domingo, junho 29, 2008

Derrota

Todos nós temos nossos momentos de queda na vida. Quando as derrotas são dos outros, a gente acha engraçado. E se por acaso as fotos forem boas, viram arte no Failblog, de onde foi tirada a foto acima.

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quinta-feira, junho 19, 2008

1968: Uma sexta-feira sem happy-hour, pois ainda não terminou

Foto do Jornal do Brasil



E de repente já se passaram quarenta anos de 1968, o ano mais marcante do século passado. Palestras, entrevistas, livros, rodas-de-leituras, documentários, reportagens e resenhas têm sido feitos para discutir, relembrar ou tentar entender aqueles 365 dias em que o mundo quase pegou fogo. Muito tem se falado dos fatos marcantes daquele ano inesquecível. Mas existe um fato do qual poucos falam e que, no meu entender, mudou os rumos da história no Brasil.

Primeiro, devemos deixar o romantismo de lado. 1968 não foi só de Paz & Amor, hippies, Beatles e Rolling Stones. Foi de muita guerra, tumultos, assassinatos, conflitos, mortes e repressão.


Antes da tal sexta-feira, houve a quinta-feira, 20 de junho. Naquela tarde, centenas de estudantes haviam invadido a reitoria da Faculdade de Economia da UFRJ, na Praia Vermelha, e mantiveram os reitor em cárcere privado. A PM foi chamada. Nervosos, os estudantes combinaram que só libertariam o reitor, se a PM se comprometesse a não efetuar nenhuma prisão. E assim chegou-se a um acordo.


Só que a polícia não cumpriu a promessa. Metade dos estudantes, incluindo as lideranças, conseguiram deixar o local, junto com o reitor. Mas a segunda metade, uns 400, foram impedidos pelos policiais fortemente armados. A maioria foi espancada e presa. Algumas dezenas deles sairam correndo, indo refugiar-se no campo do Botafogo, ali perto. Parte da imprensa foi atrás e registrou cenas chocantes, com os policiais militares espancando e humilhando estudantes desarmados e deitados no gramado. Os jornais do dia seguinte mostrariam fotos de PMs urinando em cima dos rapazes e enfiando cacetetes nos traseiros das moças.


Já era sexta-feira e a cidade pegou fogo.


Imediatamente as lideranças estudantis marcaram uma grande manifestação no Centro. Aparentemente seria mais uma das muitas que já haviam ocorrido naquele ano. Mas não foi.


Eu tinha oito anos na época e gostava de assistir nos jornais as cenas dos confrontos entre estudantes e a polícia. Eu ainda não entendia muito bem o que estava acontecendo no país e achava graça daquela correria toda. Por isso, quando soube que haveria manisfestação naquela tarde, voltei do colégio excitado, só para ver os flashes do que estava acontecendo lá no Centro.


A manifestação começou lá pelo meio-dia e logo percebeu-se que havia algo novo no ar, pois, pela primeira vez, a população em massa estava apoiando os estudantes, indignada com o que havia lido nos jornais. Os trabalhadores pararam de trabalhar, as pessoas nas calçadas ou nas janelas dos escritórios aplaudiam a massa estudantil. Contrariada, a polícia decidiu reagir à altura e, pela primeira vez, abriu fogo contra os manifestantes. Ainda mais indignada, a população juntou-se aos estudantes. Cenas inusitadas passaram a ser vistas, com homens de terno e gravata jogando pedras nos policiais, contínuos armando barricadas na Rio Branco e secretárias atirando do alto dos prédios grampeadores, pesos de papel, cinzeiros e até calculadoras e máquinas de escrever. A PM reagiu com mais balas e bombas de gás lacrimogênio.


Em poucos minutos, a Rio Branco parecia uma praça de guerra, com trincheiras feitas de latas de lixo e caixotes, carros incendiados e vitrines depredadas. A manifestação se transformou no mais perto que esta cidade já chegou de uma guerra civil. De um lado, tiros e bombas; do outro, chuva de pedras e objetos atirados dos edifícios.


Diante da força bruta da polícia, as lideranças estudantis resolveram se retirar da zona de conflito e bateram em retirada. Em poucos minutos todos já estavam a salvo em seus apartamentos classe média, na zona sul.


E aí aconteceu o mais fantástico daquele dia. Em seu livro Os Carbonários, Alfredo Sirkis, revela que os estudantes começaram a ligar uns para os outros, enquanto ouviam pelo rádio ou TV, relatos impressionantes da grande batalha que estava se travando no Centro. Felizmente todos estavam bem. Mas uma pergunta não queria se calar: se todos os estudantes estavam em casa, quem estava combatendo lá no Centro?


Era o povo. Contínuos, vigias, desempregados, secretárias, motoristas, comerciários, balconistas, camelôs. Pela primeira vez - e acho que foi a última -, sem o empurrãozinho de nenhuma liderança estudantil ou política, o povo foi para as ruas e combateu bravamente durante toda a tarde, demonstrando o seu descontentamento com aquele governo militar há quatro anos no poder e que ainda não havia conseguido efetuar as mudanças necessárias para tornar este país uma nação de verdade. E ainda tratava estudantes indefesos como criminosos!


A maior parte das ruas do Centro ficou intransitável. A nuvem de fumaça das bombas de gás eram vistas em Niterói. Até hoje não se sabe ao certo o número de mortos naquela sexta-feira, enquanto o Hospital Geral da Polícia Militar ficou lotado de soldados feridos. Ao entardecer, o Comandante Geral da PM foi obrigado a admitir que havia perdido o controle da situação e o governador pediu ajuda ao Exército. Por volta das oito da noite, tropas deixaram os quartéis e tomaram as ruas centrais. E a paz voltou ao Rio.


Dias mais tarde, 26 de junho, para mostrar que não queriam conflito, as lideranças estudantis orgnaizaram a famosa Passeata dos Cem Mil, que tornou-se histórica e que acabou ofuscando a importância daquela sexta-feira em que realmente não houve happy-hour. Digo importância, porque, segundo o meu entendimento, acho que foi ali que os militares começaram a tramar o maldito AI-5, que entraria em vigor, meses mais tarde, em 13 de dezembro. Na verdade, acho que os ditadores nunca se importaram muito com as manifestações estudantis, pois eram eventos comandados por um bando de garotos de classe média. Mas quando é o povo que vai para rua lutar com a polícia, a coisa muda de figura. Aquela sexta-feira mostrou ao povo a força que ele tem. Mostrou aos estudantes que o povo não precisaa deles para ir para as ruas. E mostrou aos militares uma resposta teria que ser dada, antes que eles perdessem o controle da situação. E a resposta seria dada na forma mais dura, através daquele terrível ato que mergulhou o país na ditadura.


A geração de 1968 foi gloriosa, mas teve que pagar um preço muito alto por toda aquela insenssatez. E, a julgar pelo recente episódio dos soldados do Exército que entregaram três rapazes do Morro da Providência, aqui no Rio, a traficantes de uma favela rival, acho que o nosso país, de certa forma, até hoje paga a conta daquela sexta-feira sem happy-hour.



Outra foto do JB mostra as primeiras prisões, no início da manifestação estudantil, na sexta-feira sangrenta.

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sexta-feira, junho 13, 2008

Migração






Este aí é o Centro do Rio.





Vou repetir: você está vendo o Centro do Rio de Janeiro.


Vou repetir: as fotos acima mostram o Centro do Rio.
Não, ainda não estou tão louco assim. Na primeira, vemos o Largo São Francisco da Prainha, na Gamboa, bairro da região portuária da cidade, uma parte do Rio que durante anos ficou desprezada por todos, mas que agora está ganhando destaque.

A partir da segunda foto, vemos o Morro da Conceição, bem acima do Largo, com seu ar de cidade do interior...



...suas construções históricas e/ou centenárias.


Lá de cima dá até para se ouvir o ruído do trânsito da Rio Branco, a nossa Avenida Paulista. Mas o lugar está indiferente a tudo isso e parado num tempo onde bala perdida era aquilo que alguma criancinha descuidada havia deixado cair por aí.








Nos últimos anos, boa parte da boemia jovem qua havia adotado a Lapa como refúgio, tem migrado para esse aí, o Largo São Francisco da Prainha. Na verdade, a badalação da Lapa, trouxe restaurantes caros, flanelinhas, excesso de turístas, preços exorbitantes e muito tumulto. O Largo é palco de animados Happy-hours e alegres bales carnavalescos.


Aliás, fico fascinado com essas migrações de point em point que ocorrem nas grandes cidades do mundo. Quando morei em São Paulo, nos anos 80, por exemplo, a noite na Vila Madalena era sonolenta. Hoje...bem, hoje corre o risco de você não conseguir dormir devido ao excesso de agitação. O mesmo aconteceu com a área de Palermo, em Buenos Aires, e do Brooklyn e do East Village, em NYC, por exemplo.


Seja como for, as imediações do Largo S. Francisco da Prainha está atraindo cada vez mais gente antenada, cansada dos bochichos da Lapa. O restaurante Gracioso é um achado. Cozinha brasileira da melhor qualidade, em quantidade farta e preços simpáticos. Ele aparece fechado na foto porque era domingo. E o endereço é esse aí: Sacadura Cabral, 97, próximo e ao mesmo tempo tão longe do tumulto da Praça Mauá e a Rio Branco.







Ah, e os nomes curiosos das ruas já valem uma ida até lá. Mas não demore muito ou a mídia irá descobrir e a área irá virar moda. E o pessoal mais interessante migrará para outro ponto da cidade.


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segunda-feira, junho 09, 2008

O amor está no ar

Dia dos namorados chegando e o amor está no ar - embora o amor, nos dias de hoje, esteja igual ao sexo, se fala mais do que se pratica. Mas, enfim, uma das canções mais bonitas sobre esse substantivo cada vez mais abstrato é essa do Ivan Lins, faixa título do seu disco lançado em 1983.













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