quinta-feira, junho 29, 2006

Os Pequenos Que Dão Conta do Recado - Reload


No último post, eu falei do excelente jornal MontBläat, do Frizt Utzeri. Pois é, ele publicou em um dos seus últimos números, alguns microcontos que eu já havia postado aqui, em 26/11/2005. Para quem não se lembra ou ainda não freqüentava o Bala na época, aí vai um flash back:

(
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Procurando imóvel pra alugar ou comprar?
Eu não tenho nenhuma dica.
Mas tem um conto meu aqui que pode lhe ajudar.

terça-feira, junho 27, 2006

Plin-Plin!



Você já deve ter assitido àquele anúncio da Oi, no qual o Ronaldinho Gaucho percorre alguns restaurantes de comida internacional e põe o celular para entoar em alto volume a irritante musiquinha-tema da companhia de telefonia móvel para a Copa. A maldita "Oooooooh, sou brasileiroooooô!"
Por si só, o anúnico já seria ridículo. Mas além disso, acho que ele passa uma imagem ruim do nosso povo. O do Fodão, o que tem direito de desrespeitar as culturas de outros países porque somos melhores que eles.
Tá certo que é apenas um comercial de tv. E eu até encararia a coisa dessa forma, se ele não tivesse ido ao ar na mesma época da publicação de uma matéria no excelente jornal Montbläat, do jornalista Frizt Utzeri. A matéria é sobre uma outra matéria publicada pouco antes na Veja, sobre a decadência moral dos brasileiros, tendo como ponto de partida uma pesquisa feita pelo autor da novela Belíssima, Silvio de Abreu.
Como o Montbläat não tem site, vou tomar a liberdade de colocar um trecho dessa preocupante matéria:

“Realizamos uma pesquisa com espectadoras para ver como o público estava absorvendo a trama e constatamos que uma parcela considerável delas já não valoriza tanto a retidão de caráter. Para elas, fazer o que for necessário para se realizar na vida é o certo. Esse encontro com o público me fez pensar que a moral do país está em frangalhos”.
“As pessoas se mostraram muito mais interessadas nos personagens negativos que nos moralmente corretos. Isso para mim foi uma completa surpresa. Na minha novela anterior. ‘As Filhas da Mãe’, há coisa de cinco anos, o comportamento dos grupos de pesquisa era diferente. Os personagens bons eram os mais queridos. Nessa última pesquisa, eles foram considerados enfadonhos por boa parte das espectadoras. Elas se incomodavam com o fato de a protagonista Júlia ficar sofrendo em vez de se virar e resolver sua vida de forma pragmática. Outro exemplo são as opiniões sobre Alberto, o personagem que não mediu esforços para tirar de seu caminho o Cemil, um bom moço e roubar sua pretendente, Mônica. Alberto fez uma falcatrua para desmanchar o romance do rival. Em qualquer outra novela, isso faria o público automaticamente ficar do lado do mocinho. Mas as donas-de-casa não viram nada de errado na conduta do Alberto. Pelo contrário: ponderaram que, se ele fez aquilo para conquistar um mulherão, tudo bem”.
“O fato de o André ter dado um golpe do baú na Júlia também foi visto com naturalidade. As espectadoras achavam que, se ele precisava de dinheiro, não havia mal em ficar com ela. Colocamos então que o canalha a estava roubando e as espectadoras retrucaram: deixa disso, daqui a pouco eles vão ficar bem. O fato de André ser bonito era suficiente para ganhar o prêmio máximo numa novela, que é ficar com a mocinha. Na mesma pesquisa, colhemos indícios claros de que essa maior tolerância com os desvios de conduta tem tudo a ver com os escândalos recentes da política”.

Estudo desvalorizado
“Numa parte da pesquisa, as espectadoras apontaram com qual personagem se identificavam e a maioria simpatizava com a Júlia, é claro. Mas havia colocações do tipo: ‘Quero ser a Júlia porque aí eu pago mensalão para todo mundo e ninguém me passa a perna’. Olhe que absurdo: a esperteza desonesta foi vista como um valor. O simples fato de o presidente Lula dizer que não sabia de nada e não viu as mazelas trazidas à tona pelas CPIs e pela imprensa basta, as pessoas fingem que acreditam porque acham mais conveniente que fique tudo como está”.
“Sinto dizer que, se as novelas ficaram mais elaboradas, foi pela evolução natural dos autores. Hoje, o problema em relação ao público é o contrário. O nível intelectual do brasileiro de maneira geral está abaixo do que era na década de 60 ou 70, porque as escolas são piores e o estudo já não é valorizado como antigamente. Houve um dia, não custa lembrar, em que cursar a universidade era um objetivo de vida. O valor não é mais fazer alguma coisa que seja dignificante. As pessoas querem é subir na vida, ganhar dinheiro, e dane-se o resto”.
Esta matéria do MontBläat é preocupante porque mostra a quantas anda a educação e a moral do nosso povo. Esse país ainda tem algum futuro? Em caso negativo, qual a participação da tv nisso tudo? Essas são as perguntas básicas que as autoridades deveriam estar se fazendo. Isso se as autoridades estivessem mesmo preocupadas com o país.
Quer assinar o Montbläat? Informações em flordolavradio@uol.com.br.

sexta-feira, junho 23, 2006

Curto e Grosso




"Sempre fico de olho nos ingênuos. Os ingênuos, românticos e sonhadores serão os futuros amargos, tiranos, mesquinhos e cruéis. Há sempre uma desilusão no meio do caminho."

(Palavras do Lacerda, aquele detetive do meu romance policial A Arte de Odiar, lembra?)

E não se esqueçam!

O post de hoje é bem pequeno porque estou indo pra Belô.

Até segunda!

Juízo

bjs a todos

segunda-feira, junho 19, 2006

Explode Coração!!!!!

Elis Regina - Atras da Porta - ao vivo



Em fins de 1980, Elis havia sido contratada pela Rede Globo para fazer o tradicional show de final de ano que emissora oferece como presente aos seus telespectadores. Ela estava se separando de César Camargo Mariano, o homem que a está acompanhando no piano. O público não sabia. Poucos sabiam. Assim como poucos sabiam também que Atrás da Porta havia sido composta pelo Chico e o Francis Hime especialmente para Elis, na época em que ela se separava do músico e compositor Ronaldo Boscoli, em 1971. O casamento com Boscoli havia sido problemático. A separação muito mais. Ele parecia não aceitar o crescimento profissional de Elis, enquanto a sua carreira não decolava, uma vez que ele continuava preso aos tempos de ouro da Bossa Nova, numa época em que a Bossa já estava morta e enterrada.
Elis sofreu ao se separar de Boscoli e sofreu muito mais ao separar de César. Só que nós (eu e os outros milhões que assistiam ao programa) não sabíamos. Por isso, não entedemos quando ela desatou a chorar. A direção do programa teve o feeling de não cortar - fugindo o padrão Globo de qualidade -, proporcionando um dos mais belos momentos da tv brasileira. E hoje, passados mais de 25 anos da exibição deste especial e quase 25 anos da morte de Elis, essas cenas continuam me emocionando tanto quanto naquela noite em que o Brasil inteiro se deleitou ao ver alguém chorar.

segunda-feira, junho 12, 2006

Maior Bode, bicho!!!



As coisas estão estranhas no mundo que tem até hippie enfrentando crise financeira.

Pelo menos é o que estão reclamando o pessoal da comunidade de Twin Oaks, que há 38 anos existe na cidade do mesmo nome, no estado norte-americano da Virginia. Os hippies dali viviam fundamentalmente da venda do que produziam. E eles produziam rede e tofu. Viviam felizes numa fazenda de 1.824 metros quadrados, achando que o sonho não havia acabado. Mas quando o seu maior cliente, a Píer One Imports, anunciou que deixaria de comprar seus produtos, os ripongas da terceira idade entraram na maior bad trip, bicho!
Segundo a revista Fortune, o faturamento deles despencou de US$ 2 milhoes em 2002 para US$ 1,1 no ano passado. Parece pouco, mas tem que se levar em conta os gastos cada vez maiores devido aos aumentos nos preços da gasolina e com despesas médicas, já que há muito esses ripongas trocaram o LSD e o chá de cogumelo por Lexotan e outras drogas mais caretas.
A primeira comunidade hippie a se tornar famosa foi a de Haight-Ashbury, localizada no quarteirão entre essas duas ruas, próximas à zona portuária de São Francisco. Por volta de 1965, a área era decadente e os aluguéis dos enormes casarões em estilo vitoriano eram tão baratos, que passaram a atrair uma legião de jovens artistas que queriam experimentar ácido e a possibilidade de vida alternativa, rompendo todos os laços com a sociedade vigente.
No início, vistos como excêntricos jovens cabeludos e drogados que usavam roupas estranhas, os hippies foram sendo aceitos pelos moradores da cidade e até a prefeitura não se incomodou quando eles passaram a desenhar imensos painéis psicodélicos nas frentes das casas, onde os degraus eram verdadeiras assembléias legislativas. Entre um baseado e outro, discutia-se desde como se entoar um mantra até medidas para melhorar a comunidade.
Sim, eles eram uma comunidade. Viviam do que produziam (música, poesia, artesanato, pintura, moda, literatura, etc) e tinham suas prórprias leis. Eram pacíficos e criaram até um esquema especial de distribuição de drogas. Alguém ia lá fora buscar, para impedir que grandes traficantes e marginais perigosos entrassem na comunidade. Com isso, os registros policiais eram raros e a própria polícia fechava os olhos quando sentia o doce cheiro de mato queimando na área.
Haight-Ashbury conseguiu ser uma ilha de tranqüilidade no meio da selva da grande cidade durante uns dois anos. Até que alguém (sempre tem alguém) ambicioso quis aumentar as proporções das coisas e propôs uma maior divulgação da filosofia de vida do lugar. Na verdade, a comunidade já vinha atraindo jovens aventureiros, na maioria, rebeldes-sem-causa da classe média, fascinados com a possibilidade de viver longe e sem a mesada dos pais e ainda ter a chance de esbarrar em gente como Janis Joplin, dividir um baseado com Jerry Garcia (dos Graeteful Dead) e ter Grace Slick (dos Jefferson Airplane) batendo na sua porta à noite para pedir meia dúzia de ovos pra fazer uma gemada. Hoje em dia seria mais fácil com a internet. Mas para promover o movimento que crescia, os hippies anunciaram um grande happening no Golden Gate Park, em janeiro de 1967. Eram esperados uns 200 e apareceram mais de 2 mil ripongas. Durante todo o dia, houve palestras, danças, shows e muitas viagens lisérgicas. Quem foi, conta que era tanto baseado queimado, que formou-se um fog em volta do parque.
Os ripongas, entusiasmados com o sucesso do evento, decidiram promover algo ainda maior. Seria uma semana de shows, palestras, workshops, manifestações e happenings. A doideira recebeu o nome sugestivo de Verão do Amor, aconteceria na segunda semana de junho do mesmo ano e seria fechada com um grande festival de rock no antigo autódromo de Monterrey. Os líderes apareceram na tv convidando a todos que estivessem interessados em iniciar uma vida alternativa a irem celebrar com eles em São Francisco. Quase que imediatamente jovens cabeludos com mochilas nas costas, vindos de todas as partes do mundo começaram a chegar, enquanto músicas em louvor à tal celebração subiam nas paradas (San Francisco do Scott Mackienzie é a mais famosa) e até a revista Time publicava um reportagem de capa sobre o que estava acontecendo na costa oeste.
Os líderes – entre eles o poeta Allen Ginsberg – comemoraram o sucesso. Mal sabiam que seriam vítimas da própria inocência. Isso porque entre aqueles milhares de jovens que chegavam, havia desordeiros, procurados pela justiça, marginais e desajustados de todos os gêneros. Quando aquele Verão do Amor terminou, Haight-Ashbury passou a ser um local perigoso com assaltos, estupros, latrocínios e furtos ocorrendo aos montes. Os traficantes perigosos passaram a dar as caras e a polícia não fechou mais os olhos. Incidentes, prisões, brigas, casos de overdoses e tumultos passaram a ser freqüentes. Era o início do fim do sonho, até Haight-Ashbury ser parcialmente demolida pela prefeitura em 1973.
Horrorizados, os primeiros ripongas que haviam chegado na comunidade começaram a dar no pé. Muitos foram para o campo e formaram comunidades rurais, na tentativa de levar às últimas conseqüências a experiência de se criar uma sociedade alternativa. No inicio, eram pequenos núcleos na região montanhosa da Califórnia. Depois, as comunidades rurais passaram a se espalhar por todos os EUA. Twin Oaks foi uma delas, comprada por meros US$ 26.500 em 1967.
Aqui no Brasil também existiram várias comunidades do tipo nos anos 70, em locais como Arembepe (Bahia), Lumiar e Paraty (Rio), Ouro Preto (Minas), Canoa Quebrada (Ceará) e Sete Cidades (Piauí). Em 1972, Zé Rodrix declarava, através da voz da Elis: “Eu quero uma casa no campo, onde eu possa compor muitos rocks rurais...” Ainda hoje você encontra sobreviventes daqueles tempos em alguns desses lugares. Em Penedo, no sul do estado do Rio, por exemplo, ex-hippies transformaram suas antigas casas em pousadas confortáveis que cobram diárias exorbitantes.
Seja como for, me comoveu ler a matéria do O Globo sobre esses sobreviventes que passaram por todos os percalços vividos pela sua geração e foram encontrar o fim do sonho logo agora no fim da vida.


Para Anotar na Agenda


Não poderei estar lá. Estarei em Belô, comendo pão de queijo, se Deus quiser. Mas não deixem de ir. Falar sobre Sabino sempre rende um bom papo.

domingo, junho 11, 2006

Previsão do Tempo...


Blog Instável com Posts Esparsos
Bem, o sufoco continua. Estou, aos poucos, colocando a vida em ordem. Mas ainda falta muita coisa e haverá mais dias sem post pela frente. Este foi só para matar as saudades.
Copa do Mundo? Vou tentar ignorar.
E por falar em Copa do Mundo, outro dia, uma UTI móvel que iria pegar uma senhora, moradora do meu prédio e que passava muito mal, foi impedida de entrar na minha rua, porque um grupo de moradores estavam pintando o asfalto, enfeitando a via pública para os dias de jogos. O carro teve que entrar na marra para salvar uma vida.
Acho essa euforia toda um exagero e também algo muito triste. Sim, é triste um país tão rico ter como motivo de orgulho apenas um título esportivo. Se o Brasil fosse pelo menos campeão em saúde, ou educação, ou economia, ou cultura, ou justiça ou em qualquer outra coisa que conferisse mais dignidade e bem-estar ao seu povo, até justificaria este patriotismo falso e patético que a mídia nos impõe e que grande parte da população aceita.
Ser hexa-campeção vai mudar a vida de muitos poucos. E mesmo esses, já estão com a vida ganha.
Você até pode não concordar comigo. Mas não estou sozinho. O grande Arthur Dapieve do Nomínimo pensa o mesmo.
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E conforme o combinado, eis aqui uma foto do lançamento do segundo número da Revista Bagatelas, na Travessa-Ipanema.
Flavinho Corrêa de Mello conversa comigo, enquanto Luciano Silva manda ver nos autógrafos.
Pensei em botar mais fotos, mas o Blogger anda mal humorado e não quer entrar em acordo comigo. Então, mergulhe aqui para ver a festa que foi o lançamento.
E até outro dia ou em qualquer edição extraordinária.
Ótima semana para todos e juízo.
Beijos

segunda-feira, junho 05, 2006

Enquanto isso, em algum lugar na noite do Rio...


"Vinte horas. Sábado. Restaurante na Lagoa. Ainda chovia quando Marcela chegou.
MARCELA: - Boa noite.
EU: - Boa noite. Tudo bem?
Marcela era uma quarentona, classe média. Como a maioria. Bem vestida, cabelos louros e lisos. Tinha um sorriso sincero. Diferente dos outros.
MARCELA: - Você chegou há muito tempo?
EU: - Uns dez minutos.
Marcela, já sentada, me examinava com um sorriso curioso.
MARCELA: - Você é muito bonito. Se fosse mais jovem eu acharia que...
EU:- Que sou um miché?
MARCELA: - Isso.
Já dava para perceber que teria trabalho com ela. Só não imaginava o quanto. Sorri meio de lado e depois a encarei. Não nos olhos, mas...em algum ponto entre os olhos. Aprendi isso com a Clara, minha cliente psicóloga.
EU: - Mas eu não sou um prostituto.
MARCELA: - Tá certo. Posso perguntar o que você é, então?"

(Quer saber o que ele é, na verdade? Então aguarde o lançamento do meu livro Crimes e Perversões . E para alimentar ainda mais a sua mente maldosa, o título deste conto é Vinte Nove Centímetros)
Tô ficando atoladinho...
Bem, meus queridos amigos. Esta semana não haverá mais posts. Estou até aqui de trabalho. Isso já vem acontecendo há algum tempo, vocês têm percebido que nem tenho tido tempo para responder aos comentários e ido visitar todos vocês. Então, cheguei a conclusão de que, quando é assim, é melhor parar. Só preciso de um tempo para botar ordem na casa, já que estou envolvido em vários projetos ao mesmo tempo.
Além do mais, o meu monitor está me ameaçando. Estamos prestes a entrar em luta corporal. É um saco ter que navegar com a tela toda em verde...não, azul...não, rosa...não, amarelo-canário...aquelas coisas! É hora também de trocar de monitor.
Em resumo: volto quando puder. Com tempo de fazer tudo o que gosto e cheio de novidades, como o lançamento da Bagatelas. Que foi tudo de bom! E tem as fotos!
Até lá!
Se cuidem e juízo!
Beijos

sexta-feira, junho 02, 2006

Era Uma Vez...



...quatro rapazes muito amigos, em Forest Hills, subúrbio de Nova Iorque que queriam formar uma banda. Joey (Jeffrey Hyman) cantava(mal); Tommy (Thomas Erdely) era o baterista, Dee Dee (Douglas Glenn Colvin) cuidava (pessimamente) do baixo e dos vocais, enquanto Johnny (John William Cummings) tocava guitarra. Estes quatro rapazes, sonhavam em devolver ao rock a energia perdida a partir do final dos anos 60, quando bandas sérias como Pink Floyd, Genesis, Yes, Led Zeppelin e Jethro Tull, passaram a dominar o mercado.
Numa noite de agosto de 1974, os quatro rapazes descobriram um lugar sujo e fedorento, na rua Bowery, nas cercanias do Cais do Porto. O muquifo chamava-se CBGB´s e era freqüentado por motoqueiros Hell´s Angels, michés, putas, viciados, traficantes, vagabundos de todos os gêneros e todos aqueles que até mesmo uma cidade louca como Nova Iorque queria ver pelas costas.
Perfeito! Lá os quatro garotos de Forest Hills sentiam-se em casa. Todos estavam de saco cheio das porcarias que tocavam no rádio.
Passaram a freqüentar o lugar e em breve passariam a também se apresentar lá junto com outros delinqüentes do rock como Blondie, Television, Talking Heads e New York Dolls. O seu estilo era o velho e puro rockn´roll, só que levado ás últimas conseqüencias sonoras.
Em 1975 assinariam um contrato de cinco anos com a Sire Records. E no ano seguinte lançariam o seu primeiro trabalho, chamado apenas Ramones. O conteúdo: rocks básicos de no máximo três minutos e extremamente barulhentos.
Em fins de 1975, uma fada madrinha apareceu no caminho dos rapazes. Uma fada madrinha esperta, oportunista e muito cara de pau, na figura do microempresário inglês, Malcolm MacLaren, proprietário de uma pequena loja de produtos sado-masoquistas, chamada Sex. Na época, Malcolm estava interessado também em se arriscar num mercado ainda mais imoral: o do rock, naqueles indecentes anos 70. Ao assistir a uma apresentação dos Ramones no CBGB´s, ele teve a visão do seu futuro. E quando voltou para Londres, disse para quatro vagabundos desajustados que costumavam a freqüentar a sua loja e tinham a pretensão de serem músicos: "Façam roquezinhos de no máximo de três minutos e toquem o mais alto que puderem." Depois, Malcolm os batizou de Sex Pistols. E o que veio depois foi uma longa história.
Quando os Ramones foram convidados a tocar em Londres, encontraram um monte de jovens de cabelos coloridos, usando roupas rasgadas e costuradas com alfinetes, braceletes de couro e maquiagens estranhas. Em Nova Iorque eles eram apenas quatro desajustados que se divertiam tocando um rock barulhento numa espeluncas com um nome que parecia ter sido criado por uma criança em fase de alfabetização. Mas na capital inglesa, descobriram-se como um dos líderes de um movimento raivoso, com pretensões de redimir o rockn´roll.
O meu primeiro contato com esses quatro marginais do rock foi justamente através deste primeiro trabalho, há 30 anos. Você sabe, vivíamos ainda a ditadura e não era fácil ser adolescente durante uma época em que tudo a sua volta parecia dizer “cale-se!”. Ouvir tal fúria sonora com volume máximo, trancado no meu quarto, equivaleria hoje a uma hora de relaxamento numa aula de boxe. Enquanto os meus pais socavam a porta e os vizinhos tapavam os ouvidos, eu, assim como outros em todo o país, liberava pelos poros toda a revolta pela opressão imposta por um governo que ninguém suportava mais.
Os Ramones ainda lançaram mais alguns bons discos (Leave Home e Road to Ruin, por exemplo), até que durante a década de 80, problemas internos levaram a algumas substituições e passaram a minar a energia da banda.
Joey Ramone morreu de câncer linfático em 15 de abril de 2001, em Nova Iorque e o lendário CBGB's passou a se chamar Joey Ramone's Place. Um ano depois, em 6 de junho de 2002, Dee Dee Ramone é encontrado morto em sua casa em Hollywood, por overdose de heroína.
E essa é a história de quatro rapazes do Queens que só queriam tocar um rock barulhento num clube mal freqüentado. Mas, por acidente, acabaram fazendo muito para toda uma geração.

Última Chamada...



Não pode ir ao lançamento? Então, aí estão alguns locais onde você pode encontrar a revista...

RIO DE JANEIRO

T R A V E S S Ã O

Rua Visconde de Pirajá, 572 - Ipanema - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3205-9002

T R A V E S S A D A T R A V E S S A

Travessa do Ouvidor, 17 - Centro - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3231-8015

R I O B R A N C O

Avenida Rio Branco, 44 - Centro - Rio de Janeiro Telefone: (21) 2253-8949

C C B BCentro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de março, 66 - Centro - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3808-2066

LIVRARIA IMPERIAL

Paço Imperial, 48 lj 3Telfone: (21) 2524.2605

DANTES LIVRARIA

Cinema OdeonPraça Floriano 07, CinelândiaTelefone: (21) 2240·2920

SÃO PAULO

LIVRARIA DA ESQUINA

Rua Caetés 489 (esquina c/ rua caiubí) Telefone: (11) 3873-9331 / 0075

MERCEARIA SÃO PEDRO

Rua Rodésia, 34 Vila MadalenaTelefone: (11) 3815-7200

RATO DE LIVRARIA

Rua do Paraíso 790 SP, Tel.: 11 3266 4476

BRASÍLIA

:Rayuela Livraria & BistrôSCLS 412, bloco B, loja 3, Asa Sul, Tel.: 3245-4335

E também pode pedir pelo nosso endereço de e-mail, entregamos para todo o Brasil, custa R$ 3,00 mais despesas postais.