Na veia
Fila quase dobrando o quarteirão. Pessoas ansiosas (será que vou conseguir?). Alegria de quem conseguiu; frustração e revolta dos que perderam tempo e voltavam pra casa com as mãos vazias.
Em plena crise econômica, você deve estar pensando que estou descrevendo uma fila de emprego. Nada disso!
Começou sem muito alarde. Estreou no pequeno teatro do Oi Futuro, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio. Era o mês de março último e havia pouco interesse na peça de nome esquisito e escrita por um autor desconhecido(embora muito premidado). Mas bastou a influente e temida crítica teatral do O Globo, Bárabara Heliodora, morrer de amores pelo texto do canadense Daniel Macivor, para que In On It se tornasse o mais recente fenômeno da cenário teatral carioca.
Em plena crise econômica, você deve estar pensando que estou descrevendo uma fila de emprego. Nada disso!
Começou sem muito alarde. Estreou no pequeno teatro do Oi Futuro, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio. Era o mês de março último e havia pouco interesse na peça de nome esquisito e escrita por um autor desconhecido(embora muito premidado). Mas bastou a influente e temida crítica teatral do O Globo, Bárabara Heliodora, morrer de amores pelo texto do canadense Daniel Macivor, para que In On It se tornasse o mais recente fenômeno da cenário teatral carioca.
Desde os saudosos tempos de Irma Vap ou A Partilha, não vejo gente descabelada e perdendo a educação por causa de um ingresso. Fiquei curioso e me mandei para o Oi Futuro, que, aliás, fica no meu bairro. Não consegui.
Quando voltei dos EUA, tentei novamente e nada. Os ingressos estavam esgotados até o final da temporada, que seria em 28 de junho. Fiquei ainda mais curioso.
Para minha sorte, a temporada foi prorrogada até este domingo e na última sexta feira, fui um dos privilegiados a conseguir um ingresso, após uma fila desanimadora.
Bem, Bárbara Heliodora tinha razão. In on It é o trabalho mais criativo e moderno a baixar nos palcos brasileiros nos últimos anos. No pequeno palco, apenas dois atores (Emílio de Mello, do elenco original, e Enrique Diaz, que é o diretor, e que teve que substituir ás pressas Fernando Eiras, acometido de uma apendicite). O cenário: apenas duas cadeiras. O texto conta a história de dois amigos gays, atores que estão ensaiando uma peça e vão percebendo o quanto a história e os personagens estão enroscados nas suas vidas.
Bem, Bárbara Heliodora tinha razão. In on It é o trabalho mais criativo e moderno a baixar nos palcos brasileiros nos últimos anos. No pequeno palco, apenas dois atores (Emílio de Mello, do elenco original, e Enrique Diaz, que é o diretor, e que teve que substituir ás pressas Fernando Eiras, acometido de uma apendicite). O cenário: apenas duas cadeiras. O texto conta a história de dois amigos gays, atores que estão ensaiando uma peça e vão percebendo o quanto a história e os personagens estão enroscados nas suas vidas.
Na verdade, In on It é o teatro na sua mais genuína expressão. Uma aula de arte cênica, é teatro na veia. Tem dança, tem comédia, tem dublagen, há quebra da quarta parede - quando os atores se relacionam com o público -, tem drama e tem dois excelentes atores, interpretando diversos papéis, o que ficaria confuso num texto frágil. Mas nem de longe isso acontece ali. Além do mais, a peça discute o processo de criação e interpretação daqueles que lidam com a arte cênica e o quanto de pessoal pode haver no trabalho do ator e autor. Tudo isso com a originalidade, a rapidez e o humor que o teatro moderno exige.
In on It é sobre a pressa, a ansiedade, o individualismo, a solidão e a perplexidade dos dias de hoje. Quando um dos personagens fala perplexo sobre "skatistas dirigindo uma multinacional (se referindo à garotada que comanda a Google)", por exemplo, percebemos como esse texto é moderno e atual.
Bárbara Heliodora estava certíssima quando definiu o espetáculo como "uma experiência imperdível". Mas o outro mérito de In on It foi ter assassinado o mito de que o público carioca só gosta de comédias e textos fáceis. Veio provar que bons textos ainda têm lugar por essas terras, graças a Deus!
Bárbara Heliodora estava certíssima quando definiu o espetáculo como "uma experiência imperdível". Mas o outro mérito de In on It foi ter assassinado o mito de que o público carioca só gosta de comédias e textos fáceis. Veio provar que bons textos ainda têm lugar por essas terras, graças a Deus!
Quando você estiver lendo este post In on It deve estar saindo ou já deve ter saído de cartaz. Para os cariocas fica o consolo de que ela voltará em agora no início de agosto, no Teatro Clara Machado. Os paulistas parece que terão que esperar até 2010. Mas seja onde for que você viva, In on It chegando em sua cidade, brigue por um ingresso. O bom teatro merece.
Marcadores: Teatro
2 Comments:
Fiquei muito curioso com todo este oba-oba,JULIO. Será que vem pra SP??
Abraços!!
Tem um amigo meu que fala maravilhas desta peça. Já a assistiu cinco vezes. Eu nunca consegui ingressos. Quem sabe lá no Planetário eu consiga.
Carpe Diem.
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