Inocência Em Tempos de Cólera

Totalmente disparado no mundo.

O Brasil foi descoberto em 1500. Mas os portugueses levaram algumas décadas para descobrirem o Rio. Os franceses chegaram primeiro. Eles chegaram e à margem da Baía de Guanabara, ergueram aquela que seria a primeira construção da futura Cidade do Rio de Janeiro. Esta construção deu origem ao primeiro bairro da cidade, o Flamengo. E é nele que eu moro. Aqui os franceses construiram à beira da baía uma pequena colônia. Até que os portugueses chegaram e os botaram para correr. Mas as influências francesas ainda resistem neste bairro que deve ser apreciado nos detalhes. Como esta construção na Praia do Flamengo, onde funciona o Centro Cultural Julieta Serpa.
Gosto de viver entre construçoes como esta acima, que lembra mais o Edifício Dakota, em Nova Iorque, na frente do qual Lennon foi assassinado. E foi nesse prédio aí onde viveu e morreu o maior poeta do nosso país, João Cabral de Melo Neto.
Mas o Flamengo está longe de ser o mais luxuoso e caro bairro do Rio. No início do século XX, quando a classe média e a aristocracia da cidade começou a deixar o centro em direção à Zona Sul, o Flamengo experimentou um período de grandeza que durou até a década de 60. Afinal, o Rio era a capital federal e o palácio do governo ficava ali ao lado, no Catete. Depois, as novas gerações, se deixaram se deslumbrar pelo luxo moderno das novas construções, durante o boom imobiliário que tomou conta de Ipanema, Leblon, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico e mais tarde, Barra da Tijuca. Com isso a região entrou num período de decadência.
Nos últimos anos, porém, o bairro voltou a ser valorizado e pesquisas de mercado o apontam como um dos mais procurados para se morar. Os jovens estão atrás dos preços mais baixos e a praticidade de se morar próximo ao Centro, ter fartos meios de transportes e um comércio, sem grife, mas razoável. Além de uma das maiores áreas verdes da cidade.
Os mais velhos procuram...os detalhes...


O parque é cortado por uma extensa ciclovia que liga o Centro da cidade ao Leblon. São mais de 30 quilometros. Esta foto mostra a ciclovia deixando o Flamengo e indo em direção a Botafogo e às praias da zona sul.
Aí está a ciclovia cortando o parque. É por ela que dou minhas pedaladas quase diárias. Infelizmente as praias da Baía de Guanabara são muito poluídas e não recomendadas para banho. Sem querer dar uma de morador-coruja, a praia do Flamengo teria tudo para ser uma das mais lindas da cidade, se não fosse pela sujeira. Como é uma praia dentro de um parque, os prédios ficam afastados e tem-se uma sensação imensa de liberdade, como se estivéssemos numa praia fora da cidade. Os ruídos do trânsito também ficam afastados
Outra vantagem que tem atraído muitos novos moradores é que o Flamengo fica a dez minutos do Centro. E com o renascimento tanto da vida cultural e norturna do Centro e da Lapa, está valendo a pena morar nos arredores. Quando o sol do Rio está mais civilizado, costumo ir para o trabalho de bike. Na foto acima vemos a ciclovia indo para o Centro. No fundo até já dá pra ver os prédios da região da Cinelândia.
Mas não se iluda com essa beleza e charme. Todo esse papo foi pra dizer que é nesse bairro que se desenrola a trama do meu livro A Arte de Odiar. 


Já viu? É o vídeo novo do U2. Não, do Bob Marley. Não, da Bjork. Não, do Bowie. Não, do Jerry Lee Lewis. Não, do Hendrix. Na verdade, é de todos que fizeram a música mais interessante nesse último século. O nome da música é Windows in the skies e vale por um bifinho.



