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Em janeiro último, muitos profissionais do ramo turístico brasileiro esgotaram os estoques de Lexotan das farmácias ou tomaram porres homéricos.
Vou explicar: é que o caderno de turismo do New York Times - um dos mais importantes do mundo -, elegeu a capital argentina como o lugar da moda.
Pois bem, ainda na fase "preciso aprender a ser só ou preciso mudar a minha vida e por isso tenho que ficar sozinho para pensar", decidi ir até a terra do tango para conferir.
Estive pela primeira vez em Buenos Aires justamente na semana santa de 1982. O país havia acabado de entrar em guerra com a Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas. Eu tinha, então, 22 anos. E quando se tem essa idade, curtição e aventura é o que interessa. Eu estava com um pelssoal que conseguia ser mais louco do que eu e nos juntamos a multidão de portenhos que se reuniam em frente à Casa Rosada, sede do governo, para apoiar o governo militar (o país vivia uma ditatura) em relação à guerra. Ainda guardo uma foto daquela época, mas não tive tempo de scanear.
Encontrei a Casa Rosa em obras. Este ano tem eleição por lá e a cidade está toda passando por uma plástica.
Aí em cima, a guarda presidencial a caminho da famosa troca de guarda que acontece várias vezes por dia na frente da sede do governo. A imponência européia continua nos prédios da Praça Del Mayo, onde as mães de desaparecidos se reúnem todas as quinta, ainda na esperança de encontrarem os corpos dos filhos.
Este aí é o prédio da Catedral Metropolitana.

Prédios suntuosos em largas avenidas, com largas calçadas desimpedidas de camelôs, dão um ar europeu, que nos faz muito bem.
Ares de Broadway na avenida Córdoba, com os portenhos se acotovelando nas portas dos cinemas e teatros, além das centenas de restaurantes e cafés. Quem pensa que só Nova Iorque é a cidade que nunca dorme, não conheceu Buenos Aires. A noite de lá é pra lá de animada e começa tarde. Para se ter uma idéia, as boates não começam antes das duas da madrugada. É comum vermos gente voltando das baladas às nove ou dez da manhã e se arrastando pelas ruas e pelo metrô, com suas roupas de noite.

O Obelisco no meio da Nove de Julho é o símbolo da cidade. A avenida é a mais larga do mundo e nos lembra o Champs Elizier.

Buenos Aires tem mais livrarias do que todo o Brasil. É a cidade mais literária da América Latina. Na semana passada foi divulgado que as vendas de livros na Argentina cresceram 12,6%, enquanto estão despencando em todo o mundo. E falar em literatura portenha é falar no grande Jorge Luis Borges, freqüentador assíduo do Café Tortoni, na avenida Del Mayo, onde até hoje alguns objetos pessoais do escritor estão expostos. Tomar um café no Torni e respirar o mesmo ar que um dia Borges respirou é uma experiência especial para todos ligados à literatura.
No mesmo prédio, no segundo andar, funciona a centenária Escola Nacional de Tango.

Entrada da elegante Galeria Pacífico, na avenida Córdoba, onde, com o real mais valorizado, os brasileiros tem verdadeiros orgasmos consumistas.

E o clima europeu prossegue na Recoleta, o bairro classe média alta, um pouco mais ao norte, com seus recantos deliciosos...

...seus casarões que são um luxo só,...

...e sus lojinhas...

...eu disse lojinhas?

Essa da Polo aí de cima tem três andares, uma sala para cada tipo de roupa e até um lounge para os clientes cansados de tanto comprar. É pra baixar a auto-estima de qualquer brasileiro.

E o luxo continua no shopping Buenos Aires Design, onde os designers e artistas mais contemporâneos expões seus trabalhos voltados para objetos para o lar. Estilo gótico cercado por jardins.

Palermo Viejo com suas ruas arorizadas e seus restaurantes transadíssimos é o lugar mais badalado do momento. Se você não é
cool, não vá. Aliás, vá sim, porque o lugar merece ser conhecido. É dividido em dois por uma linha férrea. Esse ai de cima é Parlemo Soho...

...onde pequenos artesãos e estilistas encontram espaço para expor seus trabalhos, junto com marcas famosas, como a Diesel.
Exite ainda Palermo Hollywood, mais calmo, e que ganhou esse nome por ser o lugar da cidade mais usado para filmagens.
Ambos são lugares interessantes e modernos, que fazem Ipanema parecer Quixeramobim e os Jardins, em São Paulo, parecerem coisa do século XIX. Mas os turistas já descobriram o lugar e os comerciantes já tiram vantagem disso. Cobram 15 pesos por um hamburguer, quando, no Centro, por este preço, você pode devorar uma parrilla, o prato típico do país. Mas vale a pena passar uma tarde ali, nem que seja para se sentir no Soho novaiorquino.

Mas existe um lugar ainda não tão descoberto pelos turistas e que não deixa de ser menos cool do que Palermo. Indo mais ao norte, encontramos La Imprenta, um bairrozinho esprimido na hípica, para onde os cool da classe média alta estão se mudando. Ainda não está nos guias turísticos e, por isso, permanece tranqüilo, escondendo tesouros como este pub irlandês na Calle Migueletes.

Os bares, cafés e restaurantes de La Imprenta não devem nada em elegância, originalidade e ar cool aos de Palermo Viejo, só que são mais calmos e baratos, freqüentados na maioria das vezes por moradores da região, que vão tomar seu café da manhã com seus laptops, sem serem incomodados por turistas barulhentos.

Um dos pontos de encontro do lugar é a sorveteria
Persicco, onde, por preços acessíveis pode-se tomar um café gostoso ou saborear o melhor sorvete da cidade.

Eu recomendo.

Feriado de sol e a classe média portenha vai para os Bosques de Palermo, espécie de Central Park de Buenos Aires.

E querem saber? Achei mais bonito do que o parque nova iorquino.

Um lugar para se esquecer a vida. Aliás para se lembrar como a vida é boa.

Vamos a la plaia? Não. Buenos Aires não tem praia. Se tivesse, estaríamos fodidos. Mas tem essa reserva ao lado do Rio Da Plata. Os banhos são proibidos, mas é o lugar mais agradável que encontrei na cidade. Os portehos vão para um piquinique matinal, para relaxar, pegar um bronze, pedalar ou assistir o pôr do sol. Nota mil!

Sempre achei que ir a Buenos Aires e visitar La Bocca, bairro pobre, onde, dizem, o tango nasceu, fosse programa de índio. Mas não resisti e me juntei a multidão de turistas que foram curtir a tarde ensolarada nas ruas animadas por tangueros e até - pasmem - uma roda de samba!!! O bairro também ganhou bares baratos e modernos. Paguei pela boca.

San Telmo continua sendo o bairro dos artistas. Nas tardes de domingo e feriados, a famosa feira de arte se espalha pelas ruas com ar de Cuba ou de Portugal. Turistas e portenhos de classe média se acotovelam atrás das peças de antiquários. Pesquisando se encontra coisas interessantes, mas os preços são caros.
A arquitetura é outro atrativo do local.
Este aí é o Cais do Porto. Pelo menos era, antes da prefeitura investir milhões de pesos em um gigantesco projeto de reforma, que transformou Puerto Madero em uma das maiores atrações turísticas da cidades. De um lugar sujo, abandonado e decadente, o conjunto de prédios, hoje, abrigam vários cinemas, restaurantes elegantes, um cassino e boates. O mundo ficou de boca aberta quando a prefeitura de Nova Iorque remodelou uma parte do da sua zona portuária. Conheci no ano passado e achei bonito. Mas não se compara com o que vi em Puerto Madera.

Os portenhos vão até lá no final da tarde para assitir o sol morrendo ou relaxar nos bares. Os happy hours ali são concorridos. Caras engravatados vão atrás das secretárias do centro financeiro, que fica próximo, num clima bem Sexy In The City. Uma dica de restaurante ali? o Il Gatto. Comida italiana da boa. Aliás, foi lá que notei um sorriso de deboche quando falei que era brasileiro. Tá certo que a Argentina há uns cinco ou seis anos enfrentava uma crise econômica cruel - quem não se lembra da cena dos argentinos batendo panelas nas ruas? - e conseguiram dar uma espetacular volta por cima. Tá certo que agora eu entendo o sumiço dos argentinos das ruas do Rio. Parece que eles não tem mais motivos para vir para cá. Mas não precisa humilhar. Além do mais, nossa moeda está mais forte e Buenos Aires fica apenas há três horas de avião.
Por isso, não ria de mim, Argentina.
Pelo menos não na minha frente.
E não digam que não avisei...
O meu grupo de autores teatrais voltará atacar neste quinta...
O GRUPO AUTORES EM CENA
CONVIDA VOCÊ PARA A
LEITURA DRAMÁTICA DA PEÇA
“CHAME O LADRÃO”
Texto e direção de
ANNA MARIA RIBEIRO
Com os atores
JANAÍNA NOËL, DUAIA ASSUMPÇÃO, GUSTAVO ASSIS
DIA 12 DE ABRIL ÁS 21:30
ESPAÇO CAFÉ CULTURAL
Rua São Clemente, 409 – Botafogo
Entrada grátis – Estacionamento em frente
Não será permitida a entrada depois de começado o espetáculo