domingo, maio 12, 2013

Vovó Gostozona

Todos os dias, grupos de turistas diante da Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias. E eles estão certos. O local é lindo, cheio de glamour e existe desde 1894.
Se eu chegasse na porta da Colombo e gritasse que aquela não havia sido a primeira confeitaria da cidade, talvez seria capaz de ser espancado. E o choque seria maior se eu gritasse que a primeira confeitaria ficava há duas quadras dali.

 Pois é, a Casa Cavé, na esquina da Uruguaiana com Sete de Setembro, foi inaugurada em 1860, pelo francês Charles Auguste Cavé, que esteve à frente do negócio até 1922. De lá para cá, a casa tem passado por várias mãos, mas felizmente não mudou o seu cardápio e o seu jeito de servir.
 Na verdade, existem duas Cavés, ocupando o mesmo quarteirão. O primeiro e mais antigo, fica na Uruguaiana nº 11 e a segunda, está na Rua Sete de Setembro, logo após, no nº 137. O primeiro é mais uma espécie de lanchonete, mas que vale conhecer porque ainda mantém as características estéticas do início.
O segundo endereço é onde fica a casa de chá, o forte da casa. Mas que também é confeitaria e restaurante, já que você pode almoçar - e bem - no lugar. Quer saber? Gosto mais do segundo endereço.
Até as primeiras décadas do século, fazer um lanche na Cavé, após flanar pela rua do Ouvidor, era o programa chique da clásse média carioca.
O local não tem nem a metade do luxo ou da sofisticação da Colombo, mas tem muito charme.
A Cavé é ideal para um lanche no meio da tarde ou uma boquinha entre uma compra e outra. Sugiro uma taça de sorvete chamada Príncipe de Gales. Creme, Morango e uma montanha de chantily. Provem e depois me contem.

A Cavé tem ainda delícias que dificilmente encontramos em outros lugares. Tortas, bolos, docinhos e biscoitos quase que exclusivos. Se lembra do pão de ló da vovó?
Enfim, conhecer a Cavé é imperdível, nem que seja para um chá.
A estação do metrô mais próxima é a Carioca.
E se quiser saber mais sobre o lugar, mergulhe aqui.


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domingo, março 17, 2013

Oba-oba nas Yabás



Samba da grife Madureira.
Yabá na linguagem nagô quer dizer rainha-mãe. E há vários anos, acontece em Oswaldo Cruz, subúrbio do Rio, uma feira que leva esse nome. Na verdade as rainhas ali são mulheres do samba e também da mesa. Oswaldo Cruz fica ao lado de Madureira, região que abriga três grandes escolas de samba (Portela, Império e Tradição) e é berço de grandes sambistas. 
Por outro lado, a comunidade do samba desenvolveu uma culinária quase que própria, muito influenciada pela herança dos escravos. Essa culinária, que já foi cantada em clássicos de MPB, ficou anos confinada dentro das casas dos sambistas. Até que se resolveu levá-la para as ruas, em uma feira mensal, ocorrida na Praça Paulo de Portela, na altura do número 88 da Estrada do Portela.
Em 2012, a prefeitura concedeu alvará e o evento passou a ganhar espaço na mídia, atraindo cariocas até da longínqua zona sul. O objetivo é divulgar o que antes era restrito apenas às rodas de samba, ocorridas nos quintais das casas do sambistas da região.

Tipos característicos que só se encontra nos trens da Central do Brasil.
Você pode chegar lá na Feira de carro. Mas leve em consideração três coisas. Primeiro, que o local não tem estacionamento e você terá que deixar seu carro nas ruas adjacentes, que também não contam com guardadores. Nem flanelinhas eu vi.
O segundo ponto é que se você não for da região e não conhecê-la, pode ter alguma dificuldade para chegar, mesmo porque a Estrada do Portela vai ficar bloqueada.
O evento pede uma cervejinha e considere também a possibilidade de tomar umas doses a mais, principalmente porque faz muito calor naquela terra. E não é prudente encarar o volante depois, ainda mais com as blitzes da Lei Seca por aí.
Táxi só é viável se você morar perto. A Feira ocorre no domingo, dia de bandeira dois e nos subúrbios não se consegue táxis tão fácil.
Há várias linhas de ônibus na região, mas que são desviadas para a rua Carolina Machado. Verifique aqui a linha que melhor possa lhe servir, sempre de olho no mapinha do google, é claro.
Eu acho que o meio de transporte mais prático seja o trem. Foi o que eu utilizei. A estação de Oswaldo Cruz não fica muito distante. Saindo da estação, virar à direita, atravessar e dobrar na quarta rua, a Sérgio de Oliveira e seguir direto até a praça. Não tem erro. Combinar o trem com o metrô é a forma mais inteligente.

Estação de Oswaldo Cruz.
Leve em Consideração o calor que faz pra aquelas bandas. Então, roupas bem leves e confortáveis.
Grupo Jaqueira
O evento está marcado para começar ao meio dia. È bom chegar cedo para encontrar mesas e cadeiras disponíveis, de preferência em locais com sombra.
Os artistas não costumam subir no palco antes das duas. Os shows geralmente duram até o início da noite.


A comida, em geral, era ótima. Mas acho que não é um lugar para se almoçar e, sim, petiscar. Se puder forrar o estômago levemente antes, vai ser melhor. Os preços variam de acordo com o prato e não achei caro. Os pratos servem bem a um casal.

Barraca do peixinho frito.
Há barracas oferecendo vários tipos de comida. Mas em todas, as tias nem sempre dão conta dos pedidos.

E as filas são inevitáveis. É preciso ter paciência.

Enquanto você espera o show ou está na fila, aproveite para sentir a vibe local, que é bem positiva. O local me pareceu ser bastante seguro (há seguranças particulares e guardas municipais) e o objetivo ali parece ser apenas se divertir. Não vi e nem soube de nenhum tumulto ali.
Uma coisa que me chamou a atenção é como a população negra ou afro-descendente (parece ser maioria na região) se prepara para esses eventos. O cuidado que as mulheres têm com os cabelos é fantástico. Acessórios e adereços em abundância, mas nada de exagero.

Já muitos rapazes usam chapéus estilosos, cabelos muito bem cortados e roupas impecáveis.
Os leques, geralmente grandes e coloridos, também  chamam a atenção.
Luíza Dionízio.
Aí, começa o samba e a festa eliminam as deficiências de infra-estrutura que ainda há na Feira.
Marquinhos Oswaldo Cruz, um dos fundadores da Feira.
E gente, ver Dona Ivone Lara cantar de pertinho foi emocionante para mim.
É impressionante como o samba mexe com aquele povo.

E também não pude deixar de reparar a alegria daquela gente. 
Quem conhecer o Rio apenas pela zona sul. Vai achar que o carioca consegue levar tantas dificuldades apenas pro causa da beleza da cidade. Mas há algo mais que nos faz ser como somos. E esse algo mais eu senti lá em Oswaldo Cruz.
Para entender isso, é preciso ir até lá. 







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sexta-feira, outubro 12, 2012

Para onde está indo este carro, meu Deus?!!!!

Carro "mergulhando" na estrada que liga a Grumari à Prainha.
Há alguns meses, eu postei aqui um post sobre a Prainha, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro.
As sinuosas estradinhas de acesso à Prainha.
Pois bem, desde a Rio + 20, no mês de junho, o lugar vinha concorrendo a Bandeira Azul, certificado dado pelo juri internacional da Foundation For Enviromental Education, instituição reconhecida em todo mundo, baseada na balneabilidade das praias de várias partes do planeta.
Cenário no caminha para a Prainha, para quem vem do Recreio.

Pois, na última sexta-feira, dia 5, em Copenhagen, na Dinamarca, o título foi concedido e a nossa Prainha, agora pode tirar onda de paraíso ecológico internacional.
As curvas da estrada da Prainha.
As praias do Sono, no Guarujá/SP e da Marina Costabella, em Angra dos Reis/RJ, também foram certificadas com o título criado em  1987 e que já certificou 3.203 praias em 46 países.  
A pequena restinga no final da Praia do Recreio dos Bandeirantes, próximo da Prainha.
Para manter a classificação, a praia deverá atender a 33 quesitos, que serão avaliados anualmente pela instituição.
Muvuca de banhistas no Recreio dos Bandeirantes.
Um desses quesitos será a restrição do público a 600 pessoas por vez, como forma de garantir que o ambiente não seja afetado pelo excesso de visitantes, como acontece na maioria das praias da cidade.
Parabéns, Prainha.

* As fotos foram tiradas justamente no dia 4, quando estive lá. Um dia antes da certificação.

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