quinta-feira, agosto 09, 2007

MMM


Quando estudei astrologia, num período longínquo da minha vida, um dos pontos que mais me intrigou foi a questão da polaridade. M, masculina; F, feminina. O ideal é que uma mulher ou um homem tenha FFM ou MMF, respectivamente.
A polaridade não tem nada a ver com sexualidade. Apenas mostra o quanto de características femininas/masculinas temos e como lidamos com elas. Um homem FFF não é gay. Mas desde cedo ele notará que é mais sensível do que os outros garotos ou que tem uma intuição acima da média masculina. Infelizmente a maioria desses homens, ao invés de tirar proveito disto, tenta desesperadamente lutar contra, já que a nossa sociedade ainda olha de banda para homens que se emocionam com uma poesia ou um espetáculo de ópera. Da memsa forma que uma mulher que jogue futebol não é vista como um modelo de normalidade. Mas já foi pior.
Faça o mapa astral de todos os lutadores de Vale Tudo e certamente encontraremos vários FFF. São homens que precisam exagerar a sua masculinidade para negar desesperadamente certos aspectos "estranhos" em seu jeito de ser. Pitboys que espancam garotas que os rejeitam em boates ou domésticas em ponto de ônibus, além de imbecis e mal educados, podem ter o FFF no seu DNA astrológico. Eles agem assim porque é o único jeito de se sentirem homens
A polaridade explicam, por exemplo, porque certos homens extremamente viris cuidam de seus filhos melhor do que muitas mães. Já vi muitos homens desse tipo serem capaz de demonstração de sensibilidade que nunca encontrei em mulheres. Na época em que fui policial, conheci alguns que escreviam poesias. Por outro lado, isso explica também porque certas executivas são mais racionais e competitivas do que muito boxeador.
Não restam muitas opções para homens e mulheres com polaridade desiquilibrada. Ou eles tomam consciência delas e as usam para o bem próprio ou então sofrerão bastante.
Hoje em dia, com a evolução natural da sociedade, fica mais fácil lidar com isso.
Mas não em agosto de 1962.
Em 2007 mulheres MMM optam por não terem filhos, praticam power ioga, aplicam na bolsa, preferem cursar um MBA do que ficar em casa assistindo a novelas e lavando louça, dirigem pequenas empresas e, muitas vezes, têm uma fileira de amantes de fazer inveja às meninas do Sex and the city. O amor é encarado racionalmente e, então, o casamento ou mesmo a vida a dois ficará bem atrás da corrida atrás de uma promoção ou compra do primeiro ap.
Em 1962, mulheres MMM sofriam. Elas se olhavam no espelho e diziam: "Não me sinto feminina." Então se maquiavam às dez da manhão para ir ao hortifruti da esquina. Falavam sussurrando e usavam roupas provocantes porque precisavam desesperadamente se sentir sensuais. Muitas vezes invejavam as amigas mães e se uniam a qualquer homem para terem com ele uma penca de filhos, na tentativa de experimentar o tal sentimento materno que todas sentiam, menos elas.
Tá certo que esse desconforto ainda persegue as mulheres com polaridade masculina, mas hoje em dia, com a diversidade de comportamentos e estilos de vida, fica mais fácil para esta mulher se encaixar na vida e ser feliz. Aliás, os mapas astrais podem ser feitos pela internet.
Mas em agosto de 1962 não era assim. E elas não sabiam. E sofriam.
Marylin não sabia e sofria. Ah, Marylin se todos soubessem das suas noites solitárias, dos seus homens errados, da sua luta contra si mesma entre uma dose e outra.
Sempre percebi uma distância maior do que o Grand Cannyon entre o seus olhos tristes e seu sorriso plástico, enquanto sussurrava happy birthday, Mr. president.
Na verdade não havia muita diferença entre você e as milhares de drag queens que te imitam mundo à fora.
Oh, Marylin! Você não sabia. Nós também não sabíamos! E merecemos morrer de saudades.
Oh, Marylin!
Luz pra ti.

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5 Comments:

Blogger Tiago said...

Como sou ateu, materialista, não me guio por questões cosmológicas e metafísicas, mas entendo perfeitamente essa questão da bipolaridade humana.

Concordo contigo que muitas pessoas tentem modificar sua personalidade, sua forma de lidar com a afetividade, em função do contexto social (família, trabalho etc.).

O racionalismo moderno impera, e as pessoas cada vez mais se fecham em si mesmas, negam seus sentimentos. Acho muito estranho essa aversão a relacionamentos a dois, monogâmico, que vemos hoje, me faz pensar que daqui a uns cinquenta anos corre o risco de estarmos vivendo o cenário de um "Admirável Mundo Novo", onde as pessoas vivenciam sentimentos e emoções através de drogas, pois já não poderiam vivê-los naturalmente.

Abs.

sábado, agosto 11, 2007 8:56:00 AM  
Blogger Julio Cesar Corrêa said...

Tiago, só o auto-conhecimento pode nos salvar de uma polaridade desequilibrada.
gd ab

sábado, agosto 11, 2007 11:24:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Fiquei muito pensativo com esta sua abordagem, JULIO...

Grande abraço!!

domingo, agosto 12, 2007 9:30:00 AM  
Blogger Luma Rosa said...

Taí uma coisa que nunca ouvi falar!! Muito interessante a abordagem mas não tenho nada a acrescentar! (rs*) Beijus

quinta-feira, agosto 16, 2007 3:18:00 PM  
Blogger Milton T said...

Valeu Julio.

abs

sexta-feira, agosto 17, 2007 12:16:00 PM  

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