terça-feira, março 25, 2008

Bossa Nova, essa divina cinqüentona

Jõao Gilberto não tinha onde cair morto quando veio da Bahia para o Rio. Era tão duro que no dia em que foi tirar a capa para este disco histórico, sua camisa era tão surrada, que alguém teve que lhe emprestar este pullover. Um detalhe: era um dia de quarenta graus no Rio. Talvez isso explique o seu ar mais para cantor de fossa do que pra bossa.


Mas após o lançamento, o João Ninguém virou João Gilberto, um dos embaixadores da Bossa Nova.



Isso tudo aconteceu em 1959, mas Chega de Saudade, a faixa título do primeiro trabalho de João Gilberto, já havia sido gravada no ano anterior, pela Elizeth-Divina-Cardoso, no seu antológico Canção do Amor Demais. Por isso a música brasileira está comemorando as cinqüenta primaveras desse que é o mais cariocas dos estilos musicais.

Sim, porque o samba tem raízes muito longe do Rio. Enquanto a Bossa - que é um derivado do samba -, nasceu nas enormes salas de confortáveis apartamentos da zona sul.

Durante muito tempo foi acusada de ser uma música elitista. Talvez, mas o bem que ela fez a nossa MPB vai muito mais além, na minha humilde opinião de blogueiro, da noite de gala no Carnegie Hall, em 1962, quando Tom Jobin, Luiz Bonfá, Carlos Lyra e João Gilberto - já podendo usar um black-tie - cantaram a música surgida anos antes em Ipanema, para delírio de uma platéia endinheirada, levando nossa bossa para o resto do mundo. E nem quando, pouco depois, Frank Sinatra gravou Girl from Ipanema.

Para mim, o grande bem que a bossa nos fez, foi ter ajudado a legitimar o samba, esse ritmo que até então era visto pela classe média como coisa de vagabundo, favelado e gentinha.


Na verdade, a bossa deu o pontapé inicial, pois, no início, ainda ficou aquela coisa de que "samba do morro não tem qualidade, mas feito em Ipanema tem." Isso até que um cara chamado Jorge Ben, junto com a sua geração (Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Clara Nunes, Alcione, etc) viesse fazer a classe média mudar os seus conceitos. Mas isso é assunto para outro post.
Por enquanto, quero só bater palmas para essa cinqüentona sarada e vitaminada, que mora no coração dos cariocas e é quase um hino desta cidade.

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2 Comments:

Blogger . fina flor . said...

bonito post, querido!

adoro essas curiosidades dos nossos artistas, como a do pullover =]

beijos, saudades e votos de boa semana

MM.

ps: e o teatro?

terça-feira, março 25, 2008 2:15:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

gosto muito destas histórias,JULIO.
Abração!

quarta-feira, março 26, 2008 8:54:00 AM  

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