quarta-feira, maio 10, 2006

Me, rock; You, lambada.


Em 1984, o cantor/compositor e insturmentista britânico Peter Gabriel esteve aqui no Brasil. O ex-vocalista do Genesis veio para fazer uma pesquisa musical. Entrou em contato com artistas nacionais, que logo o levaram para conhecer o samba. Mas Gabriel recusou. Nada de samba, nem de bossa nova. Ele queria algo mais exótico. Mostraram a ele outros ritmos e ele acabou se apaixonando pelo xaxado. E foi embora, prometendo fazer um xaxado em inglês. Ninguém acreditou.
Gabriel prosseguiu sua perigrinação por países do terceiro mundo, ricos musicalmente e pobres economicamente. No Senegal, por exemplo, ele descobriu e lançou o cantor Youssou N Dour.
O resultado de toda essa busca, o mundo conheceria em 1986, quando foi lançado o álbum So.
Impecável em todos os sentidos, este disco é cheio de ritmos dos terceiro e quarto mundos, mas com arranjos do primeiro. Até o nosso xaxado ganhou ares de obra prima, na belíssima Mercy Street. Acredito que a intensão de Gabriel não era catequisar os ritmos selvagens dos excluídos. Ele mostrou que havia música inteligente fora do eixo EUA-Inglaterra. Além do mais, difundiu um tipo de som que estava destinado a ser sempre desconhecido no chamado "mundo civilizado".
Críticos e público deram a So o destaque merecido. O disco vendeu milhões e foi rotulado de world music.
Mas logo Peter Gabriel não estaria sozinho...
No segundo semestre daquele ano, seria a vez do americano Paul Simon segurar a bastão. Assim como Eric Clapton, que, em 1973, havia chamado a atenção do resto do mundo para a música feita na Jamaica, Simon gravou um disco todo com músicos africanos, tocando músicas de raízes africanas. Novamente o mundo pop ficou de quatro. E milhões de cópias vendidas, críticas apaixonadas e um grammy, fizeram de Graceland um dos discos da década.
Muitos criticaram estes dois artistas por "faturarem em cima de povos miseráveis". Mas na verdade, a world music criada por eles também serviu para jogar os holofotes sobre a riqueza musical daqueles países.
Apartir de então, o mercado da música passou a se globalizar. O que foi ótimo para os músicos brasileiros. Por isso, quando, no final daquela década, a lambada ganhou as pistas de dança européias, já não causou tanta surpresa. Anos mais tarde, num mundo ainda mais globalizado, artistas de nacionalidade diversas como Shakyra, Christina Aguilera, Olodum e Bjork, faziam sucesso, cantando os ritmos de sues países.
Isso devemos a Gabriel e Simon.
Mas hoje, passados 20 anos, você acha que esse safari musical foi realmente uma mera exploração de colonizadores gananciosos, atrás das riquezas de povos do terceiro mundo ou foi apenas busca por novos sons?
Mande bala.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu não sou um entendido no quesito musica,JULIO.Ouço todo e qualquer tipo de musica,desde que não me doa os ouvidos,heheheh.
Mas respondendo sua questão,quero crer que foram atras de novidades sim. E se acharam que lhes traria otimo retorno...Uniu-se o prazer com o dever,heheheh
Abraços!

quarta-feira, maio 10, 2006 8:43:00 AM  
Blogger Barbara said...

Eu não conheço muuuuito bem o trabalho do Peter Gabriel, mas a música Mercy Street está entre as minhas preferidas. É sombria, esquisita... Adoro.

Beijos!

quarta-feira, maio 10, 2006 10:34:00 AM  
Blogger Jôka P. said...

Me jazz.
You rock.

abç!
:D

quarta-feira, maio 10, 2006 12:54:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu acho que todo artista que envereda pelo lado "humanitário buscando novos sons" está apostando no retorno,sem duvida.Fazem ótimos trabalhos,viram sucesso,ficam no topo mas vizando o venha a nós pois deram muito pro vosso reino.
Linda noite,
beijossssssssss

quarta-feira, maio 10, 2006 9:39:00 PM  
Blogger Milton T said...

Vi o show do Genesis aqui no Ibirapuera na década de 70.

Tom Zé faráparte do próximo disco do Cake!

Gosto muito dos2

Abçs

quarta-feira, maio 10, 2006 10:01:00 PM  
Blogger Milton T said...

Vi o show do Genesis aqui no Ibirapuera na década de 70.

Tom Zé faráparte do próximo disco do Cake!

Gosto muito dos2

Abçs

quarta-feira, maio 10, 2006 10:01:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Buenas.
Primeira vez por aqui. Li teu conto no Paralelos, muito bom. =)
Vi o atalho para "A Garganta da Serpente" aqui também. Tu colabora para eles?
Digo isso porque tenho dois contos que foram publicados lá. Então é a mera curiosidade de uma primeira impressão que foi ótima.
Ah, e eu prefiro o Paul Simon ao Peter Gabriel. Acho "Graceland" o melhor disco de sua carreira-solo. Jogo meu ufanismo para o chão, pois não vejo nada de mais naquele disco gravado com o Olodum.
Bem, é isso. Visite meu blogue se sentir vontade. Eu estarei sempre por aqui.
Um abração.

quinta-feira, maio 11, 2006 4:04:00 PM  
Blogger Vera F. said...

Júlio, adoro os dois e tenho esse vinil do Paul Simon. Independente das reais intenções, o importante foi a world music ter vez no cenário mundial. E valeu pela pesquisa deles. Porque eles não pegaram uma música pronta e sim criaram uma nova.

Bjos.

sábado, maio 13, 2006 11:26:00 AM  

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