quinta-feira, maio 31, 2007

Tem mistério no samba



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O que será que houve depois que o detetive Lacerda e Neide saíram? Só lendo o meu romance policial A Arte de Odiar. São 98 páginas, formato PDF, bem fácil de ler. Como remuneração pelos três anos dedicados ao livro estou cobrando o preço de dois chopes ou duas águas de coco: R$ 5, via depósito bancário. É só pedir pelo juliocorrea19@gmail.com e mando via email. Com direito a autógrafo.


domingo, maio 27, 2007

Arrasado, mas feliz

Derrubado, cansado e derrotado após mais uma noite devassidão na capital paulista.




Acabei de chegar de Sampa, onde passei um findi quente. Mas quente no sentido figurativo, pois cheguei junto com uma frente fria maluca que fez os termômetros baixarem a cinco graus na última sexta. Mesmo assim fiz muita coisa e não tive tempo nem de tirar fotos. Na última hora, quando estava prestes a voltar, tirei essa que mostra o que restou de mim.
Mas ao retornar ao Rio e à vida blogueira, descubro que o Overmundo (link ali ao lado, estou com preguiça de botá-lo aqui. Sou um homem em frangalhos, lembrem-se!) acaba de abocanhar o troféu Golden Nica - dedicado à comunidade digital que mais se destacou no ano passado -, dentro do prêmio Prix Ars Eletrônica, a mais importante e cobiçada premiação de artes eletrônicas do mundo. Para se ter uma idéia, o Wikipedia foi o ganhador desta categoria em 2004. E o Creative Commons também já bocanhou em outros anos. O Overmundo concorreu com 408 finalistas de 3.374 inscritos.
Eu me atrevo a dizer que o Overmundo é a melhor comunidade virtual do país. Textos inteligentes e hiperinteressantes, enviados, seja por colaboradores espalhados por todo o país; seja por visitantes - como eu. Assim, a comunidade promove novos e consagrados talentos. Além do mais, o site é totalmente Creative Commons. Nota mil!
Eu, um resto humano, nem ia postar nada hoje, mas fiquei tão feliz com a notícia que arrastei o meu corpo exaurido até o micro para parabenizar a Helena Aragão, a editora do Overmundo, pelo prêmio. Quer coisa melhor do que você ver alguém que merece ter o seu trabalho ser reconhecido?
O quê? Você nunca visitou o Overmundo? E o que você está esperando?
Quanto a mim, vou dormir. Fui!

quarta-feira, maio 23, 2007

A Loura


Estava eu lá, sambando, sambando, quando a loura chegou. Os músicos tocavam Água da Minha Sede, do Roque Ferreira e do Dudu Nobre. Uns cinqüenta metros nos separavam e a troca de energia entre nós daria para manter o Times Square aceso.

quinta-feira, maio 17, 2007

Eu sou terrível...


E continua rendendo emoções, muitas emoções a proibição do livro autobiográfico Roberto em detalhes, que o pesquisador Paulo César Araújo chegou a lançar sobre a vida do Rei. E parece que a coisa ainda vai nos aquecer neste inverno, já que Paulo César é presença confirmada na próxima FLIP, junto com os também autores de biografias Fernando Morais (que teve problemas com Ronaldo Caiado, que não gostou de ler seu nome na sua Na Toca dos Leões) e Ruy Castro (que teve de enfrentar a ira das filhas do Garrincha, numa luta judicial que virou novela). Por isso resolvi comentar o fato.
Bem, biografias não-autorizadas são sempre polêmicas em qualquer lugar do mundo. Quem não se lembra das batalhas judiciais para impedir que a vida da Madonna chegasse às livrarias nos anos 80? Acho que o biografado tem o direito de impedir que sua vida esteja exposta nas Saraivas da vida. Mas o que me espantou foi como o caso foi tratado, quase como um crime hediondo. Para quem não está acompanhando o caso ter uma idéia, o autor está proibido até mesmo de dar entrevistas sobre o fato. E a sentença, em primeira instância, nos remete à Idade Média: um acordo sinistro deu ao Roberto o direito de queimar as cópias recolhidas.
Será que você seria capaz de jogar livros "numa braza, mora?" Roberto? O que teria esta biografia de tão constrangedor, meu amigo de fé- meu irmão-camarada?
Mas se você é fã, olhe pra mim, eu não quero ver você tão triste assim. Por isso aviso que desde a semana passada já está na internet a cópia em PDF do tal livro. Pois se a justiça proibe, a internet, essa garota tremendona e papo-firme, quer que vá tudo pro inferno.
E não perca a entrevista que o autor ousou a dar ao Idelber do O Biscoito Fino e a Massa (link ali do lado).

terça-feira, maio 15, 2007

Há 33 anos o samba invadia as coberturas duplex da Vieira Souto

Jorge Ben ou Benjor está de volta, após quase três anos sem lançar um novo trabalho. Em breve, chegarão no mercado quatro CDs e um DVD. O mais interessante deve ser Recuerdos de Asunción 443, um cd com oito músicas inéditas, do tempo em que o cantor era do time da gravadora Som Livre, nos anos 80.
Mas enquanto eu espero, recordo quando o samba deste suburbano de Madureira invadiu as coberturas de luxo do metro quadrado mais caro do Rio. Foi em 1974. Benjor limitava-se a ser apenas Ben e chegava ao ápice de sua carreira que vinha crescendo.
O samba havia surgido formalmente em 1917, quando Donga lançava o primeiro disco do gênero, com o clássico Pelo Telefone. Mas durante muito tempo o preconceito da classe média acho que o batuque fosse coisa de negros vagabundos e a favelados. Para a polícia, era coisa de malandro. Quem paga caro para assistir a um Zeca Pagodinho hoje, não imagina que você poderia ser preso só pelo fato de ter os dedos marcados por calos provocados pelo hábito de tocar cavaquinho. Com isso, os sambistas tinham que usar artifícios como ficar tocando em trens da Central ou em centros de umbanda, para fugir da lei.
Quando, nos fins dos anos 50, um grupo de jovens de classe média, entre uma dose e outra de whisky importado, incorporou ao samba, elementos do jazz, o que era ritimo de marginal passou a ser chique e ganhou o mundo. Mas o samba autêntico continuava maldito.
Por isso, nos contestatóriso anos 60, jovens universitários e/ou ligados ao movimento estudantil desafiaram os seus pais e lançaram a moda de branco ir a ensaios das escolas de samba. E quando Cartola e Dona Zica lançaram o Zicartola, reduto de adoradores do samba, em pleno Centro da Cidade, em 1964, já havia muita garota da zona sul se requebrando. Mesmo assim a classe média carioca ainda se escandalizava ao ver os seus filhos freqüentando antros de negros sambistas.
Ben surgiu em 1963 com um lp chamado Samba Esquema Novo. Nome mais do que apropriado, pois, com muito suíngue, letras que falavam do universo suburbano de onde veio, mas com uma poesia bela e simples, conquistou a garotada que desafia seus pais sambando e também ao povão, que se identificava com aquele rapaz com jeito de quem usa bolsa capanga e joga purrinha em trens da Central. E músicas como Chove chuva, Por causa de você e Mas que nada, tornaram-se clássicos e eram assobiadas nas ruas.
Porém a classe média o achava pretencioso e os críticos desconfiavam da autenticidade daquele samba (...que era misto de maracatu/samba de preto véio...) considerado modernoso.
Mas Jorge Ben seguiu se afirmando a cada disco como um dos maiores astros da MPB. Até que veio o auge, em 1974. Tábua de Esmeraldas não só calou a boca de críticos, dos intelectuais e da classe média zona sul, como entrou para a galeria das obra-primas da nossa música. Poucos discos foram aclamados com tanta unanimidade. "Você já ouviu o último do Ben?", era a pergunta mais ouvida nas festinhas à beira-mar, enquanto arrastava-se os sofás para se dançar O Namorado da Viúva, Minha Teimosia ou Zumbi (nesta última Ben dá uma linda alfinetada com os versos: "...de um lado cana de açucar/do outro lado cafezais/ao centro senhores sentados/vendo a colheita do algodão branco/sendo colhidos por mãos negras...") - músicas que você já deve estar ouvindo - e mais o clássico Os Alquimistas Estão Chegando.
E o que tinha este disco de tão excepcional? Samba autêntico, samba conjugado com vários ritmos - mas sem exagero -, uma poesia espertíssima nas letras, simplicidade e sofisticação na medida, balanço irresistível e criatividade. Finalmente surgia um disco que fazia dançar patroa e empregada.
Com os críticos aos seus pés, Ben chegava a um nível de preciosidade ao qual, infelizmente, ele nunca mais chegou nos trabalhos seguintes. Mas ter ajudado a destruir o preconceito a respeito do ritimo nacional mais querido já foi muito.
E foi assim que o samba invadiu as coberturas duplex da Vieira Souto.
E sem ser anunciado pelo interfone. Provavelmente o porteiro estava sambando.

quarta-feira, maio 09, 2007

Frases que a gente lê ou ouve por aí - Parte II

Cena do filme Cidade de Deus


"A vida tem que continuar."

Somos o povo mais cruel do mundo. Quase apanhei da última vez que falei isso. Esse pensamento veio até mim em junho do ano passado, quando, em apenas uma semana, o PCC matou centenas de pessoas em São Paulo. Logo depois veio a Copa do Mundo e os brasileiros foram para as ruas comemorar cada vitória. E chorar a eliminação. Pouco se chorou pelos mortos. E a barbárie paulista foi esquecida.
No momento em que o Rio vive mais um capítulo (a chuva de balas perdidas que já fez mais de 30 vítimas inocentes em uma semana) da violência urbana que já dura há décadas, o escritor Paulo Lins, prestes a lançar seu novo trabalho, se diz decepcionado com o fato de seu livro Cidade de Deus não ter conseguido mudar a situação scoial do país.
- "Fiquei muito decepcionado com a sociedade, em geral. A gente faz um livro como esse, de fundo social, pensando que vai mudar o mundo. No caso de Cidade de Deus, esperava que contribuísse para a diminuição da violência urbana, inspirando programas sociais. Uma década se passou e a violência só aumentou - disse Lins esta semana numa entrevista ao Jornal do Brasil. "
E disse mais: - "Escrevi Cidade de Deus pensando que o povo do conjunto fosse se reconhecer nele. Fiz o livro pensando naquela gente. Por isso a linguagem coloquial, reproduzindo termos e expressões dos moradores da região. Mas o filme vendeu mais que o livro. Na verdade, o livro não teria tido o sucesso que teve se não fosse o filme. E, o que é mais decepcionante, ambos foram consumidos pela classe média."
Ao ouvir o que eu disse sobre a crueldade do povo brasileiro, alguém me disse a frase que abre este post. O Paulo Lins não sabe, mas quem me disse tal frase era alguém da classe média.
Fiquei comovido com a inocência do Lins. Considero o Cidade o melhor filme nacional deste século, muito melhor que o livro. A classe média também adorou o filme, adorou ver o drama daquela comunidade encurralada pelo tráfico, como tantas outras hoje em dia. Mas e daí? Todos devem ter saído do cinema dizendo: "Que pena! Mas a vida tem que continuar."
Até que uma bala perdida os encontre.
Por falar nisso, mandem bala!

Quem não chora não mama...


O ano não está sendo bom para a literatura norte-americana. Pelo menos para os críticos. Nas últimas semanas, vários jornais em todos EUA decretaram o fim dos seus suplmentos literários, alegando prejuízo. O Los Angeles Herald foi um deles, deixando irado o crítico Michael Connelly, que mandou bala num artigo, no qual alardeava a importância do seu trabalho para a literatura. Outros colegas seus solidarizaram-se na choradeira e acabaram formando a National Book Critics Circle, cujo o objetivo é chamar a atenção da mídia para o problema.
Você já assistiu filme, peça, show ou comprou cd, livro ou qualquer outro produto cultural baseando-se em albuma crítica? Mande bala.

segunda-feira, maio 07, 2007

Neide Maria


"Estávamos juntos há um ano e ela vinha com esta conversa sempre que eu reaparecia, após ter sumido por uns dias. Naquela época, estava loura (já havia sido ruiva e de cabelos negros), mas seu tom natural era o castanho. Sempre vi algo de desespero em mulheres que tornam-se louras. Tinha o rosto de traços marcantes de gente do interior. O corpo era de uma elegância que não combinava com a sua imagem de mulher vulgar. Tinha uma alegria barulhenta e a felicidade dos ignorantes e alienados. Era também temperamental, impulsiva, ardente. Não era a companhia ideal para um jantar em família. Mas gostava dela."
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Mais um personagem do meu romance policial A Arte de Odiar, que continuo comercializando o meu romance policial A Arte de Odiar por aqui. São 98 páginas, formato PDF bem fácil de ler. Como remuneração pelos três anos dedicados ao livro estou cobrando o preço de dois chopes ou duas águas de coco: R$ 5, via depósito bancário. É só pedir pelo juliocorrea19@gmail.com e mando via email. Com direito a autógrafo.

sexta-feira, maio 04, 2007

Frases que a gente lê e ouve por aí - Parte I

"É trinta real pra que o evento aconteça, meu bem."

Puta no Centro do Rio, para o segurança lá da empresa onde trabalho.



Foto Egeu do Overmundo, link ali do lado.

Essa aí estava exposta no botequim mais badalado entre os boêmios do meio artístico: o Serafim, em Laranjeiras.