sexta-feira, janeiro 19, 2007

Elis Regina Carvalho Costa


Dia 20 de janeiro é feriado aqui no Rio, São Sebastião, padroeiro da cidade. O ano era 1982 e eu fui à praia do Leme. Na volta, ao passar por uma banca de jornais, na avenida Princesa Isabel, vi um grupo de pessoas olhando as manchetes com uma cara que acendeu a minha curiosidade. Fui até lá e a primeira coisa que li foi: O BRASIL SEM ELIS. Estava em letras garrafais na frente do Jornal do Brasil. A minha primeira reação foi a de não acreditar. Mas quando cheguei em casa, o Jornal Hoje, da Globo, veio confirmar, com imagens impressionantes do povo se acotovelando diante do Teatro Bandeirantes. O teatro ficava na Brigadeiros Luiz Antônio, uma larga avenida, em São Paulo, que ficou pequena, e teve que ser fechada ao trânsito. Artistas como Rita Lee, Roberto de Carvalho, Hebe Camargo e Ivan Lins, se misturavam com os populares que queriam dar seu último adeus à Pimentinha.
Eu tenho uma irmã que é onze anos mais velha e eu cresci ouvindo Elis. Talvez por isso eu tenha ficado tão abatido com sua morte. Além da sua partida em si, o motivo foi o que mais chocou a mim e até mesmo aos amigos mais íntimos, já que ela era totalmente contra drogas.
De qualquer forma sua música ficou e a saudade dos fãs que, inclusive, estão a homenageando através de uma blogagem coletiva, da qual não pude deixar de participar.


Em fins de 1980, Elis havia sido contratada pela Rede Globo para fazer o tradicional show de final de ano que emissora oferece como presente aos seus telespectadores. Ela estava se separando de César Camargo Mariano, o homem que a está acompanhando no piano. O público não sabia. Poucos sabiam. Assim como poucos sabiam também que Atrás da Porta havia sido composta pelo Chico e o Francis Hime especialmente para Elis, na época em que ela se separava do músico e compositor Ronaldo Boscoli, em 1972. O casamento com Boscoli havia sido problemático. A separação muito mais. Ele parecia não aceitar o crescimento profissional de Elis, enquanto a sua carreira não decolava, uma vez que ele continuava preso aos tempos de ouro da Bossa Nova, numa época em que a Bossa já estava morta e enterrada.
Elis sofreu ao se separar de Boscoli e sofreu muito mais ao separar de César. Só que nós (eu e os outros milhões que assistiam ao programa) não sabíamos. Por isso, não entedemos quando ela desatou a chorar. A direção do programa teve o feeling de não cortar - fugindo o padrão Globo de qualidade -, proporcionando um dos mais belos momentos da tv brasileira. E hoje, passados mais de 25 anos da exibição deste especial e quase 25 anos da morte de Elis, essas cenas continuam me emocionando tanto quanto naquela noite em que o Brasil inteiro se deleitou ao ver alguém chorar.

18 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Justa e merecida homenagem a um dos maiores nomes da nossa musica,JULIO.
Ela faz uma falta danada e deixou milhões de órfaõs pelo país.
Abração!

sexta-feira, janeiro 19, 2007 12:58:00 PM  
Blogger Jéssica said...

Ela canta e encanta até hoje. Esse tipo de 'estrela' nucna deixa de brilhar. Beijo e ótimo fim de semana*.*

sexta-feira, janeiro 19, 2007 1:22:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Julio:
Eu vi o programa, o choro e me emocionei. Acho que foi isso que deixou a música impressa na minha mente. É com ela que lembro Elis.
E sempre que a ouço, me emociono, de novo.

sexta-feira, janeiro 19, 2007 3:05:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Como dizia o Renato: " os bons sempre vao antes". bom fim de semana..e feriado

sexta-feira, janeiro 19, 2007 3:44:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Essa música é mesmo de arrasar! Aliás, não consigo parar de dizer isso todas as vezes que escuto qualquer música cantada por ela... mais do que justa essa blogagem coletiva, não acha?
Prazer em conhecer vc e seu blog, a minha "casa", o Devaneios e Desabafos, estará sempre de portas abertas às pessoas de bem, os amigos de Elis!
Um abraço,

sexta-feira, janeiro 19, 2007 4:52:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu sempre fico comovido com a Elis. Sempre.
O buraco que ela deixou na MPB vai ser muito difícil de se cobrir.
Mas ainda bem que ela viveu numa época em que a tecnologia já permitia se registrar música e imagens.
Fica mais fácil sentir saudades...

sexta-feira, janeiro 19, 2007 5:36:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

25 anos e parece que ela ainda circula entre nós sem substituta, sem ninguém que sorria como ela, nem cante com sua sonoridade, 25 anos...
lindo findi
beijossssssssssss

sexta-feira, janeiro 19, 2007 5:41:00 PM  
Blogger Milton T said...

Faz muita falta a Pimentinha....

abs

sexta-feira, janeiro 19, 2007 6:43:00 PM  
Blogger Vera F. said...

Júlio, não estava conseguindo entrar aqui. Já te linkei, viu?
Isso é o que diferencia a Elis das demais, quando tinha um problema colocava essa emoção nas músicas que cantava.
Quando vejo qualquer vídeo dela me arrepio, ela cantava com a alma qualquer ritmo. Tudo a que se propunha fazer, o fazia com perfeição, por isso nos deixou lindas canções e emocionantes interpretações.

Obrigada por participar!

Bjos.

sexta-feira, janeiro 19, 2007 8:51:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Julio

Tivemos o mesmo gosto no video, gostei demais.

Abracos

sexta-feira, janeiro 19, 2007 9:10:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu, particularmente, adoro a Elis. Tenho camiseta dela. Adoro escutar quando meu pai ouve. É demais. É uma mulher única. Esses dias, ouvindo os dois discos resmasterizados dela, vc vê uma moça com 15 anos, mas com uma voz muito firme. Muito massa. Abs

sexta-feira, janeiro 19, 2007 11:18:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pena que o legado biológico não tenha sido dos melhores.

Se os mais belos joelhos eram da Nara, o mais belo choro era da Elis.

sábado, janeiro 20, 2007 12:49:00 AM  
Blogger Vivien Morgato : said...

Eu me lembro do dia. Eu tinha 14 anos e estava na casa da minha avó. Fiquei muito abatida, esta descobrindo esses monstros da mpb e estava fascinada por Elis.
Atras da porta não dá pra ouvir, quebra alguma coisa dentro da gente.
abç.

sábado, janeiro 20, 2007 12:59:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Julio,

Lembrar da Elis me dá uma saudade absurda da minha mãe. Ela adorava a Pimentinha.

Bacana teu texto!


Beijos

domingo, janeiro 21, 2007 1:15:00 AM  
Blogger Marcus said...

Recentememte, assisti a um espetáculo teatral chamado "Lá", no qual as músicas de Elis eram ponto de partida para a peça. Bonita homenagem, Júlio. Um abraço.

domingo, janeiro 21, 2007 6:44:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Elis: És o ontem, o hoje e o amanhã.Maior cantora do mundo.
Que saudade!!!
Paulo

terça-feira, agosto 28, 2007 3:09:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Elis,naquele 19 de janeiro de 1 982,senti o mundo seabando sobre mim.Você partiu e a MPB criou um vago que ninguém mais vai preencher.Só saudades,luz das estrelas,só saudades!!
Porque foste embora tão cedo?
Mesmo assim,és eterna.
Paulo.

terça-feira, agosto 28, 2007 3:13:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

O que faria Elis se estivesse hoje ,aqui e vesse que o mercado fonográfico está uma porcaria.Sons horríveis agredindo os nossos ouvidos.Ainda bem que as suas obras riquíssimas ficaram como herança para confortar-nos e principalmente aos nossos ouvidos,que já não suportam tantas coisas chulas tocando por aí.Elis foi,é e sempre será uma cultura necessária.Como fazes falta,Pimentinha querida!

terça-feira, agosto 28, 2007 3:19:00 PM  

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