quinta-feira, fevereiro 07, 2008

É Verão e estou na praia...


Ilustração tirada da crítica do New York Times.

"...O dia de outubro quando ele viu pela primeira vez os seios dela nus precedeu em muito o dia em que pôde tocá-los - 19 de dezembro. Ele os beijou em fevereiro, embora não os mamilos, os quais roçou com os lábios uma vez, em maio. Ela se permitia avançar sobre o corpo dele ainda com maior cautela. Moviemntos súbitos ou segestões radicais da parte dele podiam arruinar meses de trabalho."

O trecho acima é o mais belo que li a respeito da época da inocência, antes da revolução sexual dos anos 60, quando um jovem casal tinha que lutar contra seus desejos, pois a virgindade era ainda contava pontos.
É verão estou Na Praia, o best seller do britânico Ian McEwan, lançado aqui pela Companhia das Letras no ano passado com grande estardalhaço. Cheguei até a fazer um post a respeito. Meu interesse por esse inglês, prestes a completar sessenta anos, cresceu após assitir à Desejo e Reparação, o filme de Joe Wright, que virou o filme da estação pra mim, sério candidato ao Oscar, e que foi baseado na obra de McEwan (Atonement, eleita pela revista Time, como o melhor romance de 2002).
A história de Na Praia poderia ser resumida em uma linha: "Dois adolescentes virgens irão ter a sua primeira relação na noite de núpcias, numa praia inglesa, Chesil Beach, no verão de 1962. Tudo corria bem até que um fato inesperado vem mudar a vida dos dois para sempre. Falando assim, pode parecer que daria um bom conto e não um romance. E para falar a verdade essa foi a impressão que tive no início. Mas McEwan é desses escritores que nos supreendem e o perfil psicológico é descrito com uma grandeza capaz de de emocionar e incomodar pretensos escritores invejosos como eu. Mais do que um clássico sobre a perda da inocência, Na Praia é sobre as brincadeiras - muitas vezes de mau gosto - que o destino faz com a gente.
Em Desejo e Reparação, McEwan chega às raias de um Nelson Rodrigues, descendo aos subterrâneos mais sombrios da alma humana. O filme poderia ser um pouco menor e pode ser confuso, devido ao tratamento quase fantástico dado a algumas cenas. Mas ficaria feliz ao vê-lo ganhar a tatueta.
Aliás, como foi a sua primeira vez, querido leitor? A minha foi...psicodélica. E-mais para julio-correa19@gmail.com.

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