sábado, agosto 13, 2005

ESCRITORES QUE ROUBAM, O COQUEIRO-AVESTRUZ E TOME BALA, MUITA BALA


Alguém já viu um coqueiro-avestruz? Parece que até a natureza está envergonhada com o cenário político do país
(Foto - Praia do Carro -Quebrado/AL)

Bem, meus queridos. Cheguei de viagem e chapa está quente. E tome bala!!!!

“Oh, desejo! Este bonde seguindo barulhento pelos becos estreitos.”
Blanche Dubois.
Que saudade de Tennessee Williams!


“Sou puta, sim. Mas nasci limpinha como as outras.”


Norma Sueli, de Navalha na Carne. A puta mais maravilhosa do teatro brasileiro. Alô, Plínio!


“O dono deste apartamento deve ser um sujeito gordo e arrogante. Gordo e arrogante! Um cafajeste oportunista e bem nojento. Desses tipos que costumam vencer na vida.”

Ana, a maliciosa personagem da minha peça Esta Noite É Verão No Inferno, está falando sobre o proprietário do apartamento onde mora, mas poderia certamente estar se referindo a algum político que tem aparecido nos noticiários recentes.


“Não confie em garotas tímidas, olhando para o chão. Na verdade, elas estão olhando para o seu pau.”
Susan and Nancy, duas sapatas de Nova Iorque
Mais detalhes, na próxima bala





TODO ESCRITOR ROUBA
Se os nossos digníssimos deputados juram pela mãe que não o fazem. Eu não tenho o menor pudor de afirmar que roubo sim, como todo escritor. Se é que sou um escritor. Mas confesso que roubo para escrever. Já roubei de velhinhas, de crianças, de aleijados, de grávidas, de ceguinhos. Já cheguei a roubar de mim mesmo. E não tenho a menor vergonha de declarar em público. Veja o que mandei para o Digestivo Cultural e que o meu xará Julio Dario postou no último dia 06, fazendo, inclusive, menção a este blog:

BALA PERDIDA
Eu ainda não me considero um escritor. Nelson Rodrigues, provavelmente, diria que estou num estágio assim, assim...mas faço parte dos escrivinhadores que amam escrever. Acredito que todo escritor não passa de um ladrão canalha e sórdido. Quando um escritor vai ao supermercado, ele não vai apenas ao supermercado. Ele vai roubar. Ele tira suas idéias de cenas protagonizadas por pessoa indefesas. Lá estará ele na fila do supermercado com seu olhar astuto de batedor de carteiras. Basta que algum desavisado lhe dê uma chance e...CRAU! Nas ruas, nos bares, nas praias, no metrô. Lá estará ele roubando de senhoras de idade, de mocinhas indefesas, de pais de família, de crianças e até de policiais. Uma sordidez total. Acho que um bom escritor vive disso, pegar as mediocridades nossas de cada dia e transforma-las em arte. Quem manda a gente dar bobeira? Se cada ser humano tivesse o dom de perceber quanta arte existe na existência de cada um, esse gatuno não teria mais razão de ser. Rubem Fonseca tinha razão quando, a certa altura de O Caso Morel, escreve: “Mas que vida ordinária a sua. Advogado, policial e escritor. Sempre com as mãos sujas.”
Não concorda? Então, cai dentro! Acesse o Digestivo pelo link ao lado, confira no post Bala Perdida (06.08.05) e deixe mensagens. Ou mande comentários aqui mesmo. Se concorda, também. Mas faça alguma coisa. Não leve bala calado.
DEU NO NEW YORK TIMES
O último suplemento literário do NYT analisou três livros sobre a proliferação de bases militares americanas no exterior e constatou que existem hoje 725 bases espalhadas pelo mundo e mais 969 em território americano. Alguém tem dúvidas de que Hitler não está dando boas gargalhadas?
Depois disso, só com um pouco de poesia...
APELO
Lá fora, tudo parece estranho.
As ruas gritam como um assobio

- Não saia de casa. Você ainda é muito ingênua.

- É por isso que eu cobro
cem reais a hora.
(A inocência é sempre mais cara.)
O nome do cara é Tolomei. Guilherme Tolomei. E costuma trocar bala aqui.
Sempre prestigiando os novos na literatura, a Bom Texto lançou esta coletâneacom os quarenta finalistas do concurso Contos do Rio, promovido pelo Caderno Proasa & Verso, do jornal O Globo. Entre eles, o vagabundo que vos fala, com um conto que já postei aqui (Vide No Elevador da Paixão).








...A solidão os uniu, o vazio os precipitou no mesmo abismo. Presos um ao outro desabam na sordidez. Ele a protege, defende. Ela o mantém. Mas é tudo provisório, arremedo de salvação. Foi assim desde o começo. Desde que decidiram dividir suas misérias. Trabalham para sobreviver, não têm alternativa. Dinheiro é o que importa. Contas pagas, barriga cheia, roupas novas...Mas isso parece pouco, parece nada. Sobreviver é morrer um pouco ao fim de cada dia. Trabalham à noite. Morrem de dia, na cama de casal, túmulo duplo.
Trecho do conto Condenados
Um dos Contos do Rio
O nome dele é Campelo. Wagner Campelo. Um dos quarenta ladrões...Ops, quarenta escritores. Esse mau elemento também gosta de trocar bala. aqui. E tem um blog, Quase Escritor. Link ao lado.



"Pelo amor de Deus, Will! Vista esta calça! Você é o meu advogado e não o meu dentista!"

O famoso jargão da malvada e pervertida Karen, ao lado na companhia de Madonna, na série Will and Grace da Sony.
As séries americanas, em termos de diálogos, dão um banho em...digamos, 90% dos filmes brasileiros. Diálogos inteligentes estão cada vez mais raros por aqui. Será tão difícil construir um bom diálogo? Sim, mas um pouco de brainstorm faz bem pra pele.
O quê? Não concorda?
O Ministério da Saúde informa: Ficar calado é prejudicial à saúde. Comente.

E pra terminar, uma imagem que já é uma bala...
O canalha, na Praia do Francês/AL.
Roubando, roubando sempre...









A Editora Bom Texto e os quarenta ladrões...ops! Os quarenta contistas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Agüente os tiros, Julio:

1. É verdade: também roubo. E, pior, roubo de mim mesmo às vezes. Se o negócio é roubar, não podemos ser tão criteriosos.

2. Obrigado pelo link e pelo trecho do meu "roubo publicado", ou melhor, do meu Condenados.

3. Seus diálogos são excelentes! E seu A Arte de Odiar me interessa cada vez mais.

Três balas, chega ou quer mais?

Abraço,
Wagner.

domingo, agosto 14, 2005 10:23:00 AM  

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