quarta-feira, agosto 29, 2007

Fechado para férias

Foto by Denver 935







Estou saindo de férias e vou cari na estrada. Bala só daqui depois do dia 13.


Mas não se iludam. Assim que eu voltar, a balaceira vai rolar de novo. E com novidades.


Pois vem aí:

Crimes e Perversões.


Me aguardem


E fiquem com Deus!

quinta-feira, agosto 23, 2007

Quem tem medo do BOPE?

Nem o BOPE escapa da pirataria. Triste foto tirada lá da matéria do Leo Lima, no Overmundo.

Há 30 anos, o furacão punk ainda fazia estragos na Grã Betanha.
Dias antes da Inglaterra comemorar o jubileu de prata da Rainha Elizabeth, quatro dos seus súditos, muito mal criados, a chamavam de cretina e fascista, na música God Save The Queen.
Diante do desaforo, o governo inglês proibiu que a música tocasse nas rádios e os Sex Pistols, que a interpretavam, foram proibidos de se apresentarem em todo território inglês. As lojas de discos também foram proibidas de vender o disquinho atrevido.
Mas para horror de sua majestade, mesmo com toda essa proibição, o compacto raivoso dos Pistols chegou em primeiro lugar na parada inglesa, graças a divulgação feita boca-à-boca e à imensa rede organizada no mercado negro, no submundo punk, para a sua comercialização.
Para amenizar um pouco o constrangimento da rainha, o fato foi proibido de ser divulgado. Então, na primeira semana de julho de 1977, os ingleses ficaram atônitos ao olharem para a lista dos mais vendidos e encontrarem uma tarja preta no primeiro lugar. Pela primeira vez na história da música, o disco mais vendido era uma tarja preta, ou seja, não podia ser anunciado.

Trinta anos depois, coisa semelhante está ocorrendo aqui no Rio - guardadas as devidas proporções, é claro.
Tudo começou no início desse ano, quando foi lançado um pequeno vídeo mostrando o dia-a-dia da tropa de elite da PM do Rio, o BOPE. Tiroteios, cadáveres, armamento pesado, muito sangue. Tudo era mostrado em ritimo de vídeo clipe. Só que tudo real. Violência para todos os gostos. Mas o mais chocante era a trilha sonora, onde um rap afirmava tudo que os policiais faziam com os bandidos para manter a cidade livre deles.

O BOPE vai te pegar!

Cantava uma voz cavernosa no refrão principal.
A Polícia Militar não gostou e mandou recolher cópias de CDs piratas que haviam caído nas mãos do mercado negro dos camelôs. Para piorar, o vídeo foi parar no Youtube e acabaria sendo tirado do ar, após muita polêmica.
E como polêmica, quase sempre, é sinônimo de sucesso, o trabalho do BOPE virou um documentário, sob a assinatura de Tulé Peak, Daniel Rezende e Bráulio Mantovani, os mesmos que produziram o formidável Cidade de Deus.
O filme está para estreiar, mas há tempos o mercado negro dos cemelôs já o comercializa em cópias piratas. E pelo que sei, está vendendo como água.

Qual o motivo de tanto sucesso? A qualidade do filme? Pelos trechos que assisti no YT, nem tanto.

Na verdade, Trope de Elite está bombando pelo mesmo motivo que levou God Save The Queen ao topo da parada inglesa há trinta anos. Naquela época a Inglaterra viva uma forte recessão econômica, com uma inflação insistente e um desemprego cruel. Logo, não havia sentido em se gastar milhões de libras com uma festa para a rainha. A revolta da juventude proletária - a maior vítima da recessão - fez com que o disquinho dos Sex Pistols bombasse e não a qualidade musical da banda.

Infelizmente Tropa de Elite está fazendo sucesso através da pirataria, prática que eu condeno da mesma forma que condeno o tráfico de drogas. Mas ninguém suporta mais a violência no Rio, assim como ninguém suporta mais campanhas pela paz ou discursos demagógicos. E ver a polícia exterminamdo bandidos parece ser o desejo de nove entre dez cariocas.

Por isso o BOPE já pegou.

Marcadores:

quarta-feira, agosto 22, 2007

As fotos falam - pelo menos para mim I



Clickado por Ovit.

"30 490049"

Enquanto esperava o seu ônibus na Stralauer Platz, no amanhecer berlinense, Nina S. se perguntava por que não conseguia esquecer o telefone dele.

Marcadores:

domingo, agosto 19, 2007

O Silêncio vale ouro





"- Nenhuma força será capaz de impedir que o Governo continue a assegurar absoluta liberdade ao povo brasileiro. E para isso podemos declarar, com orgulho, que contamos com a compreensão e o patriotismo das bravas e gloriosas Forças Armadas"






Jornal do Brasil, 14 de março de 1964.






O presidente João Goulart em seu famoso discurso na Central do Brasil, perante multidão calculada em 130 mil pessoas e ao lado de sua espôsa Sra. Maria Teresa, na noite de 13 de março de 1964. Dezoito dias antes do golpe militar que o derrubaria.



Essa foi pior do que:






"Tudo bem. Esse grupo não tem futuro mesmo."



Pete Best, primeiro bateirista dos Beatles, ao receber a notícia da sua substituição pelo Ringo, nos primórdios da banda.






ou






"Esse grupo vai subir tão alto quanto um Zeppelin de chumbo."



O sacana Keith Moon, bateirista do The Who, se justificando ao sugerir um nome para o recém-formado grupo do amigo Jimmy Page, Led Zeppelin.



Marcadores:

quinta-feira, agosto 09, 2007

MMM


Quando estudei astrologia, num período longínquo da minha vida, um dos pontos que mais me intrigou foi a questão da polaridade. M, masculina; F, feminina. O ideal é que uma mulher ou um homem tenha FFM ou MMF, respectivamente.
A polaridade não tem nada a ver com sexualidade. Apenas mostra o quanto de características femininas/masculinas temos e como lidamos com elas. Um homem FFF não é gay. Mas desde cedo ele notará que é mais sensível do que os outros garotos ou que tem uma intuição acima da média masculina. Infelizmente a maioria desses homens, ao invés de tirar proveito disto, tenta desesperadamente lutar contra, já que a nossa sociedade ainda olha de banda para homens que se emocionam com uma poesia ou um espetáculo de ópera. Da memsa forma que uma mulher que jogue futebol não é vista como um modelo de normalidade. Mas já foi pior.
Faça o mapa astral de todos os lutadores de Vale Tudo e certamente encontraremos vários FFF. São homens que precisam exagerar a sua masculinidade para negar desesperadamente certos aspectos "estranhos" em seu jeito de ser. Pitboys que espancam garotas que os rejeitam em boates ou domésticas em ponto de ônibus, além de imbecis e mal educados, podem ter o FFF no seu DNA astrológico. Eles agem assim porque é o único jeito de se sentirem homens
A polaridade explicam, por exemplo, porque certos homens extremamente viris cuidam de seus filhos melhor do que muitas mães. Já vi muitos homens desse tipo serem capaz de demonstração de sensibilidade que nunca encontrei em mulheres. Na época em que fui policial, conheci alguns que escreviam poesias. Por outro lado, isso explica também porque certas executivas são mais racionais e competitivas do que muito boxeador.
Não restam muitas opções para homens e mulheres com polaridade desiquilibrada. Ou eles tomam consciência delas e as usam para o bem próprio ou então sofrerão bastante.
Hoje em dia, com a evolução natural da sociedade, fica mais fácil lidar com isso.
Mas não em agosto de 1962.
Em 2007 mulheres MMM optam por não terem filhos, praticam power ioga, aplicam na bolsa, preferem cursar um MBA do que ficar em casa assistindo a novelas e lavando louça, dirigem pequenas empresas e, muitas vezes, têm uma fileira de amantes de fazer inveja às meninas do Sex and the city. O amor é encarado racionalmente e, então, o casamento ou mesmo a vida a dois ficará bem atrás da corrida atrás de uma promoção ou compra do primeiro ap.
Em 1962, mulheres MMM sofriam. Elas se olhavam no espelho e diziam: "Não me sinto feminina." Então se maquiavam às dez da manhão para ir ao hortifruti da esquina. Falavam sussurrando e usavam roupas provocantes porque precisavam desesperadamente se sentir sensuais. Muitas vezes invejavam as amigas mães e se uniam a qualquer homem para terem com ele uma penca de filhos, na tentativa de experimentar o tal sentimento materno que todas sentiam, menos elas.
Tá certo que esse desconforto ainda persegue as mulheres com polaridade masculina, mas hoje em dia, com a diversidade de comportamentos e estilos de vida, fica mais fácil para esta mulher se encaixar na vida e ser feliz. Aliás, os mapas astrais podem ser feitos pela internet.
Mas em agosto de 1962 não era assim. E elas não sabiam. E sofriam.
Marylin não sabia e sofria. Ah, Marylin se todos soubessem das suas noites solitárias, dos seus homens errados, da sua luta contra si mesma entre uma dose e outra.
Sempre percebi uma distância maior do que o Grand Cannyon entre o seus olhos tristes e seu sorriso plástico, enquanto sussurrava happy birthday, Mr. president.
Na verdade não havia muita diferença entre você e as milhares de drag queens que te imitam mundo à fora.
Oh, Marylin! Você não sabia. Nós também não sabíamos! E merecemos morrer de saudades.
Oh, Marylin!
Luz pra ti.

Marcadores:

segunda-feira, agosto 06, 2007

Esses escritores policiais e suas descrições maravilhosas...



"Aquela loira era agradável como um lábio cortado. Sua manicure fazia os seus dedos parecerem cubos de gelo."



Raymond Thornton Chandler, criador do Philip Marlowe, um dos detetive mais famoso da literatura. Ninguém soube melhor descrever uma loura.

Marcadores:

sábado, agosto 04, 2007

Ambulantes


"O novo Reri Póter aqui! O novo Reri Póter é aqui comigo! Olha que se ninguém comprar eu conto o final, hein!"
Ambulante vendendo cópias piratas da nova e última aventura do bruxinho britânico, já o mais vendido no mundo inteiro, na rua Uruguaiana, centro do Rio, na última quinta-feira.

Marcadores:

quinta-feira, agosto 02, 2007

Crimes com grife

Numa manhã como outra qualquer, uma mãe, que levava o seu filho ao colégio, tem o trajeto interrompido por marginais que a obrigam a sair do carro. O menino não consegue se livrar do cinto de segurança e é arrastado por vários quilômetros pelos bandidos em fuga.


É uma história absurdamente violenta, mas daria literatura?


Não, pela gratuidade e futilidade com que o crime foi praticado.

Mas já houve uma época os crimes ocorridos aqui tinham mais elegância e é disto que trata a minha nova aquisição literária deste inverno.

Essa coletânea, organizada por George Moura e Flávio Araújo e lançada pela Globo, tenta desvendar crimes praticados com inteligência e astúcia e que foram encobertos por corrupção policial, impunidade e leis brandas, igredientes deste país injusto. São crimes interessantes e misteriosos, muitos ainda não resolvidos e que intrigam a opinião pública até hoje. Crimes que dão literatura.

Crimes com grife. Yes, nós também temos psicopatas!

Marcadores: