quarta-feira, janeiro 31, 2007

E eles não tinham Orkut


Você já deve ter ouvido falar deste disco.
Não? Pois nos próximos meses você ouvirá muito sobre o Clube da Esquina, já que se estará comemorando os 35 anos de lançamento desse, que foi um dos mais importantes trabalhos da nossa música e que influenciou toda uma geração.
E é um dos discos mais marcantes da minha vida.
Para mostrar o que foi o Clube e o que ele significa pra mim, preciso contar duas pequenas histórias:

História 1 – Sem Orkut, skype ou MSN
Em 1963, Milton Nascimento deixava sua cidade, Três Pontas, sul de Minas, para tentar a vida de músico em Belo Horizonte. Foi morar numa pensão que ficava num prédio do centro da cidade, onde também moravam os doze irmãos Borges, incluindo o Márcio e , que também queriam ser músicos. Os anos foram passando e Milton foi o primeiro que viu a carreira decolar, sendo convidado para defender uma música de Baden Powel, Cidade Vazia, no Festival Nacional da Canção da Tv Excelsior, São Paulo. Teve uma música sua gravada pela Elis Regina, Canão do Sal, e outra chegando à final do Festival Internacional da Canção, da Rede Globo, em 1967, a inesquecível Travessia.
Mesmo sendo uma estrela em ascenção na mpb, Milton, sem Orkut, skype ou MSN, não perdeu o contato com os Borges. Eles tocavam juntos sempre que estava em Belo Horizonte. Nessa época o clube havia ganhado novos membros – Beto Guedes, Flávio Venturini, Tavinho Moura, Fernando Brant, Vermelho, Ronaldo Bastos e Wagner Tiso. A esquina em questão era o cruzamento das ruas Divinópolis e Paraisópolis, no aprazível bairro de Santa Teresa, próximo ao centro de Belo Horizonte. Entre uma música e outra e litros de cervejas, eles gastavam suas noites, tocando, sentados na calçada.
Quando Milton passou a gravar os seus primeiros discos, havia integrantes do clube tocando em uma faixa ou outra. Mas empre houve o desejo de reunir toda a galera em um único trabalho. E o projeto foi finalmente realizado naquele 1972, neste disco que fez história.

História 2 - Adeus

Eu tenho um primo mais velho que durante os anos 60 havia sido simpatizante do PC do B. Naquele sombrio 1972 os grandes quadros dos partidos de luta armada já estavam mortos, presos ou exilados. Então, sem ter mais “peixes grandes” para prender, a repressão passou a cair em cima de quem dava ou havia apoiado à guerrilha.
Quando meu primo soube que cinco amigos haviam sido presos, sentiu que sua hora estava chegando. Foi armado um esquema familiar para tirá-lo do país. Mas já era tarde demais. Uma noite, invadiram o apartamento onde ele morava com a mulher, na Tijuca, e o levaram para o tenebroso DOI/CODI.
Pouco antes de ser preso, ele começou a se desfazer de seus objetos mais preciosos: discos e livros. Eu tinha 12 anos na época e minha irmã, 23. Para ela, ele deixou, entre outros, o seu Clube da Esquina, com uma dedicatória: “Guarde com o mesmo carinho que tivemos um pelo outro. Um beijo do seu primo que sempre te amou e sempre te amará aonde quer que esteja. Adeus.”
Por um milagre, apesar de ter sido muito torturado, esse meu primo conseguiu sair vivo do DOI/CODI. Nunca pediu de volta o disco e o Clube foi ficando lá em casa. Meu primo foi tocando sua vida, formou-se em medicina e tornou-se um respeitado ginecologista carioca. Minha irmã entrou na era do cd e deu o álbum pra mim. Muitos anos mais tarde, quando ninguém mais se lembrava do fato, houve um almoço lá em casa e mostrei o tal disco com a tal dedicatória. E foi aquela choradeira. E não podia ser diferente.
Enfim, duas histórias de amizade em torno do mesmo objeto.
Esse disco nasceu de uma bonita união entre amigos que tinham um sonho em comum. Mais bonita ainda foi a generosidade de Milton ao unir a sua galera em um trabalho seu, apenas para dar uma força aos manos. Assim nasceu o Clube da Esquina, um dos discos mais bonitos da nossa música. E não podia ser diferente.
* Aliás o Clube da Esquina é, que eu saiba, o único disco da mpb que tem uma comunidade no Orkut. É só procurar.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Mãe


A mãe desceu de manhã, quando estávamos desfazendo o cerco ao Morro da Providência. Miúda, sofrida, sob o sol do verão. Pequenas gotículas de suor brilhavam como purpurina em sua pele morena. Passava silenciosa e inofensiva por entre as equipes da CORE e do BOPE. Nenhum dos homens notou a presença dela. Porque ela não era para ser notada mesmo. Em sua sacola de magazine barato poderia haver drogas ou armas. Mas policiais de equipes especiais são ambiciosos e não havíamos acordado cedo e nos arriscado num morro perigoso apenas para prender uma velhinha que estava complementando sua aposentadoria, vendendo alguns bagulhos.

* texto postado em dezembro de 2005
Mais uma aventura do Lacerda, personagem principal do meu romance policial A Arte de Odiar, que será relançado no próximo mês. Aguardem!
Drogas e violência andam juntas e este conto está participando da blogagem coletiva contra violência, proposta pelo Lino Resende, pela passagem do dia da luta contra violência (30 de janeiro). Uma grande iniciativa que tem o meu apoio.
E acabou a moleza. A partir do próximo post, este blog volta ao normal.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Cidade Diamante

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Inspiração


O que você faria se estivesse passando pela rua e visse um funcionário da telefônica trabalhando num poste? Provavelmente iria praguejar, em silêncio, devido ao péssimo serviço oferecido pelas companhias telefônicas brasileiras.

Pois compositor de música country Jimmy Webb estava dirigindo por uma estrada que cortava uma região sonolenta do Arkansas, quando viu um funcionário da telefônica local. Foi para casa e compôs Wichita Lineman (esta que você deve estar ouvindo), um dos maiores clássicos da música americana dos anos 60, eternizada na voz do caipira Glen Campbell, numa gravação que marcou a minha infância.
Sempre achei que o dom artístico fosse mesmo algo especial. Não é apenas o dom de fazer coisas belas, mas sim a capacidade de transformar o banal em obras primas.
Por exemplo, bastou uma vontade de fazer pipi e o dramaturgo norte-americano Edward Albee escreveu um dos maiores clássicos do teatro mundial. Foi numa madrugada, lá pelos idos do início dos anos 60. Albee estava enchendo a cara num bar do Greenwich Village e resolveu tirar a água do joelho. Quando entrou no sanitário, viu uma curiosa frase que alguém havia talhado na porta de madeira: "Quem tem medo de Virgínia Wolf?"
Paul MacCartney ainda era um guri, quando, ao xeretar o pequeno cemitério que havia perto da sua escola, viu o túmulo de uma mulher, cujo o nome, de alguma maneira, chamou sua atenção: Eleonor Rigby. E mesmo sem conhecê-la, o jovem Paul jurou que faria uma música sobre a desconhecida.
O mundo artistico está cheio de histórias como essas. Mas acho que não precisamos ser propriamente do meio artístico para saber aproveitar esses toques que a vida nos dá. Eles estão no dia-a-dia de qualquer um. É só estar atento. É só desenvolver a capacidade de extrair inspiração nas coisas banais. Não para fazer arte, mas para tornar nossa vida melhor. É o dom de não esperar que um grande acontecimento nos faça felizes. É o dom de arrancar felicidade através de pequenos toques dados pela vida na rotina do dia-a-dia.

Perdoem-me o post assim meio auto-ajuda, mas é que ando meio sem inspiração.

* texto postado em 29/04/2006

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Elis Regina Carvalho Costa


Dia 20 de janeiro é feriado aqui no Rio, São Sebastião, padroeiro da cidade. O ano era 1982 e eu fui à praia do Leme. Na volta, ao passar por uma banca de jornais, na avenida Princesa Isabel, vi um grupo de pessoas olhando as manchetes com uma cara que acendeu a minha curiosidade. Fui até lá e a primeira coisa que li foi: O BRASIL SEM ELIS. Estava em letras garrafais na frente do Jornal do Brasil. A minha primeira reação foi a de não acreditar. Mas quando cheguei em casa, o Jornal Hoje, da Globo, veio confirmar, com imagens impressionantes do povo se acotovelando diante do Teatro Bandeirantes. O teatro ficava na Brigadeiros Luiz Antônio, uma larga avenida, em São Paulo, que ficou pequena, e teve que ser fechada ao trânsito. Artistas como Rita Lee, Roberto de Carvalho, Hebe Camargo e Ivan Lins, se misturavam com os populares que queriam dar seu último adeus à Pimentinha.
Eu tenho uma irmã que é onze anos mais velha e eu cresci ouvindo Elis. Talvez por isso eu tenha ficado tão abatido com sua morte. Além da sua partida em si, o motivo foi o que mais chocou a mim e até mesmo aos amigos mais íntimos, já que ela era totalmente contra drogas.
De qualquer forma sua música ficou e a saudade dos fãs que, inclusive, estão a homenageando através de uma blogagem coletiva, da qual não pude deixar de participar.


Em fins de 1980, Elis havia sido contratada pela Rede Globo para fazer o tradicional show de final de ano que emissora oferece como presente aos seus telespectadores. Ela estava se separando de César Camargo Mariano, o homem que a está acompanhando no piano. O público não sabia. Poucos sabiam. Assim como poucos sabiam também que Atrás da Porta havia sido composta pelo Chico e o Francis Hime especialmente para Elis, na época em que ela se separava do músico e compositor Ronaldo Boscoli, em 1972. O casamento com Boscoli havia sido problemático. A separação muito mais. Ele parecia não aceitar o crescimento profissional de Elis, enquanto a sua carreira não decolava, uma vez que ele continuava preso aos tempos de ouro da Bossa Nova, numa época em que a Bossa já estava morta e enterrada.
Elis sofreu ao se separar de Boscoli e sofreu muito mais ao separar de César. Só que nós (eu e os outros milhões que assistiam ao programa) não sabíamos. Por isso, não entedemos quando ela desatou a chorar. A direção do programa teve o feeling de não cortar - fugindo o padrão Globo de qualidade -, proporcionando um dos mais belos momentos da tv brasileira. E hoje, passados mais de 25 anos da exibição deste especial e quase 25 anos da morte de Elis, essas cenas continuam me emocionando tanto quanto naquela noite em que o Brasil inteiro se deleitou ao ver alguém chorar.

domingo, janeiro 14, 2007

Eu sou uma preta velha, aqui, sentada ao sol


Esta foto foi tirada daqui.
Em outubro de 1973, com grande estardalhaço, Milton Nascimento lançava o luxuoso álbum Milagre dos Peixes, seu primeiro trabalho produzido pelo também integrante do Clube da Esquina, Wagner Tiso. A segunda faixa deste disco chama-se Carlos, Lúcia, Chico e Tiago (que você já deve estar ouvindo) e tem o sub-título que dá nome a este post.
Hoje pela manhã, quando fui arrumar a minha estante, este Cd pulou em cima de mim, me forçando a lembrar um fato que já havia esquecido.
Quando este disco foi lançado eu tinha 14 anos e já levava uma vida meio boêmia. Eu andava com pessoas mais velhas e, de vez em quando, íamos à zona de prostituição do Mangue, uma enorme área desvalorizada e decadente, perto do Centro, onde diversos quarteirões e ruas eram ocupados por bordéis, botequins, biroscas, casas noturnas. Tudo voltado para a prostituição. Mulheres vinham de todos os locais do país para ganharem a vida ali.
Com a chegada das obras do metrô, toda aquela área foi desocupada, os bordéis vieram abaixo e o que restou do Mangue, hoje está na Vila Mimosa, um trecho de rua, atrás da Praça da Bandeira. O Mangue deu lugar ao atual bairro da Cidade Nova, onde fica a sede da prefeitura.
Bem, eu e alguns colegas do Colégio Pedro II costumávamos ir ao Mangue para ver as putas. Só ver, pois como éramos menores, só as mais caídas iriam se arriscar alguma coisa conosco. A maioria nos ignorava. Então, sentávamos em um bar e tentávamos esconder a nossa ansiedade. Às vezes, alguma se aproximava. Nós lhe pagávamos umas cervejas e era aquele tal de mão ali, beijo aqui, dedo acolá. Nas raras vezes em que a polícia aparecia, nós nos escondíamos no banheiro das mulheres. Putas não têm esse pudor.
Meus pais não sabiam que eu freqüentava o Mangue e nem podiam saber. Por isso, naquele final de madrugada, em fevereiro de 1974, quando deparei com a minha vó entrando na zona, senti as pernas fraquejarem.
Minha vó Elisa tinha um irmão chamado Augusto, que era doente mental. Ele vivia numa dessas instituições para doentes, que quando estão superlotadas, deixam alguns internos fugir. E quando fugia, ele ia ao Mangue a procura de uma mulher. E essa mulher avisava a minha vó. Secretamente, pois a minha mãe e todas as minhas tias eram caretas demais para permitir que minha vó fosse ao Mangue.
Então, sem o resto da família saber, Vovó movimentou o seu corpo curvado até a porta do puteiro e perguntou pela Diana. De longe, escondido atrás da pilastra de uma birosca, eu vi a corpulenta e seminua Diana trazer uma cadeira para a minha avó. Uma outra puta lhe trouxe café num desses copos que antes havia abrigado requeijão ou geléia, sei lá!
E foi nesse momento que o sol nasceu. E minha avó estava sentada, voltada justamente para o leste. Assim, meio curvada, a velha Elisa apontava os cabelos prateados para a luz ainda inocente da manhã de verão e o reflexo que vi ali tornaram aquela cena ainda mais poética. Ali eu tinha o primeiro insight literário do qual me lembro. "Cara, eu vou ter que escrever sobre isso.", prometi.
E como se aquela cena fosse o flautista de Hamelin e eu, um camundongo, quando percebi, já estava indo em direção a minha vó.
"O que a senhora está fazendo aqui, vó?", perguntei.
"Vim pegar o seu tio e levá-lo de volta para o hospital. Sente aqui comigo."
Sentei ao seu lado. O seu cheiro de Leite de Rosas se contrastava com o fedor de cigarro, esperma, gordura e testosterona. Minha vó parecia linda de banho tomado e toda arrumada. Com o mesmo vestido que ia a missa aos domingos, lá estava ela sentada naquela rua suja, onde as últimas putas passavam agarradas aos clientes mais ordinários. Era a hora da xêpa.
A tal Diana voltou e minha avó nos apresentou como apresentaria uma velha amiga.
"Ele ainda está dormindo.", Diana, "Quer que o acorde?"
"Não, eu espero ele acordar. Deixe ele descansar. Vá descansar também, minha filha."Diana trouxe mais café com bolachas cream-cracker. Depois, nos desejou um bom dia e sumiu por dentro do puteiro. Ficamos ali no sol, minha avó e eu, enquanto o dia amanhecia. As putas com cara de sono e seus clientes bêbados davam lugar aos primeiros passantes apressados, a caminho do trabalho.
"Ninguém deve saber que você me viu aqui.", vó Elisa pediu.
"Tudo bem, vó."
"Ninguém vai saber que encontrei você aqui também.", beijei o seu rosto, selando o nosso acordo, que nunca seria quebrado.
"Agora, vá embora! Pode me deixar aqui. Já estou acostumada."
Após um novo beijo em seu rosto salpicado de Leite de Rosas e talco Palmolive, me juntei aos últimos bêbados que deixavam o Mangue. Antes de sair, porém. Ainda olhei para trás e saboreei a poesia da cena da velhinha sentada ao sol, sob os olhares dos que passavam. Era apenas isso. Uma preta velha ali, sentada ao sol.
"Cara, um dia eu tenho que escrever sobre isso." E fui embora, com a música do Milton na cabeça.
O Mangue acabou. Minha vó e meu tio partiram. E essa manhã, quando o cd pulou em cima de mim, senti que não havia cumprido de todo as promessas feitas naquele amanhecer."Cara, tenho que postar sobre isso."


* texto postado em 04 de maio de 2006
* prometo que a partir de agora, procurarei responder aos comentários.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

No MSN



Papai Noel, não esqueça a minha Colt entra e diz:
E aê?

Ácido é clorofila diz:
Td ok. Saí com a Lúcia. E comi.

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
E aê?

Ácido é crolofila diz:
Krak, vc tava certo. Parece uma foca!

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
Hauahauahauahauahauahauahaua

Ácido é clorofila diz:
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Um leão marinho.

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
Uauauauauauauauauauauauauauauauauauauaua

JJ - Ódio é vitamina entra.
JJ - Ódio é vitamina diz:
E aê?

Papai Noel, não esqueça a minha Colt diz:
Nosso camarada aí saiu com a Lúcia e confirmou. Ela goza imitando foca. Uauauauauauau

Ácido é clorofila diz:
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

JJ -Ódio é vitamina diz:
Hahahahahahahahahahahaha. Eu sei. É hereditário.

Papai Noel, não esqueça a minha Colt e Ácido é clorofila dizem:
????????????????????????????????????

JJ - Ódio é vitamina diz:
Eu transei com ela tb

Ácido... diz:
Hereditário?????????

JJ - Ódio... diz:
O Guido comeu a mãe dela e me contou. A coroa goza emitindo sons de foca.

Ácido... diz:
Huauauauauauauauauauaua

Papai Noel... diz:
Hahahahahahahahahahahahah

JJ - Ódio...diz:
Sério, parece que foi no ano novo, lá me Angra.

Lúcia – O carttão é o meu pastor e nada me faltará, entra.
Lúcia... diz:
E aê, meninos?

Papai Noel... diz:
Sua vaca! Vc ficou comigo na sexta e no sábado, deu pro JJ.

JJ - Ódio... diz:
Êpa, mas nós transamos na quinta!

Lúcia... diz:
E o respeito, meus queridos? Isso não é motivo pra vcs me chamarem desta palavrinha de quatro letras que nem ouso repetir.

Ácido... diz:
Tem razão. Eu tenho outra melhor: foca. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Papai Noel.... e Ódio... dizem:
Huauauauauauauauauauauaauauauauauauauauauauaua

Lúcia... diz:
Se eu não estivesse tão feliz, eu mandaria vcs tomarem no cu.

Ácido..., Ódio.... e Papai Noel... dizem:
????????????????

Lúcia – O cartão é o meu pastor e nada me faltará diz:
Tow sabendo q a mãe do Guido tá morrendo com câncer. Bem feito! Ela proibiu ele de namorar comigo.

Ácido é clorofila diz:
Pow gente! Q foda! O Guido er nosso amigo. Temos q compartilhar da sua dor.

Ácido..., Lúcia...., Papai Noel... e Ódio... dizem:
Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha

Àcido é clorofila diz:
Vcs se lembram quando o Guido colocou fogo na bengala do cego? Uauauauauauau

Papai Noel, não se esqueça da minha colt:
E quando ele levou a filha do porteiro do prédio dele para dar uma volta de barco e deixou a guria no mar? Hahahahahah. Ou dá ou desce...Uauauauauauuauauaua

Ódio é vitamina diz:
Pow aquela vez em que ele jogou aquele monte de barata em cima da mulher no carro ao lado, na estrada pra Búzios, foi show. Kkkkkkkkkkk. A mulher perdeu o controle do carro e capotou. Kkkkkkkkkkkkkkkk

Lúcia – O cartão é o meu pastor e nada me faltará diz:
Naum, gente. Mas adulterar os remédios q a mãe dele ia doar pras vítimas daquela enchente, foi saknagem. Naum foi?

Todos dizem:
Hauauauauauauauauauauauauauau

Guido – Fiz uma lipo no coração entra e diz:
Oi.

Ácido...diz:
E aê, meu camarada?

Guido...diz:
Tow maus. Tow chegando do enterro da minha mawe. Tow afim de bb. Tow pra baixo. Tava pensando q a gente podia se encontrar na praça de alimentação do Shopping. Q tal?

Impossível mandar mensagem. Todos os seus contatos estão offline.




* texto postado em 05/11/2005

terça-feira, janeiro 09, 2007

Ela não fazia ioga


Em fevereiro de 1970, ela chegou para o carnaval. Era um furacão de emoções. Hoje em dia, certamente, alguém lhe recomendaria ioga para a busca do equilíbrio. Mas ela preferia o auxílio de coisas mais pesadas.
Na época, embora, não houvesse mais a presença de censores nas redações dos jornais, a censura ainda era implacável. Vivíamos a fase mais cruel da ditadura militar e o clima era negro. Para lembrar, o Pasquim havia sofrido um atentado à bomba pouco antes. Por isso grande parte da imprensa carioca a ignorou. Ou a massacrou. O Globo, por exemplo, deu mais ênfase a sua feiúra, a palidez de sua pele e às roupas extravagantes demais para um Rio de Janeiro ainda careta, apensar do desbunde que rolava. Realmente Janis Lee Joplin não estava com uma aparência muito boa, devido ao tratamento para abandonar o vicio da heroína e do Southern Confort. Mas os jornais acharam mesmo que não era prudente dar muita publicidade à chegada de uma cantora que era vista nos EUA como desbocada, bebum, drogada, brigona e lésbica.
A própria Joplin não estava numa fase muito boa. O seu último trabalho, Kozmic Blues, havia sido mal recebido pela crítica americana e a imprensa começava a levantar a hipótese de ela estar perdendo a voz. Sofrendo de uma carência afetiva crônica, solitária - muita gente ao seu redor, mas poucos amigos -, com a família querendo vê-la longe e sem um homem para dividir a sua cama, Janis estava desesperada, pois, sem a voz, não teria mais o seu público e o seu público era tudo o que ela tinha (“Vou escrever uma canção sobre o que é fazer amor no palco com 20 mil pessoas e voltar para um quarto de hotel sozinha”). E como toda carente crônica, Janis precisava de atenção. Talvez, por isso, tenha feito um escandaloso topless em plena piscina do Copacabana Palace, onde estava hospedada com sua grande amiga, a jornalista novaiorquina Myra Friedman, que em 1973 escreveria sua biografia, o best-seller Buried Alive (Enterrada Viva). Nas arquibancadas, assistindo o desfile das escolas de samba, que ainda acontecia na Presidente Vargas, Janis também fez de tudo para chamar a atenção.
Um dia, o tresloucado roqueiro Serguei foi procurá-la no hotel. Na verdade, eles já haviam se conhecido anos antes, quando ele morava em Los Angeles. Serguei passou a ser uma espécie de guia turístico para aquela que, ao lado de Hendrix, era o maior ícone da cultura pop da década de 60. Ele a levou para o já decadente Beco das Garrafas, um pequena rua, no Posto Dois, onde havia algumas boates de música ao vivo, e que pouco menos de dez anos antes, havia sido o berço de muito astro na MPB, como Elis, Gil e Milton, por exemplo. Saindo da Bottle´s, no final da madrugada, ela e uma turma que incluía o, então, marido de Elis, Ronaldo Boscoli, cismaram de ir para a praia. Estavam completamente bêbados. Na areia, Janis ficou encantada com as enormes dunas que haviam sido levantadas, devido às obras de construção do calçadão. Quando quis escalar uma delas, caiu e, sem conseguir se levantar, de tão bêbada, soltou a sua famosa gargalhada, enquanto se contorcia de tanto rir. Bôscoli e seus amigos ficaram olhando para ela. “Porra, o que nós fomos fazer com a cantora mais famosa do mundo?”, recordaria Bôscoli anos mais tarde. Na verdade, Janis poderia estar no seu luxuoso quarto de hotel, dormindo como a estrela que era, mas como ela própria havia dito: “Prefiro viver só mais dez anos na maior agitação, do que chegar aos oitenta sentada numa cadeira de balanço, diante da tv”. O que vem comprovar que temos que ter cuidado com o que dizemos, pois antes daquele ano acabar, ela estaria morta, aos 27.
Mas dias antes de voltar para a América, Serguei a levaria de carro para conhecer a região da pouco habitada e bucólica Barra da Tijuca. Ao passarem por São Conrado, ela se impressionou com a Rocinha e quis ir até lá, inaugurando o já comum tour de turistas às favelas cariocas. Lá na, então pacifica, favela, experimentou caipirinha numa birosca e, ao passar por um barraco, onde na porta havia uma placa que dizia JOGA-SE BUZIOS, quis entrar e saber qual era. O pai de santo lhe revelou que o santo de cabeça da texana de Port Arthur era uma pomba gira chamada Pérola. Ao voltar para o hotel, Janis contou o fato a Myra, que apenas achou graça. Mas Janis ficou impressionada e resolveu batizar o disco que começaria a gravar, assim que voltou para Nova Iorque como Pearl (pérola em inglês).
Em seguida, ela dissolveu a sua banda, a Kozmic Blues Band. Formou outra, a Boogie Tilt Blues Band, com quem começaria a gravar e a excursionar. O primeiro show, em junho, foi na Louisiana e ela resolveu ir ao Texas, visitar a sua cidade natal. E se arrependeu amargamente. Seus pais chegaram a sair de casa para não ter que receber a filha escandalosa e que usava roupas hippies. Além disso, Port Arthur não tinha o menor orgulho da sua filha drogada e freak. Janis esperava ser recebida com tapete vermelho, mas só encontrou deboche, hostilidade e frieza. Quando ligou para sua mãe, esperava um “Oh, minha filha! Parabéns por você ter conseguido virar uma estrela.” Mas ouviu um gélido “Você realmente não deveria ter nascido.”
Apesar da maioria dos amigos achar que ela estava clean, acredita-se que após este baque, Janis tenha voltado a usar heroína. Em agosto, o seu desmaio em pleno palco do Shea Stadium, em Nova Iorque, durante um festival/protesto para pedir o fim da guerra do Vietnã, já era um sinal de que as coisas não iam bem.
Em 18 de setembro, dia em que o mundo do rock chorava a morte de Jimi Hendrix, uma Janis completamente bêbada, ligava para Myra Friedman dizendo: “Por que ele e não eu?” (“Eu trocaria todos os meus amanhãs por apenas um dia no meu passado.”)
No sábado, 3 de outubro, após finalizar as gravações do seu Pearl, que sairia no inicio do ano seguinte, ela foi com o ex-namorado Country Joe MacDonald ao show de um cantor de folk iniciante chamado Gordon Lightfoot. Na volta, ela pediu para que Country Joe a acordasse bem cedo na manhã seguinte, pois queria procurar um apartamento. Janis estava animada, com novos planos de voltar a morar em Los Angeles e iniciar uma fase mais madura em sua carreira. Parecia feliz.
Mas na manhã do domingo, 4, foi o próprio Country Joe que, com ajuda do porteiro, arrombaria a porta do quarto daquele motel em Hollywood e encontraria seu corpo. Naquela madrugada haviam ocorrido várias overdoses de heroína na região de Hollywood. Talvez um traficante iniciante tenha esquecido de malhar a droga... Seja como for, foi difícil para grande parte da juventude americana absorver a porrada, apenas pouco mais de 15 dias após a morte de Jimi. A autópsia policial concluiu ter sido mesmo uma overdose que levou Janis. Mas a causa-mortis poderia ter sido solidão, tanto faz.
Seu corpo foi cremado e seus poucos amigos alugaram um helicóptero para espalhar as suas cinzas sob Los Angeles, a cidade que ela tanto amava.
Pearl ficaria 18 semanas no primeiro lugar da parada americana. Uma das faixas era Trust me, que você deve estar ouvindo.
Sua biografia virou um best-seller, mesmo aqui no Brasil.
Um documentário, chamado Janis, sobre sua carreira foi feito em 1974.
Port Arthur foi atingida semanas atrás por um furacão chamado Rita, pouco depois de ser quase destruída por um outro de nome Katrina. Poucos se preocuparam com o os prejuízos sofridos pelos seus habitantes. O governo se preocupou mais com as refinarias de petróleo existentes por lá. Foi como se aquela gente não existisse.
Quem sabe Janis não está no céu rindo disso tudo com a sua gargalhada escandalosa de quem nunca fez ioga?

Feliz nas areias de Copacabana, morrendo de amores pelo Rio e fazendo planos para voltar e fazer um show de graça, em alguma praia. Estaria morta oito meses depois.

* Post publicado em 02/10/05, em que o mundo comemorava os 35 anos da morte da moça.

* Para quem não sabe, este mês estou republicando alguns posts antigos que deram o que falar. Isso porque grande parte dos blogueiros ainda está de férias.

* Uma novidade: Criei um novo blog, no Multiply. É uma versão do Bala...digamos, mais chique. Por enquanto estou publicando os mesmos posts daqui, só para testar. Mas não está descartada a minha mudança em definitivo para lá. Quem quiser conferir, é só mergulhar aqui

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Porre Coletivo