Detalhes tão pequenos...
Gosto de viver entre construçoes como esta acima, que lembra mais o Edifício Dakota, em Nova Iorque, na frente do qual Lennon foi assassinado. E foi nesse prédio aí onde viveu e morreu o maior poeta do nosso país, João Cabral de Melo Neto.
Mas o Flamengo está longe de ser o mais luxuoso e caro bairro do Rio. No início do século XX, quando a classe média e a aristocracia da cidade começou a deixar o centro em direção à Zona Sul, o Flamengo experimentou um período de grandeza que durou até a década de 60. Afinal, o Rio era a capital federal e o palácio do governo ficava ali ao lado, no Catete. Depois, as novas gerações, se deixaram se deslumbrar pelo luxo moderno das novas construções, durante o boom imobiliário que tomou conta de Ipanema, Leblon, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico e mais tarde, Barra da Tijuca. Com isso a região entrou num período de decadência.
Nos últimos anos, porém, o bairro voltou a ser valorizado e pesquisas de mercado o apontam como um dos mais procurados para se morar. Os jovens estão atrás dos preços mais baixos e a praticidade de se morar próximo ao Centro, ter fartos meios de transportes e um comércio, sem grife, mas razoável. Além de uma das maiores áreas verdes da cidade.
Os mais velhos procuram...os detalhes...
...os detalhes das ruas mais tranqüilas, das calçadas enfeitadas com vasos ornamentais, enormes apartamentos antigos, em prédios com grandes portões trabalhados e maçanetas douradas. O Flamengo é cheio de ruas arborizadas, praças tranqüilas e locais deliciosos, como este acima, nos fazem sentir na Europa. Mas as pichações nos lembram onde estamos.
Ah, como eu falei, o Flamengo também tem uma extensa área verde, com mais de um milhão de metros quadrados: o Parque ou Aterro do Flamengo. Adorado pela galera da malhação, da corrida, do pedal ou simplesmente o pessoal que quer apenas curtir uma paz de vez em quando. É o meu point. O Aterro (tem este nome porque foi realmente um aterro que fizeram na Baía de Guanabara para construi-lo) é o maior parque à beira mar do mundo e foi neste local que os franceses entraram em combate com os portugueses, quando estes descobriram a cidade, em 1565.
O parque é cortado por uma extensa ciclovia que liga o Centro da cidade ao Leblon. São mais de 30 quilometros. Esta foto mostra a ciclovia deixando o Flamengo e indo em direção a Botafogo e às praias da zona sul.
Aí está a ciclovia cortando o parque. É por ela que dou minhas pedaladas quase diárias. Infelizmente as praias da Baía de Guanabara são muito poluídas e não recomendadas para banho. Sem querer dar uma de morador-coruja, a praia do Flamengo teria tudo para ser uma das mais lindas da cidade, se não fosse pela sujeira. Como é uma praia dentro de um parque, os prédios ficam afastados e tem-se uma sensação imensa de liberdade, como se estivéssemos numa praia fora da cidade. Os ruídos do trânsito também ficam afastados
Outra vantagem que tem atraído muitos novos moradores é que o Flamengo fica a dez minutos do Centro. E com o renascimento tanto da vida cultural e norturna do Centro e da Lapa, está valendo a pena morar nos arredores. Quando o sol do Rio está mais civilizado, costumo ir para o trabalho de bike. Na foto acima vemos a ciclovia indo para o Centro. No fundo até já dá pra ver os prédios da região da Cinelândia.
Mas não se iluda com essa beleza e charme. Todo esse papo foi pra dizer que é nesse bairro que se desenrola a trama do meu livro A Arte de Odiar.
18 Comments:
Agora você me fez ficar morrendo de saudades.
Sempre adorei andar pelo flamengo. Ia sempre andando de botafogo até a Cinelandia apreciando os predios maravilhosos da orla.
Uma pena mesmo, e uma vergonha, a Baía estar deste jeito.
Julio, antes de mais nada queria te dizer uma coisa que está me incomodando demais: não estou conseguindo ler o seu livro. O motivo é que simplesmente não consigo ler uma história pelo computador e a minha impressora quebrou. Como estou durésima, vou esperar um pouco mais para comprar outra. Parece brincadeira, mas tenho uma enorme dificuldade pois preciso ter o papel nas minhas mãos. Os blogs não são problema para mim porque são pequenos, já com livro é diferente.
Querido, espero solucionar brevemente esse problema e fazer uma merecida resenha no meu blog.
Bom, quanto ao Flamengo, eu morei lá de julho/1985 até dezembro/1985. Gosto demais e curto até a praia poluída.Morava na Machado de Assis que uma das paralelas mais bagunçadas por causa de muitos estabelecimentos comerciais, ainda assim sempre gostei de lá. Imagino que já nos cruzamos em diversas oportunidades no Aterro. Adorei ter matado as saudades.
Beijocas carinhosas
Errata: morei até dezembro/2005, logo são vinte anos. Beijocas
Muito bom este post, o Rio é realmente uma cidade maravilhosa, morei aí um ano e meio quando tinha treze pra catorze anos.
Eu ficava na R. Lauro Müller, perto do Canecão, da UFRJ. Atravessava o túnel dois irmãos e chegava em Copa. Gostava também de ir à Praia Vermelha, uma praia pequena em extenção, bem reservada e com uma água gelada.
Os aspectos naturais da cidade me chamavam mais atenção do que os arquitetônicos:
A linda vista da cidade do Alto do Corcovado, do Mirante da Gávea, o pôr do sol da na Pedra do Arpoador e não podia faltar o Jardim Botânico.
Pena que fazem uns oito anos que não vou aí.
Abs.
Não conheço esse bairro no Rio. Bem da verdade, só conheço Ipanema e Leblon. Beijocas
Taí, comentava no seu blog sem saber que escrevia para um escritor.
Eu tô lendo Cidade Partida, de Zuenir Ventura, e ele fala do Rio antigo. E seu post veio a calhar. Muito bacana conhecer a história da nossa cidade. Bairrismos à parte.
Hahahahah seu sem vergonha :p mes fez querer morar no Flamengo mas na verdade queria apenas vender o teu livro hahahaha.
muito sem-vergonha
abraços
Imagino que os imóveis devem ter cômodos maiores , assim como o pé direito.
Aqui em SP, muitos estão retornando ao Centro,onde um living equivale quase que um apartamento nos novos bairros...
Abs
Oi, Júlio! Amei o seu post e bateu aquela saudade... já morei na Glória, no Catete e no Flamengo, mas depois dos 16 anos eu acabei vindo para a Barra da Tijuca... me arrependo amargamente... e tenho planos de voltar. Poder pedalar do Aterro ao Leblon era tudo di bão! Bisous!
Caro Julio,
Também gosto muito do bairro do Flamengo. Você tem toda razão em incensá-lo. Vou mandar pelo seu e-Mail algumas informações sobre a história do bairro.
É bonito ver os edifícios aristocráticos do Flamengo. Muito bom.
Um forte abraço. Carpe diem. Aproveite o dia e a vida.
Fiquei com agua na boca,JULIO. Da proxima vez que for ao Rio,farei questão de conhecer melhor o seu bairro. Ao invés de simplesmente passar ao largo.
Abração!!
Cara, vou comprar esse teu livro. Não sou fã do Rio, mas uma trama policial tem tudo a ver com a tua terra natal.
Abração.
P.S. Vou ter que comprar impresso, se tiver, porque, assim como a Yvonne, eu não consigo ler livro pelo computador.
Meleca!! recebeu meu mail? Faço depósito online e preciso de outros dados da conta.
Já passei pelo bairro indo em direção ao centro da cidade. Gosto da modernidade do parque e das construções antigas, uma extensão do centro que é um passeio magnífico nos finais de semana.
Dou preferência aos apartamentos antigos, justamente como o Milton comentou; pelo tamanho dos cômodos e o pé direito ser mais alto. Morei em Ipanema em um imóvel assim.
Quando morava no Rio, muitas pessoas comentavam do perigo que era frequentar o parque. Melhorou?
Beijus
Que maravilha de fotos, Julio !
Essa parte da Zona Sul do Rio é uma das mais bonitas e o seu olhar foi fiel e generoso.
Bacana !
Ah, troquei o código do meu "banner-link" lá do Avenida, pois notei que as plaquinhas do Av. Copacabana haviam se transformado misteriosamente em cruzinhas vermelhas de vergonha.
Se voce puder, e quiser manter a placa pega lá o código novo, tá !
A gente agradece a compreensão.
Estamos trabalhando para melhorar as nossas transmissões... blá blá blá blá...
Abç!
Rapaz, cada foto mais linda que a outra !
Julio, o Ed."Dakota" se chamava Ed.Seabra, onde morava minha tia. Passei varias ferias lá quando era criança.
Também freqüentei o Ed.Biarritz, onde moravam amigas minhas.
Adorei rever esses lugares tão bem fotografados por você.
Me criei no Flamengo. Conheço cada cantinho com a palma da minha mão. Mas o Rio ficou muito ruim...decadente. Cidade abandonada à própria sorte. O Flamengo era para ser uma bairro impecável! Mas precisaria estar fora do Brasil! Aqui não dá com o lixo político que temos!
A propósito: morei muitos anos no edf. Máximus do lado da antiga UNE. Depois me mudei para o Laport e morei mais de uma década lá!!!
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