sábado, julho 28, 2012

Chapado pela Chapada

A empresa Torre da Lua pertencia ao genro do dono da pousada onde fiquei hospedado em Carolina, a Pousada dos Candeeiros. Logicamente, quando perguntei sobre os passeios, eles a me indicaram. A Torre da Lua, por sinal fica do outro lado da avenida, em frente a pousada.
Neste ponto, vale a pena um comentário. O Parque da Chapada das Mesas ainda não é muito conhecido e o número de visitantes, apesar de estar aumentando, perde feio para outros pontos mais turísticamente explorados, como os Lençóis Maranhenses, por exemplo, ou até mesmo as outras Chapadas. Talves isso explique o despreparo e certos pontos negativos que ocorreram durante os passeios.
Eu havia ido sozinho e, como em qualquer lugar turístico, você tem que pagar o preço total do passeio, caso não haja ninguém disposto a dividir com você. Eu já sabia disso. E vou logo avisando, os passeios cobrados pela Torre da Lua não são nada baratos.
Por isso, no dia seguinte, quando o guia me chamou no escritório da agência e disse que havia um casal, que por sinal estava num quarto vizinho ao meu na pousada, querendo querendo conhecer a Serra da Torre da Lua, aceitei.
Um aviso: caso você decidir pagar no cartão e queira dividir, pergunte se haverá juros. No meu caso, decidi dividir em duas vezes. Com a atual inflação, não é comum se cobrar juros sobre duas parcelas.Por isso, nem perguntei e o guia concordou sem dizer nada. No embalo do passeio, realmente não conferi na hora da autorização. E...eles me cobraram com juros. Cuidado!
Racharíamos o passeio. Ele só não me avisou que iríamos no carro do casal.
A fila de caminhões esperando para embarcar na balsa que os levará a Filadélfia.
O passeio para a Torre da Lua (que deu origem ao nome da agência) fica no município de Filadélfia, que fica do outro lado do rio Tocantins, em frente a Carolina. O acesso à Serra fica dentro da propriedade do dono da Pousada dos Candeeiros, logo só a Torre da Lua faz este passeio. O guia me explicaria depois (do passeio) que o trajeto entre Carolina e o acesso à Serra é feito normalmente de barco. Mas o casal havia decidido ir em sua 4 x 4 para baratear ainda mais o custo.
Só que o guia se esqueceu de informar que, além de a viagem ser muito mais demorada, teríamos que pagar a balsa até Filadelfia. E que o preço é caro. Apenas uma empresa explora a navegação entre as duas cidades e tira muito proveito disso.
A travessia na balsa foi o primeiro ponto negativo do meu relacionamento com a Torre da Lua. A espera pela balsa é longa e a própria balsa é muito lenta. Quando chegamos do outro lado, percebemos que o que "poupamos" no custo, perderíamos no tempo. Um pouco mais de profissionalismo do guia teria evitado tal aborrecimento.
Bem, de qualquer maneira, o passeio valeu a pena.
Fomos de carro até onde era possível, cortando uma vegetação densa, metade caatinga; metade cerrado. Nuna havia tido essa experiência. É algo bem rústico e aventureiro. Bem on the road. É a minha cara. Mas se não é a sua, nem perca tempo em ir para a Chapada. Se o seu negócio é andar de van refrigerada, fuja.
Quando não deu para a 4x4 prosseguir, começou a caminhada na trilha. Não é nada de matar, mas pode "matar" quem não está acostumado. Não me lembro quanto tempo passamos subindo. Não foi pouco e envolve subida. Por sorte, há duas paradas para descanso e se molhar a cabeça em pequenas quedas d´água deliciosas.
Se quiser fazer o passeio, leve tantos litros d´água quando for possível e frutas.
Acho que crianças de qualquer idade não devem fazer. Adolescentes, só os com disposição para esse tipo de atividade.
Paramos ainda na casa da família que cuida da propriedade e foi uma delícia passar alguns momentos tendo contato com aquela vida tão simples. Um fascínio para urbanos como eu.
Mas a tal família não estava em casa e seguimos nossa caminhada até o alto da Serra.

E o visual lá de cima é de uma beleza impar. Tipo assim Arizona ou Novo México em versão cabocla.  As Chapadas brasileiras têm cada uma sua particularidade. E a das Mesas é essa sequência de formações rochosas em forma de montes, ora cobertos por uma vegetação típica da região; ora deixando a mostra rochas de coloração bem avermelhada.
Pirei. Ou piramos. Foi realmente difícil nos tirar lá de cima.
Mas infelizmente tivemos que voltar.
Aí, aconteceu outro vacilo do guia. Ele simplesmente não avisou para a família que vivia na propriedade e não pudemos almoçar lá, como estava previsto.
Resultado: chegamos em Carolina verdes, no início da noite.
Moral da história: se você for fazer passeios com a Torre da Lua, procure deixar as coisas bem claras, quanto a preço, despesas extras e locais para almoço.
Minha opinião sobre este passeio: vale muito a pena. Mas não é para qualquer um. Faço trilhas com frequência, então não "morri". Mas considere que é um trecho de leve a moderado e considere também o calor do local. Não levaria crianças. Adolescentes e idosos, só os com boa forma física.
Além do visual, o legal foi o contato com a natureza e o estilo de vida dessa região única onde o cerrado encontra a caatinga. É um passeio que tem que ser experimentado, vivido.
Recomendo para...: amantes de trilhas e aventura.
Estilo: on e off road.
Em uma frase: passeio diferente que, apesar dos problemas, valeu muito ter feito. Recomendo.
Espero que a Torre da Lua seja um pouquinho mais profissional.
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Cachoeira de Santa Bárbara, Poço Azul e Encanto Azull

A enigmática Cachoeira de Santa Bárbara, em Riachão.

Finalmente conheci a minha primeira celebridade da Chapada. Mas para isso, tive que ir a Riachão, a 130 km de Carolina. A viagem é um pouco longa para um passeio. A estrada estava passando por conservação, o que aumentou a demora.
Aqui vai um comentário: todos os passeios que vendem para você em Carolina (cachoeiras, trilhas, poços) são realizados dentro de alguma propriedade particular que cobra uma entrada. Geralmente não é muito. A  Torre da Lua não incluiu a taxa no preço do passeio. Por isso, se você decidir fazer o passeio com eles e o guia "se esquecer" de mencionar esses extras, pergunte, barganhe, combine tudo antes.
Bem, chegando na fazenda onde ficam as atrações do dia, deixamos o carro no restaurante, onde é bom você deixar reservado o almoço. O atendimento é péssimo e os preços salgados pelo o que é ofrecido. Não há muitas opções.
Reservado o almoço, seguimos por uma pequena trilha que nos leva até a primeira atração: a Cachoeira de santa Bárbara. É uma enorme queda d´água, que despenca de uma altura de cerca de 75 metros (parece mais) e cai num poço de águas profundas e, por isso, de tom verde-escuro. A queda é mais forte do que parece e provoca um vento que deixa as águas turbulentas. O barulho do choque da queda d´água é enorme, talvez por que tudo acontece dentro de um poço profundo.
De repente, me dei conta de que estávamos entre o cerrado e a caatinga e fiquei admirado por encontrar uma queda como aquela.
Um lugar realmente bonito, mas um tanto enigmático (leia-se: sinistro). Os banhos são permetidos. Mas não havia ninguém nadando. Intuitivamente, algo me disse para não entrar. Como o guia também não se animou, partimos para a próxima atração.
Mas antes, cabe um aviso importante: cuidado com a sua câmera ao fotografar essas cachoeiras. O vento úmido provocado por elas pode estragar o seu equipamento. O ideal é uma máquina à prova d´água ou com aquelas caixas estanques.

Andando mais um pouquinho, chegamos a um local chamado Poço Azul. Ou seria Verde? Alguém poderia, por favor, descrever a cor deste poço cercado por pequenas quedinhas d´água, onde peixinhos coloridos nadam junto com você? O guia me explicou que a razão para aquela tonalidade da água era alguma coisa envolvendo arenito com rochas vulcânicas. Mas eu não estava muito interessado. Só queria mergulhar ali, como se disso dependesse a minha sobrevivência.
 Vamos dizer que a cor da água é azul-piscina. Mas não é uma piscina. È um poço, um lago ou seja lá o que for. Mas é um dos locais mais incríveis que já vi.
Conforme o guia havia me dito, a água ali é muito mais gostosa. Mas se você não sabe nadar, é melhor ficar próximo às pedras, pois a profundidade passa dos 5 metros.
O grande barato ali é deixar que as pequenas quedas d´água massageiem sua nuca durante loooooongos minutos. Seu corpo irá lhe ser grato.
Não sei quanto tempo ficamos ali, só sei que foi difícil sair. Só o Poço Azul já teria valido a pena a ida até a Chapada. Mas muitas emoções ainda me aguardavam.
Um detalhe: o guia me forneceu máscara de mergulho, mas não snorkel. Não é tão necessário assim, mas quebra um galho. Vale a pena levar o kit completo.
Nadando em estado de graça no Poço Azul.
Enfim, almoçamos. A comida até que estava gostosa. Senti falta de uma redinha para uma cochilada. O guia me falou que na alta temporada o lugar enche. Então, por que não oferecer mais conforto?

Encanto Azul. Tipo assim, Xanadu.
Quando pensei que nada mais fosse me surpreender, seguimos mais uma trilhazinha e acabamos chegando num lugar chamado Encanto Azul. Era um novo poço com água de um azul surpreendente, rodeado por rochas de diversas cores...
Onde está aquela cigana que um dia me disse que eu encontraria no sertao um lugar com ares de Xanadu e me banharia nele sozinho? Ela deve trazer o ser amado via download!
O Encanto Azul foi um dos pontos altos da Chapada. Àguas muito tranquilas e, assim como o Poço Azul, com várias pequenas quedas d´água para você se energizar. Lindo! Os dois locais existem graças ao Rio Cocal, que abastece essas duas jóias.
Só senti falta de mais sol, pois os raios solares são barrados pelas rochas e a vegetação. Chega uma hora que a água começa a ficar fria. O guia me disse que por volta de setembro o sol penetra mais no local e a água fica mais agradável.

Seja como for, as horas que passei ali dificilmente serão esquecidas.
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Cachoeiras do Prata e São Romão


Cachoeira do Prata, abundância de água no sertão do Maranhão.
O Rio Farinha é um afluente do Tocantins e em determinado ponto ele causa  duas enormes quedas d´águas. Mas para vê-las você tem que se afastar 40 km de Carolina.
E foi mais uma viagem cheio de aventura, numa 4x4, por estradas de terra, passando por dentro de diversas propriedades.
Primeiro, chegamos na Cachoeira do Prata, que me surpreendeu pelo volume. Milhões de litros de água sendo despejados de rochas de formatos estranhos. Nenhuma cachoira na região da Chapada é igual a outra. Todas tem o seu...digamos, estilo.
O guia logo me avisou que ali não era o melhor lugar para tomar banho e concordei com ele. Foi bom ter conhecido a do Prata, mas não rolou aquela química.

Fomos, então, para a Cachoeira de São Simão, ali perto. Mas tem que ir de 4x4.
E se eu havia me espantado com o volume da primeira...essa era uma miniatura de Iguaçu, em pleno sertão.
Só isso já justificaria uma visita. Mas São Romão tem um segredo.
Todaas as cachoeiras que havia conhecido antes, eram para ser apreciadas de frente.
Mas São Romão é para ser curtida por trás.

Isso mesmo, senhoras e senhores. Por uma passagem ao lado da queda, você consegue dar a volta por trás desta cascata gigantesca.
Se você não gosta de emoções fortes, nem tente. O vapor d´água lançado por ela é assustador (turva a visão e lhe empurra contra as pedras) e o barulho lembra um monstro querendo lhe devorar. O guia me disse que nos meses de chuva, essa façanha fica proibitiva devido ao volume d´água muito mais forte.
Nem pense ir com crianças. E nem ouse levar uma máquina fotográfica que não seja á prova d´água ou que não tenha caixa estanque.
Vá subindo com calma, agarrando-se nas pedras.
Momento faça o que eu escrevo, não faça o que eu fiz: vá descalso e não de havaianas. Escorrega pacas!
Nem todos conseguem ir até o final, pois a primeira reação é voltar.
Mas essa sensação de perigo dura apenas uns dois minutos e quando você chega lá trás, não quer mais sair. Foi uma das maiores experiências que já tive em viagens. Deixar um dos jatos da cachoeira espancar sua nuca, eliminando os restos de estresse que, porventura, ainda existam, não tem preço. 
Acho que é meio isso, existem viagens e experiências. Ir a Chapada das Mesas não é só conhecer um lugar bonito ou comprovar o que você pode ver pelas fotos. É ter experiências, vivenciar coisas.

Andorinha enfrentando as águas pesadas da Cachoeira de São Romão.
Você sai da traseira da São Romão tão energizado que se sente um guri(a) de 15 anos.
Toda essa água vem do Rio Farinha, que depois segue o seu curso e ao longo do seu trajeto, existem pequenas prainhas. Uma delas pode ser acessada por uma pequena trilha a partir do restaurante, onde deixamos a 4x4. As águas são limpíssimas, calmas e rasas. Tomar banho de rio ali foi outra experiência.
O almoço foi bem melhor do que lá em Riachão. A propriedade onde ficam as cachoeiras contam com chalés, para quem perder a hora e não quiser encarar a estrada à noite.
E depois, foi só voltar para Carolina no final de uma tarde belíssima. Krak, que dia!
Você pensa que minha experiência na Chapada acabou? Ha-ha-ha.
Vá para o próximo post, Complexo Turístico Pedra Caída.
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