domingo, abril 23, 2006

Subo Neste Palco...



Subo neste palco
Minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê...

Certamente não era esta antiga canção do ministro Gil que a atriz americana Julia Roberts tinha em mente, ao debutar nos palcos da Broadway, na semana passada. Mas poderia ser. Three days of rain é o nome da peça, que é uma remontagem de espetáculo que esteve em cartaz em 1997 e que já é sucesso de público. Teve gente pagando até U$ 250 (isso tendo comprado com dois meses de antecedêcia) e tendo que enfrentar 40 minutos na fila. A polícia teve que armar barricadas para que a multidão não fechasse a rua 45, em frente ao Jacob Theatre. Todos queriam ver Mrs. Roberts no palco e a ovacionaram no final da apresentação. Já os críticos não tiveram pena. "Tensa" e "perdida em cena" foram os adjetivos mais usados. A crítica da revista New Yorker chegou a dizer que o desempenho da Mrs. Uma Linda Mulher é inferior aos dois outros atores, Paul Rudd e Bradley Cooper, curiosamente também dois estreantes na Broadway. Seus agentes em Hollywood já a haviam desencorajado a se arriscar na Broadway. Mas Julia já havia se cansado de ser apenas um rostinho bonito e achou que já era hora de ser encarada com mais seriedade.
Rato de teatro como eu sou, já vi muitos rostinhos bonitos e monstros sagrados da tv e do cinema, que levaram uma tremenda banda no palco. A correspondente do O Globo em Nova Iorque, Helena Celestino, chegou a lembrar o fiasco do montro Denzel Washington ao debutar na Broadway no ano passado, no papel de Julio Cesar. Aqui no Brasil temos centenas de exemplos de atrizes e atores que são tidos como deuses, mas que nunca cumpriram uma temporada sequer num palco.
Pode parecer radicalismo da minha parte, mas por estes não tenho respeito. O palco é necessário, pois o palco não perdoa. Ou você tem talento ou não tem. Você pode ser bom na tv ou na telona. Mas estrela, só se passar pelo vestibular do palco.
Mergulhe aqui , para ler a matéria do O Globo. E aqui, para ver a crítica na New York.

No post passado, eu falei sobre uma cantora que cantava como alguém numa crise de prisão de ventre. Ouça aqui um exemplo de como se cantar uma bela balada com sentimento.

E com direito a letrinha para acompanhar.

Trata-se de Sting cantando uma bela melodia do Elton John, com letra do seu parceiro da época Bernie Taupin e faz parte do álbum Tumbleweed Connection, de 1970.

Come Down In Time

In the quiet silent seconds I turned off the light switch

And I came down to meet you in the half light the moon left

While a cluster of night jars sang some songs out of tune

A mantle of bright light shone down from a room

Come down in time I still hear her say

So clear in my ear like it was today

Come down in time was the message she gave

Come down in time and I'll meet you half way

Well I don't know if I should have heard her as yet

But a true love like hers is a hard love to get

And I've walked most all the way and I ain't heard her call

And I'm getting to thinking if she's coming at all

Come down in time I still hear her say

So clear in my ear like it was today

Come down in time was the message she gave

Come down in time and I'll meet you half way

There are women and women and some hold you tight

While some leave you counting the stars in the night

19 Comments:

Blogger Milton T said...

Li hoje na BBC. Tem toda a razão, não tem como regravar a cena. Como diz o Faustão,.."quem sabe faz a vivo..."

Bpa semana Júlio,

Abçs

domingo, abril 23, 2006 6:20:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Com toda a certeza, Milton
em cima de um palco, não dá pra enganar.
gd ab

domingo, abril 23, 2006 6:22:00 PM  
Blogger Alba Regina said...

oi jc...maitê proença tbm não gostou...o roto falando do esfarrapado...aff...quer uma dica? compre " a redoma de vidro" de sylvia plath, foi o primeiro livro q li dela há vinte e poucos anos...dps dele nunca mais a deixei!!! bom domingo querido!!!

domingo, abril 23, 2006 6:43:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Concordo totalmente com vc,JULIO,o grande ARTISTA se percebe e se encanta no PALCO!!!!!

otima semana
Abração!

domingo, abril 23, 2006 7:28:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Alba,
vou procurar este livro
bjs

DO,
é a mais pura verdade
gd ab

domingo, abril 23, 2006 8:22:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Júlio, os críticos têm balas certeiras para jogar um balde de água fria. Tenho pavor deles... rs.
Tô nem aí, como diz a música.
Dias desses, mexendo aqui no seu blog, vi uma foto do Guaíba e vc dizendo que havia ido a SC. Sabe que estive em PoA todo fev? Foi legal demais. Adoro o Sul. E SC, quem não gosta?
Abraços.
P.S. - qdo voltar, comente no Haloscan, please!

domingo, abril 23, 2006 8:36:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Uma grande verdade... não sou entendida de teatro, mas creio que é a 'fábrica' e a escola dos grandes artistas. Pena que os talentos sejam engolidos (e alguns perdidos) pelo glamour da TV. Ótima escolha a da música - perfeita e sentimental balada para um final de domingo. Ótima semana e beijos meus.

domingo, abril 23, 2006 8:37:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Julio, querido, estava com saudades de passar por aqui, mas essa semana foi meio corrida.

É, o palco não perdoa, mesmo!!!! Nem posso imaginar a dona Roberts nele, risos...

Beijos e boa semana para você,

MM

Ps: quando terá um novo encontro bagatelas?

segunda-feira, abril 24, 2006 3:09:00 AM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Giulia,
o palco é a maior escola para um ator. Quem não passa por ele, é como se tivesse feito um curso por correspondência.
ot semana pra vc tb e bjs

Mônica,
vc conhece e sabe muito bem do que estou falando. Já imaginou Mrs. Roberts interpretando uma Blance Dubois ou uma Norma Sueli do Navalha na Carne? rs
O próximo encontro da Bagatelas vai ser em Maio. Estamos dependendo do Antônio Torres para marcar a data. Vc será avisada, com certeza.
bjs e uma semana nota mil pra vc

segunda-feira, abril 24, 2006 5:42:00 AM  
Blogger Larissa Marques - LM@rq said...

É sempre bom estra em contato com cabeças pensantes, renovamos nosso portifólio!
Beijos!

segunda-feira, abril 24, 2006 9:11:00 AM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Valeu, Larissa
bj

segunda-feira, abril 24, 2006 12:55:00 PM  
Blogger Jôka P. said...

A minha alma cheira a Armani.

segunda-feira, abril 24, 2006 4:47:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Jôka,
??????????????????????????????????????????????????????????????????????
gd ab

segunda-feira, abril 24, 2006 5:23:00 PM  
Blogger Vera F. said...

Júlio concordo quase plenamente contigo e digo porque. Cada veículo tem a sua linguagem e nem todo mundo se dá bem em todos. Sei que quem é bom ator/atriz no palco tem chance de se dar bem em qualquer outros meio de expressão. Mas também temos exceções. Veja o caso da Glória Pires que nunca fez teatro e isso não lhe tira o talento. Já fez tantos papéis maravilhosos na tv e no cinema.
Não estou aqui defendeu irrestritamente Júlia Roberts. Eu acho que ela tem talento e gosto dela, agora se ela tem talento para o teatro não sei. Mas claro que a crítica está atenta a qualquer erro para descer a lenha por ela não ser do meio. Ela pode até nem ser mas ela tem o direito de tentar sim. São poucos o que nasce com o talento nato, a grande maioria vai atrás da técnica para poder se expressar.
Uma pessoa que admiro por tudo que faz no palco, é Bibi Ferreira. A vi fazendo Piaf e ela convence tanto como uma menina de 14 anos,como uma mulher de mais de 40 anos(quando na verdade ela estava com mais de 60 na época da peça).
Ela canta, dança sem perder a dramacidade da personagem. Poucos são os talentosos, tanto que a maioria vai para o lado da comédia por ser mais fácil ganhar o sorriso da platéia.

Boa semana.
Bjos.

segunda-feira, abril 24, 2006 8:53:00 PM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Vera,
além de no cinema e na tv, vc poder repetir a cena, mas há uma série de artifícios para maquear a atuação de um ator. Sandy já fez tv, Xuxa já fez cinema, etc. O palco tem magia. Já virou clichê dizer isso, mas ali é vc e o seu talento. Vc sente o público diante de vc e isso altera a dimensão da coisa.
Não gosto da Glória Pires como atriz. Acho que ela é limitada. Malu Mader, tão endeusada, tem cacoetes terríveis adquiridos na tv (aquela respiração dela nas cenas dramáticas é de lascar). Malu fez pouco teatro. Enfim, o ator que tem a sua base no teatro, está a frente.
Ótima semana
bjs

segunda-feira, abril 24, 2006 9:05:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pois é, ali cara-a-cara com o público o bicho pega pra valer, tem que saber e fazer bem feito,não existe "corta cena,nem arruma penteado"...
Prova dos nove pra qualquer ator se chama teatro.
linda semana meu querido
beijosssssssssssss
*Li os posts anteriores e fiquei triste pela Whitney Houston,ninguem merece chegar nesse fundão de poço.
**Ri muito com a sua caçada ao vídeo cassete,eu tb ainda tenhos as velhas e atrativas bolachas, caraca!rssss

segunda-feira, abril 24, 2006 10:57:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É... talento...
Fernada Montenegro é um exemplo disso.

terça-feira, abril 25, 2006 12:24:00 AM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Marcinha,
o bicho pega no palco mesmo. Mas é onde o ator se realiza.
Luz para Whitney
Mora no meu coração quem ainda tem as bolachas
ot semana
beijins

Edu,
A grande Marília Pêra (canta, dança, faz ri, faz chorar e dirige) engatinhou e foi amamanetada num palco. Só podia dar no que deu.
gd ab e ot semana

terça-feira, abril 25, 2006 5:16:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Nem consigo imaginar a Julia Linda Mulher Roberts no palco! Realmente, a dimensão do trabalho realizado no teatro transcende a de qualquer outro trabalho de atuação. Lá está o/a ator/atriz se desnudando diante do público, sem possibilidade de qualquer correção. Se algo der errado, ele/ela precisam ter o timming exato para transformar o erro num improviso que não estrague o espetáculo. Já na tv e no cinema, são tantos os cortes, as regravações, as alterações, que no fim, acaba dando um resultado satisfatório. Para aquele veículo.
Abraço.

quinta-feira, abril 27, 2006 11:14:00 PM  

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