acho que uma mochila seja coisa exclusivamente para jovens;

5 - Não vivo em academia. Faço musculação, não por uma questão estética, mas, sim, porque após os trinta, todos sabem que nossa massa muscular começa ir para o espaço e não quero ficar entrevado numa cadeira quando chegar aos 70. Para falar a verdade, detesto academia. Vou lá apenas para fazer meus execícios e dar o fora;

6 - Quanto ao blog, pelo amor de Deus! Se blogar fosse coisa exclusiva para jovens, o escritor português José Saramago deve estar senil. Sinto a necessidade de escrever sobre coisas que, de alguma forma, me tocam. Como este assunto, por exemplo.

Aliás, o principal motivo deste post foram as conversas que tive com algumas pessoas da minha idade e o fato de todas elas estarem sentindo o mesmo tipo de preconceito. Infelizmente, a medicina está nos proporcionando o privilégio de vivermos mais e melhor. Mas a sociedade não evoluiu na mesma velocidade e ainda está presa a padrões de comportamento do século passado.


É uma pena!

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quarta-feira, julho 29, 2009

Ooooooooooooommmmmmmmmmmmmmm

Daqui a pouquinho, o mundo vai celebrar os quarenta anos do festival que tentava provar ao mundo que uma vida alternativa era possível.
O guru indiano Swami Satchidandanda foi levado de helicóptero até aquela fazenda, no interior do estado de Nova Iorque, para difundir aos cerca de 500 mil jovens, os benefícios da yoga.
Praticar yoga, naqueles tempos, era algo tão estranho, bizarro, provocante e anti-sistema, quanto o uso de drogas e o nudismo que se praticava no local, assim como a música que se tocava no palco.
Foi por isso que o guru indiano foi levado até lá.
Pois quarenta anos se passaram e olha aí em cima, centenas de cidadãos de classe média, no Bryant Park, na mesma Nova Iorque, no mês passado, durante um encontro anual de praticantes, promovido por uma academia. A foto está na revista New Yorker desta semana. E é uma prova fiel de que o sonho daqueles jovens em Woodstock não foi tão fracassado assim.

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