Alguma coisa aconteceu em meu coração...
Pois é. Agora vai chorar na cama, que é lugar quente e a Inês já é morta. Eu avisei!
Mas como sou bonzinho, uma terceira já está no forno. Pois, não ficou pedra sobre pedra em São Paulo.
No próximo dia 14 de maio, estarão se completando 20 anos que deixei de ser paulistano. É isso aí. Entre 1984 e 1986 morei na capital paulista. Depois, só estive lá para fazer a homologação do meu pedido de demissão, em junho de 87. Por tanto, há quase 19 anos não pisava em São Paulo. E não foi por que guardasse algum tipo de rancor contra esta cidade. Muito pelo contrário. Na verdade, eu e a metrópole paulista temos um trato.
Quando cheguei em São Paulo, em novembro de 1984, estava sob um inferno astral e enfrentava uma das fases mais peso-pesado da minha vida. Como estava sem trabalho no Rio, fui trampar (como os manos paulistas falam) na Nossa Caixa. Eu estava num momento em que não tinha muito a perder. Então a terra da garoa me recebeu de braços abertos, me acolheu como se eu fosse um filho? Nada disso. Ela me recebeu sem muito mimo para que “eu me virasse e percebesse que eu era mais capaz do que imaginava.” Ela bem que me protegeu de longe, mas deixou que eu quebrasse a cara.
Durante esse ano e meio que vivi na capital paulista amadureci uns dez anos. Conheci gente fantástica, amei, comi o pão sobre o qual o diabo sapateou em cima. Me diverti, ganhei dinheiro e vivi fortes emoções. Quando já estava de bom tamanho, voltei ao Rio. Era como se a cidade tivesse me dado alta. “Pronto, agora você já está mais apto para a vida.” E voltei.
Neste feriadão, aproveitando o lançamento da Revista Bagatelas, voltei. E foi emocionante. Não só pela bela noite do lançamento da revista, mas também por ver como a cidade está mais bonita, organizada e informal. Continua nervosa, estressada e barulhenta, mas muito mais interessante. Enquanto dava um giro pela cidade, sob um sol cruel, íamos conversando. “Mas como você está bem! Olhe a Paulista como mudou! Meu Deus, fora da região da Sé, quase não vi sem-tetos! Como você está bem sinalizada! Que beleza as calçadas largas e com os ambulantes apenas em alguns pontos! Veja quantos barzinhos novos em Vila Madalena! Veja como você está mais limpa!” E ela respondia: “Você também mudou muito e está ótimo!” Monges budistas atravessavam a Paulista, levando esbarrões de executivos estressados, dois rapazes gays faziam poses para tirar fotos através dos seus celulares, nordestinos dançavam forró na Sé, metaleiros passeavam pelas estações do metrô, com usas roupas pretas e cintos e braceletes brilhantes, enquanto o pessoal da noite amanhecia tomando café na Padaria Bella Paulista, com seus cabelos coloridos, piercings e roupas esquisitas. Assim é a São Paulo pela qual me simpatizei. E com quem fiz um trato. Ela me ensinou o que eu deveria aprender e eu só voltaria quando tivesse mesmo aprendido.
E na próxima quarta-feira esta senhora irá fazer seus 452 aninhos e com um botox ali, uma lipo aqui, um peeling acolá, está cada vez mais charmosa. Por isso, não posso deixar de dar os meus parabéns a esta cidade pela qual guardo um carinho todo especial. E parabéns também aos paulistas que me receberam tão bem.
Eu sei que estou devendo fotos dos lançamentos da Bagatelas, mas ainda não tive tempo.
11 Comments:
Gostei da cronica, muito gostosa de ler.
Parabéns pelo lançamento da revista.
então tudo rolou bem em Sampa. Beleza!! E vc ainda aproveitou para matar saudades.
abraços
Fui duas ou tres vezes à SP.
Não gostei.
Aliás, acho que nem eles gostam ...
Desde que têm um tempo, correm aqui pro Rio.
Abçs,
JÔKA P.
Parabéns por seu sucesso !!!
TUDO de BOM !!!
:D
Olá!
Bom dia. Hoje, vim lhe pedir a opinião sobre um relato que faço em meu blog. Se vc puder ficarei feliz.
Beijos e boa semana
Oi JC!!! Fico feliz pelo sucesso!!! Sabe, algumas vezes desejei ser paulista. Neste verão estou vendo tantos 'horrores de verão' que sinceramente, dá até vontade de ser paulista...mas logo passa! Beijão!
Cada cidade tem o seu encanto! Minha cidade natal é um pulinho de São Paulo, então não precisa dizer que eu vivia por lá. Um estágio nessa maravilhosa cidade prepara qualquer ser para virar uma pessoa cosmopolita. sim, porque quem sobrevive a Sampa, sabe viver em qualquer lugar do mundo.
Boa semana!! Beijus
Jôka, que pena que você não gostou de Sampa! Vou discordar com você. Paulista gosta tanto de Sampa quanto os cariocas gostam do Rio. E se eu for seguir a lógica do seu raciocínio, devemos odiar nossa cidade, já que em qualquer feriadão, caimos fora. No vôo para SP, por exemplo, havia muitos cariocas.
gd ab
A,
Não aconselho nenhum carioca ir morar em Sampa. Mesmo que seja pra ganhar rios de dinheiro. Mas todo carioca deveria conhecer essa cidade feia, cinza e agressiva. Mas que te seduz aos poucos.
bjus
e Luma
Suas palavras são certíssimas. Viver no Rio é fácil. Quando você consegue sobreviver em Sampa, você se sente muito mais gente e nada pode lhe derrubar. São Paulo é um grande estágio.
Bote a água no fogo que já vou lá tomar um café.
bjus
Júlio! que bom que vc. aprendeu o que Sampa te ensinou. Tem gente que passa pela vida e não aprende nada..rs!
Adorei o relato!
bjs!
Luci,
se a vida é uma escola, Sampa é a sala de aula. Aprendi muito mesmo e é por isso que guardo por esta cidade um afeto todo especial e foi ótimo revê-la.
bjs
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