quarta-feira, agosto 19, 2009

Inveja horrorosa

Um dos lugares que mais gosto de visitar quando vou a Nova Iorque, além daqueles que já relacionei aqui, é a Washington Square, no coração do Greenwich Village. Gosto de dar um tempo ali, sentando em um banco, vendo a vida passar.
É no Washington Square que fica a Universidade de Nova Iorque e há um clima muito jovem e alegre por ali, com sempre alguma coisa rolando, sobretudo no verão.
Pois na última vez em que estive por lá, em maio, encontrei a praça fechada para obras. Decepção. Mas, o que fazer...
Pois eis que vejo no excelente New York Daily Photo, sobre o qual já falei aqui, esta imagem, que mostra a nova sensação dos jovens de classe média novaiorquina: nas madrugadas quentes desse verão, tomar banho de roupa e tudo nos chafarizes da recém reaberta Washington Square, depois de uma balada.
O título deste post reflete o meu sentimento ao ler a matéria. Não só por eles serem jovens e estarem fazendo o que sempre quis fazer um dia. Mas por serem jovens numa cidade que os permite tomar banho em paz, em seus chafarizes no meio de uma madrugada de verão.
Ahgr! Se inveja matasse, todos pegariam uma gripe suína!

E deixo vocês com essa foto, enquanto vou dar um pulo ali em São Paulo. Já volto. Comportem-se!

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sexta-feira, agosto 14, 2009

Há 40 anos, nus na hora do jantar

Após quarenta anos, essa é a cara de Woodstock...
Deixe-me explicar: Tá certo, Woodstock envelheceu. Mas esse amoroso casal de meia idade simboliza a atmosfera de amor e paz, em contraponto com a Guerra do Vietnã, que rolava, por um motivo muito especial.
O domingo, 17 de agosto de 1969, terceiro e último dia do festival, amanhecia. Bobbi Kelly e Nick Ercoline, ambos de 20 anos, se abraçavam, sob um edredom. Estavam namorando há pouco mais de dois meses. Haviam ido a Woodstock "apenas para curtir um som." Estavam com com mais três amigos e uma menina californiana que estava sozinha e haviam conhecido no local. A borboleta colorida da foto era dela.
A borboleta, presa a um rústico mastro de madeira, serviu para que eles não se perdessem no mar humano de quinhentas mil pessoas que ali estavam espalhadas.
O casal havia acabado de acordar e, ainda sonolentos, não viram a lente da poderosa câmera do famosíssimo fotógrafo da, hoje extinta, revista Life, Burk Uzzle, voltada para eles.
Por isso, levaram um susto quando um amigo, quase um ano depois, os mostrou na capa do álbum triplo da trilha sonora do festival.
Quando Woodstock completou 20 anos, o casal da foto foi encontrado e os americanos ficaram surpresos ao saberem que havia se casado e ainda viviam juntos.
Pois, eles continuam juntos, têm dois filhos e levam uma vida pacata, cheia de amor e paz, numa cidadezinha próxima à Bethel, onde ocorreu o festival.
Essa linda história de amor do casal símbolo de Woodstock pode ser conferida aqui, na última edição da revista Smithsonian.

Eu tinha nove anos quando aconteceu Woodstock. E a única lembrança que eu guardo, é o sisudo Cid Moreira, de terno e gravata, no sisudo Jornal Nacional, que havia acabado de estreiar, mostrando milhares de jovens nus, tomando banho em lagos e rios da região ou se esparramando pelas pastagens.

Era hora do jantar. Minha irmã tinha 20 anos na época e exclamou um "Que baraaaatooooo!!!", enquanto meus país balançavam a cabeça. "Pouca vergonha!!!!", sussurrou minha mãe.
Mas naquele momento, em todo o mundo, milhares de pais de classe média, como os meus, diziam a mesma coisa.

Há muita lenda em torno da história deste festival. Na verdade, Woodstock surgiu, quando quatro jovens milionários nova iorquinos, estavam procurando uma nova forma de investimento financeiro. Ou seja, a idéia inicial, era se ganhar dinheiro - isso é assunto para um outro post.

Mas parece que até ganhar dinheiro naqueles dias era mais romântico. Os tempos eram outros. A inocência era sem culpa. Aliás, desejo felicidades não só ao casal Bobby e Nick lá em cima, mas a todos aqueles que fizeram Woodstock, símbolo de uma época em que ainda se podia ser inocente.
E minha irmã tinha razão. Foi o maior barato,....bicho!
Na trilha sonora, o americano John Sebastian, cantando Rainbows All Over Your Blues, em Woodstock.

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sábado, julho 05, 2008

Paul McCartney, o profeta


Todo dia ela toma seu banho matinal para lavar seus cabelos
amarra uma toalha na cintura, enquanto corre para se sentar na cadeira do quarto
Veste suas meias, calça seus sapatos
É apenas mais um dia
No escritório, onde a papelada cresce na sua mesa, ela faz uma pausa
Toma um cafezinho e tem dificuldade de ficar acordada
É apenas mais um dia
Tão triste, ás vezes ela se sente tão triste!
Sozinha no apartamento em que vive
Até que o homem dos seus sonhos apareça
...E ele aparece, ele fica, mas vai embora no dia seguinte
Tão triste!
Ás vezes, ela se sente tão triste!




O texto acima bem que poderia ter sido tirado do roteiro de Sex and the City, a versão cinematográfica do extinto seriado de tv, que tem levado multidões aos cinemas e é o filme mais comentado neste outono/inverno carioca. Mas na verdade, trata-se de um trecho de um sucesso do Paul McCartney de 1971, Another day, do seu lp Ram(que você deve estar ouvindo).


Naqueles tempos, o feminismo vivia seu auge. Um ano antes, milhares de mulheres haviam desfilado na Quinta Avenida, gritando por liberdade e não fazia nem cinco anos que elas haviam queimado seus sutians.


Não. Eu ainda não assisti a Sex and the City. Gostava do seriado e pelo que tenho lido e ouvido, o filme não acrescenta muito. As quatro continuam trabalhando muito e procurando sexo e estabilidade afetiva - Samantha continua apenas procurando por sexo. Continuam procurando, procurando, sendo felizes em muitos momentos, se desiludindo em outros. Como dizia Paul, láááááá em 71: "ele vem, ele fica, mas vai embora no dia seguinte."
Ás vezes, tenho a impressão de que as mulheres foram ingênuas e cairam numa armadilha. Alguém disse a elas que deveriam ingressar num mercado de trabalho, onde seus salários seriam, na maioria das vezes, menores do que dos homens. Um excelente negócio...para quem controlava o mercado e usava cuecas. Elas entraram nessa e deixaram de lado a sua natureza, a qual as fazem necessitar um pouco mais de afeto e tempo para cuidar do lar e dos filhos. Daí o motivo de elas reclamarem tanto.
Será que nada mudou nesses 37 anos? Claro, as mulheres hoje estão com salários mais compatíveis com o mercado e tem oportunidades que suas antecessoras jamais sonhariam.
Então, por que tanta reclamação? Sei lá! Já se foi o tempo em que eu tentava entender as mulheres. Só sei que tem muita gente faturando em cima dessa angústia feminina. E Sexo and The City é um exemplo.

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terça-feira, dezembro 04, 2007

Tapetinhos de ioga



Foto by methoxyroxy



Imaginem a cena:


O pai de uma amiga minha estava muito mal na CTI de um hospital aqui do Rio. A visitação era restrita e rápida. Só uma pessoa por vez. Como não era da família, dei a vez para os mais chegados.
O clima era mesmo o de sala de espera da CTI. Ansiosidade, preocupação, medo e angústia. Pois, eis que um jovem casal, que também aguardava, começou a se beijar calorosamente. Aliás, escandalosamente. Beijo de língua, daqueles que na minha época, no século passado, só se ousava a dar, na intimidade de um carro ou entre quatro paredes.


O casal em questão era a filha dessa minha amiga e seu namorado. Ambos de dezenove anos. No início, as pessoas não ligaram. Mas passados alguns minutos, a cena começou a incomodar. Se constrangimento tivesse cheiro, o fedor ali seria insuportável. Até que a avó da menina teve a lucidez de pedir a a mãe para que acabasse com aquilo.


Depois da visita, fui jantar com essa minha amiga e ela comentou o fato, censurando a mãe por ter se preocupado com algo tão banal, num momento tão crítico. Então, com a minha franqueza mundialmente conhecida falei que a Dona Olívia, a mãe dessa minha amiga, havia agido corretamente, já que a Pat, a filha, parecia estar se exibindo. Nem vou falar que o momento decididamente não pedia aquela demonstração de afeto exagerada.

Mas a cena na sala de espera da CTI foi apenas o reflexo de algo que tenho assistido todos os dias, nos lugares mais variados: no metrô, nas ruas, nos elevadores, nos bares, nas praias, nos cafés, casais demonstrando afeto caloro e exageradamente. É sempre a mesma coisa. Beijos longos, alguns minutos de agarração e em seguida os dois olham ao redor para ver quantas pessoas estão olhando. E como sempre há gente olhando, eles não escondem o orgulho e voltam à cena.

Tá certo, você pode dizer que estou ficando velho. E estou mesmo ficando velho. Mas eu costumava corar quando me excedia nas minhas demonstrações de afeto e percebia que estava sendo visto. Afinal, era uma coisa que só a mim dizia respeito.

Comecei a pensar nisso, outro dia, quando um casal ao meu lado se agarrava de uma maneira...digamos...marketeira. Isso poderia ser apenas estranho, se não estivéssemos na sala de espera de um laboratório, enquanto esperávamos para fazer exame de sangue, às sete da manhã de uma segunda-feira. Me lembrei, então, de uma cena do clássico do Woody Allen, Tudo que você gostaria de saber sobre o sexo, mas nunca teve coragem de perguntar, em que um casal só conseguia chegar ao orgasmo se fizesse o ato em lugares públicos. No caso, o casal era uma dupla de depravados doentios. O que eu percebo por aí é puro exibicionismo, uma necessidade desesperada de mostrar para todos que "tenho alguém", "que sou amado", "olhem como sou feliz com o meu amor!"

Eu poderia aceitar a opinião daqueles que irão me xingar de quarentão invejoso, mal amado e careta, se não fosse a resposta que a minha amiga me deu, após ouvir a minha opinião:

"Ah, relaxe! Para essa nova geração o importante é viver intensamente."

Eu: "Como assim?"

Ela: "Está tão difícil arrumar alguém, que eles tem mais é que aproveitar. Qual o problema?"

Eu: "Sei, mas numa sala de espera de CTI..."

Ela: "Seja aonde for. O importante é aproveitar. Ninguém sabe quanto tempo vai durar."

Eu: "O importante é usar o seu parceiro ou sua parceira para se exibir?"

Ela: "Sim, qual o problema? As relações hoje são só isso. Os parceiros são apenas objetos para acariciar o nosso ego, nos fazer sentir bem. E não vejo nada errado nisso."

Eu (Chocado): "Os parceiros viraram objetos úteis apenas para satisfação do ego?"

Ela: "E por que essa cara? São mesmo isso. Objetos práticos e úteis. Aliás sempre foram, só que essa geração tem a coragem de lidar com isso sem a hipocrisia da nossa geração."

Eu (Um pouco mais chocado): "Objetos práticos e úteis?"

Ela: "Isso, meu bem. Como..."

Enquanto a minha amiga procurava palavras, falei a primeira coisa que veio a minha mente:

Eu: "Como tapetinhos de ioga."

Ela (após uma gargalhada): "Essa foi ótima! Mas é isso mesmo. São todos tapetinhos de ioga."

Horas depois desta conversa, o seu Odilon, pai dessa minha amiga, partia desse mundo onde os parceiros afetivos viraram tapetinhos de ioga.

Luz pra ti, seu Odilon.

E pra nós também.

Mandem bala.


Aturar Bush ninguém merece. Infelizmente Vossa Santidade não pode mais pedir o seu exemplar do meu livro de contos Crimes e Perversões. Mas você pode pelo juliocorrea19@gmail.com.

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domingo, julho 01, 2007

Sorria, você está sendo blogado


Para ser fashion é preciso começar cedo.

Nunca fui muito chegado à moda e nem dela fui escravo. Mas a web está provocando um outro fenômeno que me chamou a atenção.

Cresce o número de blogs especializados em mostrar a moda das ruas.


Desprezando totalmente as passarelas e os Fashion Weeks da vida, novos estilistas estão provocando uma verdadeira revolução ao procurarem inspiração em gente comum, clickadas principalmente em Nova Iorque. Mas também em outras cidades que costumam lançar moda, como Berlim, Londres e Milão.

As fotos deste post foram tiradas de um destes blogs, o famoso The Sartorialist, um dos mais interessantes desta área.


Mesmo que, como eu você não dê a mínima para a moda, vale a pena dar uma olhada. É interessante ver o que o povo está usando ao redor do mundo.




O estilo black is beatiful do negão, em Manhattans.


Estilo despojado da jovem nova iorquina.


De bike e com estilo, Greenwich Village


Terceira idade também é fashion.

Estilo é isso.


Jeans estiloso da jovem alemã.


Cintura lá embaixo da jovem berlinense.


Quando estive em Nova iorque, em setembro passado, já havia percebido que as bocas haviam voltado a diminuir. E parece que não era só impressão.

Típica gatinha nova iorquina.

Gosto não se discute. Não usaria, mas é fashion. Figuraça em Milão.

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