quarta-feira, outubro 11, 2006

E Cruise Pulou no Sofá da Ophra


And the Oscar goes to...
Pelo andar da carruagem, essa frase entrará em extinção num futuro não muito longínquo. Pelo menos, nas circunstâncias e com a pompa que ela é dita hoje.
Recentemene, ao ser entrevistado pela Ophra Winfrey, Tom Cruise surpreendeu a todos ao subir no famos sofá da entrevistadora (uma espécie de sofá encantado da Hebe) e começou a dar pulinhos do tipo "eu tenho sete anos, papai e mamãe sairam e tem sorvete na geladeira".
Ao verem tal cena patética, muitos telespectadores não se deram conta, mas estavam testemunhando a agonia de um império.
Pesquisas mostraram, no começo deste ano, que um número cada vez maior de norte-americanos está trocando o cinema e a tv por outras formas de entretenimento, principalmente a internet.
Pouco depois o mundo do show business ficou chocadíssimo (o mundo do show business fica chocadíssimo por pouca coisa) quando, em 22 de agosto, a Paramont rompeu com Tom Cruise e sua produtora Wagner Productions, após um relacionamento de 14 anos. Isso coincidiu com outros grandes estúdios mexendo (para baixo) no salário de superastros com o Mel Gibson, Tom Hanks e Julia Roberts. Em Hollywood, a explicação era a mesma: os resultados cada vez mais fracos nas bilheterias não estão mais compensando os super-investimentos nas super-estrelas.
Na semana passada, veio a gota d´água: o famoso diretor George Lucas, criador do mega-sucesso Guerra nas Estrelas, anunciou que está pendurando a chuteira. Irá se dedicar à tv. Em um post de semanas atrás, eu abordei o excelente momento da tv norte-americana, então isso até não me surpreendeu tanto. Fiquei surpreso mesmo foi ao saber que o poderoso Lucas pretende se dedicar também a pequenos filmes para serem distribuídos na internet. Segundo ele, "o negócio dos filmes para o cinema está ficando muito caro e arriscado...gastar U$ 100 milhões para produzir um filme e outros U$ 100 para promovê-lo não faz sentido."
A decisão de Lucas não é um fato isolado, já que grandes do cinema e da tv vem anunciando um namoro com a web. A Fox, por exemplo, irá exibir programas de tv no MySpace. A Apple exibirá filmes no ITunes e a Warner investirá em vídeos de música no YouTube.
O que acontecerá ao cinema americano, ninguém pode prever.
Hollywood sempre foi assim um mundo à parte, uma espécie de Éden, cheio de divindades. A gente via Elizabeth Taylor, Ava Gardner, Frank Sinatra, Fred Astaire, Marlon Brando, Gregory Peck e etc e nunca conseguiam imaginá-los presos num engarrafamento, numa fila de supermercado ou pegando sol numa praia comum. Não. Eles moravam num planeta chamado Hollywood e não pertenciam a este plano terrestre. E nove entre dez mortais sonhavam em pertencer àquele mundo, mas quase ninguém conseguia.
Nos anos 60, uma nova geração de atores chegou para mudar tudo. Usavam jeans desbotados, mascavam chicletes, não cortavam cabelos, falavam gírias, davam declarações políticas e estavam mais próximos o possível de gente como a gente. Jack Nicholson, Jane Fonda, Goldie Hawn, Pete Coyote, Babra Streitsand, Dustin Hoffman e Al Pacino, pelo menos a gente consegui imaginar num engarrafamento. Mesmo que fosse num conversível de milhões de dólares. Era o fim do glamour em Hollywood, o fim da era dos deuses. Muita gente ficou chocada com essa nova leva de atores que compareciam á entrega do Oscar com ar de quem acabou de sair do banho e apertou um baseado. Os pobre mortais ficaram mais alegres, pois perceberam que o tal mundo dos deuses não parecia mais ser tão inacessível.
Nas décadas seguintes até os pulinhos de Cruise no sofá da Ophra, o que ainda restava do glamur hollywoodiano foi sendo deletado por estrelas que davam declarações polêmicas, se divorciavam escandalosa e milionariamente, eram presos por porte de drogas ou por dirigirem embriagados e que permitiam que suas vidas particulares fosse devassada pela imprensa de fofoca. O mofo do planeta Hollywood, que antes era escondido por camadas de tinta a óleo, agora era cada vez mais escancarado.
Hollywood fez com que várias gerações corressem atrás da fama e pudessem ser aceito no Paraíso. Com o advento da internet, a fama e o sucesso ficaram mais fáceis. De repente, você pode ter centenas de admiradores do seu blog ou fazer milhares de fãs com um vídeo no YouTube. Sem cachês milionários, sem carros conversíveis, sem mansões com praias particulares e nem amantes de milhões de dólares, é claro! Apenas o bastante para satisfazer o seu ego.
Aí vieram os pulinhos de Cruise e muitos dos pobres mortais se deram conta de que não queriam mais entrar no Éden. Pois o Éden parecia estar um nível abaixo deles.

12 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pois é,caro JULIO,o mundo está muando muito rapidamente. E acordar um pouco tarde pode trazer muitos prejuizos.
Perfeita a abordagem
Abraços!

quarta-feira, outubro 11, 2006 9:20:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Julio,

Que maneiro esse post! Tom Cruise é um caso à parte de tão deslumbrado. Pena que tá fora da Missão Impossivel 4, é um bom ator.Pular no sofá da Ohpra foi o uó, mas comer a placenta do filhofoi mais bizarro ainda (glup)...rsrs

Beijos

quarta-feira, outubro 11, 2006 10:03:00 AM  
Blogger Mosana said...

Uau.. qnts informações novas para mim!
Tom Cruise é um ser estranho realmente.. mas aqueles pulinhos foram trash de mais..
Será que dava para pôr a culpa nele e nos malditos pulinhos?!
Eu gosto mto de cinema.. mas TV tb me atrai.. principalmente os seriados americanos e pans...
Beijos

quarta-feira, outubro 11, 2006 10:17:00 AM  
Blogger Alba Regina said...

sei lá j.c. coisas novas virão, modismos novos virão... mas o cinema? tenho pra mim é eterno. apesar da internet... apesar das doideiras humanas. beijo.

quarta-feira, outubro 11, 2006 8:00:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu nem acho q Hollywood vai decair. Talvez a receita diminua, mas os custos de produção também tendem a cair...

Acho que o lance de usar CG e Chroma Key, como em "Sin City" e, ainda em produção, "Sin City 2" e "300", tende a sair do nicho das adaptações de HQs do Frank Miller e se espalhar por toda a indústria.

quarta-feira, outubro 11, 2006 8:56:00 PM  
Blogger Milton T said...

Jack continua usando seu Waifair a noite...tenho um também!

Abçs,bom feriado e fim de semana!

quinta-feira, outubro 12, 2006 12:43:00 PM  
Blogger Ane Brasil said...

Rapá, por minha conta, o cinemão americano pop corn já tinha ido pro brejo há muito tempo.
Já sei de cor a maioria das histórias, tudo muito previsível, há cada 4 ou 5 anos surge um filme que "vale a pena"...
Que bom, assim, sobra espaço pra alguma novidade.
Sorte e saúde pra todos - e pra Oprha, de quem sou fã!

quinta-feira, outubro 12, 2006 8:34:00 PM  
Blogger Jorge Ferreira said...

sempre por aqui!...abraco!

quinta-feira, outubro 12, 2006 9:06:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

amigo volto depois..ok pra comentar...bom fim de semana

sexta-feira, outubro 13, 2006 7:00:00 AM  
Blogger Biajoni said...

super post, julião.
:>)

sexta-feira, outubro 13, 2006 12:34:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tudo o que vive se alimenta. Acredito na nova geração de cineastas, mesmo que seja para fazer cinema em casa! (rs*) Beijus

sexta-feira, outubro 13, 2006 3:05:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Claro que nao tenho seu conhecimento nessa area, mas acho que o cinema nao acaba..acho que a magia da tela grande vai ficar pra sempre...talvez se busque nova formulas....mas acaba nao acaba...mas achava e acho os salarios que esses supostos astros recebiam e recebem sao totalmente fora da realidade..loucura total..quanto ao Tom..acho que pirou ainda nao sabe...

sábado, outubro 14, 2006 6:07:00 AM  

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