Gaivotas, desejo e morte
"As bailarinas não davam a mínima para o morto. Eu devaneava, vendo-as patinar lentas, no gelo azul. Uma, duas, três, cinco, dez. Patinavam juntas, em linha vertical, no início. E na forma de um V, depois. Uma retardatária apressava-se para juntar-se às outras. E todas seguiam sem se preocupar com nada além de si mesmas.
Um homem e uma mulher se amavam. O primeiro filho estava a caminho. A gravidez tornou-se complicada e os médicos, então, aconselharam o aborto. Mas a felicidade havia tornado o casal arrogante e tal hipótese foi descartada. Nada poderia dar errado, pensavam. A mulher acabou morrendo durante o parto. O menino nasceu saudável, mas morreria dezenove anos depois em um estúpido acidente de moto. E o homem seguiu a sua vida, sozinho e infeliz.
Este homem sou eu e as gaivotas não ligavam para mim. Nem para o morto."
Assim começa o meu romance policial A Arte de Odiar, que será relançado em breve
12 Comments:
E é um bom começo, pelo visto.
Abraços, Júlio César.
Imagina a qualidade do todo então,JULIO...
Abraços!
Pela prévia, muito bom, caro Julio!
Sucesso, muito, no relançamento.
Bjs
Mas que massa. Eu adoro essa coisa meio negra, assim, sabe, esse tipo de história. Ficou muito bacana, realmente!!! Abs
é um livro que já surge na profundeza da perda e beira do abismo...
aguardo o livro... ansioso.
abração
Saulo.
Olá!!
Genial o texto..
Deixando um beijo e desejo de ótima semana pra vc
Vou querer o livro. Depois você dá os detalhes de como comprar. Beijocas
Buenas.
Julião, estou na fila.
Grande abraço.
Muito obrigada port er votado em mim. A Mércia tá ganhando já disparado. Mas foi muito bom contar com a ajuda de todos... Abs
Júlio, tenho gostado dos pedaços que tens colocado aqui do seu livro. Depois nos diz onde encontrar ou então te mando o dinheiro e vc manda um autografado. Acho mais interessante!
Bjos.
Nossa para ter ódio da vida, não precisa mais de nada....
boa semana
abs
Ei Júlio, grande!... cansaço bom, espero... A coisa de negociar olhando pra baixo... sanar vícios na bala... venho do interior capixaba, norte, terra que até os anos 90 foi levada na pistolagem tardia... lá se negociava olhando pra baixo, não se fitava o cara nos olhos... sempre se dizia muito menos do que se sabia... fio de bigode, quem não cumpria levava bala...assim se resolviam os vícios destes contratos tácitos...
hoje as coisas já não são assim... peguei o fim deste tempo em minha infancia e adolescência... mas me marcou muito.
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