O que que é isso, companheiro Almodovar?
Há somente quatro diretores que ainda me fazem sair de casa para assistir seus filmes no cinema: Woody Allen, Martin Scorcese, Quentin Tarantino e Pedro Almodovar. Todos têm me decepcionado, mas continuo encarando os Multiplex da vida para assisti-los. Tudo porque continuo a achar que vale a pena o sacrifício.
Porém, o último pegou pesado em seu recente trabalho, Abraços Partidos (2009). Pode parecer exagero, mas em alguns momenos me senti como se estivesse assistindo a uma daquelas novelas cucarachas do SBT. Pronto, falei.
A impressão que tenho é que todos esses diretores andam meio sem idéias. E Almodovar, em Abraços..., lança mão de artifícios novelescos, como a descoberta do roteirista que trabalha para o cineasta amigo de sua mãe, de que ele, na verdade, é o seu pai, por exemplo. Ou do amor proibido de uma mulher casada com um ricaço bem mais velho e que acaba morrendo ao fugir com o seu amado.
Quer dizer que o Almodovar se transformou num autor cucaracha? Não. A preicosidade do talento do diretor espanhol ainda pode ser visto tanto na bela cena da lágrima caindo sobre o tomate, enquanto Lena (Penélope Cruz) cozinha é a cara do diretor espanhol. Assim como também não existe nada mais Almodovar do que um marido traído contratar uma leitora labial para decifrar o que a mulher está falando para o amante, na cópia do filme feito pelo filho.
Tá certo que exageros sempre foram a mara da obra de Almodovar. O que me incomoda em Abraços Partidos - e isso não chega a comprometer a qualidade do filme como um todo -, é que tive a impressão de que esse diretor tão criativo perdeu a mão e precisou encher linguiça com artifícios baratos. Partindo de quem é, só me deixa surpreso. Porque é uma pena, pois Abraços... tinha tudo para ser o seu melhor filme. Nele, Almodovar mergulha na sua própria arte, analisando o processo criativo de um diretor de cinema. E mais, um diretor cego. Mais Almodovar impossível.
A capacidade de extrair o melhor dos atores continua a mesma, o talento para expor o ridículo da condição humana também. Os seus cenários continuam coloridos e as paisagens exploradas ainda são radiantes. O que mudou foi o foco, que deixou de ser feminino. A trama gira em torno de homens. Mas dois homens loucamente apaixonados por uma mulher.
Enfim, todos os igredientes que fizeram de Almodovar um dos maiores do cinema do último século e deste estão presentes e, incompreensivelmente, têm que conviver com clichês e artifícios dramatúrgicos de quinta, que nada têm a ver com a obra do espanhol que sempre me tirou de casa para assití-lo. Agora já penso no DVD como alternativa.
Tá certo que exageros sempre foram a mara da obra de Almodovar. O que me incomoda em Abraços Partidos - e isso não chega a comprometer a qualidade do filme como um todo -, é que tive a impressão de que esse diretor tão criativo perdeu a mão e precisou encher linguiça com artifícios baratos. Partindo de quem é, só me deixa surpreso. Porque é uma pena, pois Abraços... tinha tudo para ser o seu melhor filme. Nele, Almodovar mergulha na sua própria arte, analisando o processo criativo de um diretor de cinema. E mais, um diretor cego. Mais Almodovar impossível.
A capacidade de extrair o melhor dos atores continua a mesma, o talento para expor o ridículo da condição humana também. Os seus cenários continuam coloridos e as paisagens exploradas ainda são radiantes. O que mudou foi o foco, que deixou de ser feminino. A trama gira em torno de homens. Mas dois homens loucamente apaixonados por uma mulher.
Enfim, todos os igredientes que fizeram de Almodovar um dos maiores do cinema do último século e deste estão presentes e, incompreensivelmente, têm que conviver com clichês e artifícios dramatúrgicos de quinta, que nada têm a ver com a obra do espanhol que sempre me tirou de casa para assití-lo. Agora já penso no DVD como alternativa.
Marcadores: Cinema
2 Comments:
Dos citados ainda acho que Allen se mantém melhor.
Hoje parece que todos os filmes que vemos lançados sãoa segunda parte qde algo que já vimos, não acredito na falta de criatividade, mais acho que o estado de espírito do diretor conta muito e que em alguns momentos pode influência de forma negativa...
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