sábado, abril 29, 2006

Inspiração


O que você faria se estivesse passando pela rua e visse um funcionário da telefônica trabalhando num poste? Provavelmente iria praguejar em silêncio, devido ao péssimo serviço oferecido pelas companhias telefônicas brasileiras.
Pois compositor de música country Jimmy Webb estava dirigindo por uma estrada que cortava uma região sonolenta do Arkansas, quando viu um funcionário da telefônica local. Foi para casa e compôs Wichita Lineman, um dos maiores clássicos da música americana dos anos 60, eternizada na voz do caipira Glen Campbell, numa gravação que marcou a minha infância.
Sempre achei que o dom artístico fosse mesmo algo especial. Não é apenas o dom de fazer coisas belas, mas sim a capacidade de transformar o banal em obras primas.
Por exemplo, bastou uma vontade de fazer pipi e o dramaturgo norte-americano Edward Albee escreveu um dos maiores clássicos do teatro mundial. Foi numa madrugada, lá pelos idos do início dos anos 60. Albee estava enchendo a cara num bar do Greenwich Village e resolveu tirar a água do joelho. Quando entrou no sanitário, viu uma curiosa frase que alguém havia talhado na porta de madeira: "Quem tem medo de Virgínia Wolf?"
Paul MacCartney ainda era um guri, quando, ao xeretar o pequeno cemitério que havia perto da sua escola, viu o túmulo de uma mulher, cujo o nome, de alguma maneira, chamou sua atenção: Eleonor Rigby. E mesmo sem conhecê-la, o jovem Paul jurou que faria uma música sobre a desconhecida.
O mundo artistico está cheio de histórias como essas. Mas acho que não precisamos ser propriamente do meio artístico para saber aproveitar esses toques que a vida nos dá. Eles estão no dia-a-dia de qualquer um. É só estar atento. É só desenvolver a capacidade de extrair inspiração nas coisas banais. Não para fazer arte, mas para tornar nossa vida melhor. É o dom de não esperar que um grande acontecimento nos faça felizes. É o dom de arrancar felicidade através de pequenos toques dados pela vida na rotina do dia-a-dia.
Tudo bem, este post está meio assim...auto-ajuda. Mas é que hoje não tive inspiração para escrever nada melhor.
E pra quem quiser cantar...
Wichita Lineman

(Written by: Jimmy Webb)
(from the album 'Wichita Lineman')

I am a lineman for the county and I drive the main road
Searchin' in the sun for another overload
I hear you singing in the wires I can hear you through the whine
And the Wichita lineman is still on the line

I know I need a small vacation but it don't look like rain
And if it snows that stretch down south won't ever stand the strain
And I need you more than want you and I want you for all time
And the Wichita lineman is still on the line

And I need you more than want you and I want you for all time
And the Wichita lineman is still on the line

sexta-feira, abril 28, 2006

Ame-o e Cante-o


Eu te amo, meu Brasil
Eu te amo
Meu coração é verde, amarelo, branco e azul-anil
Eu te amo, meu Brasil
Eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil

Se voê nunca teve que decorar esse versinho do sucesso da dupla Dom e Ravel, que inveja!Porque minha infância foi em plenos anos de chumbo e não tive a mesma sorte. Naquela época, em todas as escolas, as crianças eram obrigadas a cantar o Hino Nacional na entrada. Eu estudava numa escola pública e me lembro de um dia em que havia uma menina escurinha ao meu lado, usando chinelos de dedo e com cara de fome. Provavelmente ela só estava ali para pegar o rango que era servido no recreio. Era uma manhã fria de junho e ela mal conseguia cantar de tanto tremer. Mesmo debaixo de chuva, tínhamos que cantar. No dia da Indenpendência, tínhamos que desfilar. E tínhamos também que estudar Educação Moral e Cívica, uma matéira chata que deveria nos ensinar a amar o nosso país. Muitos dos que estão no poder hoje devem ter sido reprovados.
Uma vez, no longínquo 1972, o ditador Médice foi visitar a escola em que eu estudava, no subúrbio do Engenho Novo. O protocolo dizia que ele devria escolher uma sala para visitar. Advinhe que sala ele escolheu? Tínhamos tido que decorar a maldita canção do Dom e Ravel para cantar para ele. Médice era alto, pinta de gringo e tinha olhos azuis assustadores. Frios e sem vida. Ele percorreu justamente a fileira de carteiras em que eu estava. Chegou a brincar com uma menina escurinha, sentada a minha frente (o general também era dado a estes atos de simpatia. Pouco tempo antes, havia ido ao Maracanã para assistir a um Fla X Flu e vestiu uma camisa do Flamengo). Naquela época, com 12 anos, eu já entendia mais o que se passava no país e lembrei-me do meu primo Cláudinho, que estava sendo torturadíssimo nas masmorras do DOI-CODI. Quando Médice olhou para mim, se deparou com um olhar de ódio tão desconcertante, que ele deu meia volta, falou algumas abobrinhas e se foi.
Por que estou lembrando tudo isso? Porque no dia 26, última quarta, foi aprovado o projeto de lei da deputada estadual Alice Tamboredeguy, obrigando os alunos das escolas do Rio a cantarem o Hino Nacional antes das aulas, ritual que havia sido praticamente extinto junto com a ditadura. Segundo a deputada, a medida visa defundir mais o patriotismo. Na verdade, já existe uma tal lei 2651 de 1996, que obriga as escolas a promoverem a cerimônia uma vez por semana. Poucas escolas a cumprem. A alteração proposta, aumentou para quatro o número de vezes que os alunos terão que ficar enfileirados debaixo de sol para cantar o Hino. A nobre deputada acha pouco. "Isso deveria ser feito todos os dias.", argumentou.
Agora só falta a governadora Rosinha tornar o projeto em lei.
Mergulhe aqui e confira a matéria do O Globo.
Você acha que medidas como esta conseguem disseminar o amor pelo país?
Mande bala.


*********

E tem texto novo lá na minha coluna na Revista Bagatelas. Mergulhe aqui.

quinta-feira, abril 27, 2006

Um + Um



Enquanto a ambulância corria pela noite, a minha mente era ocupada pelas lembranças da Rainha Nava e de como era gostoso fazer amor com as cigarras.

Ao meu lado, deitada sobre a maca, estava Norma Rodrigues, ofegante e abatida. A ambulância corria para salvá-la. Eles tinham pouco tempo para fazer o que não consegui nos últimos trinta anos.
Havia também uma enfermeira. Mulata, gorda e de uma calma arrepiante. Uma calma que devia ter-lhe custado muito caro. Ela parecia ser uma mulher trágica. E isso não tinha nada a ver com a sua profissão. Apesar da pouca idade, as situações de drama e desespero deviam ter vindo como ondas em sua vida.
Norma transpirava um suor frio. Parecia um refrigerante tirado do refrigerador. Com o meu lenço, enxuguei a sua testa. Muito lenta, ela virou-se para mim. Os olhos semi-abertos. Até onde iria o seu sofrimento? Onde começaria o seu exagero? Era a sua maneira de dividir a dor comigo. Uma divisão injusta. Eu sempre ficava com a maior parte.”

(Trecho inicial do meu conto A Solidão da Rainha Nava, que faz parte do meu livro Crimes e Perversões, que irá ser lançado em breve. Aguardem!)

Este é um conto sobre o amor. O amor na sua forma mais bela, profunda e intensa. Um amor com devoção, raro nos dias de hoje. Uma história de amor que poderia ter como trilha sonora, uma antiga canção do Ivan Lins.

Ouça aqui.

E cante aqui...


Depois dos temporais
(Vitor Martins - Ivan Lins)

Sempre viveram no mesmo barco
Foram farinha do mesmo saco
Da mesma marinha, da mesma rainha
Sob a mesma bandeira
Tremulando no mastro
E assim foram seguindo os astros
Cortaram as amarras e os nós
Deixando pra trás o porto e o cais
Berrando até perder a voz
Em busca do imenso,
Do silêncio mais intenso
Que está depois dos temporais
E assim foram sempre em frente
Fazendo amor pelos sete mares
Inchando a água de alga e peixe
Seguindo os ventos
As marés e as correntes
O caminho dos golfinhos
A trilha das baleias
E não havia arrecifes
Nem bancos de areia
Nem temores, nem mais dores
Não havia cansaço
Só havia, só havia azul e espaço
****************
Quer rir um pouco? O site da Revista Paralelos publicou um conto meu. Mergulhe aqui, para conferir o meu trabalho neste site sensacional.

terça-feira, abril 25, 2006

Caçando Bruxas


1.
Na noite de 31 de dezembro de 1972, Roseann Quinn, uma professora irlandesa, de 28 anos, foi brutalmente morta em seu apartamento, no West Side de Nova Iorque, após pegar um maluco num bar da rua 72. Nos dias seguintes, os jornais da cidade tratariam a pobre Rose como uma mulher promíscua, complexada, carente e insegura, que gastava suas noites procurando homens em escpeluncas mal freqüentadas.
Isso mesmo. A vítima virou vilã. A escritora Judith Rossner teve a sensibilidade de perceber isso e transformou o drama num best seller, De Bar Em Bar, que posteriormente chegaria às telas com o nome do bar onde Rose pegou seu último parceiro, o Mr. Goodbar.
2.
Em 2004, assisti um episódio da sensacional série Lei e Ordem, do canal USA, em que um adolescente seduz uma jovem. Ela aceita ir ao seu apartamento, sem saber que o sexo dos dois estaria sendo filmado, para posterior comercialização em DVD, numa espécie de Big Brother erótico. Fiquei chocado e nem me passou pela cabeça que a realidade pudesse repetir a arte naquele caso.
3.
Pois bem, no início deste mês, uma estudante de direito da Fundação Eurípedes, Univem, em Marília, interior paulista, aceitou fazer um programa com dois rapazes. Durante o ato sexual, uma câmera digital escondida fez o trabalho. E dali para as páginas na WEB foi um pulo.
Ao saberem que uma colega do mesmo curso de faculdade havia protagonizado tais cenas eróticas, uma turma de alunos, todos de classe média, foi até a sala da menina para...linchá-la. E só não o fizeram por que o reitor, o professor Luiz Carlos de Macedo Soares, chamou a polícia. A jovem teve que fugir, escoltada por duas viaturas. E não voltou até hoje para as aulas. Quando chegou em casa, percebeu, horrorizada, que em sua página no Orkut, havia dezenas de tópicos irados e ofensivos. Alguns, até ameaçadores! E pior: várias comunidades haviam sido abertas com o intuito de ofendê-la.
Isso tudo está na matéria do jornalista Pedro Dória, do No Mínimo, que você não pode deixar de ler, mergulhando aqui.
O ponto mais absurdo dessa história não está no fato de os dois rapazes que armaram a sacanagem não terem sofrido nenhuma punição, nem no excesso de puritanismo que tomou conta desses estudantes de nível superior. Mas o que me choca é a semelhança entre este caso, ocorrido em abril de 2006, com o de Roseann Quinn, em dezembro de 1972, portanto, quase trinta e quatro anos depois.
Aliás, não sei por que estou tão chocado. Pois esse fato tem a ver também com o enforcamento das irmãs Bishop (desenho acima), acusadas de bruxaria, em Salem, Massachussets, em 10 de junho de 1692.
Faça as contas!

domingo, abril 23, 2006

Subo Neste Palco...



Subo neste palco
Minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê...

Certamente não era esta antiga canção do ministro Gil que a atriz americana Julia Roberts tinha em mente, ao debutar nos palcos da Broadway, na semana passada. Mas poderia ser. Three days of rain é o nome da peça, que é uma remontagem de espetáculo que esteve em cartaz em 1997 e que já é sucesso de público. Teve gente pagando até U$ 250 (isso tendo comprado com dois meses de antecedêcia) e tendo que enfrentar 40 minutos na fila. A polícia teve que armar barricadas para que a multidão não fechasse a rua 45, em frente ao Jacob Theatre. Todos queriam ver Mrs. Roberts no palco e a ovacionaram no final da apresentação. Já os críticos não tiveram pena. "Tensa" e "perdida em cena" foram os adjetivos mais usados. A crítica da revista New Yorker chegou a dizer que o desempenho da Mrs. Uma Linda Mulher é inferior aos dois outros atores, Paul Rudd e Bradley Cooper, curiosamente também dois estreantes na Broadway. Seus agentes em Hollywood já a haviam desencorajado a se arriscar na Broadway. Mas Julia já havia se cansado de ser apenas um rostinho bonito e achou que já era hora de ser encarada com mais seriedade.
Rato de teatro como eu sou, já vi muitos rostinhos bonitos e monstros sagrados da tv e do cinema, que levaram uma tremenda banda no palco. A correspondente do O Globo em Nova Iorque, Helena Celestino, chegou a lembrar o fiasco do montro Denzel Washington ao debutar na Broadway no ano passado, no papel de Julio Cesar. Aqui no Brasil temos centenas de exemplos de atrizes e atores que são tidos como deuses, mas que nunca cumpriram uma temporada sequer num palco.
Pode parecer radicalismo da minha parte, mas por estes não tenho respeito. O palco é necessário, pois o palco não perdoa. Ou você tem talento ou não tem. Você pode ser bom na tv ou na telona. Mas estrela, só se passar pelo vestibular do palco.
Mergulhe aqui , para ler a matéria do O Globo. E aqui, para ver a crítica na New York.

No post passado, eu falei sobre uma cantora que cantava como alguém numa crise de prisão de ventre. Ouça aqui um exemplo de como se cantar uma bela balada com sentimento.

E com direito a letrinha para acompanhar.

Trata-se de Sting cantando uma bela melodia do Elton John, com letra do seu parceiro da época Bernie Taupin e faz parte do álbum Tumbleweed Connection, de 1970.

Come Down In Time

In the quiet silent seconds I turned off the light switch

And I came down to meet you in the half light the moon left

While a cluster of night jars sang some songs out of tune

A mantle of bright light shone down from a room

Come down in time I still hear her say

So clear in my ear like it was today

Come down in time was the message she gave

Come down in time and I'll meet you half way

Well I don't know if I should have heard her as yet

But a true love like hers is a hard love to get

And I've walked most all the way and I ain't heard her call

And I'm getting to thinking if she's coming at all

Come down in time I still hear her say

So clear in my ear like it was today

Come down in time was the message she gave

Come down in time and I'll meet you half way

There are women and women and some hold you tight

While some leave you counting the stars in the night

sexta-feira, abril 21, 2006

Praga

Oh I wanna dance with somebody
I wanna feel the heat with somebody
Yeah I wanna dance with somebody
With somebody who loves me

Lá pelos idos de 1987, quem procurava boa música no dial, tinha que aturar uma cantora negra escandalosa e que cantava o refrão acima com uma insuportável voz tremida, que lembrava alguém tentando vencer uma terrível prisão de ventre.
Eu odiava essa mulherzinha e confesso que lhe desejei as piores coisas.


Mas fiquei muito chocado ao saber da lama na qual Whitney Houston está se banhando, depois de ler a matéria publicada no O Dia. Mrs. Houston está viciada em crack e faz tratamento numa clínica para dependentes químicos, no Arizona. Foi internada pela família. Segundo a cunhada de Whitney, Tina Brown, também usuária do crack, Mrs. Houston ficaria trancada em casa durante dias, usando a droga, caso não fosse internada. E, ainda segundo a tal cunhada, quando Mrs. Houston se droga, tem desejos sexuais incontroláveis, sendo capaz de transar com qualquer homem ou mulher que lhe apareça pela frente. Essa lavagem de roupa suja foi publicada no jornal americano The National Enquire, que mostra fotos do banheiro na casa de Tina, em Atlanta, onde a cantora gostava de ficar fumando crack e se divertindo com brinquedinhos sexuais. A tal cunhada informou ainda que Whitney costumava se auto-mutilar e tinha idéia fixa na morte.

Como se não bastasse todo este drama, Mrs. Houston pode ainda perder a guarda da filha. Seu marido, o rapper Bobby Brown, segundo Tina, não faz nada para ajudar a mulher. E é por esse motivo que hoje desejo tudo de bom para Whitney. Não só pelo seu drama, mas por entender que o refrão da musiquinha insuportável era, na verdade, um pedido de ajuda.
*********
E tem texto novo lá na minha coluna na Revista Bagatelas. Mergulhe aqui.

quarta-feira, abril 19, 2006

Vídeo-Cassetada

Já cansei de falar aqui que sou uma criatura abissal da era paleozóica. Mas nunca me senti tanto como tal, ontem, quando saí para comprar um vídeo-cassete.
Deixe-me esclarecer: há anos eu já entrei na era do DVD. Mas tenho pilhas de arquivos gravados durante anos. Documentários, entrevistas, vídeo-clips (da época em que a MTV era realmente um canal de música), trechos de progaramas, propagandas interessantes, noticiários históricos, etc. Como estou fazendo uma pesquisa para escrever a minha próxima peça, na noite de domingo fui procurar algo em uma fita e Pimba! O danado do vídeo a prendeu. Entramos em luta corporal. POW! SCRATCH!BUFF! PIMBA! E lá se foi um vídeo-cassete que tinha a idade de ser pai de muitos vocês.
Na primeira loja em que eu entrei, notei um leve sorrisinho de deboche do vendedor.
- Você está procurando um vídeo...cassete? Espere aí que vou ver se tenho algum no estoque.
Mas na verdade, acho que ele foi soltar uma gargalhada às minhas costas. Quando fui dar uma olhada no setor de som e imagem, logo entendi o motivo da demora do vendedor. Só havia aparelhos com DVD e vídeo.
Mas eu não precisava de um novo DVD. O que fazer?
É lógico que me senti um idiota, ali parado no meio da loja, enquanto o vendedor deveria estar se mijando de rir. Mas a minha indignação tinha sentido. Afinal, não faz muito tempo que o vídeo-cassete era o principal divertimento dentro de uma casa, depois da tv. Muita gente gravou festas, aniversários, viagens, casamentos, nascimento de filhos em fitas. Tudo bem, pode-se digitalizar tudo isso. Mas no meu caso, é um verdadeiro acervo. E eu teria que vender o meu DVD para pagar o serviço.
Recentemente, fiquei perplexo ao me dar conta de que os rádios portáteis e as aparelhagens de som não estão mais sendo fabricados com tape-deck. As fitas-cassete já são coisas do passado. E o que eu vou fazer com as centenas que tenho guardadas desde os anos 70, algumas com gravações raríssimas? (como a primeira notícia do assassinato do John Lennon a chegar no Brasil, por exemplo)
Saí da loja de fininho, mas com certa dignidade.
Por fim, acabei conseguindo encontrar um espécime raro com 7 cabeças, auto-limpante, controle remoto. E voltei pra casa, cantando aquela velho sucesso da Gal em que ela diz: "Não me olhe como se a polícia andasse atrás de mim." Eu tinha a impressão de que todos me achavam ridículo. E eu mesmo me sentia ridiculo não mais por ter comprado um vídeo-cassete. Mas por ainda me indignar com a indústria dos eletromésticos que nos impõem produtos e os deixa de fabricar, sem levar em conta os materiais originados destes produtos.
Outro dia me chegou a notícia sobre o fim dos CDs num futuro próximo. Já imaginou o trabalhão que terei para jogar todas as minhas músicas para o HD?
E vou lhe fazer uma confissão muito ítima: eu ainda tenho lps. Sim, eu amo as minhas bolachas negras. Muitas delas nem foram lançadas em cd. De vez em quando, as ouço no meu toca-discos da terceira idade. Mas isso merece um outro post.

sábado, abril 15, 2006

Brasil do Bem

Jesus Salva!
Você já deve ter ouvido isto. Não, este não é um post evangélico. E eu não me converti. E também não é isso que o senhor da foto está gritando. Na verdade, nem sei o que ele está dizendo. Mas podeira ser:
Literatura Salva!

Deixa eu esclarecer. O senhor da foto é o poeta catarinense Alzemiro Lídio Vieira e, embora, não esteja rezando, ele está chegando às almas de necessitados e, com isso, fazendo um link entre estes e Deus. Isso tudo acontece, não em um templo e, sim, no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mais precisamente na Sala de Leitura Salim Miguel. E ao invés de rezas, poemas e contos.
É isso mesmo que você está pensando. A platéia é constituída, em sua maioria, de pacientes internados no HU e os acompanhantes destes.
Na verdade caiu a ficha do governo federal e ele descobriu uma coisa que eu e muitos dos que freqüentam este blog já sabíamos: a literatura, como a arte de maneira geral, faz bem a alma e, portanto, pode, se não curar, aliviar o sofrimento de pessoas enfermas. Não é à toa que os Doutores da Alegria já são um sucesso, levando suas brincadeiras a crianças internadas em hospitais. Com isso, desde 31 de março último, o Ministério da Cultura tem apoiando este projeto, chamado Salas de Leitura e que tem o apoio da Lei Rouanet e é realizado pela Oldemburg Marketing Cultural e pelo Instituto Oldemburg de Desenvolvimento (IOD). O mais maravilhoso é que esse trabalho é feito, quase que totalmente, por voluntários, brasileiros que, ao invés de estarem assassinando os pais, escondendo dinheiro na cueca ou desviando verba, dedicam uma parte do seu tempo para ajudar quem precisa.
E a boa idéia tem crescido. As Salas já são 208, em 22 estados. Até o final deste ano, 390 deverão estar implantadas.
Veja mais detalhes deste projeto do bem, aqui.

E NÃO DEIXE de ouvir o que o Sr. Ministro da Cultura tem dizer a respeito, mergulhando aqui.


Não gosto de colocar fotos minhas aqui. Afinal, muitas pessoas hipersensíveis e impressionáveis freqüentam este blog.

Mas como promessa é dívida e eu estava devendo fotos da minhas últimas viagens, vou postando algumas, aos poucos, para que isso aqui não vire um fotolog.

Nesta primeira sou eu, sofrendo muito, após um mergulho na Lagoa da Conceição, Floripa, março/06.
As outras virão com tempo.

quinta-feira, abril 13, 2006

Zuzu

Angel, em foto tirada daqui.


Por volta das 8 horas da manhã de 14 de maio de 1971, um opala seguia pela avenida 28 de setembro (hoje bouleavard), no bairro boêmio de Vila Isabel, quando foi cercado por dois outros veículos de cor preta. Homens de terno escuros saltaram destes dois últimos veículos, já com armas em punho, e tiraram do opala um jovem de boa aparência, que não demonstrou reação. Os homens eram membros do CISA, Centro de Informações da Aeronáutica. Um deles tomou a direção do opala, enquanto o jovem bonitão era levado para um dos carros de cor preta. Foi a última vez que o jovem bonitão foi visto em público.
Na zona sul, no outro lado da cidade, uma mãe deve ter recebido um e-mail da sua intuição materna: "Aconteceu aquilo que você mais temia."
A mãe aflita em questão era a maior estilista do país, a mineira ZuLeika Angel Jones, que na época tinha uma coluna de moda no O Globo. Seu filho Stuart Edgard Angel Jones, que havia completado 26 anos em 11 de janeiro, estava na clandestinidade desde 1969 e podia ser preso a qualquer momento. Seu retrato constava em um cartaz colado em muros e postes pela cidade. Também em aeropostos e outros locais públicos. Seu crime? Ter largado o curso de economia na UFRJ para integrar o grupo de luta armada Movimento Revolucionário 8 de outubro, que lutava contra o regime militar. Ele era casado com Sônia Maria Morais Angel Jones, estudante de administração e economia na UFRJ, militante da Aliança Libertadora Nacional e que, na época estava exilada na frança, após ter sido presa numa panfletagem no feriado de 01/05/69, na Praça Tiradentes e libertada em agosto do mesmo ano.
Com a entrada de seu filho na luta armada, Zuzu começou a se aproximar de autoridades do governo, inclusive costurando para a primeira dama, Yolanda Costa e Silva. Também passou a manter contato com importantes autoridades internacionais, para o caso de vir a precisar delas. Foram dois anos de angústia até o e-mail da intuição.
Quando foi preso, Stuart estava indo se encontrar com Alex Polari, outro integrante do MR-8, com quem teria um ponto - como os guerrilheiros chamavam seus encontros - às 10h. Mal sabia que Alex havia sido preso na véspera. Bastante torturado, concordou em levar os militares ao local do ponto. Mas para despistar ele disse que o horário marcado seria às 8h. Para falta de sorte dos dois, Stuart apareceu mais cedo.
Levado para o CISA, ao lado do então Aeroporto Internacional do Galeão, foi submetido a uma sessão de torturas cruéis, comandadas pelo famoso Brigadeiro Burnier. Por fim, Stuart foi amarrado à traseira de um jeep e arrastado pelo pátio, com a boca presa ao cano de descarga do veículo (vá respirar fumaça de óleo diesel!, como escreveria Chico Buarque em sua Cálice).
Todo esse ritual sangrento foi presenciado por Alex Polari, atrvés de uma pequena janela na porta da cela onde se encontrava. Dias mais tarde, Alex fez chegar a Zuzu uma carta em que contava a forma como Stuart havia sido morto. Imediatamente Zuzu dedicou-se a um outro tipo de desfile. Percorreu órgãos da imprensa, aqui e no exterior, denunciando a morte do seu filho querido. O governo do general Médici, que jurava que não havia tortura no Brasil, ficou irado. Um processo foi aberto para apurar as denúncias. Zuzu comparecia às audiências, na Auditoria Militar, usando elegantes vestidos negros e um ainda mais elegante véu negro encobrindo o seu rosto. "Estou de luto pelo meu filho." , dizia à imprensa. Furiosos, os militares continuavam negando a morte do estudante. Os cartazes com sua foto continuavam a ser espalhados cinicamente pela cidade. Zuzu continuou a sua luta. Chegava a fazer pequenos discursos em lugares públicos, irritando ainda mais os militares. Ela chegou a ser convidada a visitar o sinistro DOI-CODI, no sombrio quartel do Exército na rua Barão de Mesquita. Lá encontrou dependências limpas e nenhum sinal das torturas que, hoje se sabe, eram praticadas ali. No final da visita, Zuzu virou-se para o comandante que a acompanhava e disse: "Sr. comandante, demita o seu oficial do dia! Ele é um incompetente! Ele não sabe nem armar uma mentira. O senhor acha que irei acreditar nessas camas com lençóis esticadinhos deste jeito?"
A farsa teve fim em setembro do mesmo ano, quando um reltório da marinha foi divulgado, dizendo que Stuart havia sido morto num tiroteio com membros da repressão, em 05 de janeiro de 1971. Mas o corpo estranhamente não fora encontrado. A Aeronáutica negava qualquer envolvimento e o fato de que Stuart tivesse passado por suas dependências.
Zuzu lançou-se então em outra luta: recuperar o corpo do seu filho, que nunca seria encontrado. Há suspeitas de que tenha sido jogado na Baía de Guanabara de um helicóptero da aeronáutica.
Com a imprensa brasileira ainda sob os rigores da censura, Zuzu passou a distribuir cartas a autoridades internacionais, explicando a sua luta. O senador Edward Kennedy chegou a levar o caso ao congresso norte-americano, o que deixou Médice roxo de raiva. Zuzu conseguiu o apoio também de artistas como Liza Minelli, Joan Crawford, Kim Novak, Veruska, Jean Shrimpton e Margot Fontein. Em 1972, chegou a fazer, em Nova Iorque, um desfile de roupas com desenhos de tanques, armas e muitos anjos. Símbolos da repressão que se vivia por aqui e também do seu filho.
Nessa época, Sônia, a viúva de Stuart volta clandestina ao Brasil e promete ajudar Zuzu a esclarecer a morte do marido e localizar o seu corpo. Mas pouco pôde fazer, pois foi presa juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana, em novembro de 1973, numa viagem de ônibus entre São Vicente e São Paulo. Ambos foram mortos sob tortura, num caso ainda não esclarecido. Assim como Stuart, os dois constam na lista dos desaperecidos políticos.
Zuzu também passou a ser perseguida, enquanto continuava sua luta incansável. Recebia telefonemas anônimos, teve a correspondência violada, o telefone grampeado e era seguida nas ruas por carros suspeitos. Aconselhava as filhas a sempre andarem pelo meio da rua à noite, para o caso de precisarem fugir.
Chegou a ser detida em 1975, na porta do hotel Sheraton, na zona sul do Rio, ao interpelar o Secretário de Estado dos EUA, Henry Kinsinger, em visita ao Brasil. Zuzu conseguiu entregar-lhe uma carta na qual contava o seu martírio. Os militares chamavam-na de louca e continuavam a negar que Stuart tivesse morrido sob torturas.
Depois desse episódio no Sheraton, Zuzu passou a temer pela própria vida e começou a enviar cartas a amigos dizendo que se "algum acidente vier a acontecer comigo, os culpados serão os mesmos que tiraram a vida do meu amado filho."
O último a receber a tal carta foi Chico Buarque, que pouco pôde fazer, pois a censura não dava trégua à imprensa. Apenas compôs Angélica, canção lançada anos mais tarde.
Zuzu morreria uma semana depois, por volta das 3h da madrugada de 14 de abril de 1976. Ela havia saído de uma festa e espatifou o seu carro na atual Auto-Estrada Lagoa-Barra, próximo à entrada do Túnel que hoje leva o seu nome, em São Conrado. Não foram encontrados sinais de derrapagem, não estava chovendo e várias testemunhas garantiram que ela não havia bebido nada na festa. Mesmo assim, a perícia fechou o laudo como "vítima de acidente automobilístico". E ponto final. Ninguém discordava da perícia naquela época. Foi mais um fato sinistro numa época sinistra.
Ufa! Você acha que a vida de Zuzu daria um filme? Pois é justamente isso que acabou de acontecer. Zuzu Angel é o drama que o cineasta Sérgio Rezende deverá estrear em 04 de agosto, com Patrícia Pilar na pele da protagonista, Daniel de Oliveira como Stuart e Leandra Leal como Sônia.
Uma bela homenagem a essa brasileira que é um exemplo de coragem e, por isso mesmo, tem feito muita falta, nessas três décadas de sua ausência.
Luz pra você, Zuzu.

domingo, abril 09, 2006

Excelente Investimento

Gostou? Esta foto veio daqui.

De boas intenções o inferno está cheio.
O ditado é velho, mas foi a primeira coisa em que pensei ao terminar de ler a matéria da jornalista Vera Araújo, no caderno Rio, do O Globo de hoje (09/04/2006) que tem como título: Um Novo Lar Para Os Órfãos do Tráfico.
O assunto em questão é o crescente interesse de casais europeus – sobretudo franceses e italianos – em crianças abandonadas por pais que se envolveram com o tráfico ou são viciados em drogas. Seria uma solução para os menores abandonados e, ao mesmo tempo, para a baixíssima taxa de natalidade em vários paises europeus. Certo? Pode ser. Mas eu me pergunto se, nesse país cheio de maucaratismo, essa medida não iria incentivar mulheres miseráveis a fazerem sexo de forma ainda mais inconseqüente, sabendo que seus possíveis filhos não ficariam mais abandonados? E de repente, quem sabe o seu rebento se faz na Europa e não volta para lhe dar uma vida melhor?
De fato, a iniciativa que envolve a Comissão Estadual Judiciária de Adoção e a Promotoria da Infância e da Juventude não deixa de ser interessante. E, pelo menos, eles estão fazendo alguma coisa para tentar resolver um problema que cresce em todo o Brasil. Mas peca por não levar em conta o lado negro da personalidade do povo brasileiro: se achar esperto. Além disso, isoladamente, não resolve o problema. Enquanto a ficha das autoridades não cai para uma realidade que requer medidas enérgicas, vou repetindo o meu mantra: FILHO É PRA QUEM PODE!
E aguardem o banner!

Entardecer no rio Guaiba, foto tirada do site Pampasonline

Na verdade, estive em POA para o casamento de uma prima. E em meio aos compromissos familiares, procurei um tempinho para curtir a cidade que não via há exatos 20 anos. E foi bom caminhar pelo Parque Farropilha; almoçar um costela com gnoqui no Bar do Naval, dentro do Mercado Público; dar um volta e meditar na praia de Ipanema (lá também tem uma); participar de uma feira hyppe no Museu de Artes Plásticas, no cais do porto; assistir o famoso pôr de sol no Gasômetro, à beira do Guaiba, onde, em clima de concerto de rock, os portalegrenses vão meditar, curtir um chimarrão, bater papo, namorar, apertar um e celebrar o belíssimo espetáculo do fim do dia, numa atmosfera só comparável ao que temos aqui no Arpoador; e à noite, ir comer (bem) no Marrocos, na Venâncio Flôres. O tempo até que ajudou, sol gostoso (de rachar para os gaúchos, bah! Mas tranqüilo para um carioca) e o tradicional friozinho com nevoeiro pela manhã. Infelizemtne só deu pra fazer isso. Não tive tempo de entrar em contato com a cena literária local, como eu pretendia, mas matei as saudades de outra cidade (este ano já matei saudades de Sampa e de Curitiba) que foi importante pra mim na minha juventude. Foi bom principalmente por constatar que, assim como as outras duas, POA ainda continua linda e cheia de charme.
* E eu sei que estou devendo a vocês fotos das últimas viagens, mas esperem um pouco mais até eu melhorar da falta de tempo, essa doença epidêmica que faz mais vítimas do que a gripe do frango, pelo mundo a fora.

quarta-feira, abril 05, 2006

A Cidade-Diamante







Vou Pra Porto Alegre, tchau!


Neste final de semana vou estar em POA, terra que foi do meu ídolo Caio Fernando Abreu. Também terra de Caíla, de Vera Fróes e de Wiskow.
Por iso, não estranhem a falta de posts.
Até a volta!
Comportem-se
Beijos a todos.

segunda-feira, abril 03, 2006

Vingança, teu nome é mulher


Primeiro deixa eu contar uma história pessoal.
Há muitos anos eu tinha uma tal de Leila S.. Leila tinha uma amiga feia que transava teatro; eu gostava de samba. Um sábado fomos convidados para um churrasco com direito a roda de samba, no subúrbio. Leila S. disse que iria ao teatro com a tal amiga feiosa. Fui sozinho ao churrasco. Na volta, um casal amigo me deu uma carona até o Méier para eu pegar um ônibus até o Flamengo. Dormi no ônibus e fui parar no ponto final, em Copacabana. Peguei um táxi para casa e vi Leila S. com um cara numa cena romântica em um bar.
Cuidado com Leila S.. Hoje ela deve ter uns 41, 1,6m, cabelos negros e lisos, anista de sistemas, divorciada, trabalha numa empresa de economia mista do governo federal, mora com a mãe e o filho na rua das Laranjeiras...O quê? você acha cafajestagem o que estou fazendo? Pois isso é fichinha perto do que a mulherada norte americana está aprontando no Don´t Date Him, girl, site onde elas colocam fotos e ficha completa de homens que costumam trair nos relacionamentos.
Com apenas cinco meses de vida, o Don´t Date Him já conta com mais de 5 mil chifrudas cadastradas e cerca de 600 mil visitas diárias para dar uma olhada nos mais de 1.500 homens fichados. "Se o FBI mantém um site listando os sujeitos mais procurados, criamos arquivo de chifradores, para que ninguém perca tempo nestas relações”, manda bala Tasha Cavelle Joseph, criadora do site, na excelente reportagem feita pelo No Mínimo.
Além das fotos e ficha completa dos chifradores, o site ainda mostra as reincidências. E se alguma mulher, durante um relacionamento, estiver sentindo aquela coceirinha incômoda na testa, pode mergulhar no link "Encontre um chifrador" e verificar se vale a pena investir na relação.
É mole?
E não acabou aí. Na lista dos fichados também há chifradores internacionais. Portanto se o amigo andou iludindo alguma pobre americana, seria bom verificar se sua ficha está limpa por lá.
Mas nem tudo está perdido, meu amigo. Dentro de alguns dias, entrará no ar a versão masculina, Don’t Date Her, Man.com.
Na verdade, a vingança é andrógena!
O quê? Qual o sentido do título deste post e da historinha do início?
Já sei, você quer saber se Leila S. me traiu para se vingar de alguma traição minha?
Melhor esquecer aquela mentirosa!
Mentiu sobre aquela amiga dela. A Belzinha não era tão feia assim.

domingo, abril 02, 2006

Mais tiroteio...

Vidabandida.com

Eles são bonitos, têm carro do ano, celular de último tipo, máquina digital moderna, usam jeans Calvin Klein, camista da Oasklen, tênis Adiddas importado e suas carteiras estão gordas de tantos cartões de crédito. Moram em elegantes prédios ou condomínios, em bairros nobres, estudam em colégios ou faculdades caras, saem quase todas as noites para curtir lugares da moda e têm em suas páginas no Orkut um número considerável de amigos.
Ah, eles também viajam bastante para a Europa. Mas, literalmente, não vão a passeio. Vão a trabalho. Eles são traficantes.
Hoje mesmo algum deles pode ter cruzado com você no elevador do seu prédio, pode ter feito esteira ao seu lado na academia, pode ter ficado pertinho da sua barraca na praia ou pode ser um amigo do seu filho.
Mas eles não vendem qualquer tipo de drogas. Suas mercadorias são as drogas sintéticas, as chamadas drogas do século XXI – ectasy, special k, etc – que são produzidas em laboratórios europeus e vendidos a preços de ouro aqui (nas ruas das grandes cidades norte-americanas, por exemplo, se pode comprar uma unidade de ectasy por cerca de R$ 1. Nas ruas da zona sul carioca, você não se consegue por menos de R$ 30). Mesmo assim a droga já é a mais consumida no Rio, batendo até mesmo a veterana cocaína. E sua venda é feita, em muitos casos, pela internet.
O fenômeno não é novo. Já há alguns anos que a polícia vem investigando a existência desses traficantes de grife, que circulam livremente pelos locais públicos, têm boa aparência e não despertam qualquer suspeita. Mas ontem saiu uma reportagem no O Globo que pode abrir os olhos da preconceituosa classe média carioca, que teme tanto os Uês, Marcinhos VPs e Fernandinhos Beira-Mar, da vida, e deixam de perceber que os seus filhos devem ser um dos amigos de Orkut de um desses marginais de luxo.
É bom lembrar que também mudou o perfil do usuário/viciado. Quem compra as drogas sintéticas, geralmente, o faz em ocasiões especiais. “Preciso ficar feliz na festa da fulana” e PIMBA! “Preciso dançar a noite toda na rave.” PIMBA! “Na boate ninguém pode notar que estou entediado.” PIMBA! A velha e sórdida imagem do viciado na fissura, parado nas esquinas, subindo morros e metido em lugares barra-pesada atrás da droga, está mudando. Os viciados dos século XXI são clean, sarados, vão à escola e à academia, e aparentam ser jovens felizes e normais. O problema é que essa aparente felicidade é mantida quimicamente.
Uma revolução está acontecendo no mundo do crime e tem levado a polícia do mundo todo a montar estratégias para identificar, investigar e prender estes novos tipos de delinqüentes. E a nossa policia?
Confira a excelente matéria do O Globo aqui.
Deu no New York Times
O último caderno de turismo do famoso jornal norte-americano, vem com uma ampla matéria sobre a capital paulista, dizendo que embora não tenha a capacidade de cidades como Rio, Londres e Paris, de conquistar o turista logo de cara, a paulicéia tem seu charme, ótima vida noturna e boas opções para compras. Concordo plenamente. Parabés São Paulo! Quer conferir? Mergulhe aqui.
Deu no O Globo, 01/04/2006

Trecho da matéria publicada no caderno Rio, Casal é suspeito de abandonar recém-nascido

"Os pais de uma menina com apenas 4 dias de vida estão sendo investigados pela 72 DP (Mutuá). Anteontem à noite, a criança foi deixada numa igreja batista no bairro Estrela do Norte, em São Gonçalo. Ontem à tarde, o pedreiro Antônio Carlos Prosse, de 27 anos, e a dona-de-casa Andréia Maria Pereira da Silva, de 29, foram à polícia e alegaram terem sido perseguidos por um grupo de funkeiros e que deixaram o bebê no local para protegê-lo. A menina passa bem."


Deu no O Globo, 02/04/2006
Bebê de 3 meses é abandonado no Recreio

"Um bebê recém-nascido foi abandonado ontem à tarde no Recreio dos Bandeirantes. A criança, que é do sexo masculino e tem aproximadamente três meses, foi encontrada próximo a uma das lojas de uma rede de lanchonetes no bairro. O menino acabou sendo levado para a 16 DP, na Barra da Tijuca, que registrou o caso. Em seguida, o menino foi encaminhado ao Hospital municipal Lourenço Jorge, também na Barra, para ser examinado por médicos de plantão. Lá, ficou constatado que ele estava com febre. A polícia procura agora os pais da criança. Enquanto isso, o menino ficará sob os cuidados do Conselho Tutelar."

Houve um tempo em que ficávamos indignados quando alguém abandonava um animal doméstico por não poder mais criá-lo. FILHO É PRA QUEM PODE! Este deveria ser o novo mantra da sociedade.

Estou pensando em fazer um banner. Mas, pelo aspecto deste blog, dá pra perceber que não entendo nada de informática. Alguém me ajuda?