sexta-feira, junho 02, 2006

Era Uma Vez...



...quatro rapazes muito amigos, em Forest Hills, subúrbio de Nova Iorque que queriam formar uma banda. Joey (Jeffrey Hyman) cantava(mal); Tommy (Thomas Erdely) era o baterista, Dee Dee (Douglas Glenn Colvin) cuidava (pessimamente) do baixo e dos vocais, enquanto Johnny (John William Cummings) tocava guitarra. Estes quatro rapazes, sonhavam em devolver ao rock a energia perdida a partir do final dos anos 60, quando bandas sérias como Pink Floyd, Genesis, Yes, Led Zeppelin e Jethro Tull, passaram a dominar o mercado.
Numa noite de agosto de 1974, os quatro rapazes descobriram um lugar sujo e fedorento, na rua Bowery, nas cercanias do Cais do Porto. O muquifo chamava-se CBGB´s e era freqüentado por motoqueiros Hell´s Angels, michés, putas, viciados, traficantes, vagabundos de todos os gêneros e todos aqueles que até mesmo uma cidade louca como Nova Iorque queria ver pelas costas.
Perfeito! Lá os quatro garotos de Forest Hills sentiam-se em casa. Todos estavam de saco cheio das porcarias que tocavam no rádio.
Passaram a freqüentar o lugar e em breve passariam a também se apresentar lá junto com outros delinqüentes do rock como Blondie, Television, Talking Heads e New York Dolls. O seu estilo era o velho e puro rockn´roll, só que levado ás últimas conseqüencias sonoras.
Em 1975 assinariam um contrato de cinco anos com a Sire Records. E no ano seguinte lançariam o seu primeiro trabalho, chamado apenas Ramones. O conteúdo: rocks básicos de no máximo três minutos e extremamente barulhentos.
Em fins de 1975, uma fada madrinha apareceu no caminho dos rapazes. Uma fada madrinha esperta, oportunista e muito cara de pau, na figura do microempresário inglês, Malcolm MacLaren, proprietário de uma pequena loja de produtos sado-masoquistas, chamada Sex. Na época, Malcolm estava interessado também em se arriscar num mercado ainda mais imoral: o do rock, naqueles indecentes anos 70. Ao assistir a uma apresentação dos Ramones no CBGB´s, ele teve a visão do seu futuro. E quando voltou para Londres, disse para quatro vagabundos desajustados que costumavam a freqüentar a sua loja e tinham a pretensão de serem músicos: "Façam roquezinhos de no máximo de três minutos e toquem o mais alto que puderem." Depois, Malcolm os batizou de Sex Pistols. E o que veio depois foi uma longa história.
Quando os Ramones foram convidados a tocar em Londres, encontraram um monte de jovens de cabelos coloridos, usando roupas rasgadas e costuradas com alfinetes, braceletes de couro e maquiagens estranhas. Em Nova Iorque eles eram apenas quatro desajustados que se divertiam tocando um rock barulhento numa espeluncas com um nome que parecia ter sido criado por uma criança em fase de alfabetização. Mas na capital inglesa, descobriram-se como um dos líderes de um movimento raivoso, com pretensões de redimir o rockn´roll.
O meu primeiro contato com esses quatro marginais do rock foi justamente através deste primeiro trabalho, há 30 anos. Você sabe, vivíamos ainda a ditadura e não era fácil ser adolescente durante uma época em que tudo a sua volta parecia dizer “cale-se!”. Ouvir tal fúria sonora com volume máximo, trancado no meu quarto, equivaleria hoje a uma hora de relaxamento numa aula de boxe. Enquanto os meus pais socavam a porta e os vizinhos tapavam os ouvidos, eu, assim como outros em todo o país, liberava pelos poros toda a revolta pela opressão imposta por um governo que ninguém suportava mais.
Os Ramones ainda lançaram mais alguns bons discos (Leave Home e Road to Ruin, por exemplo), até que durante a década de 80, problemas internos levaram a algumas substituições e passaram a minar a energia da banda.
Joey Ramone morreu de câncer linfático em 15 de abril de 2001, em Nova Iorque e o lendário CBGB's passou a se chamar Joey Ramone's Place. Um ano depois, em 6 de junho de 2002, Dee Dee Ramone é encontrado morto em sua casa em Hollywood, por overdose de heroína.
E essa é a história de quatro rapazes do Queens que só queriam tocar um rock barulhento num clube mal freqüentado. Mas, por acidente, acabaram fazendo muito para toda uma geração.

Última Chamada...



Não pode ir ao lançamento? Então, aí estão alguns locais onde você pode encontrar a revista...

RIO DE JANEIRO

T R A V E S S Ã O

Rua Visconde de Pirajá, 572 - Ipanema - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3205-9002

T R A V E S S A D A T R A V E S S A

Travessa do Ouvidor, 17 - Centro - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3231-8015

R I O B R A N C O

Avenida Rio Branco, 44 - Centro - Rio de Janeiro Telefone: (21) 2253-8949

C C B BCentro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de março, 66 - Centro - Rio de Janeiro Telefone: (21) 3808-2066

LIVRARIA IMPERIAL

Paço Imperial, 48 lj 3Telfone: (21) 2524.2605

DANTES LIVRARIA

Cinema OdeonPraça Floriano 07, CinelândiaTelefone: (21) 2240·2920

SÃO PAULO

LIVRARIA DA ESQUINA

Rua Caetés 489 (esquina c/ rua caiubí) Telefone: (11) 3873-9331 / 0075

MERCEARIA SÃO PEDRO

Rua Rodésia, 34 Vila MadalenaTelefone: (11) 3815-7200

RATO DE LIVRARIA

Rua do Paraíso 790 SP, Tel.: 11 3266 4476

BRASÍLIA

:Rayuela Livraria & BistrôSCLS 412, bloco B, loja 3, Asa Sul, Tel.: 3245-4335

E também pode pedir pelo nosso endereço de e-mail, entregamos para todo o Brasil, custa R$ 3,00 mais despesas postais.

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

No início há uma originalidade, mas depois tudo vira consumo.
Essa é a minha impressão, possa estar errado.
Acho tão bacana, vocês do Bagatelas estão crescendo bastante, mostram que com talento e persistência fazem a diferença.

http://dudu.oliva.blog.uol.com.br
http://cartasintimas.zip.net

quinta-feira, junho 01, 2006 8:37:00 PM  
Blogger Palpiteira said...

Não sei se gosto do som do Ramones, mas normalmente gosto de pouco barulho, embora em casa seja obrigada a escutar barulho, e dos bons, por foras a fio. Mas adoro esses lances acidentais que fazem história.
Sucesso à Bagatelas.
Beijos.

quinta-feira, junho 01, 2006 9:27:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Meus ouvidos não se acostumam com som de muitos decibéis,rss.
Mas a origem e a história é sensacional,vale saber.
Me organizando para dia 04, espero quetudo dê certo.
lindo dia querido,
beijosssssssssssssss

quinta-feira, junho 01, 2006 11:54:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pelo menos eles conheceram o sucesso...e muitos,por ai, com talento e poderiam revolucionar o mundo e ficam perdido num mundo idiota..bom fim de semana

sexta-feira, junho 02, 2006 4:56:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Gostei de saber a história deles,JULIO.
Desconhecia,é fato,mas fiquei impressionado com o "fazer fama" num lugar tão longe "de casa".
Grande abraço!

sexta-feira, junho 02, 2006 8:22:00 AM  
Blogger Barbara said...

Eu gostava muito do Ramones quando era adolescente. Ganhei de natal de um dos meus primos uma fita, é a velha fita, do Mondo Bizarro. Colocava no meu radinho de botão rec-azul e ficava fazendo lição de casa do colégio com o negócio no último volume. Até que funcionou...

sexta-feira, junho 02, 2006 11:05:00 AM  
Blogger Milton T said...

Gosto do Jon Anderson e do David Burn

Abraço Júlio

sábado, junho 03, 2006 8:28:00 AM  
Blogger Luma Rosa said...

E Johnny morreu de um câncer de próstata em Setembro de 2004.
Fiquei imaginando a parede do seu quarto cheia de posters pregados. Altas colagens! Bom era ficar ouvindo música e olhando os posters.
Chegou a ir em algum show deles por aqui?
Debbie Harry, a loura má que inspirou Madonna! acaba de gravar a faixa inédita “Dirty Deep”, escrita por ela em homenagem à rapper Lil’ Kim.
Bom fim de semana! Beijus

sábado, junho 03, 2006 11:15:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Não gosto de Ramones. Mas seu talento para falar de música, literatura e do cotidiano é inquestionável. Além de um grande escritor, você seria um jornalista excepcional. Seus "posts" são infinitamente melhores do que as reportagens e colunas que tenho lido na maioria dos jornalecos de esquina, espalhados pelo Rio de Janeiro.

domingo, junho 04, 2006 8:43:00 AM  

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