sábado, outubro 15, 2005

ASSUNTOS DIVERSOS

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“Me deitei com uma divorciada de Nova Iorque. Eu provoquei uma briga. Ela, então, me cobriu de rosas, socou o meu nariz e me apagou. Isso que é uma mulher do tipo quebra-barraco.”
É um microconto? Não. Sim. Não. Mas, sim, poderia ser.
“Amou daquela vez como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se fosse o único. E atravessou a rua com seu passo tímido. Subiu a construção como se fosse máquina. Ergueu no patamar quatro paredes sólidas. Tijolo por tijolo num desenho mágico. Seus olhos embotados de cimento e lágrima. Sentou prá descansar como se fosse sábado. Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe. Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago. Dançou e gargalhou como se ouvisse música.E tropeçou no céu como se fosse um bêbado. E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E se acabou no chão feito um pacote flácido. E agonizou no meio do passeio públicoMorreu na contramão atrapalhando o tráfego.”
E isto é um trecho de algum texto pós-moderno?
“Estou de volta à terra árida outra vez. A oportunidade me espera como um rato no esgoto. Todos nós estamos caçando, meu bem, com dinheiro pra torrar. Tenho pouco tempo pra lhe mostrar os truques que aprendi.”
Trecho de algum romance?
Se você advinhou que o microconto não passa da segunda estofre de Honky Tonky Woman, dos Stones, que o segundo é a primeira parte de Construção, do Chico, e que o de cima é a primeira estrofe de Painted Lady, do Elton John, parabéns!
Mas já que você é tão inteligente, me responda a seguinte questão: há outra forma de música e literatura interagirem, além da descrita acima?
Vou explicar o porquê da pergunta. Ela me persegue desde o dia 25 de setembro, que foi o último dia da Primavera dos Livros, no Jockey do Rio. No final da tarde daquele domingo, algumas dezenas de pessoas compareceram à tenda dos debates para ouvir sobre A ficção em diálogo. A literatura e outras artes.
Durante uma hora, o escritor/jornalista Marcelo Moutinho, a escritora/doutora em literatura Beatriz Rezende, o compositor/músico Francisco Bosco, o cineasta Juva Batella e a dramaturga Daniela Pereira de Carvalho, do grupo Os Deziquilibrados, tentaram explicar uma suposta ligação entre a nova literatura e o cinema, o teatro e a música.
Bosco, por exemplo, falou do namoro dos compositores com a poesia.
Alguma novidade? Vinínius, Zeca Baleiro, Geraldo Carneiro, Zé Ramalho, Antônio Cícero, Aldir Blanc, que o diagam.
Batella ressaltou as adaptações literárias para o cinema. Daniela fez o mesmo em relação ao teatro.
Mas isso é alguma novidade? Quantas obras literárias já não foram levadas às telas. Cidade de Deus, só para combinarmos. Linguagem de roteiro na literatura? Basta ler Rubens Fonseca, no seu Feliz Ano Novo de 1975. O conto A Entrevista já tinha este formato. Mais recentemente, em 1994, o Sérgio Sant´anna usou o mesmo formato no seu O Monstro. Só para dar dois exemplos.
Marcelo Moutinho falou da sua emoção ao ouvir uma composição sua cantada por outro. Também falou sobre os blogs e as críticas que a nova geração de escritores tem recebido, enquanto Beatriz Rezende mostrou um panorama da atual literatura.
E só.
Você poderia me explicar que namoro é esse da nova literatura com as outras artes? Até agora eu não entendi.
EU VOU ATRAPALHAR A SUA PRAIA
Ontem, sexta 14, fez quarenta graus e sétimo décimos na Praça Mauá. Nem no último verão fez tanto calor. Isso pode ser um efeito do aquecimento da terra? Provavelmente. E enquanto o carioca dava o seu mergulho, pensando que eram os únicos a ganhar com o aquecimento, Jorge Pontual postava em seu New York On Time ( http://www.nyontime.blogspot.com) uma matéria do New York Times justamente sobre os que realmente lucrariam com o aquecimento global e com o degelo total do Polo Norte. Pode parecer incrível, mas tem gente que vai tirar vantagem dessa tragédia ecológica. Vale a pena dar uma olhada. Mas depois do mergulho, pois é de estragar a praia de qualquer um que tenha bom senso.
E ainda de quebra, antes, tem uma ótima matéria de Ana Maria Ribeiro sobre o FLA X FLU que se transformou a campanha para o referendo do próximo domingo. Não pode se esperar muito de uma nação em que se privilegia o esporte em detrimento da cultura, da educação e da informação. Escolhe-se um candidato ou uma causa com a mesma superficialidade com que se escolhe um time. Depois, é só torcer. Não importa se é certo ou errado, desde que a sua escolha vença.

E OS EMBALOS LITERÁRIOS DA PRIMAVERA CONTINUAM...



O destino não tem pena. O destino é um cobrador eficiente. E Gina Farmelli olhou para a carta com horror. Todo erro cometido é uma dívida a ser paga, ela sabia. Por isso, o seu terror ao receber a carta. A hora de começar a pagar a sua dívida havia chegado.

Trecho de Saudades de Neve, Ilusões e Vinhos. Escrito por Otávio Brandão, o escritor assassinado no meu A Arte de Odiar, que está pra sair. Aguardem!




E POR FALAR EM LITERATURA E MÚSICA...

Uma que é perfeita para noites quentes de primavera...


Deixar Você
Gilberto Gil
Deixar você ir
Não vai ser bom
Não vai ser
Bom pra você nem melhor pra mim
Pensar que é só
Deixar de ver e acabou
Vai acabar muito pior
Pra que mentir
E fingir que o horizonte
Termina ali de fronte
E a ponte acaba aqui
Vamos seguir
Reinventar o espaço
Juntos manter o passo
Não ter cansaço
No crer no fim
O fim do amor, oh não!
Alguma dor, talvez sim
Que a luz nascer na escuridão
Deixar você ir....
Pra que mentir...
Que a luz nascer na escuridão
Guarde tudo em seu coração

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Nossa!, qual será o conteúdo da carta que a "pobre" Gina Farmelli recebeu? Será que os leitores do seu livro vão conseguir saber?, ou o Otávio Brandão morre antes de escrever esta parte?
Hummmm, tudo bem: espero o livro publicado pra saber.

Abraço.

sábado, outubro 15, 2005 9:30:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Pois é, Wagner. O pobre Otávio também era escritor...ih, olha eu me achando escritor também. Em todo caso, o livro está vindo aí. Vale a pena a esperar...ih, olha só! Além de escritor, abusado.
gd ab

sábado, outubro 15, 2005 10:44:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Júlio a gente precisa perder essa mania de achar que ganhar dinheiro com alguma coisa, desde que não seja desonesto e aí não é ganhar, é roubar, é feio. Por que o "desgelo" não pode ser uma fonte de renda? O aquecimento aumento pq a população cresceu, pq as cidades cresceram, as ruas asfaltadas cresceram. Ninguem pensa ou lembra disso.
Liliane

domingo, outubro 16, 2005 8:14:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Liane, se não me engano, você me disse no último comentário que era mãe. E eu não quero acreditar que você deseje para o(a) filho(a) o mundo em que, fatalmente, este se transformará caso o degelo aumente. Espero que você deixe para ele(a) muito dinheiro para que fuja para as poucas regiões do planeta que não serão afetadas.
Está muito quente hoje e prefiro acreditar que este calor esteja deixando sua mente raciocinar direito.
Em todo caso, respeito a sua opinião
bjs

domingo, outubro 16, 2005 8:43:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vou tentar ir lá no encontro Bagatelas.
abraçaõ,
Chico

segunda-feira, outubro 17, 2005 11:14:00 AM  
Blogger franka said...

estamos cada vez mais impacientes com o calor. reparou?

segunda-feira, outubro 17, 2005 1:21:00 PM  
Blogger Jôka P. said...

Quanta coisa, hein, Julio !!!
Esse é um post Danoninho.
Vale por um bifinho.
:)
Abç,
JÔKA P.

segunda-feira, outubro 17, 2005 6:29:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Lúcia,
o calor está como o diabo gosta.
bjs
Jôka,
Que bom que vc veio! O seus posts valem por um filè a Oswaldo Aranha. Igual ao do maravilhoso Cabral 1500. Eheheheh
um ab

segunda-feira, outubro 17, 2005 6:52:00 PM  

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