segunda-feira, julho 31, 2006

Radio Gagá?



Você ainda tem o costume de ouvir rádio?
Em caso positivo, você deve estar achando que as programações das rádios estão cada vez mais repetitivas e chatas? Pois você não é o único.
Eu não sei em sua cidade, mas aqui no Rio, a coisa vai de mal a pior. Em FM está cheio de rádio evangélica ou aquelas rádios, ditas sofisticadas, mas que só tocam a mesma do Djavan, a mesma da Marisa Monte, a mesma do Robin Williams, etc. E muito, mais muuuuuuuuuito sucesso antigo. Tá certo que a qualidade musical hoje em dia deixa a desejar, mas ninguém agüenta mais essa onda de nostalgia que tomou conta do dial de uns anos pra cá. Isso sem falar nestas bandas especializadas em regravações, que viraram uma praga.
Se serve de consolo, eu não sei, mas as coisas já foram piores. Até que um dia, as rádios aqui do Rio deram a volta por cima e chegaram a ousar a fazer algumas pequenas revoluções, que logo foram copiadas pelo resto do país.
Quando comecei a ouvir rádio, nos anos 60, a situação era péssima. Nos meus 8 anos, eu tinha que me sujeitar a ouvir locutores dizerem, com voz formal, coisas como: “Boa noite, ouvinte. Aqui é a sua Jornal do Brasil AM e iremos tocar pra vocês Ray Connif, do seu Long Play, entitulado...”. Um saco! Simplesmente não havia rádios para jovens. Tivesse você 8, 15,25,30,40 ou 80 anos, teria que ouvir o mesmo tipo de rádio. O que havia eram alguns programas voltados pra jovens. Mas a programação normal era toda feita para quem realmente tinha grana para consumir. Ou seja, pessoas dos 30 aos 60, com a vida profissional e econômica estável e que poderiam gastar um nota com os produtos anunciados.
Lá fora, as coisas eram bem diferentes. Nos EUA, por exemplo, as rádios voltadas para jovens já eram muitas e locutores especializados neste tipo de público tinham muito prestígio, desde quando às oito da noite do dia 9 de junho de 1951, o DJ Allan Friedman havia iniciado o programa Moondog Rockn’Roll Party, popularizando um ritimo que era privilégio apenas da comunidade negra e o lançando de vez na mídia.
A partir de meados dos anos 60, começou um fenômeno interessante. Com o espírito revolucionário e rebelde da época, cada vez mais jovens da classe média passaram a explorar as rádios FMs. Isso mudou totalmente o curso das coisas, pois a freqüência modulada era uma terra-de-ninguém, onde se podia tocar o que se quisesse, já que os patrocinadores não estavam nem aí para aquele deserto de possibilidades comerciais. Em outras palavras, as rádios FM não tinham rabo preso com ninguém. E a garotada que ouvia as FMs não estava querendo saber quem estava em primeiro lugar nas paradas, estava a fim de um som mais experimental, mais arriscado. A conseqüência foi que graças as essas rádios, artistas como Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Who, Jefferson Airplane, etc, - todos banidos das AMs – puderam aumentar o seu público e se tornar o que se tornaram.
As coisas começaram a mudar nas rádios do Rio, quando a rádio Mundial AM, passou por profundas transformações, em 1968, já que o Roberto Marinho, das Organizações Globo, tirou o experiente radialista Humberto Reis da Tamoyo, para que ele criasse uma rádio totalmente voltada para o jovem. E a Mundi – como era conhecida - passou a ser a primeira feita por e para jovens. Até os anúncios. De repente você ligava o rádio e ouvia o locutor falar coisas como: “Pra você que está aí com sua gatinha na praia ou pegando uma onda, segure a nova dos Stones...”. O cara do outro lado falava como você. Hoje pode parecer ridículo, mas na época era novo, ousado e revolucionário.
Em 1969 surgiu o programa Show dos Bairros, onde cada bairro da cidade recebia uma música, que poderia ser votada depois. Foi uma febre! E o mais incrível era que a programação da Mundi era comercial, sem ser vulgar. Era de bom gosto, mas sem ser metida á besta. Era o meio termo necessário e, com isso, conseguia agradar desde o surfista do Leblon até o rapaz pobre que tinha que pegar trem lotado para Marechal Hermes.
Mas a maior revolução de todas ainda estava por vir. Foi quando a Mundi contratou o Big Boy (presentinho da Luma), um dos maiores Djs que o país já teve. Ousado, inteligente, criativo e super bem informado, o gordinho era o que havia de mais moderno no rádio brasileiro. Ele não só estava muito antenado com o que acontecia lá fora – e havia muita coisa rolando na época – como tinha a coragem de lançar grupos de rock, renegados aos porões, devido à ditadura que vivíamos. Bandas como Made in Brazil, o Terço e Vímana foram alavancados pelo gordinho-gente-boa.
O melhor de tudo foi que a concorrência teve que se mexer, ou melhor dizendo, se rejuvenecer. A Tamoyo que ficava ao lado da Mundi no dial, decidiu atender a demanda dos jovens dos subúrbios e zona oeste. Enquanto a JB era mais voltada para o pessoal mais exigente da zona sul. Então, havia espaço para todos.
No início dos anos 70, o FM carioca, que era tido como “coisa pra velho”, pois só havia estações de noticiários ou de música clássica, sofreu uma mudança com a entrada, em 1973, da Eldo-Pop, uma rádio, também do Sistema Globo, totalmente voltada para a garotada de classe média alta da zona sul, que podia comprar um rádio com FM – ainda um luxo, na época. Mas a idéia não atraiu muito os patrocinadores e, com o passar do tempo, a rádio foi ficando repetitiva e decadente, principalmente porque isso coincidiu com um declínio na qualidade do rockn´roll, verificada a partir de meados dos 70.
Em 1977, a onda era a disco music e a Eldo Pop ainda estava tocando rocks progressivos do Yes ou do Jethro Tull com mais de vinte minutos de duração. E para atender a demanda por músicas dançantes, o rádio carioca assiste a mais uma revolução: no dia 1 de maio de 77 entra no ar a Rádio Cidade-FM, do Grupo JB. Foi uma paulada tão grande quanto o surgimento da Mundi no final dos anso 60. Moderna, criativa e totalmente antenada com o espírito alegre e veloz da era John Travolta, a Cidade foi um fenômeno de audiência. De repente, todo o Rio correu às lojas para comprar um rádio FM, pois agora se tinha motivos de sobra para se ter um. A concorrência foi para o buraco. A Mundi, a Tamoyo e JB-AM, decaíram. A Eldo POP virou a 98, uma tentativa do Grupo Globo de desbancar a Cidade.
A Rádio Cidade foi a última revolução ocorrida no rádio carioca. Depois disso, surgiram apenas algumas iniciativas interessantes, como a Nacional FM, por exemplo, uma rádio que só tocava MPB. A Fluminense FM – a Maldita, como ficou conhecida -, que entrou no ar no feriado de 1 de maio de 1982, também foi outra novidade. Totalmente voltada para o rock – numa época em que bandas como The Cure, The Police, Siouxie and The Banchees, Dire Straits, Duran Duran, U2, etc, estavam dando sangue novo ao ritmo popularizado por Elvis -, a Maldita fez a cabeça de toda uma geração. Me lembro de sair da faculdade às pressas para não perder os programas de lançamento de novidades, sempre às 22h.
Mais tarde, a Globo FM, antes uma estação que privilegiava a musica clássica, passou a fornecer uma programação voltada para a juventude yuppie – os jovens bem sucedidos dos anos 80 -, que podia gastar uma grana com sofisticadas aparelhagens de som para ouvir jazz, r & b, blues ou grupos como Everything But The Girl ou artistas como Sade, que faziam um som exigente, para um público exigente.
A Globo FM foi a última novidade a ocorrer no dial carioca. Hoje, ela própria virou uma rádio comum, já que parece que teve que ceder na briga pela audiência. E como as suas concorrentes são quase todas cópias mal feitas sua, a coisa vai de mal a pior. O jabá, uma praga que existe desde os primórdios do rádio, mas que passou a tomar proporções gigantescas a partir dos anos 70, parece estar mesmo minando o dial.
Com o advento do mp3, a febre do ipod, etc, muito tem se discutido o futuro do rádio. Mas eu acredito que ainda haja esperança, sim, e ela está bem aí na sua frente: na web. Muitas rádios já enxergaram isso e criaram filiais on line. Outras inovaram e tentaram criar versões novas de si mesmas. Um exemplo vem de Sampa. A rádio Eldorado FM, que eu curtia desde os tempos em que lá morei, tem a sua versão on line, aparentemente livre de jabá e apresenta uma programação bem mais livre, onde os programadores parecem ter mais liberdade para tocarem o que acham que devem. Como nos bons tempos. E mais: a Eldo não tem o ranço do passado e está super antenada com o que há de novo no mundo da música, sem, é claro, desprezar as raízes.
Há também as mais radicais. São as rádios alternativas que apostam numa programação totalmente experimental, praticamente sem o maldito jabá, e que – como acontecia com as FMs americanas nos anos 60, ousam tocar o que as convencionais nem sonham em programar. Por isso mesmo, ao ouvi-las, pode-se encontrar surpresas, aventuras, emoção – palavras extintas no dial convencional. Uma delas é a Munt FM, uma rádio da Nova Zelândia, que tem uma programação jovem e diversificada, que vai do jazz ao tecno. E o melhor de tudo: um dos djs é um brasileiro, o meu amigo Jorge Ferreira, blogueiro do Rasga Mortalha, que ajuda a divulgar o bom da nossa música por lá.
Bem, o meu rádio convencional está com teias de aranha. Só tenho ouvido as duas estações citadas. Exitem outras. E ninguém precisa jogar o seu radinho pela janela. Mas não custa nada experimentar o novo.
Dica dada.
Fui.

sábado, julho 29, 2006

Os Excluídos Vão Ao Paraíso


O brasileiro, quem diria, está melhorando de vida.
Não sou eu quem estou dizendo e sim o IBGE e da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa de Mercado (Abep), em pesquisa divulgada recentemente. Os dados são animadores: cerca de dois milhões das classes D e E conseguiram ascender na pirâmide social e chegaram à classe média, este ano. Isso não é lá grandes coisas, pois a classe média é a mais massacrada de todas. Mas desde os sufocantes anos 80, não se notava um crescimento tão grande na melhoria da condição econômica do povão. O crescimento do trabalho formal tem sido a causa mais apontada. E os reflexos deste crescimento são a procura maior por bens duráveis e por ensino de nível superior.
Bem, cresceu a renda do brasileiro de classe baixa, mas a educação no país está descendo ladeira a baixo. Com isso percebe-se sinais claros de que esses cidadãos não estavam preparados para terem um padrão de vida superior (os que ascenderam na pirâmide passaram de um salário médio de R$ 570 para algo entre R$ 1.140,00 e R$ 3.750,00). Eles compraram carros e o trânsito nas grandes cidades brasileiras está cada vez mais assassino. Eles compraram telefones celulares e falam alto nos locais mais inapropriados. Eles têm ido mais aos shoppings e o endividamento pessoal no país tem chegado a níveis alarmantes. Tá certo que esses problemas também são verificados entre muita gente boa que nasceu em berço de ouro. Mas não é coincidência que tenham aumentado tanto justamente quando as classes mais baixas conseguiram obter algum ganho.
Não concordam? Concordam? Mandem bala!

Dia 3 de agosto, 19h

Livraria Argumento

Rua Dias Ferreira, 417 - Leblon - Rio

Boa dica de lançamento que vem lá do Idelber.

"Gostar de si mesmo é o início de um casamento para a vida inteira."

Oscar Wilde

Quando eu me tornar um escritor famoso, já tenho uma frase para o final da entrevista com a Marília Gabriela.

quinta-feira, julho 27, 2006

Um Aninho de Bala Perdida



Que Gracinha! E já é a cara do pai.



Hoje eu não vou falar muito. Só vou agradecer a todos os que levaram e os que ainda levam bala. Também peço desculpas aos que se sentiram ofendidos com alguma matéria postada aqui.

Pronto! Agora quero ouvir vocês. Quero sugestões, críticas e tudo mais que quiserem falar.

Podem mandar bala, mas primeiro comam o bolo.


Parece que foi ontem...

Como tudo começou? Bem, eu me lembro de estar num bar, no Arco dos Teles, aquela área antiga do Rio, próximo ao CCBB. Era um bar com cadeiras espalhadas pelo meio da rua de paralelepípedos centenários. E eu estava com a Elis Galvão e a Liana Dantas, conversando sobre o possível elenco da minha peça, quando eu falei que estava pensando na Renata Sorrah. Eu estava com a tal peça na minha bolsa-de-carteiro, me perguntando como poderia fazer o texto chegar até a Renata, quando de repente, um carro importado fez uma curva meio doida e quase me atropela. Quem estava no volante?

Pois é, olhando a Renata saltar do seu carro e dirigir-se ao CCBB, ficamos ali pensando no quanto essa vida é louca. De repente o destino nos atinge como uma Bala Perdida. Nesse momento, a Liana encontrou o nome para este blog.

Eu vim pra casa, sentei-me diante do computador e assim surgiu este blog, que tem me dado só alegrias, devido ao grande número de gente da melhor qualidade que conheci por intermédio dele. E eu só tenho a agradecer mais uma vez a todos vocês.

No início o Balinha era feinho como todo recém-nascido. Quer saber como foram as primeiras balas?

Então, mergulhe aqui.

E É HOJE...

O GRUPO AUTORES EM CENA

CONVIDA VOCÊ
PARA LEITURA DA PEÇA

“POR AMOR DE SEU NOME”
DE ANA CLARA SANTIAGO


DIREÇÃO DE LUIZ ANTÔNIO PILAR

CENÁRIO - GIOVANI TARGA

ROSA - BÁRBARA BORGGA
VLADIMIR - FABRÍCIO BOLIVEIRA
JUVENAL - WILSON RABELLO
MILENA - NADINE ABREU
CHICO - ZÉ ARAÚJO
AGENOR - ALDRI ANUNCIAÇÃO


DIA 27 DE JULHO
21:30
ESPAÇO CAFÉ CULTURAL
Rua São Clemente, 409 – Botafogo
Entrada Franca
Estacionamento em frente

segunda-feira, julho 24, 2006

Aos que não se encaixam neste mundo...


Esta foto foi tirada daqui.

Passou batido, mas nunca é tarde para lembrar.
No último dia 7 de julho, morria o cantor/compositor e músico inglês Syd Barret. Para quem nunca ouviu falar dele, Barret, em 1965 fundou um grupeto chamado Pink Floyd, que mais tarde seria uma das bandas mais populares e talentosas da história do rock. Na verdade, Barret teria sido um dos grandes nomes da música popular mundial, ao lado de gente como Lennon, MacCartney, Bowie, Neil Young e outros. Teria sido. Caso não tivesse exagerado no LSD e se transformado, não em um maluco beleza, como diaria o Raulzito, mas num vegetal ambulante, um passageiro numa viagem sem volta.
Syd era genial. E parecia não se sentir muito a vontade nesse mundo.
Seria muita pretensão a minha querer me comparar a Syd Barret. Mas ele e eu tínhamos em comum o desconfortável sentimento de falar uma linguagem diferente da mairoria das pessoas. Eu confesso que me sinto assim boa parte do tempo e sei o quanto dói. Sabe aquela cena de A Beleza Americana, em que um jovem tem a sensibilidade de filmar um saco plástico "brincando no vento", pela calçada? Aquele personagem era especial. Não superior, mas diferente. Pode ser que eu esteja pirando na batatinha, sei lá! Mas a verdade é que eu e a realidade não mantemos uma relação muito amistosa.
E o que fazer, quando você nasce diferente do que a sociedade encara como normal?
Pois a morte de Barret aconteceu mais ou menos na mesma época em que o psicanalista Rubem Alves, publicou na Folha De São Paulo, um texto chamado Saúde Mental, que procura dar algum alento aos que, como eu, não conseguem se encaixar muito bem neste mundo.
Aí está, na íntegra, o texto que vale a pena ser lido. Seja você normal ou não.
Por Rubem Alves - Saúde Mental
Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei.Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia.Eu me explico. Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu pontode vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livrose obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh,Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: nãosuportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suavedepressão crônica. Maiakoviski suicidou-se. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para osvivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos. Mas seráque tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais,previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisasnos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpofalte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma voltaao mundo num barco a vela, bastar fazer o que fez a Shirley Valentine (seainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso quetudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelosloucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a seros protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicosa que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outrolado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisose certezas. Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por issoapresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interaçãode duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente equipamento "duro",e a outra denomina-se software, " equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelhoé feito. O software é constituído por entidades " espirituais" - símbolosque formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos docérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O softwareé constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Domesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidadeslevíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importanteé a linguagem. Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitosno software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamarpsiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturisconsertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feitode símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso dos símbolos. Porisso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursosfísicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas,humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas. Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem umapeculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo,é sensívelàs coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco?Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpofica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios,o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta ese arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio:a música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou. Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de ofereceruma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental atéo fim dos seus dias. Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música . Brahms e Mahler são especialmente contra indicados. Já o rock pode ser tomado à vontade. Quanto às leituras, evite aquelasque fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes,fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato. Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas comovocê cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentarápara, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegartal momento, você já terá se esquecido de como eles eram.
E na quinta-feira tem mais uma do meu grupo teatral...

O GRUPO AUTORES EM CENA

CONVIDA VOCÊ

PARA LEITURA DA PEÇA


“POR AMOR DE SEU NOME”
DE
ANA CLARA SANTIAGO


DIREÇÃO DE LUIZ ANTÔNIO PILAR

COM ATORES DA CIA. DE TEATRO EM BLACK E PRETO



DIA 27 DE JULHO
21:30


ESPAÇO CAFÉ CULTURAL
Rua São Clemente, 409 – Botafogo
Entrada Franca
Estacionamento em frente

quarta-feira, julho 19, 2006

Noir


"Ah, olha só a vadia! E encolhe, e solta, e mexe, e sacode e rebola. E eu, a serpente, vou saindo do cesto, maravilhada e à mercê dos seus encantos. Como o velho leão de circo que faz o seu número para ganhar a suculenta carne no final.
E o meu número é arrastar-me até este lugar sujo e mal freqüentado, para deixar-me ser enfeitiçado por ela. Deus sabe como tenho resistido todos esses anos. Não posso, não devo, dizia eu — um homem bem sucedido e chefe de uma família adorável —, enquanto o demônio (um sujeito simpático e de boa conversa) me fazia deixar o meu confortável escritório e, nesta noite de chuva, vir até a um lugar sórdido como este, na parte suja e feia da cidade, onde, só ou em bando, vive-se em apartamentos apertados ou em vagas. Um lugar de gente ansiosa e disponível, onde o calor humano é mais barato.
Olho em volta e vejo que não sou o único. O que não me serve de consolo, pois me considero especial, levando em conta de onde venho e que o grande herói da minha vida foi o xerife Anderson."
(Trecho do meu conto Dança do Ventre. Quer saber quem foi o Xerife Anderson? Aguarde o meu próximo livro, Crimes e Perversões)
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Mas como eu sou bonzinho e não quero ver ninguém morrer de curiosidade, você pode ir até o site da excelente revista Bestiário, onde ele já foi publicado. Aliás, é de lá também a foto acima. Você pode encontrá-lo também na Klickescritores. Basta clicar em Julio Cesar.
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O post de hoje é dedicado ao grande escritor noir Mickey Spillane, que nos deixou, aos 88 anos, na segunda-feira.

quinta-feira, julho 13, 2006

Marketing Assassino



Até a década de 60 as capas de discos serviam apenas para embalar os pesados bolachões. Geralmente elas traziam um título e a foto do(s) artista(s). E só.

A partir de meados dos anos 60, com o advento da onda psicodélica, quando som e imagem passaram a se integrar, passou-se a dar um cuidado muito especial às capas. Elas começaram, muitas vezes, a competir com o próprio conteúdo. De repente já não era o bastante a qualidade musical. Os departamentos de marketing das gravadoras haviam finalmente percebido que uma embalagem bem feita também poderia seduz o consumidor. Grandes fotógrafos, designers e desenhistas começaram a ser contratados para fazer capas mais bonitas do que as dos artistas da gravadora concorrente.

E na virada dos sessenta para os setenta, os fãs, sobre tudo de rock, assistiram ao lançamento de várias obras de arte. Foi justamente nessa fase, que eu comecei a ter os meus primeiros discos. Me lembro que um fã perguntava ao outro, não se ele já havia ouvido tal disco e, sim, se já havia visto a capa.

No decorrer dos anos 70, a onda psicodélica passou e as gravadoras voltara a desprezar as capas. No início dos anos 80, o boom de rock alternativo britânico até ameaçou a trazer de volta a preocupação com o visual dos discos. O mesmo aconteceria no início dos noventa, na época do boom do chamado movimento grunge, nos EUA. Mas em geral, o advento dos CDs empobreceu em muito as capas. Algumas são apenas ruins. Mas outras são um verdadeiro atentado xiita contra o bom gosto.

O exemplo acima é de 1990 e está na lista das cem piores capas de discos já lançadas, que eu copiei do excelente blog Favoritos, da Luiza Voll. Tem algumas coisas na lista das quais eu discordo. Mas vale a pena dar uma conferida, mergulhando aqui. Tenho a certeza de que você tem um destes discos com capas horrorosas. E não adianta mentir.

Mas voltando ao trabalho acima, não conheço nada da Millie Jackson. Talvez até ela tenha feito um bom disco. Mas alguém compraria um cd com esta capa?

Gente, pela sua cara de dor, ela deve ter enfrentado uns três meses de prisão de ventre.

Fala sério!

Abaixo estão algumas capas que acho interessantes.

Gratotas de programa londrinas pousando para a capa do álbum Electric Ladyland, do Jimi Hendrix, 1968. Esta é a versão inglesa, que também foi a lançada no Brasil. Nos EUA, o puritanismo a proibiu.

John Lennon, 1973, e uma capa que foi bastante copiada.

Capa com ar futurista. Os britânicos do Yes, em 1973.


Pra não dizer que não falei dos nossos. Golaço na capa do Milton, em 1978.

Em 1992, capa do cd dos ingleses do Opus III, Mind Fruit.

E amanhã tem...

quarta-feira, julho 12, 2006

Lady Madonna

Bad Girl - Madonna


Para os sortudos que por acaso estejam em Nova Iorque nos próximos dias 18 e 19, duas notícias:
Boa: Madonna estará se apresentando no imponente Madison Square Garden.
Ruim: Os ingressos já estão esgotados há quase um mês.É uma pena, principalmente porque a atual excursão da cantora de Detroit não passará mais por aqui, como chegou a ser anunciado.Sim, eu gosto da Madonna. Por que não? Ela é comercial, oportunista, gosta de fabricar polêmicas para colher os frutos depois e é uma exibicionista nata. Mas Madonna é um produto da sua época. E teve lá sua importância. Ela ajudou a tirar do submundo, a música rap, hip hop e dance do início dos anos 80, e levá-los para as rádios, para a MTV e o mainstream.Os mais de 25 anos de carreira da loura se dividem em diversas fases. A que eu mais gosto, é aquela em que Madonna foi mais ela mesma, ou seja, uma cantora sem-vergonha e audaciosa. Esta fase vai de 1989 até 1994. E dentro dela está o cd Erótica, no qual está contida a canção Bad Girl, sobre uma mulher que decide amenizar sua enorme carência afetiva pelo meio mais fácil: através do sexo. Logicamente, ela fracassa. Vista como uma galinha ("Garota má, bebendo às seis, beijando os lábios de qualquer estranho", como diz uma das estrofes da letra), a tal bad girl é, na verdade, o que eu chamo de doente emocional. Uma solitária na cidade grande precisando de carinho (Alguma coisa está faltando, mas não sei o que é/Sempre sinto a necessidade de esconder meus sentimentos de você/Será de mim ou de você que tenho medo?/Eu sempre digo que vou lhe contar do que é que eu sou feita") Quem não conheceu alguém assim? Poderia ser os pensamentos de muita mulher solitária na cidade grande.
O compacto com esta música foi um dos maiores fracassos da carreira da loura, mas o clip é um show! Reparem na hora em que o anjo que a protege (interpretado pelo ator Christopher Walken) entra no quarto, onde a garota aguarda o estranho que ela conhecera há pouco num bar. O anjo sabia que o rapaz iria matá-la. Ele senta-se ao lado dela e lhe dá um beijo. Muitos entendem este beijo como uma despedida. Mas eu entendo como se o anjo dissesse: "Se você quer carinho, então tome! Mas mande este cara embora." O olhar da Madonna para o anjo, em seguida, acaba com quaisquer dúvidas sobre o seu talento como atriz. Era um olhar de "Tudo bem, eu sei que ele irá me matar. Mas pelo menos irá acabar a angústia em minha vida." E o anjo se vai e a tal bad girl se deita sorridente, esperando que seu amante psicopata faça o seu trabalho.
Produzido por David Fincher, este clip de Bad Girl, para mim, é o mais maduro e bem feito de Madonna. Vale a pena voltar e apertar o PLAY.

terça-feira, julho 11, 2006

Leia Isto ou Eu Mato Este Gato

Esta foto foi tirada daqui.
Este título, cheirando a chantagem barata, foi inspirado no primeiro número da National Lampoon, famosa revista de humor norte americana, que estreava em 1973 com uma capa em que alguém ameaçava matar um cãozinho, caso quem estivesse lendo não comprasse a revista.
Lembrei-me da Lampoon ao ler a notícia de que algumas das mais importantes livrarias do eixo Rio-São Paulo (Aqui: a FNAC, a Travessa, a Letras & Expressões, a Saraiva Megastore e a Argumento) promoveram até o último sábado, uma estranha promoção. Um livro em branco - tipo livro para recolher assinaturas de visitantes - esteve em algumas lojas dessas cadeias de livarias. O cliente deveria escrever ali uma página inteira, contando uma passagem marcante da sua vida. Os melhores textos, escolhidos pelo dramaturgo e teledramaturgo Manoel Carlos, serão aproveitados numa fotonovela editada por uma revista.
O concurso faz parte da campanha de promoção da novela Retratos da Vida, de autoria do próprio Manoel, que acaba de ir ao ar na Rede Globo.
Sei lá! Mas esse negócio de pedir ás pessoas para escreverem sobre suas vidas, para promover uma novela, que é sobre momentos marcantes da vida de vários personagens, me soa estranho. Soa também como um ato de desespero, como o titulo deste blog. Não quero acreditar que o Manoel Carlos - para mim, o maior autor de novelas da atualidade - , esteja com falta de inspiração. Mas que me parece estranho, parece.
Mande bala!

sábado, julho 08, 2006

Mundo Cão



"ANA: E tem mais. Nós vivemos num lugar que pertence a alguém que não conhecemos.
GÉRSON: E que importância tem isso?
ANA: Ele deve ser um homem gordo e arrogante.
GÉRSON: Quem?
ANA: O dono deste apartamento. Gordo e arrogante! Um cafajeste oportunista e bem nojento. Desses tipos que costumam vencer na vida."
(Trecho da minha peça Esta Noite É Verão No Inferno)
*******************
Você paga aluguel?
Em caso positivo, como é o relacionamento com o proprietário do imóvel onde você mora?
Se for ruim. Tranquilize-se. Mergulhe aqui e veja as fotos da excelente matéria do Village Voice, que joga merda no ventilador e lista os 10 piores proprietários da cidade e seus imóveis para alugar. "Fotos que não são mostradas nas administradoras", diz a matéria, que vai fazer você amar o seu locador.
Nova Iorque sempre foi uma das cidades mais caras do mundo. Mas a partir dos anos 90 sofreu uma incrível valorização, que efetuou sensíveis transformações na cidade, expulsando muita gente boa de Manhattans para os bairros mais baratos, do outro lado do Hudson. Mesmo assim, com preços estratosféricos, as condições de alguns apartamentos são subhumanas.
Para os sortudos que pensam em morar na Big Apple, a matéria traz os endereços dos muquifos.

quarta-feira, julho 05, 2006

Gente Como a Gente. Ou Não?


Imagine a cena:
Dois amigos entram num carro. Ele, um septuaginário apaixonado; ela, uma jovem carente, solitária e extremamente sensível.
No outro lado da rua, um homem sai com a sua filinha de uma pet shop, carregando um saquinho plástico com água e um peixinho dourado. De tão preocupado em acomodar a filhinha no interior do carro, o homem estressado esquece o saco com o peixinho no caput do carro e dá a partida.
O casal de amigos vê a cena e pensa em avisar o homem. O saquinho com o peixe dourado continua milagrosamente no teto enquanto o homem segue por uma auto-estrada. O saco pode cair a qualquer momento. E eles sabem que se avisassem ao homem e este diminuísse a velocidade, o saco se espatifaria no asfalto da mesma forma. O que fazer, então?
"Aquele peixe está vivendo os seus últimos minutos de vida.", diz a jovem sensível, ao volante, "Ele vai morrer e talvez seja melhor que ele saiba que é amado. A única coisa que podemos fazer é dizer que o amamos. Peixinho, eu te amo."
Um velho apaixonado por uma mulher preste a morrer, um vendedor de sapatos com problemas mentais que acabou de se separar e tem que cuidar de dois filhos que o desprezam, uma artista plástica que tem que oferecer serviços de motoristas para idosos. Todos personagens que só querem ser felizes, ter um amor, mas não conseguem se encaixar muito bem nesse mundinho em que vivemos.
Ontem fui assitir Eu, você e Todos Nós, que já está saindo de cartaz, no Rio, após ter sido a grande zebra da temporada, competindo com arrasa-quarteirões como Código Da Vinci, Carros, A Profecia, Missão Impossível III, etc. E não fez feio, nem em críticas e nem nas bilheterias.
O filme até que não é lá grandes coisas. A estreante diretora americana Miranda July talvez tenha pensado que juntar personagens interessantes e diálogos pretenciosamente intelectuais fosse o bastante para manter a pipa no alto. Mas falta a brisa da criatividade e a pipa cai de vez em quando.
Por outro lado, essa comédia dramática até tem suas virtudes e uma delas é cativar pela sensibilidade com que os personagens são tratados, com detalhes que são verdadeiras pérolas. Falar de solitários e desajustados sempre foi uma característica do cinema alternativo norte-americano. Quem não se lembra de Felicidade ou Bem-vindo A Casa de Bonecas nos anos 90? Mas esses não se apoiavam apenas nos seus personagens, tinham história e criatividade bastante para segurar a pipa.
Em todo caso, Eu, Você e Todos Nós faz você sair do cinema com o coração massageado. Talvez por que haja um pouco daqueles sofredores em cada um de nós.

Êba!!!!!!!!!!

(A foto saiu pequena porque ainda estou discutindo a minha relação com o Blogspot)

Tem gente que torce para que a humanidade chegue logo ao fundo do poço para que as pessoas se concientizem e comecem a fazer alguma coisa. Acredito que estamos longe do fundo, ainda, mas já estão surgindo atitudes para salvar o meio ambiente.
Enganou-se, caso você tenha imaginado que tal atitude tenha partido de alguma ONG ou entidade de preservação qualquer. Ela veio de uma das gigantes americanas que mais vinha agredindo o a natureza. Estou falando da General Eletric, que decidiu investir anualmente, até 2010, um milhão e meio de dólares na chamada clean tech, como são eles chamam as tecnologias não-poluentes. A GE também prometeu diminuir de 40 para cerca de 1% a emissão de gases até 2012.

E a GE não está sozinha. Outras empresas como a Toyota e Exelon também estão entrando na mesma. A FedEx, por exemplo, anunciou recentemente que irá usar caminhões de entrega especiais, que emitem bem menos poluentes.

Mas é inocente quem pensa que essas empresas estão fazendo isso apenas por bom samaritanismo. Nos últimos tempos, a tv americana tem mostrado belos comerciais de grandes empresas, todas anunciando a sua preocupação em proteger o meio ambiente. É lógico que essa boa vontade rende dividendos perante o público na terra do tio Sam, cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas, principalmente após a tragédia do Katrina.

Para saber mais, mergulhe na excelente matéria da Wired.

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Esqueci de dizer, mas o Montbläat também publicou uma história do Lacerda, postada aqui em dezembro. Mas o melhor de tudo foi o comentário de uma leitora, a Christina Thedin, que me emocionou bastante. Para quem ler tudo isso, é só mergulhar.

Valeu, Fritz!

segunda-feira, julho 03, 2006

Sexo



No início dos anos 60, um casal cabeça feita, de Nova Iorque, seduzia um rapazinho meio perdido da Califórnia. Não. Este post não é sobre pedofilia. Mas para não decepcioná-los, posso lhe garantir que tem muito sexo nesta história.
O casal novaiorquino em questão era a atriz Judith Malina e o poeta e escritor Jullian Beck. Ambos haviam fundado, em 1947, o Living Theatre, um grupo de teatro que existe até hoje e que sempre teve como característica, a criação de textos que causassem uma espécie de EXCITAÇÃO filosófica, política e existencial na platéia. Naqueles idos do início dos 60, o grupo também tinha um proposta totalmente inovadora, que forçava o público a participar da encenação, como num autêntico BACANAL dramatúrgico. “O fim da quarta parede”, como o meio teatral costuma dizer.
Enquanto isso, o jovem Jim Morrison era apenas um rapaz que havia chegado da Flórida para estudar cinema em Los Angeles. Influenciado por escritores com espírito revolucionário como o beatkin Jack Keroak e os poetas europeus William Blake, Charles Baudelaire e Athur Rimbaud, Morrison um dia percebeu que a música seria a forma de arte ideal para por em práticaas suas idéias performáticas, que misturavam poesia, música e interpretação, levando o público a uma espécie de ORGIA intelectual. No início isso lhe pareceu apenas uma piração de sua mente rebelde. Mas ao conhecer o trabalho do Living Theatre, ele deve ter tido uma espécie de EJACULAÇÃO PRECOCE, ao ser invadido pela visão inspiradora que o levaria a testar as possibilidades de um rockn´roll teatral, totalmente inédito na época.
Junto com o amigo e tecladista Ray Manzerek, Jim formaria o The Doors, em 1966, auge da era psicolélica. Light My Fire e Touch Me foram os primeiros hits de uma carreira meteórica. Mas o melhor dos Doors eram os shows, onde um Morrison quase sempre alucinado por álcool e outras porcarias, forçava agressivamente uma participação da platéia, muitas vezes descendo do palco e se misturando ao público, que assistia a tudo em delírio, como numa SURUBA, ou um SWING, ou um 69 musical. Ele parecia mesmo querer descobrir o PONTO G da platéia, testando todas as POSIÇÕES POSSÍVEIS, em verdadeiros shows de CONTORCIONISMO, e com isso arrancar e retribuir ORGASMOS TRÍPULOS.
Esses excessos tiveram um preço. Como não conseguia ir tão longe estando careta, Morrison se afundava cada vez mais em porcarias químicas, maltratando-se e maltratando quem estivesse a sua volta, como um perfeito SADOMASÔ. Em julho de 1969, foi preso duas vezes, durante shows, na Flórida. A primeira, por simular um BOQUETE no guitarrista, Robby Krieger. Foi em cana em pleno palco, para ÊXTASE da platéia. A segunda prisão, semanas mais tarde, foi um verdadeiro ESTUPRO. Um Morrison completamente drogado provocou tanto o público, que foi repreendido por um policial. Ele reagiu com deboche. O tira perdeu o controle, arrancou-lhe o chapéu e o jogou para a platéia, que GOZAVA sem parar. Jim, então, tirou o quepe do policial e o atirou no meio do público, que GEMIA DE PRAZER, pois o gesto de Morrison simbolizava um espécie COITO ANAL contra o governo Nixon que insistia em prolongar a sangrenta MASTURBAÇÃO da Guerra do Vietnã.
Todo esse KAMA SUTRA custou a Jim quase um ano de prisão. Quando saiu, já não era o mesmo. Estava deprimido, desanimado, desiludido. Completamente BROXA, após tantas AERÓBICAS SEXUAIS e diante da violenta pressão que estava sofrendo de todos os lados. De apenas um louco PERVERTIDO, ele parecia ter se transformado no inimigo número um da América. Chegou a aparecer na capa de uma grande revista sob a tarja "Procure-se".
Então, foi para Paris, a fim de tentar a carreira de escritor. Na primavera de 1971, ele confessava ao companheiro de banda Krieger que estava pensando em voltar. Não teve tempo. Morreu dentro de uma banheira, fulminado por um ataque cardíaco, no dia 3 de julho daquele ano. Hoje, estão se completando 35 verões e sua morte continua polêmica. Quando a banda chegou à capital francesa, Jim já havia sido enterrado. O empresário já estava lá, mas havia sido impedido de ver o corpo. O legista que assinou o laudo com a causa da morte, nunca foi identificado e os funcionários do cemitério que realizaram o sepultamento, nunca foram encontrados. A artista plástica Pamela Courson, companheira de Morrison, a única testemunha, calou-se para o mundo e levou o segredo para o túmulo, ao morrer de uma suposta overdose de heroína, em 1974.
Quando Jim morreu, Bowie já estava se TRAVESTINDO no palco, para interpretar o seu Ziggy Stardust, Alice Cooper já era guilhotinado durante os shows e não demoraria para os rapazes do Kizz começarem o seus espetáculos circenses. E a coisa não pararia por aí e até as performances milionárias de Madonna, nos dias atuais, seria um longo caminho. Mas tudo começou com Jim, o primeiro a ter relações com a platéia.
Aliás, ter relações é o que os artistas atuais fazem. Como PROSTITUTAS, eles lhe oferecem performances muito bem ensaiadas, pouco naturais, bastando você pagar o ingresso. E, muitas vezes, você recebe apenas um BEIJO NA BOCA e não vale o MICHÊ.
Morrison tinha verdadeiras CONJUNÇÕES CARNAIS, com ORGASMOS MÚLTIPLOS de ambos os lados. E pagou caro por ter ido tão longe. Como a maioria de todos que também ousaram ir tão longe neste mundo.
Uau! Este post me deixou exausto! Porque falar de Jim Morrison é falar de SEXO. Como o velho e bom rockn´roll.
Foi bom pra você?
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C´est Foda!
E por falar em sexo, o Brasil mais uma vez abriu as pernas!