sexta-feira, outubro 31, 2008

Paris, a cidade dos detalhes - Part. I



Toda cidade tem os seus detalhes e, às vezes, eles dizem muito mais sobre elas do que as atrações turísticas. Uma cidade que tem um bebedouro como esse, localizado na avenue du Saint Germain, pode ser chamada de tudo, menos de medíocre.

Acho até que as verdades e belezas de uma cidade estão mais nos seus detalhes, que somados, resultam num somatório charmoso que faz bem à alma. E podem ser esses vitrais da Notre Dame...




...ou no detalhe da fachada deste prédio em Montparnasse. Limpa e sem vestígios de pichações.

Ou no detalhe das esculturas na frente da Notre Dame.

Ou na espiral da escada de acesso ao topo do Arco do Triunfo. Apreciar os detalhes, sem dúvidas, enriquece a viagem.

Numa cidade carente de muitas belezs naturais, o visitante corre o risco de ficar com a mesma cara deste cãozinho de um sem-teto, às margens do Senna.


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segunda-feira, outubro 27, 2008

Para não dizer que não falei dela








Os comentários ficam a cargo de vocês.

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domingo, outubro 19, 2008

É de perder a cabeça

Durante a minha rápida passagem por Paris, fiquei ali perto do Jardin du Luxembourg, em Montparnasse. Local não tão freqüentado por turistas e que eu não conhecia. Uma pena! Pois é terceiro lugar mais bonito de Paris, na minha opinião.


Aliás, é a cara da capital francesa, onde a elegância e a sofisticação, são a tônica. Se Londres se preocupa em ser original e moderna; Paris se preocupa em com a finesse. Nada de arrogância ou esnobismo. A elegância dos parisienses se mostra justamente nas coisas mais simples da vida: na arte de apreciar um vinho, de ouvir boa música, de saborear uma ótima refeição, de absorver cultura.
Nada contra, mas quem ficou rico jogando futebol, cantando axé music, abrindo francisings, posando nua, participando de BBB ou aplicando golpes, não deve nem desembarcar no Charles- De-Gaulle, pois corre o risco de morrer de tédio.
Paris é uma cidade para quem leva a vida com arte.
E isso independe de classe social.
Em quantas cidades do mundo você encontraria com uma construção como o Palácio de Luxembourg - que deu nome ao parque -, no meio de um bairro qualquer, como se fosse a coisa mais banal?
E as cadeiras espalhadas ao redor do jardim foram postas ali para que os estudantes da Sorbonne, que fica há algumas quadras, possam estudar ao ar livre.

Eu seria um CDF nessas condições. Aliás, responda rápido: quais as chances de sobrevivência dessas simpáticas caderinhas na Quinta da Boa Vista ou Aterro do Flamengo, no Rio, ou no Ibiapuera, em Sampa?


A gente viaja, geralmente, para ver o que não encontra em nosso habitat. E eu gostaria de encontrar mais jardins tão bem cuidados como esse...

...ou alamedas como essa, que no auge do outono, devem emocionar até os corações mais insensíveis.

E por falar em Sorbonne, a mundialmente conhecida universidade, palco de incendiárias rebiliões, em maio de 1968, fica num conjunto de prédios meio sem graça - para os padrões parisienses. Mas gostei desse bebedouro unto a uma das entradas laterais.


68? Nada mais lembra a Sorbonne de quarenta anos atrás, é claro. A coisa mais revolucionária que encontrei por lá foi essa versão do clássico de Shakespear, Muito Barulho Por Nada.

O segundo lugar mais incrível, para mim, em Paris foi a Place des Voges, um quadrilátero formado por casas com cerca de quatrocentos anos de idade. Bem próximo ao Centro, essa praça é um oasis de paz, beleza e silêncio, protegido por esse incrível conjunto arquitetônico, que só é possível de ser encontrado em uma cidade que sabe preservar o seu patrimônio. Vitor Hugo morou em uma dessas casas.

Ficar sentado em praças nunca foi o meu esporte preferido, mas como resisitir a isso?

Como se não bastasse, se você achar que ficar sentado em praça é coisa patética, pode se sentar nos cafés que funcionam sob as construções de quatro séculos.
Vou repetir: É de perder a cabeça!!!!!

Escultura próxima ao Centro Georges Pompidou.

Ah, o primeiro lugar dos lugares fantásticos em Paris merece um post a parte.

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terça-feira, outubro 14, 2008

Decapitaram o chefe e foram caminhar no Soho

Bastardos!!!

O que se passa na mente desse cidadão?


Aí, você vai perguntar o que eu tenho com isso?
Pois é, mas o que mais gosto de fazer quando viajo é reservar um tempo para observar o cotidiano dos moradores das cidades visitadas, asim como os seus costumes e seus detalhes. E Londres parece a cidade perfeita para isso, já que nem uma outra consegue ser tão imponente e despojada; tão tradicional e moderna; tão ousada e conservadora.


(!)



Afinal, estamos falando de Londres, a cidade onde a prefeitura coloca boias , para o caso de algum cidadão descuidado ir parar nas águas do lago Serpentine, no Hyde Park.
Onde cadeiras são postas em parques e jardins para os moradores aproveitarem o sol, que, ingratamente, não dá as caras.
Onde nos surpreendemos, ao andarmos pelo Hyde Park, com essa casinha que, pelo menos uma vez na vida, foi o sonho de muita gente.
Londres dos Pubs maravilhosos, como já comentei aqui.
Londres, onde a prefeitura coloca flores nos postes e estimula os moradores a colocá-las também em seus prédios.


Onde, generosamente, a cidade diz para onde o pedestre deve olhar ao atravessar.

Londres, da pompa.





Londres, da chuva (esta foto foi tirada de dentro daquelas famosas cabines telefônicas, enquanto eu me refugiava de um aguaceiro).




Londres, da arquitetura única.

Londres, dos espaços harmonicamente bem aproveitados, como esse bar, às margens do Serpentine.

Londres das centenas de parques e jardins. A cidade mais verde do mundo.

Londres, onde a funcionária arruma a mesa, na frente de uma padaria, para que os fregueses possam experimentar antes de comprar.
Londres, onde mesmo as pessoas simples do povo têm um compromisso imenso com o estilo - como falei no post anterior. Mesmo que nem sempre o resultado seja de bom gosto.
Londres, onde os sanitário públicos são mais limpos e conservados do que muitos banheiros de gente boa, onde tenho entrado. Este aí fica na praça St. John´s Wood.
Londres, dos monumentos. Esse São João Batista está no meio do bosque, abençoando a todos que forem visitar a Catedral de St. Paul, a que matou Diana. Sim, porque foi ali que ela se casou com Charles. Se ela não tivesse se casado poderia estar viva. Brincadeirinha!
Londres, que me deixou com essa cara de bunda na hora da partida. A lembrança de que essa cidade foi parcialmente destruída durante a segunda guerra, me faz não ter a menor dúvida ao dizer que é a metrópole mais incrível que já conheci. Já estou morrendo de saudades.

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sábado, outubro 11, 2008

Se essa rua fosse minha...

...eu mandava, eu mandava ela voltar ao passado.
Para quem tem menos de quarenta, Carnaby Street pode parecer apenas mais uma rua da capital inglesa. Mas levando-se em conta de que a mini-saia surgiu ali naquela ruazinha do Soho,
Na verdade, em meados dos anos 60, Carnaby Street era o lugar mais IN da face da terra. Era o centro do swinging London, o movimento de contra cultura inglesa. Artistas vindo de todos os pontos da Grã Bretanha, se reuniam ali, na feira que rolava em suas calçadas, onde estilistas, músicos, escritores e gente do teatro, expunham seus trabalhos ou faziam alegres propagandas dos mesmos. E os roqueiros que estavam despontando naquela época - e muita gente boa estava começando (Eric Clapton e o pessoal do Cream, o pessoal do Traffic, o pessoal do Pink Floyd, Hendrix, os Stones) - e que precisavam vestir coisas originais, costumavam aparecer por ali, para dar uma olhada nas mercadorias expostas ao ar livre. Muitas vezes, as roupas eram experimentadas ali mesmo, sem nenhum pudor. Afinal, era a época do sexo livre e tudo mais.
Uma dos estilistas que costumavam expor no local era uma tal de Mary Quant, que um dia pediu a umas amigas desfilassem pela Carnaby, uma peça que ela havia acabado de criar. Tratava-se de uma saia curtíssima, que logo virou sensação entre as garotas londrinas e, em breve, entre as meninas do mundo todo.

Quant ficou milionária e saiu da Carnaby Street. Afinal foi a fama de muitos dos seus freqüentadores, que acabou acarretando a morte da rua, como local inovador e lançador de moda, já que pouco a pouco os grandes talentos da área foram todos recrutados pelas grandes marcas e os novos talentos foram procurando outras formas para mostrar os seus trabalhos.

Hoje, as grandes marcas dominam Carnaby, como a Diesel, que aparece na foto. Lojas que você encontra em outras cidades do mundo. Aliás, a Inglaterra tem se americanizado desde os anos 90 e perdeu um pouco aquele toque de originalidade que sempre foi a sua principal característica. Isso se refere da moda à música.

Mas Londres continua sendo uma cidade única e uma caminhada no Soho à noite, lhe mostra isso. Para isso, deve-se deixar o preconceito e o conservadorismo em casa. Senta-se em um bar com cadeiras na calçada e assiste-se o maior espetáculo gratuito da terra: a comovente necessidade dos londrinos em serem modernos e originais. E conseguem. Mas, naturalmente. Boa parte dos jovens ingleses decididamente não parece o tipo que abrem o armário e pegam a primeira roupa que aparece. Nem que seja para ir ao supermercado. A preocupação com o estilo é impressionante.

Londres está bombando. Desde os anos 60 a capital inglesa não está tão em evidência, movida, principalmente pelo boom econômico, que espero que essa crise mundial não afete tanto quanto se espera. Como aconteceu entre os verões de 1964 e 1966, a cidade voltou a ser o centro das atenções. Parece que os jovens londrinos carregam nos ombros o peso de serem vanguardistas, para manter viva a tradição iniciada pela geração dos seus pais.

E aí é um festival de jeans apertadíssimos, botas em pernas compridas demais, gravatinhas, cintos estranhos, cortes de cabelos dos mais esquisitos, mocacins de exageradamente clássicos, bolsas de gosto duvidoso e etc. Mas quando eles relaxam e vestem o básico, conseguem mais modernos do que qualquer outro jovem no planeta.

Letreiros da Leiscester Square, a Times Square londrina.

E como eu ia dizendo, passar uma noite no Soho é uma experiência a qual todo ser humano deveria se permitir. Aquela multidão de boêmios, artistas, bêbados, executivos, turistas, músicos, gays, emos, freaks e criaturas indescritíveis que só se encontra em Londres, fazem do lugar um sem igual.

A região de Candem já teve seus anos de fama na época em que Londres voltou a chamar a atenção, devido ao furacão punk fazia um barulho ensurdecedor na mídia, sedenta por novidades. Punk que era punk comprava suas roupas nas barraquinhas da feira de Candem.

O movimento punk se foi e as barraquinhas e as lojinhas continuam lá. Mas a decadência não dá para ignorar. Dizer que é uma rua da Alfândega, no Rio, ou uma 25 de março, em Sampa, é sacanagem, mas não fica tão longe.

Um amontoado de barracas e lojas feias que vendem coisas de gosto e qualidade duvidável, que poderiam agradar aos punks dos anos 70. Mas hoje em dia...
Aliás, alguém poderia avisar para alguns freqüentadores que o movimento punk já acabou há três décadas. Vi muitos punks na menopauza, punks com hemorróidas, punks com arterioesclerose. Não me surpreenderia se encontrasse um punk com andador.

Aí, você pergunta: Mas onde está a tão decantada criatividade, modernidade e originalidade inglesa? Está morta?

Não de todo. Quem quiser ver o que está se fazendo de mais novo em termos de arte (música, teatro, litratura, cinema, moda e etc) vai ter pegar o metrô e rumar para bem mais ao sul. Mais precisamente para ShoreDitch, um bairro de ruas pacatas, que até bem pouco tempo atrás era uma área desprezada, habitada na maioria por imigrantes pobres.

Como aconteceu com o Soho novaiorquino, onde os aluguéis dispararam, nos anos 90, expusando os artistas iniciando para o outro lado da ponte do Brooklyn, aqui a vanguarda artística londrina veio dar aqui neste local próximo à City (o mercado financeiro), sem muita graça, mas que agora está ganhando um colorido novo, com a chegada de restaurantes bacaninhas, cafés charmosos, brechós criativos e lojinhas bonitinhas.
Não espere um novo Soho-anos 60 por aqui, mas dá pra sentir o clima iferente.


O lugar ainda não é muito freqüentado por turistas, mas os londrinos já aprenderam onde encontrar coisas originais e criativas. Principalmente na feirinha que rola no bairro nos finais de semana. O mais interessante é que o bairro ainda não cortou totalmente os laços com os seus antigos moradores imigrantes e você anda nas ruas e o que se ouve de música eletrônica indiana, paquistanesa, senegalesa, árabe ou tailandesa! Nos restaurantes, nos bares ou em barraquinhas, você encontra culinária de lugares, onde, por ignorância, você nem imaginava que ouvesse uma culinária sequer. Porra, você pensa que eles comem o que, no Paquistão? Comida francesa?



Aliás, originalidade é a marca daqui.

Uma originalidade, às vezes, um tanto estranha, diga-se de passagem.
Guarde bem este nome: Shoreditch. Você ainda ouvirá falar deste bairro que nos mostra que nem tudo está perdido e que a Londres que nós idelizamos não morreu.

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